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sexta-feira, 18 de maio de 2012

ATO EM MEMÓRIA DE JOSÉ CLÁUDIO E MARIA





No próximo dia 24 de maio, completará um ano do assassinato de José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, crime ocorrido no interior do Projeto de Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, no município de Nova Ipixuna/PA.
Para reviver a memória e luta do casal de extrativistas, exigir a punição dos responsáveis pelos crimes e segurança das lideranças que atuam no assentamento, a Associação do Assentamento, o STTR de Nova Ipixuna, a FETAGRI regional e a CPT de Marabá, organizarão um ato  no interior do Assentamento, na quinta feira, dia 24 de maio a partir das 10:00hs.
O ato será realizado no local onde o casal foi assassinado e, em seguida, haverá uma visita à casa onde o casal morava e encontro com lideranças locais.(FREC)

É o fim da picada!


A Revista Foco Carajás, já nas bancas, traz como principal matéria (“Eu prometo!”) um relato sobre promessas feitas e não cumpridas pelo desprefeito Maurino Magalhães. Capa, índice de matérias, editoria, mais sete páginas de textos e fotos relatam as 71 promessas arroladas num panfleto distribuído durante sua campanha, em 2008, muitas da quais – na verdade, praticamente todas – nunca saíram do papel.

Descentralização do atendimento do Hospital Municipal, transformação dos centros de saúde em postos de pronto atendimento 24 horas; implantação do Serviço de Pediatria e Núcleo Materno Infantil; melhoria e ampliação do atendimento médico na zona rural; combate à fome e à pobreza; empreiteira comunitária para trabalhadores de Marabá; alavancar a produção rural até o estágio da pequena indústria rural; agência de microcrédito; criação do Centro de Convivência para a 3ª Idade; apoio e incentivo à cultura; etc. etc. etc.
Acho que faltou dar maior densidade à reportagem com a reprodução de fotos sobre o lixão municipal, as ruas abandonadas e cheias de lama e crateras, o caos no trânsito, a tragédia da merenda escolar e do transporte público. Aí, sim, teríamos por inteiro o retrato do que tem sido essa (indi)gestão.
Por tudo isso, e faltando-lhe, a partir de hoje, apenas 227 dias para final de mandato, quando até seus “mais fiéis apoiadores” já começaram a pular fora do Titanic que sempre foi seu desgoverno, é difícil de acreditar que ele ainda pense em reeleição.     

Ações tardias contra maus prefeitos

Em andamento, no Pará, um festival de tiro aos maus gestores. São ações tardias, é verdade, mas devem prestar-se para alguma coisa. Infelizmente elas só não acontecem (e, se algum dia aconteceram, não dão certo) em Marabá.


Vejam aí:


Ex-prefeito de Trairão (PA) acusado por crime e improbidade administrativa

O ex-prefeito de Trairão (PA) Ademar Baú foi acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) pelo crime de desvio de verbas públicas e por improbidade administrativa. As duas ações foram encaminhadas à Justiça Federal nesta quinta-feira, 17 de maio. Investigações do MPF apontaram que Baú desviou R$ 375,8 mil em recursos provenientes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O ex-tesoureiro do município Gilberto Seben também é acusado nas duas ações pelas mesmas ilegalidades.
Caso condenados, os ex-gestores podem ser punidos com dois a doze anos de reclusão, pela apropriação ou desvio de verbas. Pela improbidade administrativa, a pena pode ser de perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa e proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
Em 2006, a prefeitura de Trairão fez convênio com o Incra para construção de estradas para assentamentos localizados no município. Pelo acordo, o governo federal investiria R$ 720 mil e a prefeitura entraria com uma contrapartida de R$ 72 mil.
O Incra depositou o valor combinado, mas a prefeitura não. Além disso, o ex-prefeito e o ex-tesoureiro municipal sacaram na boca do caixa os recursos depositados pelo Incra, o que é ilegal. Instrução Normativa da Secretaria do Tesouro Nacional exige que a movimentação financeira seja feita, exclusivamente, mediante cheque nominativo, ordem bancária, transferência eletrônica disponível ou outra modalidade de saque autorizada pelo Banco Central em que fiquem identificados a destinação e o credor dos recursos.
A construção dos 47 quilômetros de estradas não foi completada. Cerca de 10% dos trabalhos não foram realizados e não houve a devolução de quase R$ 75 mil correspondentes os recursos não aplicados.
Além disso, os acusados apropriaram-se de R$ 300,8 mil do convênio, e, para justificar a correta aplicação do recurso, tentaram enganar o Incra apresentando notas fiscais de pagamento de compras de combustíveis que não foram consumidos nas obras, informou à Justiça o procurador da República Cláudio Henrique Cavalcante Machado Dias, autor das ações.
“Nos contratos de locação das máquinas e veículos para construção da estradas vicinais objeto do convênio, não há previsão de que o fornecimento de combustíveis seria por conta da prefeitura, sendo de responsabilidade das próprias empresas contratadas, razão pela qual as notas fiscais e ordens de pagamento apresentados na prestação de contas não se deram com recursos do convênio, e mais absurdo, dentre os combustíveis supostamente adquiridos, consta a aquisição de 16,5 mil litros de gasolina, mas os veículos e máquinas utilizadas na execução das obras objeto do convênio não são movidos à gasolina”, observou o procurador da República no texto das ações.

