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sábado, 19 de junho de 2010

Águia vira cavalo de Tróia político



Quando me disseram que o ex-vereador Sebastião Ferreirinha estava se mexendo para mudar o nome do Águia de Marabá, eu não acreditei. Ferreirinha, vale lembrar, é o presidente perpétuo do Águia e maior responsável pela permanência do desacreditado João Galvão como “técnico”do clube. Então li na imprensa que Ferreirinha estava inventando uma certa “Caravana da Vitória” (que vitória, cara pálida, se o campeão é o Paysandu?) ) para ir fazer proselitismo político (ele é candidato a deputado estadual pelo PT, não esqueçam) em municípios vizinhos, a pretexto de que o Águia não representa apenas os marabaenses e sim toda a região sul e sudeste do estado.
Está lá na reportagem do Diário de Carajás deste sábado (19/06) que Dennys Rocha, diretor de marketing do Águia, explica que a caravana circense “faz parte de um projeto amplo de marketing para “vender” o Água não apenas como um time de Marabá e sim da região”.
O que nem Dennys nem Ferreirinha dizem é que a pretexto de “vender” o time  também já está certo de lhe mudar o nome para “Águia Futebol Clube”, como consta da logomarca feita para a ruidosa caravana da alegria. Aliás, se você prestar atenção, vai ver que até a ilustração da logomarca tem a cara do próprio Ferreirinha.
Fala sério!...   

sexta-feira, 18 de junho de 2010

MST aponta abusos na prisão de líder





A detenção de Charles Trocate, um dos líderes do MST/Pará, e do assessor de imprensa do movimento, Márcio Zonta, à noite de terça-feira (15) em Parauapebas, foi feita “por policiais de maneira despreparada e desumana após uma ultrapassagem que ocasionou a colisão contra o veículo utilizado pelos policiais civis, que nada sofreu a não ser ter quebrado o retrovisor. Os policiais civis fecharam o veículo em que estavam Charles e o jornalista Márcio Zonta e desceram armados do carro. Em nenhum momento os dois homens se identificaram como agentes do estado. Charles foi agredido pelos policiais com socos na altura do abdômen e conduzido à delegacia de polícia Civil de Parauapebas de onde foi liberado na manhã de quarta feira, (16)”, após o pagamento de fiança no valor de R$ 2.500,00.
 A versão é da assessoria de imprensa do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra sobre a prisão de Charles Trocate, enviada ontem pela manhã à reportagem. Ouvido por telefone, Charles Trocate disse que montou-se um cenário em torno do incidente: “O delegado André Albuquerque, contrário a reforma agrária e visando a criminalização pública da organização e de seus dirigentes convocou a imprensa, que por sua vez pautou a situação de maneira equivocada. Em nenhum momento, as equipes de reportagem da TV Liberal e da TV Norte quiseram ouvir nossa versão, fazendo inclusive imagens sem nossa autorização”, relatou. Lembrou, inclusive, que o delegado Albuquerque ainda acreditava existir o pedido de prisão preventiva contra ele, Charles, e que fora há tempo revogado pelo Superior Tribunal de Justiça.

Ficha Limpa vale, sim

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu na quinta-feira (17/6) que a lei do Ficha Limpa valerá para quem já foi condenado por um colegiado (mais um juiz) antes do dia 4 de junho deste ano, data em que passou a vigorar. Cinco dos sete ministros entenderam que as condenações devem ser verificadas no momento da formalização do registro de candidatura. Assim, não poderá se candidatar aquele que tiver uma condenação que o torne inelegível, não importando se a punição ocorreu antes ou depois da promulgação da lei. "Acho irrelevante verificar o tempo verbal usado pelo legislador. [A lei atinge] quem, no momento de formalização do registro de candidatura, incidir em alguma causa de inelegibilidade", disse o ministro Arnaldo Versiani.

