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sábado, 1 de dezembro de 2012

Veta, Salame!

Muito lixo nas ruas até 2016? 
Senhoras e senhores, tampai vossos narizes, fechai os olhos e fortalecei vosso sistema imunológico contra doenças porque o lixo que se espalha pela cidade tem data de validade longa: 4 de abril de 2016. É que a Prefeitura assinou recentemente um aditivo do contrato com a empresa Leão Ambiental, que vem realizando um trabalho questionável na coleta de lixo nas ruas da cidade.O contrato anual da Leão Ambiental com a Prefeitura de Marabá é da ordem de R$ 21.851.580,00 milhões e a média de pagamentos por mês é de R$ 1.820.965,00. Todavia, a Prefeitura vem pagando cerca de R$ 500 mil por mês, valores abaixo da medição mensal e a dívida do município para com a empresa está na casa de R$ 19 milhões, segundo levantou a Reportagem com uma fonte segura da PMM, que apresentou notas comprovando esse fato.
Se a Prefeitura fosse levar o contrato ao pé da letra, já teria rescindido o mesmo com a empresa paulista. Na cláusula 14ª, que trata da rescisão contratual, diz que “a inexecução total ou parcial do contrato sem motivo justificável enseja a sua rescisão, com as consequências contratuais previstas em lei”.Mas a própria prefeitura não cumpre sua parte no contrato, pagando menos da metade do que foi acordado. A pergunta, então, é a seguinte: por que a Leão Ambiental não rescinde o contrato e vai embora de Marabá. A resposta parece apontar para o fato de a empresa estar aguardando o prefeito João Salame assumir em 1º de janeiro para costurar um acordo, receber os atrasados e permanecer com o contrato até o final de seu governo, efetivando o aditivo recentemente assinado.
O acúmulo de lixo tem causado danos intensos ao meio ambiente e à salubridade pública. A grande quantidade de lixo e o tempo de exposição sem recolhimento ao local apropriado causa a proliferação de ratos, insetos e outros parasitas, o que pode acarretar sérios agravos à saúde pública.
No feriado de São Félix de Valois, na última terça-feira, 20, a Reportagem do CORREIO DO TOCANTINS foi acionada por moradores do bairro Novo Planalto, no núcleo Cidade Nova. Nazaré Lídia Camargo, residente à rua Piauí, Quadra 145 Lote 02, disse que estava preocupada com uma nova chuva porque os bueiros daquele quarteirão estão entupidos, o lixo não recolhido pela Leão Ambiental se espalhou e cenário para uma inundação está completo. “Já ficamos alagados uma vez, agora pode acontecer de novo a qualquer momento, basta chover”, desabafou ela.
Uma rápida passagem a pé (carro não circula) pelo quarteirão dá para se ter uma ideia do que Nazaré está temendo. Outros vizinhos confirmaram a falta de coleta de lixo há vários dias, embora o quarteirão esteja ao lado da avenida Boa Esperança, pavimentada. As lagoas se formam, crianças correm o risco de contrair doenças e o mau cheiro exala forte dos bueiros. “A catinga aumenta principalmente às 18 horas, eu não sei por que”, diz Januária Dias Carneiro, dona de casa.
Na cidade toda
A própria Secretaria de Urbanismo, cujos trabalhadores estão em greve por causa, reconhece que se acontecer uma chuva hoje, haverá inundação em vários bairros, como Laranjeiras, Bairro da Paz, Bela Vista, área em volta da Galeria do Camisa 10 e a Grota Criminosa, que liga o Km 7 até o Rio Tocantins.
A Reportagem do CT procurou o escritório local da Leão Ambiental para ouvir a versão da empresa sobre as denúncias, inclusive as do Ministério Público, mas ninguém atendeu ao telefone.
(Ulisses Pompeu, Correio do Tocantins)

Ainda não acabou: Desgoverno manda lembranças

No CORREIO DO TOCANTNS:

Temporal alaga vias e água invade casas 
A primeira chuva forte do inverno chegou já provocando estragos em Marabá nesta quinta-feira (29). Era por volta das 9 horas da manhã, quando o temporal se abateu sobre a área urbana, com uma chuva demorada e forte. Não tardou e surgiram vários pontos de alagamento, seja por falta de drenagem esgotos entupidos ou mesmo por se tratarem de áreas mais baixas da cidade.
Nas ruas, a Reportagem do CORREIO DO TOCANTINS identificou alagamentos e casas invadidas pela água nas folhas 13, 15, 22, 23, 27, 28, 29, 33, além dos bairros Liberdade, Laranjeiras, Belo Horizonte e em áreas de invasão.
Foi também o primeiro grande teste para o trecho recém duplicado da rodovia Transamazônica. E o resultado não foi nada agradável. As vias marginais, de ambos os lados da BR tiveram trechos alagados, obrigando os carros a se aventurarem dentro da água (lama) para chegarem aos seus destinos. No Facebook, motoristas ilhados publicavam fotos tiradas com celular para denunciar que estavam barrados.
Segundo o site Clima Tempo, a previsão é de chuva pela manhã, tarde e noite também nesta sexta-feira e no sábado (1º). (Da Redação)

Além da queda o coice na torcida: Galvão fica.

No CORREIO DO TOCANTINS: 


Único confirmado até agora para o time é João Galvão 

Com a primeira fase do Parazão em andamento e com destaques para Santa Cruz de Cuiarana e Paragominas Futebol Clube, o presidente do Águia, Sebastião Ferreira Neto, o Ferreirinha, não descarta a possibilidade de convidar alguns jogadores desses clubes para fazer parte do elenco do Azulão no próximo ano. 

As dificuldades vividas pelo Águia de Marabá podem refletir profundamente na campanha do Parazão de 2013. Segundo Ferreirinha, alguns patrocinadores não cumpriram com seus últimos compromissos e isso tem gerado um efeito dominó: alguns jogadores e fornecedores do Águia ainda não receberam pagamentos de setembro e outubro. A dificuldade de gerenciar esses problemas tem gerado um clima de instabilidade e preocupação para os dirigentes do clube. 