Vereadores afastam prefeito de Salinópolis
Seis vereadores dos nove que compõem a Câmara Municipal de Salinópolis, no nordeste paraense, votaram pelo afastamento do prefeito Vagner Curi (PR), por improbidade administrativa, durante 90 dias, período em que o Ministério Público terá para fazer o levantamento das acusações que envolvem o prefeito relativas às licitações irregulares. Durante este tempo, o viceprefeito Gugu Palha (PSC) assume a prefeitura do município.
A votação aconteceu durante a sessão ordinária de ontem, quando os vereadores Francisco Machado (DEM), Jamile Corrêa (PT), Nilson Santa Brígida (PSD), Wilson Nunes (PMDB), Fábio Gomes (PSDB) e Márcio Wanderson se manifestaram contra a permanência de Vagner Curi à frente do Executivo municipal.
Sem que houvesse alarde, a votação foi colocada em pauta e apenas o vereador Antônio Plácido (PR) teria esboçado uma tentativa de tumultuar a sessão, na esperança que a decisão mais uma vez fosse adiada, mas foi uma frustrada investida.
Além de Antônio Plácido, apenas o vereador Anderson Sá, que também é correligionário do prefeito, e Antônio Marcos (PV) votaram contra o afastamento de Vagner Curi. A reportagem tentou conversar, na noite de ontem, como prefeito afastado e o vice que assumirá o cargo durante os próximos 90 dias, porém ambos não foram localizados. (Diário do Pará)

MPE procura R$2 milhões na prefeitura de Bujaru
Policiais civis e agentes do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Geproc), órgão ligado ao Ministério Público do Estado (MPE), cumpriram quinta-feira (17) mandado de busca e apreensão na Prefeitura de Bujaru. A ação foi movida pelo MPE, que denunciou a gestão municipal por improbidade administrativa, depois que a Controladoria Geral da União (CGU) encontrou fraudes na aplicação dos recursos federais destinados às áreas da Saúde, Educação, Administração e Assistência Social. Ao todo, são mais de R$ 2 milhões que o Município deveria prestar contas com a União para apontar onde e como o dinheiro foi gasto. A maioria das irregularidades foi encontrada em processos licitatórios.
De acordo com o promotor de Justiça de Bujaru, Laércio de Abreu, no início deste mês, o MPE recebeu o relatório da auditoria feita, pela CGU, nas contas da prefeitura entre os dias 17 a 21 de outubro do ano passado, onde foram encontradas algumas irregularidades que implicam em crime contra a administração pública. No relatório, a CGU ressalta, por exemplo, que somente em 2009 o Fundeb repassou R$ 10 milhões em recursos e investimentos para a prefeitura de Bujaru, dinheiro este que não teve a destinação correta. “A lei diz que 60% (R$ 6 milhões) desse recurso é para manter a sala de aula em funcionamento. A prefeitura utilizou apenas quatro milhões. O restante deveria ser repassado como abono aos professores, porém apenas R$ 69 mil foram repassados como essa gratificação. É quase R$ 1 milhão que a prefeitura, por meio da Secretaria de Educação, tem que dizer o que foi feito e onde este dinheiro foi aplicado”, citou Laércio.
O promotor aponta também, como irregularidade, o pagamento de R$ 231 mil em serviço de transporte escolar sem licitação. Aliás, diversos processos licitatórios e ausência de alguns deles também estão sob a investigação do Ministério Público. “A prefeitura não apresentou os processos licitatórios”, reforçou Laércio de Abreu. Ele também citou que a prefeitura de Bujaru gastou cerca de R$ 1 milhão em compras fracionadas, que também se deram de forma irregular.
Todos os processos licitatórios realizados de 2010 até este ano foram apreendidos pelo MPE. Ao todo, foram 30 malotes de papéis, documentos e CPUs apreendidos para serem analisados pela perícia. A partir deste material é que o MPE vai retirar novas provas sobre a malversação de recursos federais públicos. “A princípio, a ação foi contra a pessoa jurídica (a prefeitura municipal). Nenhuma denúncia foi feita contra o prefeito Lúcio Antônio Faro Bitencourt e seus secretários municipais”, atentou o promotor.
Ele frisou que o interesse do Ministério Público é descobrir a quantidade total de recursos desviados e em quais setores (secretarias municipais) foram feitos esses desvios. “Com isso vamos encontrar quem seriam ou quem foram os beneficiados”, frisou Laércio. Lúcio Faro e os secretários poderão ser chamados para depor nos próximos dias.
Esta é a segunda vez que o MPE entra com uma ação contra a prefeitura de Bujaru por irregularidades no uso de recursos federais. “A mesma coisa aconteceu na gestão anterior”, disse o promotor.
Tranquilo - Segundo o coordenador do Geproc, Milton Menezes, a ação em Bujaru foi tranquila. “Não houve resistência e nenhum transtorno aconteceu e a própria administração colaborou com os trabalhos”, citou. A maioria do material apreendido foi retirada do prédio da prefeitura. O único que foi feito fora da sede da administração municipal foi a busca do material na Secretaria Municipal de Saúde, que fica em outro prédio. (Diário do Pará)

