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sexta-feira, 6 de abril de 2007

Sintepp vai à greve?

Em assembléia geral realizada no último dia 23/03, diz o site do sindicato da categoria, os trabalhadores em educação das redes Estadual e Municipal, aprovaram paralisação estadual no dia 11 de abril, bem como agenda de atividades da categoria. Esta agenda foi aprovada no sentido de impulsionar o avanço nas negociações salariais com o Estado e o município. Estamos próximos do mês referente à nossa data-base e ainda não existem propostas concretas de reajuste salarial. No Estado, apresentamos uma pauta de reivindicações em janeiro/2007, sendo que até o presente momento o governo estadual respondeu algumas questões informalmente. No município de Belém, o governo Duciomar, não sinaliza em avançar em nada para a categoria. Precisamos dar uma resposta nas ruas para mais uma vez denunciarmos o descaso com a educação e os trabalhadores em geral na rede municipal, implementado pelo prefeito refletindo na insatisfação da população com sua administração virtual. A nossa mobilização precisa ser construída na base, para isto, precisamos ficar atentos a nossa agenda e democratizar as informações para organizar sua escola para participar das atividades. Não podemos em nenhum momento achar que haverá conquistas sem luta. Portanto, vamos à luta para conquistar nossos direitos e conquistas. Reajustar para valorizar os trabalhadores em educação. Diga não a terceirização dos serviços públicos. AGENDA