Como os jogos da segunda fase do Parazão 2013 têm previsão de começar na segunda quinzena de janeiro, Ferreirinha não vê alternativa mais apropriada a não ser atuar como economista: comprar bom e barato. Sem dinheiro, não há como render bons resultados, mas mesmo assim, o presidente garante que o Águia de Marabá fará de tudo pela conquista do título estadual. 
“Esperamos desde agora que a torcida tenha paciência, pois não vamos conseguir entrar no Parazão com time para ser campeão. Acredito que vamos correr sério risco de cair, mas teremos como principal meta pelo menos não descer para não ter que em 2014 disputar a Primeira Fase do Parazão”. 

Ontem à tarde, por telefone, o presidente do Águia confirmou que toda a comissão técnica permanecerá a mesma para o próximo ano. “Sim. Tanto o técnico João Galvão quanto toda a comissão técnica do Águia permanecerá a mesma”, bancou. Não é demais lembrar que Ferreirinha é pré-candidato à reeleição do clube. (Michel Garcia)

Nem tudo está perdido!...


Candidata do Pará leva o título de Miss Bumbum

Candidata do Pará leva o título de Miss Bumbum (Foto: Divulgação)
Carine Felizardo (fotos), 25, foi eleita a vencedora do Miss Bumbum 2012, em cerimônia realizada na noite de ontem (30) em São Paulo.
A representante do Pará conquistou, além do título, um prêmio de R$ 5.000 e será a capa da próxima edição da revista "Sexy". A ex-Latino Andressa Urach, 24, ficou com a segunda posição, e a paulista Camila Vernaglia, 21, com a terceira.  (DOL)

Se for conferir, Marabá deve ter quase isso...

No Blog do Servidor do Brasil:


Serviço público federal tem mais de 100 mil apadrinhados


Marcelo da Fonseca
Estado de Minas - 30/11/2012

 
O serviço público federal virou um grande cabide para pessoas que não passaram por seleção. Para conseguir o emprego, mais que o mérito, vale ter um padrinho influente

O governo federal e o Congresso empregam hoje mais de 100 mil servidores que não passaram por seleção para o cargo que ocupam. Pelo menos 40 mil deles nem chegaram a prestar qualquer tipo de concurso para entrar no serviço público. Os dados são do próprio Executivo, da Câmara e do Senado e chamam mais atenção agora com o novo escândalo envolvendo funcionários de alta patente do governo – todos eles alçados aos cargos por indicação política.

É o caso dos irmãos Paulo Vieira e Rubens Vieira, ex-diretores de agências reguladoras; José Weber de Holanda, segundo na hierarquia da Advocacia-Geral da União (AGU); e Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo. Para cientistas políticos ouvidos pelo Estado de Minas, a meritocracia, que deveria ser priorizada pelos governantes para nomear ocupantes de cargos públicos, fica muitas vezes deixada de lado para dar espaço às negociações e interesses partidários.

No Congresso, são 14.942 cargos ocupados por meio de nomeações livres e que não exigem do funcionário qualquer tipo de graduação ou qualidade técnica comprovada. Segundo os dados da Câmara, até o final de agosto 10.389 servidores trabalhavam na Casa por indicação dos deputados. Cada parlamentar pode indicar até 25 nomes para atuar nos gabinetes como assessores parlamentares, com vencimentos variando entre o salário mínimo e R$ 8 mil.

A Câmara ainda reserva 1.394 vagas comissionadas para indicações feitas pelos ocupantes da Mesa Diretora e dos partidos políticos (o número de vagas é proporcional ao tamanho da legendas), com salários entre R$ 2,6 mil e R$ 14 mil. Já no Senado, 3.159 servidores atuam sem ter passado por concursos. Cada senador pode empregar em seus gabinetes cinco assessores técnicos, seis secretários e motorista.
O maior contingente de indicados aos cargos públicos, no entanto, está espalhado pelos órgãos federais e ministérios. Existem hoje 87.245 funcionários comissionados de livre nomeação, grande parte deles com cadeiras garantidas em estatais e órgãos gestores graças a acordos entre partidos e ligações com pessoas influentes dentro das legendas. Desse total, 22.084 ocupam cargos de direção e assessoramento superior, considerados de confiança. Os demais, cerca de 65 mil funcionários, podem até ter passado em alguma seleção, mas não para o cargo que ocupam.

BALCÃO “Infelizmente, no Brasil, a meritocracia não criou raízes profundas no meio institucional. Isso, na prática, significa que o mérito pessoal baseado na qualidade dos serviços prestados acaba ficando de lado e é menos valorizado que as indicações políticas”, explica o analista político Gaudêncio Torquato. Segundo ele, a relação entre ocupantes de cargos públicos e políticos se tornou um verdadeiro ciclo de negócios comum tanto nas instâncias federais quanto nas estaduais e municipais, o que explica muitos dos problemas que se repetem nas administrações. “Com pessoas pouco preparadas tecnicamente para exercer determinadas funções, entram em cena desvios e erros”, afirma Torquato.
Para o analista, não existiriam soluções a curto prazo para resolver os excessivos problemas ligados às pessoas indicadas aos cargos de confiança, uma vez que o modelo de presidencialismo de coalizão fomenta as práticas de negociação entre grupos políticos para chegar ou se manter no poder.
“A primeira medida seria que os partidos passassem a adotar um rigor maior no quadro de indicados. Depois, colocar em prática a transparência total dos integrantes, sejam as agendas, reuniões e negociações envolvendo servidores públicos em nível de chefia”, aponta Torquato. Ele acrescenta que a redução das vagas por indicações também deve ser uma meta dos governos, assim como o estímulo de controles mais rigorosos pelos órgãos fiscalizadores.
O aumento das negociações envolvendo cargos de confiança é apontado pelo cientista político Rudá Ricci como um dos principais problemas enfrentados pela administração pública nos dias de hoje. Segunde ele, a prática que se tornou mais comum a partir de 2002 com a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder e com a busca por uma ampla coalizão para governar, está cada vez mais disseminada pelos municípios brasileiros.
“Desde que Lula assumiu, a composição governamental se tornou prioridade e muitos partidos receberam cargos como forma de participar do poder. Até mesmo grupos de oposição. E isso exige muita concessão política. Nessas eleições tivemos vários casos em que as negociações começaram logo depois dos resultados das urnas. Quem perde com isso somos nós eleitores”, lembra Rudá

Lulagate: especulações à extrema direita

Gurgel pode pedir quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de Lula e família por causa do Rosegate

Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net 

Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net 

O Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, se prepara para pedir, a qualquer momento, a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Luiz Inácio Lula da Silva & Família. A solicitação é um desdobramento do julgamento do Mensalão e servirá para alimentar de informações o Processo Investigatório. Correndo em segredo de Justiça no Supremo Tribuinal Federal, desde 2007, o trabalho investiga as relações de negócios entre o PT, o Banco BMG, e o mito Lula.

