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sábado, 3 de abril de 2010

Algumas formas de amar esta cidade

As fotos são de Evangelista Rocha, Idelma Santiago, Haroldo Jr., Ademir Braz.
Nós, pardais, e outros seres errantes
Foto: Evangelista Rocha

Pedro Marinho de Oliveira era prefeito quando recebeu a visita de um grupo de ornitólogos. Eles explicaram que estudavam pássaros e há anos acompanhavam a migração de pardais, do sul para o extremo norte pelo centro do país, desde que a prefeitura de Porto Alegre iniciara a matança dessas aves. Alegou-se, como pretexto para o extermínio, que por serem gregários e de convívio fácil com os humanos, os pardais ocupavam a cidade e expulsavam as outras aves. Era 1966 e Pedro Marinho saiu do gabinete e foi com os estudiosos ver os pardais quetempos nidificavam no beiral da Casa Salomão, atrás da prefeitura e defronte à Fundação Sesp.

Trinta e tantos anos após, Marabá vive cheia de pardais. E de sanhaçus, bem-te-vis, andorinhas, cambaxirras, coleirinhas, desmentindo a história que pardais saqueavam-lhes os ninhos e bicavam seus ovos. Até os gaviões-tesoura voltaram, como voltaram as amargosas à praia do Tucunaré, assinaladas pela primeira vez em 1750 quando franceses e italianos fizeram do Tocantins seu caminho para a França Equinocial, como então era conhecida a Província de São Luís do Maranhão. Então nossa ilha chamava-se “Praia das Pombas” justamente por causa das amargosas – umas jurutis enormes que, quando voam, fazem nas asas um farfalhar que se leva para sempre como secreta nostalgia no coração. Emigradas do inverno nos Estados Unidos, aqui vinham acasalar e reproduzir-se. Eram então mortas aos bandos e comidas como tira-gosto de aguardente.

No início dos anos 80, morava eu em Santa Isabel do Pará, cidadezinha agradável a 40 km de Belém - e da qual sou, com inocultável orgulho, cidadão honorável por decisão da Câmara e do Executivo -, quando observei com alegre espanto bandos de pardais no paço e na torre da matriz. Eu também era um imigrante e seu canto miúdo e nervoso me lembrava a terra dos meus irmãos. Pois esse mesmo sentimento remoto e bom acolheu-me repentinamente em certo abril na cidade de Carajás, sudeste do Pará, 650 metros acima do nível oceânico, onde solitário e angustiado bebia cerveja numa churrascaria: a praça estava cheia de pardais e curumins caiapós que brincavam sob o olhar vigilante das cunhãs e a dissimulada indiferença dos garçons. Eu filosofava que nós - marabaenses erráticos (que vivemos por porque nos impedem de viver e trabalhar na terra que amamos); nós, os pardais perseguidos; nós, as amargosas raras e os curumins inquietos e vigiados - seremos, até o último dia de nossas vidas, uma raça à parte, incapaz de assimilar e conviver com um mundo hostil que exclui e condena, que afasta e renega aqueles cuja sensibilidade flui e reúne no mesmo universo a sonoridade do ar, o acalanto da terra, a ruidosa servidão das chamas e o largo e acolhedor ventre das águas. (1998)

Acasos

Passo os olhos em edições antigas do Diário Oficial do Estado e estão os editais da Câmara, renovando contratos de fornecedores, sob a gestão do Miguelito Gomes. Por coincidência, por coincidência, presumo, Ulisses Pinheiro Sereni é o representante da locadora Nacional Serviços de Locação de Veículos Ltda, com a qual o Legislativo mantém contrato desde 2007, e Ícaro Pinheiro Sereni é o responsável pela construtora Multisul Construções e Incorporações Ltda., que constrói a nova casa dos vereadores.

Huuummm!...

Tudo vai dar certo

Presidente Lula criou a Secretaria Especial de Saúde Indígena, tirando o atendimento às aldeias do âmbito da Funasa e colocando-o diretamente sob responsabilidade do Ministério da Saúde. É mais um privilégio para os cerca de 510 mil índios aldeados no Brasil. Para eles, nada de SUS, nada de INSS. Por causa de coisas assim, vou tentar aprender a língua txucarramãe e requerer cidadania aborígine. Penso chamar-me Mohamed Pataxó.