A textura do real

Marabá comemora por toda esta semana seus 94 anos de emancipação político-administrativa, arrancada a forceps do governo paraense em 1913, quando era o sustentáculo da economia de Baião, a que pertencia, como pertenciam importantes membros da administração, radicalmente contra perderem a maior fonte dos recursos daquele município.
Se isto recorda alguma situação vigente, num cenário agora regionalizado, não é mera coincidência: no Pará, a história costuma repetir-se, como farsa ou não. Enquanto isso, nossos problemas se agravam em escala planetária e não conseguimos sair da barbárie, do medievalismo, daquilo que estudioso nacional já chamara de estado do "coronelismo, enxada e voto".
Achei nos arquivos um texto meu de setembro de 2004 que, atualizado em poucos detalhes, dá bem uma idéia da mixórdia (que alguns chamam de desenvolvimento resultante dos mega-projetos minerais e pecuários) em que vivemos. Leiam a seguir: Duas ou três razões do atraso político e econômico A partir de 2002, oito empresas dos setores de siderurgia, frigorífico, pavimentação e combustível previam instalar-se em Marabá com investimentos avaliados em mais de 33 milhões de dólares. Com isso, quase 3,5 mil novos empregos seriam gerados na cidade, sendo que 975 apenas na fase de implantação dos projetos. Outros 2.485 surgiriam na etapa operacional, utilizando 90% da mão-de-obra marabaense, dependendo de incentivos fiscais municipais. Exceto, entretanto, por duas siderúrgicas que foram implantadas com toda sorte de dificuldade no Distrito Industrial (DIM), e do frigorífico que para ficar obrigou-se a comprar um terreno fora daquela setor, as demais empresas desistiram de seus projetos ou migraram para regiões mais interessadas em apoiar investimentos produtivos. Representantes dos investidores, segundo uma autoridade municipal, sequer foram recebidos pela administração, onde andaram inutilmente em busca de informações e incentivos. “Aliás, nesse período, a prefeitura preferiu desativar a Secretaria de Indústria e Comércio, encarregada de viabilizar os projetos locais e vindos de fora”, acrescentou a fonte. O Distrito Industrial de Marabá tem 21 anos de existência (hoje) – instalado no castanhal Taboquinha, desapropriado em 1986 - e continua com problemas graves de infraestrutura como falta de sistema de comunicação e malha viária decente. O governo do Estado sempre alegou tratar-se o DIM de um espaço diferenciado de outros do Brasil: é um “distrito siderúrgico”, foi imaginado, projetado e implantado para atender a produção mineral de Carajás. Ou seja, siderúrgicas, fábricas de ferro-liga, de motores, trilhos, fábricas de grande porte e pesado. Por isso, justifica o governo estadual que o Distrito Industrial não pode ter uma estrutura detalhada com iluminação pública, comunicação, pavimentação adequada, etc., o que seria feito a cada novo empreendimento, com demanda de áreas de 40, 50 hectares. Deve ser por isso que o governo do Pará levou década e meia para instalar um sistema de abastecimento d`água bruta que não daria para atender uma demanda maior do que é exigido hoje pelas siderúrgicas existentes. Houve um tempo, também a cerca de três anos, que em Marabá se pensou em propor ao governo definir uma área aproximada de 80 hectares e oferta de 30 lotes de dois hectares, para atender serrarias e fábricas diversas, gerando grande quantidade de empregos, uma vez que o Distrito Industrial está hoje praticamente dentro da cidade (metade dele foi incluída na zona urbana por lei municipal de 1989). A idéia morreu no nascedouro, por falta de interesse de quem deveria levar adiante o projeto ou pelo menos negociá-lo junto à Companhia de Distritos Industriais. Outras propostas como a criação dos pólos joalheiro e moveleiro, que incentivariam as pequenas ourivesarias e movelarias do município, igualmente tomaram o rumo do esquecimento. O joalheiro, a propósito, migrou para Parauapebas após longas e inúteis discussões em Marabá. Avançando para trás - No Sul do Pará, o Município de Marabá é o principal agente de desenvolvimento regional. Ou era, até recentemente. Acontece que a totalidade dos enormes investimentos públicos, originários do Governo Federal, e aplicados através do Banco da Amazônia, Banco do Brasil, Incra e outras instituições, além dos aportes privados, não vem sinalizando qualquer geração de emprego e renda mais significativa, por falta da contrapartida e da necessária vontade política que deveria animar a administração municipal. Por sua vez, o que tem marcado as relações históricas do governo do Pará com Marabá têm sido o descaso ou, no mínimo, a má vontade. Por exemplo, não há um só órgão estatal em Marabá que cumpra regularmente sua função. Todos vivem praticamente à míngua de recursos, mão-de-obra e de equipamentos. Tecnicamente, quem de fato mantém (de forma cada vez mais precária) a atividade econômica são o comércio, o setor de serviços e a siderurgia, - esta, limitada à agregação de insumos à produção de ferro gusa para exportação, e geradora de poucos empregos em relação à grandeza dos investimentos que exige. Desse conjunto de fatores resulta Marabá está perdendo a passos céleres a liderança regional no que respeita à melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, e na oferta de serviços de saúde, educativos e culturais, entre outros. O efeito é drástico: a pobreza, a fome, a violência, a desagregação familiar que gera crianças de rua, estão aí com sua evidência concreta. A tragédia vai mais além. Segundo dados da Sespa, em Marabá até 2002 o número de leitos era de 1,45 por cada mil habitante, abaixo da determinação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de pelo menos 2,5 leitos para cada mil habitante do município. De lá para cá, a situação piorou com a falência e o fechamento recentes do Hospital Celina Gonçalves, em meio a uma história confusa que envolveria também a prefeitura. No item da mortalidade infantil, enquanto no Pará a média é de 35,83 óbitos por mil nascidos vivos e crianças até um ano, em Marabá a média chega a 65,48 mortos a cada mil crianças nascidas no município. Essa mortalidade infantil em Marabá é causada, em 55,3% dos casos, por afecções perinatais, isto é, por deficiência relacionada ao tratamento de grávidas e nascimento de bebês – ainda segundo a Sespa. Participação é a saída - Neste cenário, o papel do governo de Marabá seria o de agente articulador, indutor e catalizador de ações assumidas pelo setor privado, trabalhadores e entidades da sociedade civil, voltado para o aproveitamento ótimo de todas as oportunidades de crescimento social. Para isso, há muito deveria ter criado um corpo técnico – em conjunto com as representações da sociedade civil – que coordenasse a elaboração do plano de desenvolvimento, além de acompanhar sua execução. Mas isso não existe. O Plano Diretor do Município foi elaborado em 1987 e jamais posto em prática. Para produzir um novo plano agora seria necessário elaborar socialmente um diagnóstico da pobreza e da exclusão social e propor medidas para sua superação. Neste sentido, a Lei Orgânica do Município dispõe sobre uma quantidade expressiva de Conselhos Municipais que, vitalizados ou revitalizados com a participação das entidades representativas dos distintos setores da sociedade – sindicatos, associações de moradores, universidades, associação comercial, igrejas etc –, concorreria para a discussão dos problemas e articulação das iniciativas. Mas a participação popular na administração há muito foi banida entre nós.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Ponto de vista