Greve

Em greve desde o dia 2 de junho, servidores municipais conseguem adesão maciça: são 87% das escolas (e núcleos de educação infantil) da zona urbana totalmente paralisadas enquanto as outras funcionam precariamente por falta de servidores e de alunos. A informação é do comando de mobilização do Sintepp, que distribuiu nota à imprensa repudiando as declarações do prefeito que tentou minimizar o movimento paredista, como simples “oposição política de um grupinho do Sintepp”.
“Enquanto a greve caminha para 100% de adesão, o prefeito Maurino Magalhães finge que está tudo bem e numa arrogância como nunca se viu antes se recusa a negociar com os servidores em greve e penaliza o povo de Marabá, que continuará extremamente prejudicado com a greve dos servidores municipais até o prefeito atender as reivindicações da categoria”, diz a nota.

“Em se plantando, tudo dá...”

A Polícia Federal encontrou R$ 280 mil enterrados no quintal da procuradora do Distrito Federal, Deborah Guerner, acusada de receber propina no mensalão do DEM. O dinheiro foi localizado em operação da PF que cumpriu dez mandados de busca e apreensão na segunda-feira (14/6). Com o dinheiro, foram encontrados discos rígidos e CDs. A PF não tem prazo para terminar a perícia. Também foi apreendido R$ 1 milhão na casa de um empresário. O advogado da promotora, Pedro Paulo Guerra, disse que não se pronunciaria porque o inquérito está sob sigilo.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Radialista ameaçado de morte

Da lavra do jornalista Pedro Paulo Barbosa, diretor de Floresta do Araguaia:

"O professor e radialista Clebe Elias Vieira que tem um programa na Rádio Dabah FM 104,9, na cidade, cidadão florestense, procurou esse jornal, para divulgar um fato grave que tem enfrentado na cidade de Floresta, pois ultimamente vem sofrendo ameaças e chantagens de pessoas desconhecidas e até mesmo conhecidas, afirma o radialista.
Clebe apresenta o programa “Caderno Informativo”, das 11 às 12 horas, onde dá informações diversas, principalmente sobre questões publicas e referentes a educação, denunciando alguns problemas graves e atendendo a pessoas que reivindicam seus direitos. O radialista, professor Clebe é bastante conhecido na cidade, seu programa é as vezes polêmico, onde faz denuncias, elogia coisas boas, faz cobranças, faz críticas e dá espaço para a comunidade participar.
Segundo o professor, a última ameaça recebida foi no dia 10 de junho, quando um individuo ligou para o telefone fixo da Rádio, aproximadamente as 11h30, e disse: “Vou mata-lo e cortar a sua língua em pedacinhos”. O radialista afirmou ainda que nunca tinha registrado BO, mas desta vez fez a coisa certa, registrou o Boletim de Ocorrência na Delegacia de Policia Civil da Cidade, que é comandada pelo delegado Taborda.
O radialista é funcionário público efetivo no cargo de professor de educação física. É presidente do PSOL, presidente da Associação de Moradores de Floresta, Presidente do FUNDEB e Presidente do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente e esteve envolvido como uma das principais lideranças da última greve dos professores ocorrida no início do ano.
O professor acredita que essas ameaças de morte sejam retaliações por conta do programa que apresenta todas as manhãs de segunda a sexta. Ele diz: “Meus parentes e amigos já me pediram para eu deixar o Rádio e parar de fazer cobranças”. Mas ele afirma que não pode parar de lutar por justiça, e diz ainda que vai continuar seu trabalho, e lembra do cantor do Rappa, que disse: “Paz sem Voz não é Paz, é Medo”, diante de tantos casos que tem acontecido no país, o que se quer é que o Estado dê proteção e investigue o caso, para que não se repitam tragédias e injustiças que ocorrem em muitos lugares no Brasil."

(Reproduzido do blog Sul do Pará, de 17.06.2010)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Deputado em greve de fome: "Vou morrer em plenário"


Em greve de fome contra a aliança do PT maranhense com Roseana Sarney, Domingos Dutra avisa: vai morrer no plenário

Fábio Góis (Congresso em foco)