Gurgel quer saber como e onde Lula aplica os recursos que recebe nas palestras que vem dando. O Instituto Lula também pode ser alvo do Procurador, para saber quem são as pessoas físicas e jurídicas que andam financiando as atividades políticas de Lula. A grande preocupação do ex-presidente é com a Polícia e a Receita Federal. Lula foi informado de que servidores fora do controle do Governo – e agindo dentro da lei e do dever de ofício – teriam informações comprometedoras sobre ele e seus filhos.

Lula pode ser surpreendido pelo pedido de Gurgel enquanto curte sua providencial viagem de duas semanas ao exterior. Até embarcar, no próximo dia 7 de dezembro, ficará de repouso e em tratamento médico e fisioterápico. No roteiro, longe dos olhares da mídia e dos microfones e câmeras de arapongagem, Lula deve se encontrar com a Presidenta Dilma, em Paris. Os dois precisam conversar muito – e seriamente. Por aqui, anda perigoso arriscar um bate-papo.

A ex-primeira-dama Marisa Letícia deve viajar com ele. Até porque a grande amiga Rosemery Nóvoa Noronha, que já o acompanhou em 24 viagens internacionais, não pode mais fazer tal serviço de assessoramento, por motivos óbvios. Mesmo PT da vida com tudo que é fofocado na mídia sobre o Rosegate, Marisa será uma defensora do homem que ama e de quem sempre esteve ao lado nos piores momentos. Estar ao lado de Lula, na viagem, ajudará na estratégia de reformar que Lula é uma pessoa “família” e que não se mete em rolos com amantes – como vem se especulando.

Agora, o recente estouro da tubulação de esgoto do Rosegate só se torna um ingrediente ainda mais explosivo contra Lula – que até hoje nunca foi seriamente investigado por nada e, milagrosamente e por conveniências político, econômicas e conjunturais, foi poupado de envolvimento no Mensalão. Por ironia, sem qualquer foro privilegiado ou imunidade, Lula poderá se dizer “vítima de uma devassa” (o sentido denotavivo ou conotativo das futuras palavras do grandes líder ficam para a interpretação de cada um).

A maior preocupação de pessoas próximas a Lula é com a saúde dele. Pressões psicológicas – como as que vem sofrendo com o julgamento do Mensalão e o Rosegate – não fazem bem para quem se submete à disciplina de um tratamento pós-câncer de laringe – e deixa muitas sequelas físicas. A ordem médica para Lula é que descanse ao máximo e não se aproxime, em hipótese alguma, de bebidas alcóolicas e da famosa cigarrilha.

Conexão do Porto (Seguro?)

A petralhada anda muito preocupada com uma escabrosa historinha vinda de Portugal e que já viaja em dobra espacial fator 10 pela internet.

Segundo o informe – que ninguém garante ser verdadeiro -, numa viagem de Lula a Portugal, Doutora Rose teria levado, na mala diplomática, 25 milhões de Euros.

O valor, que teria sido declarado à receita portuguesa, seguiu em carro forte para depósito na agência central do Banco Espírito Santo, na cidade do Porto.

Como os documentos sobre a operação estariam arquivados na Aduana do aeroporto internacional Francisco de Sá Carneiro, a petralhada morre de medo que vaze que Rose mandou fazer o depósito tendo Luiz Inácio Lula da Silva como o possível beneficiário de um seguro que fora feito para evitar “algum sinistro” com tanto dinheiro.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Sefa descobre trapaça com consumidor


Fisco estadual apreendeu 34 equipamentos de cupom fiscal em Marabá

ASCOM
A ação da Sefa apreendeu 34 equipamentos emissores de cupom fiscal irregulares, em 18 estabelecimentos fiscalizados

    Da Redação
    Agência Pará de Notícias
    Atualizado em 30/11/2012 às 15:54

    A Secretaria da Fazenda (Sefa) e o Procon realizaram, de 21 a 23 de novembro, uma ação de fiscalização conjunta em Marabá, que percorreu 51 estabelecimentos para verificar a regularidade fiscal e a emissão de cupom e notas fiscais com CPF, como parte do Programa Nota Fiscal Cidadã. A Sefa apreendeu 34 equipamentos emissores de cupom fiscal em 18 estabelecimentos que estavam funcionavam irregularmente. Já o Procon lavrou 18 autos de infração por crimes contra o direito do consumidor.
    Os estabelecimentos receberam autos de infração e terão que pagar multas ao Fisco e ao Procon. A ação conjunta já aconteceu em Belém e Marituba e novas ações deverão ser desenvolvidas até o final do ano, como informou o diretor de fiscalização da Sefa, auditor de receitas estaduais Célio Cal Monteiro. Segundo ele, o Programa Nota Fiscal, iniciado este ano, prevê ações de estímulo à cidadania fiscal e busca estimular a emissão de documentário fiscal por meio da realização de sorteio com prêmios em dinheiro. “A  população paraense está pedindo notas e cupons fiscais com CPF, e tem procurado a Sefa e o Procon para denunciar quando não recebe o documentário fiscal. Por isso iniciamos essa ação conjunta, onde a Sefa analisa as questões tributárias e o Procon avalia o cumprimento dos direitos do consumidor”, esclareceu.
    Autos
    O cadastro de consumidores para participar do primeiro sorteio, no dia 27/12, poderá ser feito até o dia 9, no site www.sefa.pa.gov.br/nfc. Já os estabelecimentos enquadrados na primeira fase do programa devem encaminhar à Sefa até esta sexta-feira, 30, via sistema, as informações fiscais de documentos fiscais emitidos com CPF. “A Sefa aguarda que os contribuintes encaminhem os dados até a data limite, caso contrário vamos lavrar auto de infração automatizado pelo não cumprimento de obrigação acessória, que será encaminhado logo nos primeiros dias de dezembro”, informa Nilo Noronha, sub secretário de administração tributária da Sefa.
    Em dezembro, o consumidor cadastrado poderá, mediante acesso por senha no site da Nota Fiscal Cidadã, visualizar as notas fiscais emitidas com o seu CPF, após o processamento dos dados enviados pelas empresas fornecedoras à Sefa.   
      