Servidor de confiança do atual governo diz melancólico que o prefeito Sebastião Miranda não tem mais qualquer pretensão política. E o que a ele, funcionário, parece uma tragédia, para a maioria pode ser o fim de prolongado pesadelo.

Carvão bandido

A produção marginal do carvão escravagista, para as guseiras sem critério do Pólo Carajás, acaba de chegar ao distante sertão piauiense. Em 19 de março último, a Procuradoria da República naquele Estado denunciou o empregador Marcos Antônio de Oliveira pelo uso de mão-de-obra escrava em carvoaria de Jurumenha (PI), onde a fiscalização da Delegacia Regional do Trabalho flagrou 34 pessoas reduzidas à condição de escravos em 2006. Os trabalhadores tinham suas carteiras de trabalho retidas, estavam com salários atrasados, trabalhavam em média 10 horas diárias, incluindo domingos e feriados. Foi a primeira vez que o Ministério Público Federal (MPF) denuncia esse tipo de crime em carvoaria piauiense com produção vinculada a uma siderúrgica, no caso a Companhia Siderúrgica do Maranhão (Cosima), instalada em Açailândia, que pagou R$ 250 mil de verbas rescisórias. A siderúrgica assumiu a responsabilidade civil porque ela era a consumidora beneficiada pela atividade dessa carvoaria e, segundo o procurador da República, Tranvanvan Feitosa, “ela teria obrigação de saber se os funcionários possuíam carteira assinada, isso está garantido na legislação trabalhista. A empresa que é a primeira beneficiária assume a responsabilidade solidária pela dívida."

PDT em desacordo sobre DRT?