A rasteira dada no Cametá

Mapará ao ponto

Por Francisco Sidou, jornalista.
A bela e merecida conquista do time de Cametá, que encheu de  orgulho a brava gente  da terra dos Romualdos, não merecia ser manchada com a nódoa da tibieza revelada pela decisão autocrática  do pequeno títere que se intitula presidente do clube,  ao renunciar em favor do Remo o direito de disputar o Campeonato Brasileiro da Quarta Divisão. 
Povo de tantas tradições na história do Pará,  os cametaenses mal tiveram tempo de festejar a chegada de seus heróicos filhos e  se quedaram perplexos e revoltados com a furtiva "negociação" promovida pelo presidente do brioso campeão paraense de futebol/2012, nas caladas da noite de domingo, logo após a memorável conquista. Esse fato é emblemático da falta de sensibilidade de  "cartolas"  que fazem do clube trampolim para negociações políticas, transações comerciais, tráfico de influência  e outros  interesses nem sempre confessáveis. A falta de profissionalismo na gestão dos clubes de futebol costuma produzir tais distorções. Clubes  de massas como Remo e Paysandu, movidos pela paixão de milhões de torcedores, infelizmente, acabam despertando a cobiça de dirigentes despreparados, tal a oportunidade que oferecem para promoção pessoal e culto a personalidades medíocres diante da exposição aos holofotes da mídia. Tais dirigentes não se preocupam com ações de planejamento nem com a preparação das escolas de base, que poderiam se tornar berçários de futuros craques do futebol, com projeção nacional, como Giovanni e Ganso, jogadores paraenses de nível de seleção  brasileira, só revelados "lá fora".  Preferem contratar "bondes" em final de carreira, sem qualquer identidade com os valores da cultura paraense, que buscam apenas "se dar bem" ganhando altos salários, onerando as finanças dos cl ubes e desestimulando os jovens jogadores que sonham jogar no time principal ,  sempre barrados pelos "medalhões" arrivistas. Remo e Paysandu mantem escolas de base, onde são revelados talentos promissores, mas que não ficam em Belém, pois "olheiros" do sul do país  logo os descobrem,  negociando-os com grandes clubes do Brasil e até do exterior. Os clubes que investiram neles nada ganham, por falta de competência  e de visão empresarial de seus dirigentes. 
Ao invés de ganhar dividendos investindo em futuros craques,  os clubes paraenses acabam se enrolando cada vez mais com  ações trabalhistas em cascatas interpostas pelos mesmos "bondes" come-e-dorme que importam de outras plagas, onde não  tem vez nem mais como reservas.  Táticas de gestão empírica e desastrada  que estão levando nossos clubes a colher pífios resultados em campo,  descendo  ladeira abaixo na escala de Divisões, sem calendário de jogos para o resto do ano,  a não ser amistosos caça-níquel  no interior, onde, aliás, também deixaram de ser  atração , pois desde 2011 o melhor futebol no Pará vem sendo  praticado justamente pelos times interioranos.  Por que será ? O que dizem  nossos colegas  jornalistas esportivos sobre esse "fenômeno",  hein Sérgio Noronha ?  
Dizia o saudoso  mestre Edyr Proença que "opinião não se discute". Mas, às vezes se lamenta. É o caso de alguns analistas que tem procurado justificar esse gesto  lamentável do sr. Peixoto "vendendo" uma conquista gloriosa de seu time sob a alegação de qua faltam recursos financeiros ao brioso  Mapará para disputar os jogos do Campeonato Brasileiro em outras cidades pelo Brasil afora. Ora, senhor Peixoto, sonhos não se vendem nem se alugam. O senhor brincou com os sentimentos e os brios de todo o bravo povo cametaense jogando pela janela da insensibilidade os louros de uma épica conquista.  Tem coisas que não se pode medir  apenas pela ótica do vil me tal.O futebol é movido sobretudo pela paixão. Paixão que também pode mover  montanhas de dinheiro quando canalizada para ações positivas de marketing esportivo.
Se o prefeito de Cametá não pode ajudar, com medo de ser enquadrado na Lei de Responsabilidade (?) Fiscal, então por que não recorrer a empresas privadas e ao bravo povo cametaense através de uma campanha de marketing com o objetivo de conseguir os meios necessários para viabilizar a participação honrosa do Cametá no Campeonato Brasileiro da Quarta Divisão ? Por que não convocaram o Gerson Peres, filho ilustre e grande defensor de Cametá, para liderar essa campanha ? Com certeza, ele não só toparia como ainda iria arregimentar muitos outros colaboradores e doadores voluntários para essa nobre causa.
O episódio da renúncia ao direito conquistado em campo pelos bravos jogadores do Cametá, com heróico  empenho, suor, amor e lágrimas, também expõe a indigência dos cartolas do futebol paraense. Falta-lhes não só competência,  mas, também, iniciativa, criatividade, engenho e arte. Não por acaso perdemos a Copa 2014 para Manaus. Aliás, não perdemos para Manaus. Perdemos para nós mesmos. 