    DENÚNCIA DE COMPRA DE VOTOS EM PALESTINA COMEÇA A SER JULGADA

    Do Blog do Cara Feia:


    Acontece agora pela manhã desta sexta-feira (30) a primeira audiência do caso que pode determinar reviravolta nas eleições municipais de Palestina do Pará.
    A prefeita Maria Ribeiro (PSDB), reeleita no pleito de outubro passado, está sendo acusada de compra de votos.
    E de forma bastante escancarada, caracterizando crime eleitoral.
    A audiência, marcada para começar às 9 horas, acontece na Comarca de São João do Araguaia, sede da 57ª Zona Eleitoral.
    Será presidida pelo juiz Luciano Mendes Scalize.
    Que já manifestou interesse de apresentar seu parecer o mais breve possível.
    Provavelmente ainda hoje.
    A denúncia foi formulada pelo candidato derrotado nas urnas, Walciney Ferreira Gomes.
    Ele está otimista quanto ao sucesso da ação.
    Walciney perdeu por diferença de 44 votos, quando as pesquisas apontavam para caminho totalmente inverso.
    É esperar para conferir.

    quinta-feira, 29 de novembro de 2012

    São Megale de Nossa Senhora do Grão


    Megale nega envolvimento nas fraudes da Alepa e garante que não sabia que empresas eram de Daura Hage. Admite que fornecedora da Alepa pertencia a funcionário de seu gabinete, mas afirma que não sabia “que era proibido”. Perereca pede informações ao MP sobre “Procurador Secreto” que analisa denúncias contra Megale. Deputado Parsifal Pontes diz que o caso pode ser de prevaricação.


    Deputado Megale: “Eu não sabia” (foto: Agência Pará)



    O deputado estadual José Megale (PSDB) negou, hoje (29), à Perereca da Vizinha, que esteja envolvido em fraudes na Assembléia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), conforme os indícios detectados pelo Ministério Público Estadual. 

    Megale afirmou desconhecer, na época, que os cheques que assinava como vice-presidente da Alepa beneficiavam empresas pertencentes a familiares de Daura Hage, que está sendo processada pelo Ministério Público por fraudes licitatórias.

    “Eu não sabia. Conversei com o Haroldo (Martins, ex-primeiro secretário da Casa) e ele também não sabia. E acho que nem os outros integrantes da Mesa Diretora sabiam também”, disse.

    Quanto ao fato de alguns dos cheques pagos a essas empresas conterem apenas a assinatura dele, Megale disse que tais esclarecimentos devem ser buscados junto ao Banpará (os cheques da Alepa têm de ser assinados por duas pessoas, para que possam ser pagos: o presidente ou vice-presidente e o secretário ou segundo-secretário da Mesa Diretora).

    “Esses cheques foram assinados. Agora, se foram pagos apenas com uma assinatura, você tem de perguntar isso ao Banpará”, recomendou, “Há cheques pagos só com a minha assinatura, mas, também, só com a assinatura do presidente Mário Couto ou do segundo secretário, e até sem assinatura”.

    Além disso, observou, as assinaturas desses cheques eram colhidas individualmente entre os integrantes da Mesa Diretora, por funcionários da Alepa.

    Sobre a empresa MAC Martins, que pertencia a um funcionário do gabinete dele, mas fornecia serviços à Alepa, Megale confirmou que realmente sabia que a empresa pertencia àquele funcionário, “mas eu não sabia que era proibido”, disse.
    Ele não quis comentar o ofício do promotor Arnaldo Azevedo, que afirmou desconhecer.
    E acentuou que, aquando do surgimento dessas denúncias, em maio deste ano, esteve no Ministério Público e colocou seu sigilo bancário “à disposição”.  

    Entenda o caso: 
    Segundo oficio encaminhado, em maio, ao procurador-geral de Justiça, Antonio Barleta, pelo promotor Arnaldo Azevedo, documentos relativos a fraudes na Alepa demonstram uma “inegável ligação” entre Megale e Daura Hage, ex-integrante da Comissão de Licitação da Casa.
    Entre os documentos referidos pelo promotor estariam cheques assinados por Megale, e indevidamente pagos pelo Banpará, a empresas pertencentes a familiares de Daura, a partir de processos licitatórios “comprovadamente fraudados”. 
    De acordo com o promotor, Megale também assinou a homologação e os empenhos desses processos. As obras e serviços contratados, embora pagos, jamais foram entregues.
    Além disso, um ex-funcionário do gabinete de Megale era dono da empresa MAC Martins, que fornecia serviços à Alepa.
    E tais serviços, segundo dados do SIAFEM, o sistema de informações financeiras do Estado, “foram requeridos ou solicitados pelo próprio José Megale (...)”, diz o promotor.

    Ensino apropriado



    Prefeito de Ananindeua em final de mandato e presidente da descartável Federação das Associações de Municípios do do Pará (Famep), Helder Barbalho, suposto candidato ao governo paraense,  veio a Marabá ensinar os novos prefeitos eleitos – Salame no meio – a bem governar.
    Mas, sejamos sinceros. Olhando assim como quem não quer para Ananindeua, área metropolitana de Belém, não sei se os novos terão alguma coisa a aprender. A não ser, talvez, que seja aprender a como não  governar...

    Sem inocentes


    A chuva transitória na manhã de quinta-feira (29) resgatou o berreiro que sempre a acompanha neste período aparentemente inicial do inverno regional. De toda parte rugiram protestos, reclamos, indignação contra a incúria e inglória do governo desastrado e incompetente que nos azucrina. E o “governo” é sim culpado pelas providências preventivas que não toma, entre as quais a primeira e mais eficaz, que seria a proibição de construir casas em áreas insalubres (dentro de valas e grotas vivas ou mortas), condenadas pela lei do zoneamento do solo.  

    Cala a boca, Zé Geraldo!