Reunidas em Belém no final de semana, as principais lideranças do PDT decidiram, segundo o blogger santareno Jeso Carneiro, o nome que irá ocupar a Delegacia do Trabalho no Pará - que até poucos dias era naco do PCdoB. Pelo acordo, sairia o advogado Jorge Lopes de Farias e entraria o também advogado Fernando Coimbra, integrante do quadro de pessoal do TCM (Tribunal de Contas dos Municípios) e presidente do diretório do partido em Belém. Outras mudanças previstas seriam no comando das três Subdelegacias de Trabalho existentes no Estado: Santarém, Castanhal e Marabá.Os nomes para Santarém e Castanhal não foram ainda definidos. Apenas o de Sérgio Corrêa para Marabá. Acontece que no apagar das luzes da sua gestão, o delegado regional Jorge Lopes de Farias nomeou Fred Silveira, auditor do Trabalho, para a sub-DRT em Marabá, decisão que embolou o meio de campo do setor. Na terça-feira, Sérgio Corrêa confirmou a Política & Desenvolvimento sua indicação ao cargo, apenas dois dias após a posse de Fred Silveira. Corrêa é o nome do deputado federal Giovanni Queiroz que, inclusive, o conduzira à direção do pólo regional do Detran, com sede em Marabá, cargo que Corrêa exerceu até início deste ano, por conta da cota do PDT na coligação do ex-governador Almir Gabriel. Com a eleição de Ana Júlia (PT) Corrêa foi substituído pelo ex-prefeito de Itupiranga, José Milesi, indicado pelo deputado federal Asdrúbal Bentes (PMDB). Agora, com a nomeação de um representante do PDT para o Ministério dos Transportes, pelo menos no sul e sudeste do Pará todos os cargos da área federal terão pessoas ligadas à militância da sigla e ao deputado federal Giovanni Queiroz. Já o blogueiro Juvêncio Arruda (5ª Emenda) diz, segundo fonte, que a parada pela chefia da Delegacia Regional do Trabalho no Pará não está decidida em favor de Fernando Coimbra: “Tem chances de atropelar, na reta final, um pedetista histórico, da zona bragantina, com trânsito na coalizão estadual. Podem chamá-lo de Napoleão Braun.” Domicílio E por falar em Giovanni Queiroz, ele chegou à tarde desse domingo em Marabá e à noite reuniu-se com meia dúzia de pecuaristas, empresários e técnicos que assessoram projetos agropecuários na região e, claro, com Sérgio Correa. Na pauta, a exigência do georeferenciamento, há dois anos uma exigência legal para a regularização de terras rurais e que o Incra de Marabá não tem a menor condição de fornecer, por falta de estrutura. Por isso, agricultores e fazendeiros estão sendo prejudicados porque, sem o reconhecimento da posse da propriedade, não podem receber financiamento bancário para investir em agricultura ou pecuária. "No Sul do Pará, não existe um único projeto certificado pela SR-27, a maior superintendência regional do Incra no Estado", reclamou o parlamentar. Por conta da emancipação do Estado de Carajás, Giovanni Queiroz decidiu fixar residência também em Marabá (além de Redenção), e aqui vai montar um escritório de apoio à campanha.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