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Um enorme pedaço da pizza


CPMI restringe quebra de sigilo da Delta ao Centro-Oeste
A CPI do Cachoeira aprovou nesta quinta-feira a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico da Delta Construções restrita às filiais da empreiteira localizadas na região Centro-Oeste. Apesar de protestos da oposição e de integrantes da base aliada, a comissão não quis ampliar, no momento, a quebra do sigilo da empreiteira em todo o País.
Com a decisão, a medida abrangerá as regionais da Delta em Tocantins, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal. Foi firmado um compromisso para votar a quebra ampliada apenas no dia 5 de junho.
O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse que não há indícios para propor uma quebra de sigilo "ampla, geral e irrestrita" da empreiteira. Para ele, a ligação da Delta com o contraventor Carlinhos Cachoeira, até o momento, era feita apenas pelo ex-diretor da região Cláudio Abreu. "Não permitirei a perda de foco."
Para o relator, as quebras de sigilo da matriz da Delta, a convocação de governadores envolvidos com o contraventor e do ex-presidente da empreiteira Fernando Cavendish serão analisados em "outro momento". Segundo ele, quem quiser investigar essas relações, agora, que peçam a abertura de uma CPI exclusiva da Delta, que ele apoiaria, ou nas assembleias estaduais.
"Nós não estamos fazendo devassa", reforçou o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), para quem não há nenhuma ligação do ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish, com Cachoeira.
Mas para o deputado Fernando Franceschini (PSDB-PR) não é possível separar as filiais da empreiteira. Segundo ele, a Controladoria-Geral da União tem 60 contratos da Delta sob investigação por suspeitas de superfaturamento, desvio de finalidade e pagamentos indevidos. A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) disse que está havendo um acordo para escolher "quem ia morrer". "O Rio de Janeiro está enterrado até a alma. Em nenhum lugar a Delta cresceu tanto quanto no Rio de Janeiro", afirmou.
O deputado Silvio Costa (PTB-PE) criticou a intenção do relator de restringir as investigações contra a empreiteira. "Vossa Excelência não consegue convencer uma criança de três anos que esta Delta não tem que ter o seu sigilo aberto em todo o País", afirmou. (Agência Estado)

  
Delta deixa sua maior obra no PAC
Depois de abandonar as obras do Maracanã e da Transcarioca, a construtora Delta começa a deixar também obras do governo federal. Sem qualquer alarde, a empresa decidiu na semana passada sair do consórcio para a construção de um trecho da Ferrovia Oeste-Leste, principal contrato que mantinha no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no valor de R$ 574 milhões.
No último dia 8, a SPA Engenharia, sócia da Delta no consórcio ao lado da construtora Convap, enviou uma correspondência à Valec, estatal responsável pelas ferrovias, informando que assumirá os 28,5% que a empresa que era de Fernando Cavendish tinha no contrato. Com a saída da construtora, a Valec decidiu não tomar qualquer medida administrativa em relação ao lote. Quando concluída, a Ferrovia Oeste-Leste terá 1.527km de extensão e fará uma conexão com a Ferrovia Norte-Sul.
As notícias ruins para a Delta não param por aí. O governo já começou a agir também sobre o segundo maior contrato da empresa no PAC, a construção de um trecho de 39 quilômetros da obra de transposição do Rio São Francisco, no valor de R$ 265 milhões. Nesse caso, a Delta integra um consórcio com as construtoras EIT e Getel. O Ministério da Integração Nacional solicitou à Controladoria Geral da União (CGU) que seja feita uma auditoria minuciosa sobre o contrato.
Apesar de o ritmo da obra ser considerado normal, o ministério quer apurar se o andamento é compatível com os valores recebidos pela construtora. Nas próximas semanas, técnicos da CGU irão a Mauriti, no Ceará, onde ficam os canteiros de obra, para novas medições. Segundo dados oficiais, 16,3 quilômetros do canal já estão concretados. Isso significa 40,3% da execução prevista. No entanto, o consórcio recebeu até março R$ 152,9 milhões, 57,6% do total.
A investigação deve ser concluída em junho, e, caso sejam constatadas irregularidades, o consórcio pode até ser retirado da obra - seguindo orientação da presidente Dilma Rousseff de tolerância zero com a Delta.
Ontem, a prefeitura de Fortaleza também anunciou a rescisão de um contrato de R$ 145 milhões com a Delta, que era responsável por obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo de 2014. (Agência O Globo)

Bibi, o Hugo Chavez da Colônia Z-30?