    No Laércio Ribeiro


    DEPUTADO PROPÕE DIVISÃO DA AMAT

    Um dos momentos mais comentados no primeiro dia do seminário Novos Gestores, da Amat, em Marabá, foi o pronunciamento do deputado federal Zé Geraldo, que propôs a divisão da Amat em duas Associações, uma para representar a região sul e a outra para representar a região sudeste do Pará.
    O que pareceu ser uma ideia carregada de boas intenções acabou criando uma situação de desagradável constrangimento. Mal soltou o microfone, o parlamentar foi rebatido pelo presidente da entidade, o prefeito de Nova Ipixuna, Edison Alvarenga, que, quebrando o protocolo, já que nem pediu licença ao mestre de cerimônias pra falar, protestou contra a sugestão de Zé Geraldo.
    Alvarenga considerou a hipótese totalmente absurda porque, segundo ele, para garantir a criação do Estado do Carajás, a Amat precisa ser fortalecida e não fragilizada, o que certamente acontecerá, na sua opinião, na hipótese de desmembramento. A sugestão de Zé Geraldo era para que os municípios pudessem encurtar a distância entre eles e suas associações, já que o atual território da Amat é muito amplo. “Se fosse prefeito em uma dessas regiões, eu iria querer que existissem duas associações. A Famep ganha e Pará como um todo também”, disse o deputado.

    Secretário de Maurino pede socorro

    No Laércio Ribeiro


    Um fato inusitado que aconteceu na sessão da Câmara Municipal de Marabá, na última terça-feira (27), tanto gerou burburinho na plateia formada em sua maioria por servidores públicos, como serviu para demonstrar a que ponto chegou o caos na gestão do município. Na apresentação do expediente do dia, o vereador Miguel Gomes Filho, o Miguelito (PP), fez a leitura de um ofício encaminhado ao Poder Legislativo pelo secretário de Serviços Urbanos, Oracy Evangelista Pereira, em que ele, em tom claramente dramático, admite que sua pasta simplesmente chegou ao limite, sem ter condições de, sequer, fazer a limpeza de bueiros em dias de chuva.
    Revelando que a Secretaria não dispõe de recurso, não conta com pessoal suficiente, e nem mesmo possui equipamentos de proteção individual para que os garis possam fazer o serviço, Oracy chega a sugerir que a Câmara tome as providências que o caso requer, para que se chegue a uma solução. “Peço ao Exmo. Sr. Presidente que tome providências junto aos órgãos competentes, no intuito de minimizarmos os problemas resultantes dessa situação”, reza em sua parte final a correspondência, que é datada de 22 de novembro de 2012, com protocolo da terça-feira (27).
    A vereadora Júlia Rosa (PDT), que responde interinamente pela presidência do Legislativo, lamentou que a administração municipal tenha chegado a esse extremo e informou que irá encaminhar o ofício para conhecimento do Ministério Público Estadual.
    Estranho – Pelo menos em dois pontos o ofício da Secretaria de Serviços Urbanos causa estranheza. Primeiro, ele parece sugerir que o Poder Legislativo denuncie o caos da administração municipal, quando propõe que sejam tomadas “providências junto aos órgãos competentes”. Outro fato estranho é que o documento está repleto de erros tanto de ortografia e gramática quanto de digitação, o que não é comum para uma correspondência oficial.

    quarta-feira, 28 de novembro de 2012

    Dentro da floresta, a Vale tem pressa


    A mina mais produtiva da Vale se esgota em 2037. Você pode ampliar a imagem acima usando os botões no canto inferior direito. 

    “Você tem um morro, coberto de floresta, depois um platô – que é onde aflora o minério de ferro – e, na vertente do platô, um vale, também coberto de floresta. Para abrir a mina, você vai desmatar esse platô – que parece pelado, mas está coberto pela canga, a savana metalófila de Carajás –, fazer uma cava, e, da terra que você tira, desmata esse vale todinho, faz uma pilha. Então, onde era vale, vira montanha, e onde era platô, vira um buraco”, explica o biólogo mineiro Frederico Drumond Martins, funcionário do Instituto Chico Mendes (ICMBio) e há cinco anos gestor da Floresta Nacional (Flona) de Carajás.

    A paisagem que serve de exemplo para a rápida lição sobre o impacto da mineração na serra de Carajás se avista da estrada asfaltada que vai da cidade de Parauapebas à área das minas da Vale S/A dentro da floresta. Nesses 411.949 hectares de terras federais – distribuídos entre os municípios de Parauapebas e Canãa dos Carajás – convivem o maior complexo mineral do mundo, com reservas estimadas em 18 bilhões de toneladas de minério de ferro de alta qualidade, além de jazidas de manganês, cobre, níquel, ouro e outros minerais, e uma unidade de conservação “de extrema importância para a conservação da biodiversidade brasileira”, de acordo com o Mapa de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente.

    A riqueza de espécies reflete a transição entre os biomas da Amazônia e do Cerrado nessa variedade de relevos e solos cortados por igarapés e cobertos pelas florestas tropicais úmidas (ombrófilas) da Amazônia – que ali abrigam castanheiras de 50 metros de altura, maçarandubas e outras madeiras de lei e são entremeadas por florestas secas e palmeirais nas encostas dos morros. Nos platôs, que chegam a 900 metros de altitude, abrem-se as clareiras de savana metalófila (canga hematítica), uma vegetação que cresce sobre as jazidas de ferro e que, na região amazônica, só existe ali. Um levantamento recente da fauna da Flona Carajás, feito pela Vale e o ICMBio, encontrou 945 espécies de vertebrados, sem contar os peixes, e uma das avifaunas mais ricas do país, com 545 espécies, diversas ameaçadas de extinção.

    O principal objetivo do decreto que criou a unidade de conservação em 1998, porém, era garantir à recém-privatizada Vale “o uso de todas as terras da União com portarias de lavra registradas desde 1969”, ou seja, a concessão de todas as jazidas de minério de ferro e de lavras de manganês, minério de cobre, níquel e ouro dentro da Flona Carajás. De acordo com o Plano de Manejo de 2003, um quarto da unidade – 104 mil hectares – é zona de mineração, incluindo toda a área de canga, que ocupa 5% do total da área ainda preservada.

    O melhor minério do mundo extraído de Carajás.

    Em contrapartida pela exploração das jazidas dentro da unidade de conservação federal, administrada pelo ICM-Bio desde 2007, a companhia assumiu a responsabilidade de preservar todo o cinturão de áreas protegidas que compõem os 8.073 km² do Mosaico de Carajás – metade disso ocupada pela Flona de Carajás e a outra metade pelas Flonas Itacaiúnas e Tapirapé-Aquiri (onde a Vale pesquisa tântalo, cobre, estanho, ouro, minério de ferro e níquel e ainda extrai cobre das minas de Salobo, no município de Marabá), além da Reserva Biológica de Tapirapé e da Área de Proteção Ambiental do Igarapé Gelado.