A arte em grãos: Jorge Luis Ribeiro

Arremedo de biografia Nasci em Inhapim, Minas Gerais, em 68, filho de um 25 de dezembro chuvoso. Mas fui nascer de novo, mesmo, foi em Marabá, já faz tanto tempo que fiquei antigo de Rios e sol. Este é meu lugar que acolheu meus amores, amigos, abrigos e saudades. Fiz-me advogado só para experimentar desentortar leis e tentar ajudar companheiros de sonhos a regar sementes de justiça. Andei de avião pela primeira vez e vi que somos pequenos demais para tanta arrogância. Depois fui fazer mestrado no Sul, passei frio, saudades e fui assaltado, além de trazer um diploma que guardei longe da parede. Ah, também passei por Coimbra por uns meses, vi poesias nas paredes medievais de Portugal e visitei parentes que passam frios e fomes pela parca moeda estrangeira. Vi que o mundo se comunica mais na dor que nas glórias. Andei um pouco e reaprendi a amar nossa casa e nosso café da manhã, voltar apaixonado pra casa e pintar juntos um armário velho e expulsar cupins, plantar uma nuvem azul na cozinha. Mas minha maior tristeza ainda é não ter tempo de andar com os pés nelas: nas nuvens... ***** Maneiras mineiras Morrinha de janeiro na roça. Biscoito de polvilho que explodia com pipoca e chuva. Moinho de café rodando café torrado com estórias de assombração dentro de xícaras esmaltadas. Arreio no esteio mofando de umidade da cangalha velha rangendo de frio. Broa de milho assando rezas de acalmar temporal com mato bento nos mistérios do assoalho vistoriado em segredo de cômoda branca espiando a tia solteira com seus quebráveis sonhos de guarda-louça. Bica de imbaúba jorrando água de enxurrada tocando moinho d'água que passa debaixo da mosca azul na privada. Cana assada para tosse de friagem tecendo balaio de taquara sob guarda-chuva de cabo de chifre espiando a galocha sentada no pilão que dorme. A mão tira com colher de pau o cheiro de rapa de angu na fumaça de almoço com palmito de indaiá. Chapéu molhado do Pai cuida da cuia de milho de planta na terra estocada para arar com a junta de boi cangada. Tempo tecendo uma colcha de retalhos colorida na máquina de costura cros lux, Mãe, o pedal que roda o carretel de silêncio de goteiras de sonhos que não têm fim, Eu. Como assim? Agora perdi o encalço da palavra prometida ontem Mas não me preocupo A merda é que as desculpas desorganizam a gente Para o que eu sei não há emprego Tô na rua e vou zoar aí... Irrito as horas mascando chicletes Colo a goma no vidro rachado A janela do ônibus vai dar no orifício do mundo Onde um camaleão de chicletes escorre mole A rosa de sua cor estaciona nos olhos do meio-dia Minha imagem quase derretida descamufla a forma Alguém sacaneou nosso sonho, veja os pedintes! - mundo fodido! E ninguém faz motim Mas eu, de boa, não estou magoado não! É que fico também assim, Resistindo sem atitude, entende? Enquanto a rua Passa por mim... Quando a libélula faz amor com a água Quero te amar com a impaciência das neblinas Que aprendem a não serem mais virgens Ter-me preso entre suas pernas e em meu corpo domada O mapa de sua pele navegada que viajo Aos cantos mais secretos teus Te ver gozar com o fremir das borboletas que encontram as asas Nem que eu te perca em teu vôo – (por um instante só!) Janela hoje amanheceu um pombo cinza enrolado no telhado da história ... era Coimbra Coletivo Os trabalhadores dentro do ônibus no fim do dia olhos de uma vida inteira parecem velhos olhos de um dia inteiro parecem vermelhos sono e cansaço de um dia de trabalho que uma vida em-batalha os olhos parecem lesados o corpo parece pesado olhos de uma vida de dia-a-dia no trabalho de um dia o que sustentaria a loucura e a mais valia senão o pescoço e ombros adequados mas hoje é sexta-feira e o horizonte cai embriagado e assim vamos todos todos enlatados na palavra POVO até que se ouça o grito de todos os silêncios somados. Conspiração Essas velhinhas que olham o tempo das janelas altas As ruas pontilhadas de pessoas que o tempo todo passam Eu acho que elas conjuram um pacto de parar o tempo E os que passam com o tempo não percebem que elas ficam... Enquanto todos passam o tempo todo Sobre desvelocidade intemporal da solidão Elas suspiram um cheiro de sono Um tempo que infelizmente não pára no interior da gente Nelas até a luz fica estacionária nas asas de moscas vacilantes Antes de serem de um tempo museu que move ao detrás Elas guardam um presente que perdeu seu rumo lá atrás Ou que seguiu outro rumo por escolha É por isso que chegam até nós Num agora com cheiro de tempo dormido Não sei o que segredam com o tempo... São de um passado que moveu noutra direção Mas que, não sei por que, nos ultrapassa Eu queria saber de que matéria é feita A sabedoria de silêncios que elas conspiram.