Encontros

De vento em popa os arranjos para o “I Encontro de populações, comunidades, trabalhadores e trabalhadoras afetados pela política agressiva e predatória da companhia Vale do Rio Doce", a realizar-se de 12 a 15 de abril no Rio de Janeiro, mesmo período em que os acionistas da multinacional devem reunir-se naquela cidade. Para o encontro, seus organizadores convidaram e esperam a participação de organizações sociais e sindicais dos países onde a Vale atua, como Canadá, Chile, Argentina, Guatemala, Peru e Moçambique, além do Brasil, onde as comunidades são afetadas diretamente pela ação da empresa.

Apóiam o encontro organizações como Campanha Justiça nos Trilhos, Comitê Mineiro dos Atingidos pela Vale, Fórum Carajás, Rede Justiça Social e Direitos Humanos, Rede Brasileira de Justiça Ambiental, Grito dos Excluídos Continental, Comissão Pastoral da Terra Nacional, Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia, Consulta Popular, Assembléia Popular Nacional, ONG Fase, MST, e vários outros.

Representantes de várias regiões do país e do mundo estão a caminho da região Norte do Brasil para se encontrar e gritar a injustiça do atual modelo de desenvolvimento, denunciar os impactos sócio-ambientais gerados pela Vale sobre comunidades, trabalhadores e territórios e debater alternativas ao perverso sistema de mineração em vigor.

De 06 a 11 de abril acontecerá a mobilização da Caravana dos Povos em Pará e Maranhão. Paralelamente, também em Minas Gerais uma caravana irmã articulará as comunidades afetadas pelas operações do sistema sul da Vale. Em seguida, no Rio de Janeiro, haverá a concentração desses grupos e de muitas outras testemunhas e convidados para o I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, de 12 a 15 de abril.

Há anos vários movimentos populares, sindicatos e entidades ambientalistas vêm denunciando e esclarecendo à sociedade a forma truculenta de proceder da Vale, propondo alternativas à lógica do lucro a qualquer preço, e à falta de responsabilidade social da empresa. Cresce a cada dia a articulação de quem está diretamente prejudicado por ela, lutando e acreditando que outro modelo econômico e social é possível, e que é possível conjugar a produção de bens com respeito aos direitos e com justiça social e ambiental.

A Caravana Norte reunirá participantes oriundos do Pará, Maranhão, Minas Gerais, Ceará, Rio de Janeiro e também do Chile, Peru, Moçambique e Canadá, todos trazendo histórias de conflitos com a Vale. As comunidades locais serão enriquecidas pela experiência dos visitantes. Da mesma forma, estes poderão tocar com as próprias mãos a violência do conflito sócio-ambiental em que o povo vive e também apreciar a sua resistência e criatividade.

terça-feira, 30 de março de 2010

Tião Miranda sai do Sebrae

Amanhã Tião Miranda pede seu afastamento do Sebrae para ficar livre para concorrer nas próximas eleições. Eu seu lugar interinamente deve assumir a diretora técnica Cleide Tavares. Depois o conselho fará uma eleição para escolher o novo superintendente. Tião começa a bater perna pelo Estado depois da Semana Santa para decidir a que cargo vai concorrer nas eleições.
(Postado no blog do Bacana Marcelo Marques, agora à tarde)

Não é o que parece

As duas eram casadas, vizinhas e muito amigas, como seus maridos. Aí, ambas inventaram um dia de juntar-se a outras parceiras num encontro só de mulheres e acabaram voltando para casa altas horas da noite totalmente bêbadas. No meio do caminho as duas sentiram uma vontade irresistível de fazer xixi. Estacionaram o carro em um cemitério próximo, apavoradas e bêbadas, mas, sem alternativa, decidiram ir assim mesmo no escuro desafogar-se entre as sepulturas. A primeira foi, aliviou-se, e então se lembrou de que não tinha nada para se secar. Pegou a calcinha, secou-se e jogou-a fora. A segunda, que também não tinha nada para se secar, pensou: “Eu não vou jogar fora esta calcinha de renda caríssima e linda”. Então catou uma fita de coroa de flores em cima de um túmulo e colocou dentro da calcinha para não molhar. No dia seguinte, um dos maridos ligou para o outro e disse: - Rapaz, a minha mulher chegou ontem em casa caindo de bêbada e sem a calcinha ... Eu terminei o casamento! E o outro: - Você ainda tem sorte! A minha chegou com uma fita presa na bunda escrito assim: “Jamais te esqueceremos. Vagner, Moisés, Elias e toda a turma da faculdade”. Tô dando porrada até agora!