Em greve de fome desde sexta-feira (11), o deputado Domingos Dutra (PT-MA) subiu há pouco a tribuna e, em lágrimas e portando algemas, fez um inflamado discurso contra a cúpula de seu partido – que, em decisão monocrática, retirou o apoio ao deputado Flávio Dino (PCdoB-MA) na disputa ao governo do Maranhão em favor da candidata à reeleição, Roseana Sarney (PMDB). Dizendo ter perdido dois quilos e nitidamente trêmulo, Domingos disse que só sairá do plenário morto.
“Nós vamos ficar aqui, o Manoel da Conceição vai ficar aqui. Vai morrer! Eu vou morrer aqui! Para que se respeite a legalidade partidária, a democracia!”, bradou o parlamentar maranhense, diante de cerca de 50 deputados que, em silêncio pleno, demonstravam perplexidade diante da contundência das palavras do petista. O Manuel a quem ele se referia é um dos fundadores do PT do Maranhão, Manoel da Conceição, que também está em greve de fome. As algemas uniriam os dois petistas em caso de ameaça de remoção de ambos do plenário.
O deputado proferiu duras palavras contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que, apesar de senador pelo Amapá, mantém um clã político encabeçado pela filha Roseana. “Entregaram o PT de mãos beijadas para Roseana”, reclamou Domingos, que chegou a chamar Sarney de “praga”, “bandido” e “filho de uma égua”, recebendo aplausos do plenário.
Os ataques a Sarney foram uma peça à parte no pronunciamento. Depois de ler trechos de resolução do diretório nacional que avalizou a coligação PT-PCdoB, Domingos disse que “esta praga do Sarney” foi o grande responsável pela intervenção no Maranhão.
“O resultado apertado de 87 votos a 85 a favor da aliança com Flávio Dino foi anunciado e homologado pelo secretário nacional do PT, Paulo Frateschi, que em seu discurso descartou qualquer possibilidade de intervenção da executiva nacional. Mas depois, sem processo, sem rito, sem quorum, sem direito de defesa, resolveram anular o encontro [que definiu o apoio a Dino]”, discursou o deputado, dirigindo-se ao ex-presidente do partido José Genoino, que minutos antes foi à tribuna defender a cúpula petista.
“Neste regulamento aqui, Genoino, está dito que quem escolhe os candidatos são os estados. E o que fizeram? Anularam a decisão do estado e, pior do que isso, entregaram o PT de mãos beijadas para Roseana. Genoino, você conhece sua história! Por que está sendo solidário a um oligarca perverso, criminoso, corrupto?!”, exclamou.
Sono
Mais cedo, Domingos assistiu à vitória do Brasil sobre a Coréia do Norte na Copa do Mundo ao lado de Manoel da Conceição. Cobertos por bandeiras do Brasil e do PT, ambos chegaram a dormir diante do sonolento primeiro tempo sem gols apresentado pela equipe canarinho. Ao lado do plenário, na área de cafezinho e refeições, os poucos deputados que compareceram à Câmara fizeram um bolão e viram juntos a estreia da seleção.
Devidamente aceso, embora enfraquecido pela greve de fome, Domingos era a imagem da ira. “Por que não nos expulsaram? Era mais justo nos humilhar. Procurei o Eduardo Dutra [presidente nacional do PT], ele não deu resposta. Mandamos pedido de audiência com o [ministro das Relações Institucionais, Alexande] Padilha, e ele nos deu o silêncio como resposta!”, protestou Domingos. “O que tentaram foi nos destruir, nunca conversaram com a gente.”
Depois de exibir as algemas que impediriam a sua expulsão do plenário, Domingos disse que aquela não era uma briga com o Parlamento, mas com o “assassino do Maranhão”. O deputado reclamou ainda da falta de estrutura que tem à disposição na Casa para dar prosseguimento à greve de fome. “Não tem nem chuveiro. É muito triste, e eu tirei foto, de ver o Manoel nu, andando como uma criança, só com um toco de perna. Genoino, pelo amor de Deus, é para esse oligarca que tirou a perna do Manoel que vocês entregam o PT?!”, questionou, depois de ter chamado a executiva nacional petista de “aquela merda”. Tratamento estendido ao PMDB sob o eufemismo “antidemocrático”.
“Lá no Pará, [o PMDB] quer destruir a nossa companheira Ana Júlia [Carepa, governadora do Pará]. Tira o PT de Minas e, no Rio Grande do Sul, ao invés de apoiar o Tarso [Genro, ex-ministro da Justiça e candidato ao governo], lá [em Minas] tira o prefeito da capital [José Pimentel, trocado pelo peemedebista Hélio Costa] para derrotar o Tarso. Pelo amor de Deus! Onde está a reciprocidade? É tudo vem a nós para eles, e nós nos lascamos!”, fustigou, em bom nordestinês.
As menções a Sarney continuaram com Domingos a lembrar as derrotas que Sarney impingiu aos senadores Tião Viana (PT-AC) e Ideli Salvatti (PT-SC), respectivamente na disputa pelas presidências do Senado e da Comissão de Infra-Estrutura – esta atualmente ocupada por Fernando Collor (PTB-AL). O deputado citou também o apoio que Lula deu ao ex-presidente da República no ano passado, durante a defesa dos 11 processos abertos (e devidamente arquivados depois da atuação da tropa de choque do PMDB) contra o peemedebista no Conselho de Ética (relembre aqui também).
“Ele [Sarney] agora quer a nossa alma. Pois esse filho de uma mãe não vai ter a nossa alma. Pode ter o nosso corpo, mas a alma, não!”, disse Domingos, sob aplausos.