    Entre 2005 e 2009, de acordo com dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação, a Vale foi autuada nove vezes pelo Ibama por infrações ambientais cometidas dentro da área que deveria ajudar a proteger. Às vésperas de a Vale implantar o seu maior projeto em Carajás, a convivência entre ambiente e mineração ali está longe de estar bem resolvida.

    Em junho deste ano, depois de oito anos de negociações com os órgãos ambientais, a Vale conseguiu obter a licença prévia do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para o projeto S11D, a primeira mina de ferro na Serra Sul da Floresta Nacional de Carajás, planejada para entrar em operação em 2016. Em quatro anos, a produção anual de minério de ferro de Carajás vai passar dos atuais 110 milhões de toneladas para 230 milhões de toneladas de minério de ferro. O projeto – com investimento de US$ 8 bilhões para a abertura da mina e US$11,4 bilhões para obras de logística para escoar a nova produção – ainda depende de outras licenças (de Instalação e Operação) para ser implantado.

    Minerando na floresta: uma cratera é uma cratera

    Percorremos 140 quilômetros de estradas dentro da Flona no jipe Mitsubishi 4×4 do ICMBio, observando três das quatro minas em operação na Serra Norte, a partir dos mirantes suspensos sobre as cavas, e passeando pela natureza quase intocada da Serra Sul. A Vale não estava disposta a mostrar sua área de produção aos jornalistas da Pública: embora nossa visita tivesse programada com antecedência de um mês, a assessora de imprensa que nos recebeu disse que a ida às minas estava cancelada por “falta de escolta” e nos levou para ver as antas, araras, macacos e onças que vivem nos recintos do Parque Zoobotânico – o zoológico, como é conhecido pela população de Parauapebas, que abriga 260 animais resgatados pela fiscalização dos órgãos ambientais.

    Atualmente a companhia ocupa menos de 4% do território (13 mil hectares), principalmente na porção norte da Serra de Carajás, onde ficam as três minas de ferro – N4E, N4W e N5, abertas em 1984, 1994 e 1998, respectivamente. No ano passado, as três minas produziram 109,8 milhões de toneladas de minério de ferro, um terço de toda a produção brasileira, equivalentes a cerca de US$ 13 bilhões.

    Vista da floresta a partir da canga. Você pode ampliar a imagem acima usando os botões no canto inferior direito. 

    A operação funciona 24 horas por dia e, na virada dos turnos (são três), as estradas ficam tomadas pelos ônibus que trazem os operários de Parauapebas. A Vale não informa o número de trabalhadores das minas – estimados entre 10 mil e 20 mil (incluindo os que atuam para 35 empresas terceirizadas) pela Justiça do Trabalho de Parauapebas. Em 2010, por sinal, a companhia foi condenada a pagar aos operários R$ 100 milhões de reais de indenização por danos morais e R$ 200 milhões por dumping social pelas horas perdidas no itinerário, que não eram computadas nas jornadas de oito horas diárias – a companhia recorreu do valor, e um acordo está sendo negociado.

    As estradas com trânsito pesado e as linhas de energia que servem ao complexo minerador são os impactos ambientais mais visíveis antes de chegar às cavas de onde se extrai o minério, cercadas por pilhas de estéril (a terra que sobra da extração de minério) que transformam platôs em buracos e vales em montanhas, como descreveu o gestor da Flona.

    Do mirante da N5, uma estrutura de madeira suspensa na imensa cratera cor de chocolate – a mais nova e mais produtiva –, parecem de brinquedo as escavadeiras de 80 toneladas de peso e as pás carregadeiras que trabalham dentro da cava, assim como os caminhões de 8 metros de altura com capacidade para transportar 400 toneladas de terra.

    No fundo do vale fica a barragem de resíduos da mineração em um dos braços do rio Parauapebas; embora esses resíduos não sejam tóxicos (como ocorre no caso da mineração do cobre), assoreiam o rio. A barragem reduz a sedimentação, mas provoca uma interferência significativa nos cursos d’agua e em seu entorno, principalmente na época das chuvas. “A mineração tem um grande efeito no sistema hídrico, porque, além de usar muita água no beneficiamento do minério (que depois será bombeada para o rio e contida pela barragem), para minerar você tem que drenar as jazidas, que são um aquífero poderoso”, destaca o gestor da Flona. Comunidades rurais visitadas pela Pública, como a Vila Bom Jesus e a Vila Planalto, queixam-se de enchentes que inundam as casas e matam os animais desde a implantação de uma mina de cobre – a Mina do Sossego – em 2004, do lado de Canãa dos Carajás.

    Canga de Carajás.

    Passamos pelas estruturas de suporte operacional das minas – oficina, central de resíduos, refeitórios para empregados, estação de tratamento de água, central de inteligência – e avistamos a usina de beneficiamento, onde o minério é lavado, classificado de acordo com o tamanho, britado e peneirado. Nesse estado quase bruto, é transportado pela Estrada de Ferro Carajás por 892 quilômetros até o porto de Ponta de Madeira, o terminal marítimo da Vale em São Luís do Maranhão, de onde é exportado para a China e outros países da Ásia, principalmente.

    A cava N4E, que visitamos a seguir, é a mais antiga de Carajás e impressiona pela profundidade vertiginosa e pelo movimento bem menor de máquinas e caminhões – conforme a extração avança, vai entrando mais fundo atrás do corpo do minério, o que torna a exploração menos lucrativa.

    Quando o Projeto Grande Carajás foi instalado, nos anos 80, os militares falavam em 500 anos de recursos minerais ali. Ao ritmo de 100 milhões de toneladas por ano, crescendo para 230 milhões a partir de 2016, as reservas devem se exaurir antes no final do século, segundo calcula o jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto, que há mais de 30 anos pesquisa a mineração em seu estado. “Carajás levou 15 anos para produzir os primeiros 500 milhões de toneladas de minério de ferro. Outros 500 milhões foram alcançados nos sete anos seguintes — em menos da metade do período anterior, portanto. Esse mesmo volume foi registrado nos últimos cinco anos. E, com a entrada em operação da nova mina, ao sul da atual, a produção de 500 milhões de toneladas será batida a cada três anos. Significa dizer que a produção acumulada de Carajás chegará a dois bilhões de toneladas em quatro anos, e os 18 bilhões de reservas terminarão 80 anos depois”, explica.

