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sábado, 13 de outubro de 2012

Vai dar merda... Tomara que me engane!

O site oficial do Luverdense está todo prosa. O time tem apenas oito anos e é destaque no Grupo A do Campeonato Brasileiro  da Série C, onde lidera com 33 pontos e já está garantido na próxima etapa da competição e, naturalmente, bem próximo da Série B.

Neste domingo, a equipe mato-grossense joga no Zinho Oliveira contra o Águia de Marabá, que já tomou dele uma lavagem de 5 a 1 na sétima rodada.  
E quem garante que o Luverdense não vai repetir o feito?
O Águia de Marabá é um time em franca decadência, cada vez pior de ano para ano. Não bastasse a falta de um técnico competente, desde 2010 repete a contratação de jogadores sem mais o vigor físico da juventude, vítimas de sucessivas e graves contusões e, parece, submetidos a uma preparação física totalmente equivocada porque continuam frequentando com bastante assiduidade o departamento médico.  
Para o jogo de amanhã, segundo reportagem do Diário do Pará, Stanley e Diogo não entram, por lesão durante os treinamentos da semana, e Daniel ainda será avaliado quanto suas condições de acesso ao campo. Outras baixas, por cartão amarelo, são o Zagueiro Carlão, o lateral-direito Ivonaldo e o volante Analdo. Ao todo, meio time na geladeira. Aliás, João Galvão confirmou a volta do atacante Wando, outro veterano, que levou suspensão na última partida.
Em entrevista à tevê, agora a pouco, João Galvão se disse otimista.
Pelo visto, é o único.

Equívoco

O profeta do Piauí, que disse em Terezina que o fim do mundo seria na tarde desta sexta-feira, 12 de outubro, foi parar na cadeia. Segundo a polícia, para salvá-lo de um linchamento.

Nada mais injusto.
Afinal, o mundo a que o profeta do povo se referia era o do Maurino, que acabou dia 7 de outubro.
O nordestino apenas equivocou-se de data...