Nagilson assume e demite

Ao assumir a prefeitura na manhã de ontem, o vice Nagilson Rodrigues Amoury (PRB) protagonizou um episódio que há muito não se via em Marabá: de uma única vez, ele exonerou três secretários e dois colaboradores de outros escalões.
Os exonerados foram: Lucídio Collinetti Filho, secretário de Viação e Obras Públicas (Sevop); Glênio Benvindo de Oliveira (Planejamento), e Dacivan Ramos da Conceição, chefe de gabinete.
Durante a tarde inteira a reportagem tentou manter contato com o vice-prefeito; ao todo, 18 números de telefones foram catalogados, porém todas as tentativas foram infrutíferas.
Assessores mais próximos ao prefeito Maurino Magalhães de Lima (PR) tentaram minimizar o caso, a exemplo da assessora especial Ana Paula Guedes, que negou as exonerações e alegou que estaria acontecendo uma onda de boatos.
Contudo, a reportagem não só constatou as exonerações como apurou com fonte segura os motivos pelos quais os secretários foram exonerados.
Sobre Lucídio Colinetti Filho, Nagilson Amoury justificou que este nunca atendeu a uma ordem sua quando assumia a prefeitura na ausência do titular. Quanto a Glênio Benvindo, Amoury considerou que a secretaria de Planejamento não funcionava com eficiência: em outras palavras, Benvindo não estaria habilitado a continuar no cargo.
Por fim o chefe de gabinete Dacivan Ramos da Conceição até hoje nunca lhe comunicou das viagens de Maurino e da vacância do cargo para que ele assumisse.
Ainda segundo a fonte, Amoury teria arrolado vários outros motivos pelos quais decidiu-se pela exoneração dos indicados, mas a fonte não quis entrar em detalhes “para evitar futuros constrangimentos”.
Pela manhã o Boletim da Prefeitura informava que o prefeito Maurino Magalhães estaria despachando normalmente na Sevop, mas à tarde a Secretaria de Comunicação refez a informação através de uma errata.
“Informamos equivocadamente no boletim nº 108, enviado hoje (ontem), que o prefeito Maurino Magalhães se encontrava em Marabá, despachando na Secretaria de Obras, no entanto, a informação correta é que o gestor municipal viajou para Belém para tratar de assuntos relacionados ao município. Ocasião em que assume interinamente o vice-prefeito, Nagilson Amoury, o qual cumpriu parte da agenda visitando algumas obras em andamento”, dizia a correção. O documento, porém, não faz nenhuma menção às exonerações. Há uma versão de que Maurino teria antecipado seu retorno para amanhã, quando deve revogar as exonerações.
O secretário de comunicação Giorgio Guido da Luz não foi localizado nos dois telefones disponíveis, inclusive um deles é de caráter funcional, o que em tese deveria funcionar em tempo integral. (Edinaldo Sousa, repórter)