    A canga de Carajás: o obstáculo para explorar a Serra Sul


    Dizem que foi ao avistar as manchas de canga no topo dos morros, em 1967, a bordo de um helicóptero da US Steel – a sócia norte-americana da então estatal Companhia Vale do Rio Doce –, que o geólogo Breno Santos descobriu a presença de ferro na Serra de Carajás, a maior província mineral do mundo. Vista como uma cobertura vegetal rala que só tinha importância por sinalizar a presença de minério, a canga de Carajás começou a ter seu valor para a biodiversidade reconhecido a partir de 2004, quando a Vale passou a realizar estudos sistemáticos sobre o ecossistema a partir de uma exigência do Ibama na renovação da concessão das minas da Serra Norte.

    Desde então, a subestimada vegetação vem revelando alto grau de endemismo (espécies que só existem ali) de seus habitats únicos – os campos brejosos de arroz selvagem, rodeados de babaçus e uma profusão de cavernas entre lagoas doliniformes permanentes (depressões rochosas que acumulam água de chuva).

    A lagoa da Dina corre risco. Você pode ampliar a imagem acima usando os botões no canto inferior direito. 

    Os estudos sobre “a área mínima de canga”, como são chamados, estão sendo concluídos agora, o que retardou a abertura da mineração na intocada Serra Sul – com reservas de 10 bilhões de toneladas de minério de ferro. A ideia inicial da Vale era obter o licenciamento ambiental para explorar toda a jazida, mas, depois de quatro anos de negociações infrutíferas com os órgãos ambientais, a companhia apresentou ao Ibama, em 2008, a versão atual do que será “o maior projeto da companhia”, segundo seu material promocional: a exploração de um dos quatro blocos – o “D” – do corpo mineral 11, na Serra Sul (daí a denominação dada pelos geólogos, S-11-D).

    Até obter a licença prévia do Ibama, em junho deste ano, o projeto passou por mais cinco anos de alterações – incluindo o desenvolvimento de um novo sistema de lavra e beneficiamento do minério para reduzir o impacto ambiental.

    Embora a produção da multinacional brasileira em Minas Gerais, estado onde a empresa nasceu ainda seja maior do que a do Pará, Carajás é o polo em expansão porque tem maior potencial de reservas e oferece minério com teor de ferro acima de 66% (o de Minas tem pureza em torno de 53%). “Sempre vai ter mercado para Carajás, a nossa vantagem competitiva é a qualidade do minério”, afirma Jamil Sebe, o diretor do Projeto Ferrosos Norte da Vale, quando questionado sobre a conveniência de investir US$ 19,4 bilhões no projeto S11D em um momento de baixa dos preços e crise da indústria siderúrgica internacional.

    Para o diretor, o projeto S11D merece o “aval da sociedade” pelas inovações tecnológicas que apresenta: o sistema de lavra truckless, que substitui os caminhões por correias transportadoras e equipamentos modulares para levar o minério da mina à usina – localizada fora da Floresta Nacional de Carajás, em área de pastagem, onde também serão despejadas pilhas de estéril –, e um processo de beneficiamento do minério com uso da umidade natural, que promete economizar 93% da quantidade de água utilizada.

    “Adotamos um sistema de peneiras, fruto de dois anos de pesquisa, que permite a lavagem do minério a seco. Mas isso não pode ser usado em todas as minas. É a granometria do minério da Serra Sul que permite que ele passe na tela”, explica, contabilizando uma redução de 77% de combustível e 50% dos gases estufa com o novo sistema de lavra.

    Frederico João Martins, gestor da Flona, mostra a barragem de resíduos.

    Apesar do entusiasmo do porta-voz da Vale, os documentos do processo de licenciamento ambiental da S11D mostram que as mudanças não foram espontâneas. Segundo os estudos de impactos ambientais (EIA-Rima) apresentados em 2010, o sistema de lavra era o mesmo da Serra Norte, e sacrificaria 2.591 hectares de vegetação – entre floresta e canga – e dezenas de cavernas, além de destruir as lagoas do Violão e do Amendoim – que representam 45% das superfícies lacustres da Serra Sul, desempenham função ecológica importante para a fauna e apresentam “grande beleza cênica, com potencial turístico”, outro atributo para ser considerada área de preservação, segundo o Plano de Manejo.

    Em parecer técnico de julho de 2011, o Ibama considerou que os cinco volumes do EIA-Rima não forneciam “subsídios para avaliar a viabilidade ambiental do projeto” e solicitou novos estudos. Três meses depois, a Vale protocolou quatro volumes de informações complementares, incluindo um capítulo “Melhorias/Meio Físico”, em que propunha o sistema de lavra truckless e a locação de pilhas de estéril fora da Flona, poupando “207 hectares de savana metalófila, 63 hectares de floresta estacional decidual (floresta seca) e 806 hectares de floresta ombrófila, uma redução da interferência em ambientes naturais da ordem de 43%”, segundo parecer do Ibama. A cava também foi redesenhada para respeitar o perímetro de 250 metros das cavidades de “máxima relevância” (cavernas protegidas por lei por sua importância espeleológica, arqueológica e/ou biológica), e preservar as lagoas do Violão e do Amendoim.

    O mesmo parecer do Ibama, porém, considerou o projeto insuficiente para preservar as lagoas do Violão e do Amendoim, por impactar o entorno, alterando a absorção das águas da chuva e reforça a importância de preservar “espécies novas para a ciência, registradas exclusivamente no Corpo S11D e localizadas nas margens das lagoas perenes, ao alcance das áreas que sofrerão o chamado efeito de borda (até 500 metros)”.

    A disputa entre as exigências ambientais e os interesses da Vale atingiu o impasse em maio deste ano, um mês antes da Licença Prévia do Ibama, quando a Vale apresentou sua resposta ao parecer técnico do Ibama. No item “Abordagem aos Aspectos da Viabilidade Econômica do Projeto Ferro Carajás S11D”, a empresa afirmou: “As perdas de reserva de minério de ferro, em decorrência da obrigatória manutenção dos perímetros de proteção das cavidades de relevância máxima e as áreas de contribuição das Lagoas do Violão e do Amendoim, representariam uma redução das reservas da ordem de 1,85 bilhão de toneladas de minério de ferro explotáveis, resultado que corresponde a 52% de toda a reserva. Tal fato representaria o comprometimento da viabilidade econômica do Projeto S11D”.