Sérgio Correa na Sub-DRT

Deu ontem no blog do santareno Jeso Carneiro, 1º de abril PDT escolhe novo titular da Delegacia do Trabalho no Pará O PDT bateu o martelo. As principais lideranças do partido, reunidas em Belém neste final de semana, decidiram o nome que irá ocupar a Delegacia do Trabalho no Pará - que até poucos dias era naco do PCdoB. Sai o advogado Jorge Lopes de Farias e entra o também advogado Fernando Coimbra, integrante do quadro de pessoal do TCM (Tribunal de Contas dos Municípios). Fernando é filiado ao PDT. Preside o diretório do partido em Belém. Também haverá mudança de comando das três Subdelegacias de Trabalho existentes no Estado: Santarém, Castanhal e Marabá. Em Marabá, o nome escolhido foi de Sérgio Corrêa. O subdelegado de Santarém ainda não foi definido. Nem o de Castanhal.As mudanças tem ligação estreita com o agrado feito por Lula ao PDT, que ganhou o Ministério do Trabalho."
Até final do ano passado, o advogado mineiro e pedetista Sérgio Correa respondia pelo pólo regional do Detran, com sede em Marabá, colocado pelo deputado federal Giovanni Queiroz (PDT), onde foi substituído na gestão Ana Júlia pelo ex-prefeito de Itupiranga, José Milesi, indicado pelo deputado federal Asdrúbal Bentes (PMDB).
E por falar em Giovanni Queiroz, ele chegou à tarde desse domingo em Marabá e à noite reuniu-se com meia dúzia de pecuaristas, empresários e técnicos que assessoram projetos agropecuários na região e, claro, com Sérgio Correa. Na pauta, a exigência do georeferenciamento, há dois anos uma exigência legal para a regularização de terras rurais e que o Incra de Marabá não tem a menor condição de fornecer, por falta de estrutura. Por isso, agricultores e fazendeiros estão sendo prejudicados porque, sem o reconhecimento da posse da propriedade, não podem receber financiamento bancário para investir em agricultura ou pecuária. "No Sul do Pará, não existe um único projeto certificadopela SR-27, a maior superintendência regional do Incra no Estado", reclamou o parlamentar.
Por conta da emancipação do Estado de Carajás, Giovanni Queiroz decidiu fixar residência também em Marabá (além de Redenção), e aqui vai montar um escritório de apoio à campanha.

domingo, 1 de abril de 2007

O gomo da espiga

O luar trouxe, de repente, o verão. Toda a noite a lua anunciou no céu a festa e a colheita do sol desses dias de lâminas e luz, fungos, signos e caracóis . Na manhã da terceira manhã, o vento ergueu da estrada à nuvem um plástico que, leve, desfez-se no ar. Levou-o adiante o anjo solar, em litania aos deuses, por esse tempo de enxugar o riso, de pôr à janela os encardidos vasos, e semear a luz na lona escura que desprotege inválidos e alagados. (Ademir Braz)