Famílias de trabalhadores ameaçadas de morte em Parauapebas


São 280 famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais mobilizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, que desde o ano de 2010 se encontram acampadas em uma área rural no município de Curionópolis, conhecida como acampamento Frei Henri, a margem da rodovia PA-275, a 16 km da cidade de Parauapebas, no sudeste do Pará. 
Esta área, medindo 400 hectares, pertencente à União, conhecida como fazenda Fazendinha é de interesse de um fazendeiro conhecido como Dão baiano, que já tentou regularizar a área em nome de uma de suas filhas, mas foi negado por representantes do programa Terra Legal, tendo em vista que a mesma já é assentada em um Projeto de Assentamento do INCRA. 
Diante da impossibilidade do fazendeiro em regularizar a área grilada, como sua propriedade, em seu nome ou de um de seus familiares, o mesmo não aceita que os trabalhadores rurais sem terra acampados possam continuar na parte que ocupam, desenvolvendo o plantio de culturas de subsistência e de hortaliças, para garantir um pouco de renda e os seus sustentos alimentar. 
No final do mês de setembro as famílias acampadas, com o uso de um trator agrícola, iniciaram o preparo de área para o plantio, chegando a destocar e arar em torno de 10 hectares, até o dia 05 de outubro. Neste momento o fazendeiro enfurecido interviu no sentido de  não permitir que mais áreas fossem preparadas, obrigando que as famílias se contentassem com apenas a área já trabalhada. 
Diante da reação das famílias o fazendeiro buscou apoio junto à organização criminosa dos fazendeiros da região, arregimentando todos seus pistoleiros para destruírem o acampamento dos trabalhadores rurais e expulsá-los da área. Para tanto desde o dia 08 de outubro começaram a se concentrar na sede, que fica a uns 500 metros do acampamento, e montar trincheiras próximas do acampamento. 
Já são três noites de tiroteio. Da noite do dia 09 para o dia 10  pistoleiros sob o comando de fazendeiros promoveram um grande tiroteio contra as famílias de acampados, que teve início às 21 horas do dia 09 e durou até às 07 horas do dia 10, com vários intervalos. O resultado foi a queima de alguns barracos e a desestruturação psicológicas, principalmente das crianças e dos mais idosos. 
Durante o dia 10 as famílias interditaram a rodovia PA-275, em frente ao acampamento, até ao meio dia, para chamarem a atenção das autoridades para a solução do problema. A direção do MST provocou uma reunião que participaram o advogado do fazendeiro, juiz da Vara Agrária, superintendente do INCRA, ouvidor agrário, advogado da CPT e o filho do fazendeiro Sidinei Rubens de Oliveira Barreto, mas que nenhuma decisão foi tomada. 
O filho do fazendeiro defendeu de forma contundente a imediata retirada das famílias do acampamento, como se a terra fosse de sua propriedade. Por outro lado o MST e da CPT defenderam a proposta de que fossem encerradas as agressões contra as famílias e que estas pudessem continuar preparando a terra para o plantio de suas roças. 
Na área, com o uso de tratores, os pistoleiros passaram o dia construindo trincheiras para garantir suas proteções para melhor atacarem as famílias. Enquanto os agricultores, muito aflitos e inseguros diante da ausência de posições das autoridades e do avanço dos pistoleiros, procuravam formas de resistirem a outros tiroteios que pudessem vir a acontecer. 
Muitos policiais civis e militares estiveram na área, inclusive o delegado da delegacia de policia civil de Curionópolis, mas nenhuma atitude foi tomada no sentido de reprimir os pistoleiros ou de efetuar o desarmamento dos mesmos. Mas como proteção aos fazendeiros e pistoleiros, a policia militar montou duas barreiras na PA-275, próximas a cidade de Curionópolis e Eldorado de Carajás. Uma outra barreira foi montada na BR-222, às proximidades do acampamento Helenira Resende, do MST. Estas barreiras dificultam a passagem de militantes do MST para reforçar a resistência no acampamento.   
Nas noites do dia 10 e do dia 11, os pistoleiros sob o comando dos fazendeiros promoveram novamente outros tiroteios contra o acampamento, durante toda a noite, queimando alguns barracos, provocando terror e medo. As famílias estão sendo protegidas pela resistência montada pelos trabalhadores. 
Enquanto tudo isto acontecia, 100 Km dali, a Escolta Armada do grupo Santa Barbara, protegida pela Policia do Estado, concentrada na fazenda Cedro, cercavam o acampamento Helenira Resende, espancando trabalhadores e proibindo as famílias de prepararem a terra para fazerem os seus plantios. Estas famílias reclamam também, de venenos jogados de avião sobre o acampamento, causando doenças graves e morte de pessoas. 
É uma verdadeira guerraque se caracteriza por chacinas e massacres, entre desiguais do campo e da cidade, na região da província mineral de Carajás. Guerra promovida e financiada pelo Estado e o Capital - representado pelo latifúndio e a Vale - contra as famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais e os movimentos sociais que se manifestam contrários a esta situação de barbárie. 
Com os investimentos cada vez maiores em rendas sobre terras e minérios, a estratégia fica bem clara: espoliação e exploração da classe trabalhadora aumentando progressivamente a massa de despossuídos e miseráveis, por outro lado o fortalecimento da classe patronal, latifundiária e empresarial, nos campos e nas cidades. 
Instituições públicas se transformam em postos de distribuição de migalhas aos pobres, instrumentos de forte repressão, assassinato e criminalização dos movimentos sociais populares, e por fim, em balcões de negócios de arrecadação de fundos para campanhas eleitorais, que acontecem a cada dois anos. 
Este cenário aponta para mais um derramamento de sangue de trabalhadores(as), prisão e criminalização de lideranças, defesa e proteção dos latifundiários e assassinos do sul e sudeste do Pará, orquestrada pelo aparato jurídico e policial do Estado. Pode resultar em mais um massacre ou uma chacina de desprotegidos da Lei, que só tem sido aplicada em defesa do poder econômico.  
Conclamamos a todos e todas lutadores e lutadoras do povo a se unirem em defesa dos oprimidos, das familias do acampamento Frei Henri, dos direitos primordiais necessários para garantia da vida e, por um movimento forte para destruição do capitalismo e dos capitalistas, antes que seja tarde. 
Marabá, 12 de outubro de 2012. 
Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular – CEPASP 
Movimento Debate e Ação  
Coletivo Amazônida de Formação e Ação Revolucionária - CAFAR 
    
Carros dos fazendeiros a 200 metros do acampamento 

Carros dos fazendeiros as proximidades do acampamnto 

Carros dos fazendeiros na sede da fazenda a 500 metros do acampamento 
Trator do fazendeiro desmatando próximo do acampamento para melhorar a visão dos pistoleiros 
Fazendeiros e pistoleiros em um dos pontos de concentração 

Concentração de fazendeiros e pistoleiros 

Cinegrafista contratado pelos fazendeiros fazendo registro do acampamento 
Movimento dos acampados no fechamento da rodovia PA-275 
Trincheiras construídas pelos fazendeiros próximas do acampamento 

Trincheiras construidas pelos fazendeiros próximas do acampamento 
Presença de policiais militares no acampamento 

Acampamento

Nada escapa à arte feroz de J. Bosco

Cavalo de Tróia


Na coluna do Giba Um: 
Derrota em família
A família Barbalho foi derrotada em várias frentes no Pará. Jader, ex-governador, ex-deputado e senador pelo estado, não conseguiu levar ao segundo turno seu candidato, o deputado federal José Priante. Helder, filho de Jader, depois de oito anos como prefeito de Ananideua, não elegeu o sucessor e sua mãe, Alcione, ex-mulher de Jader, também não conseguiu eleger seus candidatos no interior do Pará. Jader Barbalho quer se retirar da política em 2018 e antes, em 2014, pretende eleger o filho governador do Estado, o que não será fácil, a se julgar pelo desempenho familiar nas eleições municipais.
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Entre nós, pelo menos na orla do Tocantins, na Marabá Pioneira, há cartazes espalhados nas paredes com o sorridente Helder Barbalho ao lado do prefeito eleito deputado João Salame.
Muita gente que viu, não gostou:
"Nós não somos cavalos de Tróia!", disse um marabaense irritado. 
Era só o que faltava!..