Pará: terra de direitos II

O prefeito de Belém, Duciomar Costa (PDT), escapou novamente da cassação. Reunidos em sessão na manhã desta terça-feira (15), os juízes do Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) decidiram arquivar o processo de cassação do prefeito sem mesmo analisar o mérito da questão. Os juízes entenderam que a ação não poderia ser julgada pois foi apresentada na hora e local errados. Segundo eles, a ação deveria ter sido apresentada até as 17 horas do dia 5 de outubro de 2009, na 98ª Zona Eleitoral, o que não foi feito. O advogado Sábatto Rossetti, que representa o candidato José Priante (PMDB), autor da ação, promete recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Duciomar Costa e seu vice, Anivaldo Vale, foram cassados pelo juiz da 98ª Zona Eleitoral, Sérgio Lima, em dezembro de 2009, que acatou denúncia do PMDB e do Ministério Público, que acusaram Duciomar a Anivaldo de abuso de poder econômico durante a campanha eleitoral de 2008, por uso de servidores públicos na campanha, além de placas de propaganda em obras públicas, entre outras irregularidades.

Massacre de Carajás: processo sem fim

Pedido de vista formulado pelo ministro Celso de Mello interrompeu, segunda-feira (14), na Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o julgamento do Habeas Corpus (HC) 86604, em que o coronel da Polícia Militar do Estado do Pará Mário Colares Pantoja pede a nulidade do processo que o condenou a 228 anos de reclusão pelo massacre ocorrido em Eldorado do Carajás (PA), no ano de 1996. No HC, a defesa alega ofensa ao princípio do juiz natural e que o coronel teria sido julgado por um tribunal de exceção. Isso porque, quando o juiz de Curionópolis, juiz natural da causa, foi transferido para outro posto, o presidente do Tribunal de Justiça do estado do Pará (PA) designou o então juiz titular da 14ª Vara Penal da Capital, em Belém, para cuidar exclusivamente da instrução e julgamento do processo contra 144 policiais militares indiciados pela participação da ação em Eldorado do Carajás. Diante dessa designação, a defesa alega nulidade do processo a partir da atuação do juiz especial, responsável pela sentença de pronúncia para o coronel ser julgado por tribunal do Júri. Denunciado inicialmente pelo Ministério Público do Pará por abuso de autoridade, o coronel teve posteriormente revista acusação para homicídio qualificado (artigo 121, parágrafo 2º, inciso IV do Código Penal). Essa revisão o levou a ser condenado à pena de reclusão de 228 anos. Curiosamente, segundo o defensor do oficial PM, um mês depois da designação do juiz especial foi nomeada nova juíza para a Comarca de Curionópolis, mas não lhe foi atribuído o julgamento do caso de Eldorado do Carajás. Com isso, segundo a defesa, o TJ-PA comprometeu a parcialidade do juiz, uma vez que um juiz itinerante pode ser destituído a qualquer hora, ao contrário do juiz de comarca, que goza do direito de inamovibilidade. Negativa Ao negar o HC, o relator, ministro Gilmar Mendes, observou que a nomeação do juiz especial teve por objetivo acelerar o processo, que ficou parado durante dez meses, porque nenhum juiz se habilitou para preencher a vaga surgida na Comarca de Curionópolis nesse período. Segundo ele, a duração razoável do processo é parte integrante do direito constitucional do contraditório e da ampla defesa. E essa foi, segundo ele, a motivação para nomear juiz especial para o caso. Além disso, segundo o ministro relator, o presidente do TJ-PA, ao baixar a Portaria nº 0420/1997, designando o juiz especial, baseou-se na Lei paraense 5.008/81 e no próprio Regimento Interno da Corte estadual. Também segundo o ministro, tratava-se de um caso complexo, envolvendo um grande número de Pms, vítimas (feridas no confronto) e dez testemunhas. O caso acabou sendo deslocado para Belém, onde o coronel, inicialmente absolvido num primeiro julgamento ocorrido em agosto de 1999 - e anulado em 2000 pelo TJ-PA, por irregularidades nele detectadas -, acabou sendo condenado em novo julgamento, em maio 2002. Mesmo assim, Pantoja obteve liminar do STF para responder ao processo em liberdade, até seu trânsito em julgado (quando não cabe mais recurso). O ministro Gilmar Mendes observou que a defesa já apelou da condenação nas várias instâncias inferiores da Justiça até chegar ao STF, e todas elas confirmaram a condenação. "A própria competência do Tribunal do Júri aponta contra o argumento de tribunal de exceção", argumentou. "Não há, nos autos, sinal de quebra de imparcialidade ou condução parcial do processo", constatou o ministro Gilmar Mendes ao concluir seu voto. Segundo ele, a designação do juiz especial somente ocorreu porque a justiça do interior do Pará não estava em condições de resolver, sozinha, todos os atos processos que o caso de Eldorado do Carajás demandava. A ministra Ellen Gracie acompanhou o voto do relator, mas o ministro Celso de Mello pediu vista, argumentando que se trata de um caso complexo que ele pretende estudar melhor. PGR A Procuradoria-Geral da República manifestou-se no sentido de que a nomeação do juiz especial ocorreu diante da inércia do juízo natural em relação ao caso, em virtude da vacância do cargo de juiz da Comarca de Curionópolis. A PGR rebateu, também, o argumento de parcialidade, observando que, em caso de júri popular, o juiz apenas conduz o processo, não julga. (Fonte: Supremo Tribunal Federal)