Júlio César Costa

Há algum tempo, Júlio César Costa mandou-me parte dos seus trabalhos poéticos, que juntei a outros - igualmente bons - autores locais com a intenção de publicar. Editar e dar a lume, em Marabá, é um parto doloroso: não se tem apoio (empresarial ou oficial) e só quem se dá bem são as gráficas, que arrancam o couro dos interessados. Meses atrás, ao negociar uma possível publicação, falei entusiasmado com ele e ele pediu uma cópia dos seus escritos, ficou de pensar e decidir. E decidiu: achou toda a sua produção, compilada por ele mesmo entre 1982/1992, uma porcaria, digna da lixeira, e recusou-se autorizar a divulgação. Bom. Júlio César é importante promotor público na nossa cidade e pode processar-me. Mas eu não posso guardar comigo o tesouro da sua poesia. Eis Júlio, por ele mesmo, e um pouco da sua verve. “O que me proporcionou inegável contato com a poesia moderna, foi, de fato, minha ida à Belém, no início dos anos 80, para estudar na Universidade. Estudar Direito e Ciências Sociais. Certamente por diletantismo e pelo fervor da idade, já tinha me aventurado a cometer versos entre os 12 e os 14 anos, e recebido mesmo um forte apoio da Professora Ivanir Tenório Ramos, a quem agradeço. Por esta época, quando também participava do Mojumaexto, que tive contato com o Memória Tribal de Ademir Braz, exposto na praça Duque de Caxias, ali no coreto, - numa de nossas inesquecíveis “feiras de arte” - muito parecida com a poesia no varal que iria encontrar em Belém nas tardes e noites da Praça do Carmo, ou na Feira do Açaí. Assim, lá na capital, pude conhecer Age de Carvalho e Max Martins, e através do primeiro, pude também chegar até Mário Faustino com sua poesia – experiência, obra fundamental para, inegavelmente, também contactar com Ezra Pound e o seu paideuma; embora em Marabá, mesmo com as limitações literárias, políticas, editoriais e comerciais, (que hoje, com os avanços, ainda persistem), já tivera obtido conhecimento com T. S. Eliot através da tradução de Ivan Junqueira e com o famoso “Como Fazer Versos”, de Maiakovski, que adquiri em razão de uma certa “militância” política (a efervescência era maravilhosa em razão da abertura e de um certo avanço nos costumes). Mesmo assim as crises existenciais persistiram, mesmo porquê típicas da adolescência, e porque não se concebe um poeta sem crises de existência..., e numa delas rasquei e toquei fogo nos poemas que tinha escrito até então... Na verdade, hoje posso confessar, rasguei meus poemas várias vezes depois, e por vários motivos; de um lado a intensa autocrítica em conhecer os melhores e com eles não poder comparar-se (o que na verdade era pura vaidade) e de outro lado a persistente timidez, dois traços do meu caráter e de minha personalidade que me acompanham até hoje, entrado em anos (menos a vaidade, é claro, que é um pecado e tenho procurado abandonar). A passagem do tempo, porém, favoreceu a coragem de publicar estes versos tímidos, e mesmo assim à la Ungaretti, uns bem poucos exemplares; não porque queira ser cult, mas por questões financeiras e de talento, com menos exemplares fica mais fácil ser esquecido , e logo, se a poesia não for das melhores. O peso da tradição é muito forte. Nunca esqueci o axioma de T.S, Eliot para quem somente é possível fazer poesia até os vinte e cincos anos; e a história do Rimbaud que escreveu apenas até os dezenove anos, salvo engano. Estou com meus trinta e seis anos, atravessando a idade da razão, e por incrível que pareça, ainda cometo versos. Para o bem ou para o mal, devo colocar-me sob julgamento público. Por isso esse modesto livro de poesias, mais exercícios poéticos, procurando imitar meus autores preferidos, Bandeira, Leminski, Pessoa, Age de Carvalho, Maiakovski, Drumond, Neruda, e. e. cuminngs, Orides Fontela, Pagão, que necessariamente uma poesia que posso chamar de autêntica, porque ainda considero-me naquele fase preconizada por Pound, de imitação dos grandes nomes. São poemas que sobraram de minhas destruições criadoras e outros, os últimos do livro, escritos há poucos dias. Há poemas que têm mais de quinze anos e outros não mais que poucos meses. Por fim, confesso que a publicação não doeu tanto como eu imaginava, e que sinto-me imensamente feliz em continuar a fazer poesia e de gostar de poesia, com a mesma intensidade de quase dezesseis anos atrás. O que revela que consegui ultrapassar a fase preconizada pelos grandes, com relação à idade ou ainda, possa ser que não amadureci de todo... O que seria bem melhor. Mas, arre, como falo. (Marabá, janeiro de 2001) Existencialismo eu que andei plantando rosas - ora, arre! - leitmotivs, vers libre, sartre... - eu quero mais é o poder da tarde! Presságio cada um com sua dor obscura sua negra cavidade cada qual com sua loucura, sua própria verdade e cada um de nós com sua dor oculta, sua tristeza disfarçada e a gruta que da alma esconde o presságio do Nada? fende este Sol, ao mês de dezembro - meu coração, como arde! Revolução não ao amor institucional oficial, amor de decreto não ao amor quieto reto amor de gravata não ao amor em lata em falta, amor de lógica não ao amor de loja, em cota, amor de régua não ao amor de tréguas tipo água, amor-medida, em bulas amor sim, como pedaços de nuvens... by Ricardo Campos II eu que trago o coração rasgado, em panos que tenho sentido o passar dos anos sem nada fazer amar - constante palavra malamar, sorrir e sofrer dizer o que não sinto às vezes esquecer mas tenho vivido com possibilidades e aprendido que não posso ser tanto sou menos o que pareço quase nunca o que penso quero ser muito quero o que não caiba a solidão que se assoma quero estar à faina, na labuta, a loucura possível, no lado escuro da lua velo pela chama acesa a clara luz da rua e pela raiva que quebra o vidro da redoma