Presidente quase perpétuo da Colônia Z-30 dos pescadores de Marabá (está no cargo há 26 anos, desde que foi empossado pelo ex-presidente já falecido, odontólogo Nilo Abbade), o "pescador" e ex-vereador Antônio Rodrigues Dias, o Bibi, parece pretender  ficar pelo menos mais duas ou três décadas na função.
Antigamente, o prazo do mandato durava de 2 a 3 anos, segundo um pescador, mas desde que Bibi assumiu vem modificando as regras sucessórias, esticando esse prazo e se perpetuando na Colônia. "E, pior, a cada vez que se aproxima uma eleição, o que deveria ser o exercício de um direito estatutário - eleger e ser eleito - vira um jogo bruto de pressões contra qualquer chapa alternativa", acrescenta.
Mais uma vez o fato se repete. Vejam a reportagem do Correio do Tocantins: 

15/05/2012
 Pescadores não conseguem concorrer à direção da Z-30
 
Um grupo de pescadores tentou ontem, segunda-feira, 14, mas sem sucesso, registrar uma chapa para concorrer à direção da Colônia de Pescadores Z-30, que congrega mais de 1.500 associados em Marabá. Diante do impasse, eles procuraram o Ministério Público Estadual para pedir intervenção da Justiça no caso para que haja mais de uma chapa para as eleições, que estão previstas para serem realizadas no final de junho próximo.

Raimundo Nonato Miranda Viana, que lidera um grupo de 12 pescadores que tentam registrar uma chapa para concorrer às eleições, denuncia que o atual presidente da Colônia Z-30, Antônio Rodrigues Dias, o Bibi, estaria se negando a receber o registro da chapa, porque teria interesse em concorrer à reeleição com chapa única. “Viemos à sede da colônia e a entidade está de portas fechadas. Apenas a máquina de fazer dinheiro (geleira) está funcionando”, desabafou.
Raimundo Nonato explica que divulgou em rádio e avisou antecipadamente a Colônia que uma chapa estava se preparando para concorrer às eleições da Colônia, mas Bibi teria mandado recado alegando que ele não poderia concorrer porque estaria inadimplente. “Agora, a gente chega aqui para registrar a chapa e recebe como resposta que o senhor presidente está viajando. É apenas uma desculpa para não nos impedir de concorrer, como fizeram há quatro anos. A estratégia é a mesma”, alega.
Nonato alega que é filiado na Z-30 desde 1999 e contesta que esteja inadimplente com a entidade. O presidente atual, segundo ele, teria dito que apenas 200 pescadores associados estariam adimplentes e aptos a votar em 30 de junho próximo, mas ele contesta, alegando que o presidente teria de convocar antecipadamente os membros da colônia e revelar quais precisariam fazer o acerto financeiro com a entidade. “Nunca lemos um estatuto, só há poucos dias é que tive acesso ao estatuto da Colônia, e questiona o fato de só ter recebido uma cópia do documento depois que passou o prazo de 90 dias que antecede a convocação das eleições. “Ele (Bibi) está há mais de 20 anos na presidência da Colônia, mas este não é um cargo vitalício, reconhece”.
Para tentar disputar as eleições com o atual presidente, Nonato diz que pretende reunir a maioria dos pescadores no dia 20 deste mês em frente à Colônia para que os colegas possam legitimar, através de assinaturas, que gostariam que houvesse uma eleição para a presidência da entidade. “Se nós não tirarmos ele pelo voto, porque não está deixando, será através de assinaturas”, ressalta.
Uma das queixas de Nonato diz respeito ao valor do quilo do gelo, que estaria sendo vendido mais caro para o pescador do que na concorrência. Enquanto a colônia comercializa o produto por R$ 0,18, as outras geleiras estariam vendendo por R$ 0,15.
O pescador Raimundo Carlos dos Santos diz que em várias ocasiões já comprou gelo a preço mais alto do que grandes comerciantes que vêm de outros municípios e quase sempre é preterido pela entidade a qual faz parte, que estaria mais interessada em negociar com grandes compradores.
A reportagem do CT procurou o presidente da Colônia, Antônio Rodrigues, mas um funcionário, que é seu neto, informou que ele estava viajando, mas não disse para onde. (Ulisses Pompeu) 

Cametá quer reaver a vaga na série D

O Cametá protocolou, ontem, por volta das 16 horas, na Federação Paraense de Futebol (FPF), pedido para que o clube volte a ter direito de disputar a Série D do Brasileiro. Desta forma reassumindo a vaga que foi cedida pelo, agora, ex-presidente do clube, Orlando Peixoto Marques, ao Remo, em acordo firmado entre os clubes. Junto com o pedido de reinclusão do time no Nacional, o sucessor de Peixoto, Paulo Otávio Amorim, e o vice-prefeito de Cametá, Benedito Pompeu, deram entrada na entidade com o comunicado de renúncia do ex-presidente e de posse do novo mandatário do clube.
No documento em que tenta reaver a vaga no Brasileiro, a direção do Cametá alega que o ex-presidente Orlando Peixoto foi coagido pela diretoria do Remo a desistir da participação do time no Brasileiro. Os dirigentes do Mapará alegam, ainda, que "como campeão paraense, o Cametá é o legítimo representante do Estado na competição nacional". A documentação, segundo informou, por telefone, o vice-presidente da FPF, José Ângelo Miranda, somente hoje é que será analisada pelo departamento jurídico da entidade em conjunto com o presidente da federação, Antônio Carlos Nunes de Lima, que não deu expediente ontem.
Os dirigentes do Cametá deixaram a sede da FPF confiantes de que conseguirão reverter o quadro, mesmo com a CBF já tendo divulgado em seu site a tabela da Série D, com o Remo no lugar do campeão paraense. "O nosso advogado no Rio (de Janeiro, Osvaldo Sestário) nos assegurou que temos 99% de chances de disputar o campeonato", declarou Benedito Pompeu, que deve viajar hoje para a capital carioca em companhia do presidente Paulo Otávio Amorim.
Benedito Pompeu informou que, caso o Cametá tenha êxito em sua investida, o clube já conta com cinco empresas interessadas em patrocinar o time no Brasileiro. Ele ressaltou que o contrato com o Banpará, que rende R$ 15 mil mensais ao clube, só termina em janeiro de 2013 e que a parceria com a Prefeitura de Cametá será ampliada de R$ 80 para R$ 100 mil.  (Jornal Amazônia)