terça-feira, 15 de junho de 2010

Potó, peixe frito e ypioca*

Paulo Atzingen, um contista raro e poeta bissexto, foi um dia à Casa da Cultura de Marabá fazer, eu suponho, a primeira reportagem para um jornal comum sobre um dos insetos mais mitológicos do país: o Paederus irritans, que costuma aparecer no clima de final de chuva e que, quando apertado, libera a cantarizina, um líquido cáustico que pode causar queimaduras de primeiro e segundo graus. Dito assim, com esse nome em latim e relatados os efeitos de seu fluido corrosivo, o desgraçado fica parecendo mais monstruoso, assustador e jurássico do que é. Mas é só um pentelhinho vermelho e preto, de bundinha arrebitada, cabeçudo como um cupim, e que também atende pelo nome de potó – apelido que provoca imediatamente explicações indecorosas para o formato da mijada que dá em qualquer parte do corpo da sua vítima. Havia uma praga de potós na região e o assunto virou pauta. À falta de um alergologista, o profissional do discurso autorizado como diria Humberto Eco, lá se foi Paulo consultar os arquivos do biólogo Noé Atzingen, seu irmão e diretor da Casa. E, de fato, ele trouxe um texto bom, suficiente para uma página do jornal Opinião, onde trabalhávamos em 1995. Que eu me lembre, na redação éramos ele, eu, Cláudio Filipeto, João Salame, o fotógrafo Juno Brasil e outros que não consigo lembrar agora, após uma noite inteira de insônia. E que título vamos dar à matéria?, alguém tinha de perguntar. Aí deu um branco, e levamos quase a noite inteira para chegar a um consenso, até que sugeri: “Potó não é lacrau, é besouro. E pica.” Manchete perfeita para a primeira página, todos concordaram com entusiasmo. Você matou a pau, elogiaram, isso é inteligente e um primor de concisão. Mas... Sim, a mais bela manchete do jornal Opinião jamais foi publicada. Vivia-se tempos difíceis no jornal. Fazia-se uma mudança radical no Opinião, até ali uma publicação com cara de boletim de internato de freiras. Filipeto veio do Rio a convite de Salame, aceitei o desafio que me foi proposto, sugerimos nomes de bons redatores e fomos à luta. O duro era editar todas as matérias depois que os repórteres iam embora. Não foram raras as vezes que, para agüentar a madrugada, comíamos peixe assado na brasa com Ypioca. Não havia a parafernália tecnológica de hoje e não sei, sinceramente não sei, de onde arrancávamos coragem e resignação para agüentar, após tanto trabalho, a frustração causada pela quebra da rotativa, o atraso na impressão, a falta do semanário nas ruas. Muitas vezes, quando íamos à porta da redação esticar as pernas, víamos as pessoas saindo às pressas do açougue da esquina porque já era sete da manhã e elas estavam quase atrasadas para o trabalho. Mudamos tudo no jornal, que nisso Claudinho sempre foi bom. A reforma gráfica privilegiou imagens, análises e opiniões. A mudança foi radical sobre o que a gente noticiava. Abriu-se espaço para as opiniões mais divergentes que nos chegavam. Introduzimos a abordagem humorada e cáustica de tudo que nos parecia postiço e desastroso para a sociedade. Eu escrevia uma página chamada “Ademyr Braz, repórter” (assim mesmo, com ipsilone, só de desfastio). Uma vez, Filipeto foi ver Claudinho e Buchecha e produziu sobre a dupla um dos textos mais hilariantes daquele tempo. Opinião virara um potó. Aos poucos, as mudanças não se limitaram apenas ao contexto: também saímos dos limites territoriais do município e fomos onde nenhum outro órgão de comunicação regional já estivera. Em 1996, saí do jornal. O curso noturno de Direito no Campus da UFPA exigia atenção e conflitava com a jornada que não tinha hora para findar-se na redação. Mas o novo Opinião estava pronto. Claudinho voltou ao Rio, outros se dispersaram, outros chegaram e a vida seguiu seu rumo. Salame tornou-se deputado, meus filhos cresceram e olhando para eles, assim como se olha agora o jornal do Novo Horizonte, a gente nem imagina que foram umas crianças cuidadas com tanto zelo. * Homenagem aos 15 anos do Jornal Opinião

