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domingo, 1 de abril de 2007

O gomo da espiga

O luar trouxe, de repente, o verão. Toda a noite a lua anunciou no céu a festa e a colheita do sol desses dias de lâminas e luz, fungos, signos e caracóis . Na manhã da terceira manhã, o vento ergueu da estrada à nuvem um plástico que, leve, desfez-se no ar. Levou-o adiante o anjo solar, em litania aos deuses, por esse tempo de enxugar o riso, de pôr à janela os encardidos vasos, e semear a luz na lona escura que desprotege inválidos e alagados. (Ademir Braz)

2 comentários:

Anônimo disse...

Belo!!!!!!!!!!!!!!!!!
Bjs,
Cris Moreno

Hiroshi Bogéa disse...

“Toda a noite a lua anunciou no céu a festa e a colheita do sol”.

Com a musicalidade desses versos projetando imagens de um universo puro do verão de nossas paragens mesopotâmicas, eu te vejo Caetano.

(“E vamos embolar ladeira abaixo, acho que a chuva ajuda a gente a se ver/ Venha veja deixa beija seja o que deus quiser”.)

Único dos poetas-pretéritos-e-perfeitos a nos embalar, aqui, nesses tempos "de enxugar o riso, de pôr à janela os encardidos vasos, e semear a luz na lona escura que desprotege inválidos e alagados”.
Bem que valeria um copo de cerveja, te saudando.
Pronto. Meu domingo está salvo.
Abraços, poeta.