terça-feira, 15 de maio de 2012

Negociata??? Remo na Série D pela porta dos fundos


Mapará desiste e Remo entra na série D

O Cametá desistiu de disputar o Campeonato Brasileiro da Série D. A Federação Paraense de Futebol afirmou, no início da tarde desta terça-feira (15), que o Clube deu entrada no ofício de desistência alegando dificuldades financeiras.
“Vou reunir a diretoria e fazer uma avaliação de quanto vai ser gasto na Série D. Estou perdendo jogadores e não posso cobrir as propostas”, disse o presidente Orlando Peixoto, em entrevista ao Diário do Pará desta terça-feira.
Com isso abre-se a oportunidade para que o Clube do Remo assuma a vaga paraense no torneio.
Nesta terça-feira o Mapará voltou para Cametá, já com o dinheiro da renda do último jogo da final contra o Clube do Remo. Cerca de R$ 150 mil.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Além de incompetente, caloteiro

Remo não quer dividir renda da final com o Cametá


Remo não quer dividir renda da final com o Cametá (Foto: Mário Quadros)
(Foto: Mário Quadros)
Depois de ter levado o título Paraense de 2012 e a vaga para o Campeonato Brasileiro da Série D, o Cametá pode ficar sem parte rendados dois jogos da final do estadual.
“Tinha ficado acordado que o Cametá renunciaria à vaga na série D caso fossem campeões”, afirmou indignado Hamilton Gualberto, dirigente do Clube do Remo.
Devido à suposta quebra de um acordo firmado verbalmente, Gualberto diz que o Leão não vais mais dividir a renda dos jogos da final do Campeonato Paraense com o Cametá.
“O (Orlando) Peixoto (presidente do Cametá) tinha jurado pela felicidade dos netos dele que tinha feito um estudo financeiro e que não conseguiria disputar o Campeonato Brasileiro. Por isso nós aceitamos dividir as rendas. Não é que ele fosse vender a vaga, mas ele tinha dito que não tinha condições mesmo. Nós propusemos fazer esse acordo assinado, mas ele disse que não precisava pois éramos homens de bem”, desabafa.
Depois do desentendimento, Gualberto afirmou ainda que o Remo só irá destinar ao Cametá a renda do primeiro jogo, a qual o Mapará teria direito antes do acordo firmado.
Pelo Cametá, o presidente afirmou que vai atrás dos direitos do clube.
“Problema deles se não querem dividir as rendas. Eu vou entrar na justiça para garantir o que é de direito do Cametá. Não fiz acordo nenhum com eles para disponibilizar a vaga na Série D. Eu disse que se a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) não ajudasse, não teria como participar, mas como vão bancar as despesas, nós vamos participar sim. Agora é que vamos disputar, depois dessa sacanagem que esses caras querem fazer com a gente”, detona o presidente do Cametá, Orlando Peixoto.
ENTENDA O CASO
As diretorias de Remo e Cametá chegaram a um acordo, firmado verbalmente como ficou exposto agora, para dividir as rendas dos dois jogos da final do Parazão, que foram realizadas em Belém. Os ingressos foram vendidos em promoções de casadinha – quando o torcedor pagou R$ 30 por bilhetes de arquibancada das duas partidas. (Felipe Melo/DOL)

Cametá é campeão do Parazão 2012


Do blog O Mocorongo


Com um Mangueirão praticamente lotado, Remo e Cametá fizeram uma final digna do Campeonato Paraense. O Remo, que tinha a maioria dos torcedores, chegou a fazer dois a zero, mas o Cametá mostrou sua força e nos 15 minutos finais garantiu o empate, que assegurou o título.
Com o resultado, o Cametá ficou com a vaga para a Série D do Campeonato Brasileiro. O Mapará entrou para o hall da fama dos campeões do estado do Pará. Antes dele, apenas Remo, Paysandu, Tuna, União Esportivo e Independente haviam conseguido levantar a taça.
Já o Remo agora vai ter que torcer para que alguma equipe desista de disputar a Série D. Caso contrário, o Leão vai ficar pelo teceiro ano sem calendário. Além de 2012, os remistas já passaram por isso ano passado e em 2009.
A conquista do título também colocou o treinador Sinomar Naves na história do Campeonato Paraense, pois agora ele soma três troféus. Pelo Paysandu (2005), Independente (2011) e Cametá (2012).