Menores, crack & programas

Ao longo dos anos praça tem servido para tudo, menos para lazer da família. Lá, se vê de tudo, menos crianças brincando. Prostituição, tráfico de drogas ponto de encontro para muitos marginais à noite e durante o dia a praça São Francisco, inaugurada em abril de 1999 está, ao longo dos anos sendo transformada em abrigo para menores que passam os dias angariando alguns trocados, para à noite comprar drogas. Essa é a conclusão de boa parte dos comerciantes que negociam produtos diversos na Praça São Francisco. A esmola, alguns trocados dados por donos de carros, seguramente é o principal indutor dessa corrente contínua do fiasco social em que se transformou a situação dos menores. São meninos que passam pela vida como uma nuvem cinzenta, sem nenhum horizonte, sem perspectiva, salvo se não houver intervenção do Estado, o que aparentemente é pouco provável. A certeza desses menores é única: no final do dia, ou na madrugada, vão se drogar e, no dia seguinte, começar tudo outra vez. Outra constatação de comerciantes da praça: faltam abrigos para absorver a demanda crescente de menores a perambular nas ruas de Marabá. Ontem à tarde, por exemplo, havia doze menores vadiando na praça da Cidade Nova. Boa parte deles garimpava algumas moedas, que devem ter dois destinos: primeiro, ajudar no orçamento doméstico, o que faz pequena minoria; e o segundo, as drogas destruidoras. Um atento comerciante disse que todos os dias os menores ficam “vigiando” carros e à noite os traficantes, geralmente em motos, lhes vendem crack. O negócio das drogas, vale lembrar, acontece junto à delegacia distrital da Cidade Nova, que só funciona em horário diurno de segunda a sexta-feira. Outro comerciante diz que os traficantes entregam o produto em motos e a qualquer dia ou hora: “Basta ligar que eles aparecem”. Ontem à tarde, seis policiais militares faziam ronda na Praça São Francisco; Mas o trabalho deles se restringe a observar. Caso não flagrem nenhum delito, por lei não podem recolher os menores. E se desejassem tirá-los das ruas, comenta um militar, “não tem para onde levá-los haja vista que não há abrigo em Marabá”. (Edinaldo Sousa, repórter)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Da série: Falta do que fazer

A Justiça do Rio Grande do Sul absolveu um homem da acusação de ato obsceno por ter sido flagrado nadando nu em um rio em Ibirubá. Inicialmente, ele tinha sido condenado a seis meses de prisão, mas a pena foi substituída por prestação de serviço comunitário. Após o apelo da defesa, ele foi absolvido. a Turma Recursal Criminal considerou que ele não agiu de propósito. "Não entendo que o acusado tenha objetivado chocar e ferir o decoro das pessoas que presenciaram a cena", afirmou, à relatoria, a juíza Laís Ethel Corrêa Pias. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