    Quanto valem as Lagoas da Serra Sul?

    “Aqui onde vocês veem essas palmeirinhas é um buritizal, um terço de todos os buritizais da Flona estão aqui, no bloco D”, explica o gestor da Flona, quando descemos do jipe para conhecer uma parte da área ameaçada pelo S11D. O buritizal ficam em torno de um brejo, na verdade um campo de arroz nativo, “de grande relevância alimentar para aves e pequenos roedores”, como descreve um dos pareceres técnicos do ICM-Bio.

    “As consultorias contratadas pela Vale para fazer os levantamentos de flora já encontraram dez espécies novas na Serra Sul, oito no corpo S11, e três que só existem aqui, no bloco D. E ainda há coisas a descobrir”, conta Frederico Drumond, enquanto caminhamos pela canga, povoada de bromélias e cactos.


    Um quarto da Flona é zona de mineração.

    Passamos pela Cachoeira do Peladão, uma formação rochosa de altura impressionante, completamente seca no verão amazônico, e, alguns metros adiante, avistamos as águas azuis perenes – que chegam a 14 metros de profundidade – na lagoa de pedra, batizada de Cachoeira do Violão, por causa do desenho de seu contorno. Os moradores dos sítios e povoados próximos preferem chamá-la de Lagoa da Dina, em homenagem a uma das mais carismáticas guerrilheiras do Araguaia. Nos anos 70, a guerrilha ocorreu na mesma mesorregião de Carajás, o Bico do Papagaio.

    Bem perto da lagoa, já está montada uma pequena infraestrutura para dar início ao projeto: torre de energia elétrica, alojamentos de madeira para os funcionários terceirizados responsáveis pelas sondagens minerais. “Tudo isso vai ter que sair daqui”, diz o gestor da Flona Carajás, referindo-se à distância obrigatória de 500 metros entre a área de produção e a lagoa que consta da autorização do ICM-Bio, emitida junto com a Licença Prévia do Ibama. As exigências expressas nos dois documentos têm de ser cumpridas até o requerimento da Licença da Instalação.

    A reportagem da Pública apurou, porém, que a Vale não terá necessariamente que respeitar essa distância. Depois da alegada “inviabilidade econômica do projeto” por conta das restrições ambientais, uma série de reuniões entre os órgãos ambientais, representantes do governo federal e mineradora resultou em um acordo expresso na Licença Prévia do Ibama: a companhia poderá apresentar estudos concluindo que a proteção de 500 metros no entorno das lagoas não é imprescindível para preservar sua integridade e funcionalidade ecológica.

    Sem admitir o acordo, ICMBio e Ibama afirmam que é aparente a divergência entre os documentos da licença prévia emitidos pelos dois órgãos. Ambos aguardam as análises da companhia para decidir quanto ao seguimento do processo de licenciamento ambiental. “As lagoas serão preservadas, o que está em estudo é a necessidade da preservação do seu entorno em 500 metros”, explicita mensagem enviada pela assessoria de imprensa do Ibama.

    Espécies endêmicas da Serra Sul.

    “Nós vamos cumprir todas as condições do Ibama, mas ainda não completamos os estudos”, diz o porta-voz da Vale, Jamil Sebe, ressalvando não acreditar na “inviabilidade econômica do projeto”. Questionado sobre o que fará a companhia se for obrigada a reduzi-lo, respondeu: “Nesse caso ainda temos o bloco A, B, C. A Serra Sul tem 120 quilômetros, o bloco D tem 9 quilômetros”.

    O que significaria, porém, o início de um novo processo de licenciamento e um atraso dos planos – que aparentemente não interessa também ao governo brasileiro, que luta para retomar o crescimento econômico diante da crise mundial? O minério de ferro é o principal produto de nossa balança comercial, hoje, e responde por cerca de 10% das exportações do país.

    Que futuro aguarda as minas de Carajás?

    De acordo com o relatório da Vale para a Bolsa de Nova York – chamado de F-20 –, em 2021, a mina N4E estará esgotada. As outras duas minas da Serra Norte – N5 e N4W– têm datas de exaustão previstas para 2027 e 2037, respectivamente. Para o projeto S11D, na Serra Sul, a previsão de exaustão é de 39 anos, segundo Sebe – 2055, portanto, se se mantiver o cronograma da empresa.

    As antigas cavas terão de ser fechadas, e o ambiente, recuperado, segundo a legislação brasileira. Não há, contudo, precedentes para que se saiba o que vai acontecer com a área degradada. Em Minas Gerais, onde atua desde seu início, há 70 anos, a Vale anuncia um projeto de recuperação da mina de Cauê, no Complexo Itabira, que estaria sendo feito “em sinergia” com as demais minas do complexo – Conceição e Minas do Meio – aproveitando-se a pilha de estéril e os rejeitos da unidade de tratamento de minério para preencher a antiga cava.

    O processo de fechamento teria que ser acompanhado pelo Departamento Nacional de Produção Mineral a partir de comunicações da companhia que, segundo o órgão, nunca foram feitas. Ou não estão sendo fiscalizadas, como se percebe pela resposta obtida pela Pública por meio da Lei de Acesso à Informação: “Prezada Senhora Marina, até onde temos conhecimento a Vale nunca nos apresentou um ‘comunicado de fechamento de mina’, mas para ter certeza desta informação teríamos que ler integralmente as centenas de processos que a Vale possui no DNPM/MG, o que é totalmente inviável na prática, isto é, impossível de ser realizado. Aproveito para dizer que, de acordo com a Portaria 201/2006 do Diretor Geral do DNPM, os processos do DNPM são sigilosos, tendo acesso aos mesmos apenas os titulares e seus procuradores e eventualmente pessoas que comprovem serem interessadas, devendo ser comprovada esta condição de acordo com art. 3º da citada Portaria. Atenciosamente, Geól. Paulo Ribeiro de Santana”.

    * Esse artigo é publicado em parceria com a Pública, onde foi originalmente publicado.