Ficha técnica de Remo 2 x 2 Cametá
Data: 13/05/2012
Local: Estádio Mangueirão
Horário: 17h
Árbitro: Joelson Silva dos Santos
Remo: Adriano; Cássio(Aldivan), Edinho, Diego Barros e Juan Sosa; André, Adenísio, Betinho e Marciano (Jayme); Fábio Oliveira e Cassiano (Joãozinho).
Técnico: Flávio Lopes.
Cametá: Evandro; Pedro Henrique, Romário, Gil Cametá e Souza (Garrinchinha); Júlio César, Ricardo Capanema, Ratinho e Soares; Rafael Paty e Jailson (Marcelo Maciel).
Técnico: Sinomar Naves.
Cartões amarelos: Evandro, Ricardo Capanema, Soares, Romário, Garrinchinha (Cametá); Diego Barros, Betinho, André, Edinho, Fábio Oliveira, Juan Sosa (Remo).
Cartões vermelhos: Ricardo Capanema (Cametá) e Fábio Oliveira (Remo)
Gol: Juan Sosa (cabeça) 1/2T; Fábio Oliveira 25/2T; Garrinchinha 40/2T; Soares 44/2T.
Público Pagante: 29.188
Não Pagantes: 3.450
Público Total: 32.638
Renda: R$ 479.080,00


Sobre o Remo e efeitos colaterais da perda do campeonato


De "Azulino Envergonhado":
"Anotem!!! No Clube do Remo, sem calendário, sem série, tudo será repetido: contratarão Sinomar Naves ou outro treinador local para formar um time de ´garotos da base`para jogar no interior. Quando iniciar o Parazão 2013, será contratado um treinador e um monte de jogadores ´de fora`e a torcida Fenômeno Azul novamente lotará o Baenão ou o Mangueirão para chorar novas derrotas, novos fracassos. A partir de hoje, tô fora dessa galera. Cansei de sofrer!" (O Mocorongo)

No blog do Manuel Dutra
"Serão 5 anos consecutivos de derrotas da desgastada dupla Re-Pa. Depois do Independente e do Cametá, a próxima é a vez do São Raimundo, que vai trazer de Santarém a força e a beleza do Tucunaré. Que se cuidem os torcedores e os cartolas do Parazinho, como disse o Zenaldo Coutinho. Vamos lá. Depois virão o Águia e o São Francisco, rsrs".

Efeito Águia:
"Estamos elegendo a Águia a Mãe do Ano: ela preferiu morrer na beira para salvar o Leão. Mas esqueceu de avisar o Mapará, que comeu o bicho no tucupi, e pôs o que sobrou na geladeira até janeiro de 2013 (se a carcaça ainda prestar!)" - Mensagem a Rui Castro

Pará ocupa o terceiro lugar em incidência de tuberculose no Brasil



O Ministério Público Estadual montou um Grupo de Trabalho Saúde (GT/Saúde) voltado para combater o avanço da Tuberculose no Estado. Médicos e pesquisadores do assunto informaram a promotora de Justiça de Direitos Constitucionais Fundamentais, Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa, Suely Regina Aguiar Cruz, sobre os problemas enfrentados no tratamento e as situações de risco que mais crescem no Pará, terceiro lugar em incidência de tuberculose no Brasil, com uma taxa de 47,9 casos por 100 mil habitantes.
A discussão sobre o assunto auxiliará o MP na busca de soluções, com ações conjuntas nas questões relativas à prevenção, ao controle e ao combate à tuberculose em todo o território paraense. ‘Essas medidas já constam na Recomendação 002/2010, formulada conjuntamente pela Procuradoria geral e a Corregedoria geral do MP e encaminhada a todos os promotores de Justiça’, informou a promotora.
Suely Cruz disse ainda que ‘devido à percepção, através do Hospital Barros Barreto, sobre o abandono de casos de tratamento de Tuberculose e o crescente número de casos de TBDR, é necessária uma solução para o caso’. Apesar de os registros oficiais apontarem um número pequeno de casos, a coordenadora do setor de Tuberculose Multirresistente do Hospital Universitário Barros Barreto, Ninarosa Cardoso, afirma que o número real da Tuberculose no Pará é muito superior, sendo reportados oficialmente apenas 47% dos casos reais, podendo atingir 100 casos por 100 mil habitantes.
O pesquisador Nelson Veiga explicou que mais ou menos há 25 anos quase não havia casos de Tuberculose (TB) registrados, mas que o aumento de casos de Aids provocou o recrudescimento da doença. Veiga disse ainda que não há dados sistêmicos sobre a doença e, sim, estudos pontuais em áreas acadêmicas. Ninarosa também se reportou ao tratamento realizado no Evandro Chagas, abordando o método rápido de detecção da doença.
Cruz enviou oficio, através da Procuradoria Geral de Justiça (PGJ), para as promotorias de Justiça de alguns municípios, como Colares, para obtenção de detalhes sobre o tratamento de Tuberculose e o número de casos reportados. Algumas Unidades de Saúde da Região Metropolitana de Belém (RMB), como a do Barreiro, também serão oficiadas.
Fonte: O Liberal

