Uma notícia surpreendente correu no estado na semana passada: a de que a Vale teria comprado uma área com 3 mil hectares no local onde se planeja construir, no futuro, o porto de Espadarte, projeto ambicioso, que coloca o Pará no topo da economia portuária brasileira e mesmo latino-americana.
O porto do Espadarte encurtaria em 400 km a distância entre Carajás e o terminal de exportação atual, o porto de Itaqui, no Maranhão. Além disso, permitiria a atracação de navios de altissimo calado, - cerca de 25 metros - tornando-se um dos únicos portos do mundo a permitir embarques desse tipo. Na verdade, desde sempre a ferrovia pela qual se exporta o minério de ferro de Carajás deveria ter sido na direção de Espadarte. Havia estudo para isso e sempre se soube que Espadarte é superior, economicamente falando, a São Luis. O entanto, prevalesceu a pressão política feita por José Sarney, muito mais forte que os argumentos racionais que apontavam Espadarte como a solução correta.
A área foi comprada por R$ 10 milhões à RDP Empreendimentos, do holandês Hendrik van Scherpenzeel e se espalha por quatro ilhas: Ipomonga, Areuá, Marinteua e Romana.
Ao fazer a aquisição, a Vale passou na frente numa corrida silenciosa que vinha ocorrendo há uns cinco anos e que envolvia investidores chineses, americanos e o mega-empresário brasileiro Eike Batista.
Porém, Espadarte coloca uma questão ambiental de primeira grandeza, pois produz impacto sobre a reserva extrativista Mãe Grande de Curuçá.A reserva ocupa uma área de 35 mil hectares onde vivem 32 mil pescadores, espalhados em 52 comunidades.
Há tempo para o debate. O porto não é, com certeza, para já. De acordo o que foi divulgado, é pouco provável que a construção seja iniciada antes de 2015. Isso se deve ao fato de que a Vale efetuou, recentemente, investimentos de duplicação de techos da ferrovia Carajás-São Luis e, também, investimentos no porto de Itaqui.
O porto de Vila do Conde, em Barcarena, a 37 km de Belém, não constitui uma alternativa concreta para a Vale, e isso por duas razões: não permite atracação a um calado tão elevado e não tem condições de absorver a produção da Vale, pois está comprometido com a demanda da hidrovia do Tocantins, inaugurada em dezembro, que prevê um volume de 70 milhões de toneladas de carga por ano.
Em qualquer situação, na verdade, Espadarte não substitui Itaquiu. A sua função seria complementar a capacidade de exportação da Vale.
Essa recente expansão de Itaqui, no valor de US$ 1,2 bilhão, habilita esse porto a suportar produção de Carajás até 2015, momento em que a produção de minério de ferro a ser exportada pela Vale alcançará 230 milhões de toneladas por ano.



Legal saber dessas coisas, pois quase não temos informação clara, detalhada, sobre os grandes temas do desenvolvimento econômico na Amazônia. Os jornais são só detonação e alguns blogs só fofoca. Parabéns a você e ao Fábio Castro, por tematizarem essas informações!
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