PT trai o Maranhão

Manoel da Conceição, primeiro fundador nacional ainda vivo do PT, e o deputado federal Domingos Dutra, fundador do partido no Maranhão, estão desde 11 de junho em greve de fome no Plenário da Câmara Federal. Nesta quarta-feira, 14 de junho, ambos divulgaram uma “Carta ao povo maranhense”, em que acusam os dirigentes partidários de estuprar “o Código de Ética do Partido para doar o PT para uma oligarquia corrupta” e de violentarem a democracia interna para “eternizar o poder de uma família”. Leia, a seguir, trechos da carta: “Somos fundadores do PT. Nestes 30 anos nunca envergonhamos o Partido. Jamais nos envolvemos em escândalos. Ajudamos eleger o Presidente Lula na esperança de livrar os maranhenses dos desmandos dos Sarneys. Não conseguimos. Com chantagens, dissimulação e bajulação, Sarney ampliou o poder que exerceu na ditadura às custas de delações, exílios, prisões, torturas e mortes de muitos brasileiros. A fome de poder desse bruxo não tem limites. Este homem tem a barriga do fim do mundo: ele agora quer se apossar do PT do Maranhão e privatizar a popularidade do Presidente Lula na tentativa de reeleger a filha Roseana. Sem piedade, trocaram a nossa alma pela promessa de 3 milhões de votos. Que dívida impagável é esta que Sarney não pára de cobrar do nosso Presidente e do PT? Quem será a próxima vítima dessa dívida? Quanto mais Sarney humilha o PT mais a dívida cresce! Quem entregou o PT para Fernando Sarney (que de uma lapada desviou 14 milhões de dólares para exterior) ainda tem coragem de falar em honestidade? Quem doou o PT para a rainha da Lunus, depois de tantos escândalos com recursos públicos, não pode mais falar de ética e transparência. Quem se torna refém de um oligarca sem caráter e dissimulado, após os escândalos do Senado, não pode mais falar em decência.Quem destrói lideranças e desrespeita aliados históricos para eternizar uma oligarquia brutal não pode mais falar em democracia.! “Quem doa o PT em troca da promessa de votos não pode mais falar em reforma política. Que projeto nacional é este em que o Partido do Presidente da República e da futura presidente se transforma em sublegenda do Partido do vice-presidente? Porque tanta brutalidade com o PT se o PMDB tenta livremente derrotar o PT na Bahia, Pará, Rio Grande do Sul, São Paulo e outros estados? Entregar o PT para oligarquia Sarney significa jogar no lixo a legalidade partidária. É a negação da ética e da decência na política. É sepultar as esperanças de libertação do povo maranhense após 46 anos de escravidão. É agredir os movimentos sociais, desrespeitar aliados históricos e destruir o Partido no Estado. Estamos cansados de derrotar Sarney no Maranhão e ele ser vitorioso no tapetão de Brasília. Por isto estamos em greve de fome, em defesa da coerência, da decência e da legalidade partidária”.

domingo, 13 de junho de 2010

Ficha Limpa

O Tribunal Superior Eleitoral decidiu quinta-feira (10) que o projeto Ficha Limpa, aquele que manda para Saturno (por oito anos mais o período remanescente do mandato) a candidatura de políticos com condenações na Justiça por lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, é válido já para estas eleições de 2010. Antes, eram três anos. A norma alterou a Lei de Inelegibilidades. O tribunal entendeu, juntamente com o relator, que a lei complementar não altera o processo eleitoral. Caso alterasse, ela deveria, obrigatoriamente, ter sido feita um ano antes do pleito. Da proposta original, diz o UOL Notícias, o texto foi flexibilizado na Câmara pelo relator, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), que permitiu que o político condenado possa recorrer para tentar suspender a inelegibilidade e participar das eleições. O efeito suspensivo precisaria ser aprovado por um colegiado de juízes. A corte eleitoral é composta por três ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), dois do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e dois advogados escolhidos pelo STF e nomeados pelo presidente da República. A nova lei ficou publicamente conhecida como Lei da Ficha Limpa por prever que candidatos que tiverem condenação criminal por órgão colegiado, ainda que caiba recurso, ficarão impedidos de obter o registro de candidatura, pois serão considerados inelegíveis. --------- Anotem: condenada pela Justiça Federal por improbidade administrativa em sua passagem à frente da Superintendência Regional do Incra (SR-27) em Marabá, cujo processo acha-se em fase recursal no STJ, a deputada petista Bernadete ten Caten corre o risco de não poder recandidatar-se.