MST luta pela desapropriação de área onde militantes contra a ditadura eram incinerados


“O local foi aprovado. O forno da usina era enorme. Ideal para transformar em cinzas qualquer vestígio humano. A usina passou, em contrapartida, a receber benefícios dos militares pelos bons serviços prestados. Era um período de dificuldade econômica e os usineiros da região estavam pendurados em dívidas. Mas o pessoal da Cambahyba, não. Eles tinham acesso fácil a financiamentos e outros benefícios que o Estado poderia prestar.” (Cláudio Guerra, ex-delegado do DOPS)

“A título de sugestão, optando pela retirada forçada, deve-se agir sem aviso prévio, compartimentada, mais cedo possível, despejando-se imediatamente, com o mínimo de diálogo, todos aqueles que estiverem nas construções, bem como os seus pertences, prendendo se necessário e na seqüência, destruir as casas.” (Adriano Dias Teixeira Amorim do Vale – Delegado Federal – Dezembro de 2005)
Em 1997, a área no município de Campos dos Goytacazes (RJ) onde as usinas de açúcar Cambahyba, Santa Maria, Carapebus e Quissamã se localizam, composta por sete fazendas que totalizam 3500 hectares, foi considerada improdutiva. Mas o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), com exceção de uma área de 550 hectares – que deu origem ao assentamento Via Lopes -, até hoje não foi capaz de realizar as desapropriações em toda a área, pois o Poder Judiciário acatou liminares dos proprietários.
Para Fernando Moura, da coordenação do MST, “essa morosidade revela o poder dos fazendeiros. Vale lembrar que as áreas têm dívidas grandes com a União, além do fato de ter sido encontrado trabalhadores em condições análogas à escravidão na região”.
Violência interminável
Um fato até então desconhecido sobre a usina de Cambahyba chocou a sociedade brasileira. A usina foi palco, no período da Ditadura Militar, de um crime bárbaro. O ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), Cláudio Guerra, conta no livro Memórias de uma Guerra Suja que a usina de Cambahyba foi usada pelos militares para incinerar corpos de militantes de esquerda que haviam sido mortos devido às torturas praticadas pelo regime em órgãos como o próprio DOPS. Guerra conta que ele mesmo incinerou dez corpos, dentre os quais estavam os de David Capistrano, João Massena Mello, José Roman e Luiz Ignácio Maranhão Filho, dirigentes históricos do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
“Em determinado momento da guerra contra os adversários do regime passamos a discutir o que fazer com os corpos dos eliminados na luta clandestina. Estávamos no final de 1973. Precisávamos ter um plano. Embora a imprensa estivesse sob censura, havia resistência interna e no exterior contra os atos clandestinos, a tortura e as mortes”, relata Guerra.
A solução encontrada foi utilizar os fornos da usina e queimar os corpos, de forma a não deixar vestígios. A usina, à época, era propriedade do ex-vice-governador do estado do Rio, Heli Ribeiro, que topou o acordo, pois ele “faria o que fosse preciso para evitar que o comunismo tomasse o poder no Brasil”. Além disso, o regime militar oferecia armas a Heli para que ele combatesse os sem terra da região.
Passados décadas desse trágico episódio, a violência na região de Cambahyba continua. Em 2006, o acampamento Oziel Alves, que abrigava 150 famílias sem terra há mais de seis anos, foi destruído em uma operação pelas polícias militar e federal, com aval da Justiça do Estado e acompanhados do dono usina, Cristóvão Lisandro.
Não houve diálogo nem negociação com a população, que além de habitar a área, produzia hortifrutigranjeiros e gado de leite: as pessoas foram retiradas à força de seus lares, sem poder salvar seus pertences. As estradas próximas ao acampamento foram trancadas, o que impediu que a imprensa pudesse cobrir os fatos quando a operação começou – ela só teve acesso ao acampamento cinco horas após o início da operação policial -, e os policiais entraram nas casas sem apresentar ordem judicial, destruindo pertences dos moradores.
Os Sem Terra que tentaram negociar foram presos, agredidos física e moralmente, e só saíram da delegacia após assinarem declaração de que portavam “armas brancas”, que eram na verdade as ferramentas de trabalho dos produtores. Após a revista nas casas pelos policiais, elas foram derrubadas por máquinas, deixando os moradores sem qualquer amparo.
Desapropriação
Francisco conta que, desde outubro do ano passado, a decisão de desapropriar as áreas está na 2ª Vara de Justiça do Estado. O MST pretende pressionar para que a decisão seja favorável à Reforma Agrária. Segundo Francisco, após saber do passado trágico da usina, diz que “a violência da Ditadura e do latifúndio tem uma relação grande. Agora, a luta se intensifica, para tornar esta terra produtiva com a Reforma Agrária e denunciar a postura de um Judiciário que favorece os proprietários”.
José Coutinho Júnior é jornalista. Fonte: Correio do Brasil