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O “mais importante veredicto de corrupção no Brasil". Mas falta o coice...


No blog do Claudio Humberto:

Estatuto do PT prevê expulsão dos condenados
O Estatuto do Partido dos Trabalhadores prevê a expulsão de filiados que tenham sido condenados “por crime infamante ou por práticas administrativas ilícitas, com sentença transitada em julgado.” A determinação está prevista no artigo 231 do Estatuto do PT, nos quais estariam enquadrados os réus petistas condenados no processo do mensalão, incluindo seus ex-presidente José Dirceu e José Genoino. O Estatuto do PT prevê também a comunicação à Justiça Eleitoral dos condenados desfiliados, o que implica em perda de eventual mandato. A direção do PT ainda não informou se vai cumprir o dispositivo do Estatuto do partido sobre a expulsão de filiados condenados na Justiça.
Papel da AGU
Será da Advocacia Geral da União a tarefa de processar condenados do mensalão para devolverem a grana surrupiada dos cofres públicos.
Com que cara
Talvez só a eleição de Lula superou o noticiário internacional do julgamento do mensalão. Nas bancas, a revista Time, que o colocou na capa em 2010 como “dos mais influentes do mundo”, mostra esta semana o “mais importante veredicto de corrupção no Brasil”.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

“Laranja” no Brejo



A eleição para prefeito de Brejo Grande do Araguaia deu como vencedor o Baxim, do DEM, com 2.287 votos – pouquinho mais (50,27%) da metade dos sufrágios válidos. Baxim, segundo a Justiça Eleitoral, concorreu pela coligação “O Trabalho Continua (PP / PT / PMDB / PPS / DEM / PSDC / PHS / PSB)”, até então encabeçada por Geraldo Bila, do PMDB.
Baxim? Mas o candidato não era Geraldo Francisco de Morais, o Geraldo Bila (PMDB), cabeça da mesmíssima coligação, mas ficha-suja com registro negado pelo Tribunal Regional Eleitoral? Não foi o próprio Bila quem tantas vezes reafirmou sua candidatura ao Correio do Tocantins e, em último comício no Brejo, reiterou-a aos eleitores?
Acontece que Bila, mesmo sem nenhum resultado do seu recurso ao TSE, resolveu renunciar à candidatura, indicando, em seguida, um dos seus assessores – o Baxim.
A renúncia deu-se no dia 5 de outubro. Para não vazar a informação, o prefeito foi até Palestina do Pará para fazer o reconhecimento de sua assinatura, embora tendo Cartório em Brejo Grande do Araguaia. Nos últimos minutos, protocolou no Cartório Eleitoral as 8:50 do dia 6 de outubro, a substituição. Os eleitores só ficaram sabendo que Baxim era o eleito quando leram na apuração do TSE o nome dele em lugar do de Bila.
A armação é simples. O titular impugnado tem, em regra, prestígio eleitoral e aceitação popular. Com isso, vai carregar seu “conceito” até as últimas consequências. Na "hora H", será substituído por outro nome menos expressivo eleitoralmente. E sai até como vítima dos adversários! No dia da eleição não haverá mais tempo sequer para alterar a foto do impugnado na urna eletrônica e o eleitor é passado para trás votando em outra pessoa, que já teve o nome registrado no Cartório Eleitoral como candidato substituto.
A substituição de candidato a prefeito está prevista no art. 13, § 1°, da Lei n°. 9.504/97, pode ser feita a qualquer tempo antes da eleição. No caso de Brejo Grande, contudo, a coligação de Geraldo Bila esqueceu o princípio constitucional da ampla divulgação da demanda, instituído na Instrução nº 1450-86.2011.6.00.0000 do TSE.
O nome verdadeiro do Baxim é Marcos Dias do Nascimento. Sem qualquer expressão política, e totalmente desconhecido no município, ele pode tornar-se o prefeito mais novo do Pará (tem 27 anos), caso a Justiça Eleitoral homologue o que a oposição  local classifica de “fraude eleitoral”.
Aliás, as coligações adversárias reagiram: uma – “Brejo Grande vai voltar a sorrir” - pediu indeferimento do registro do substituto de Bila, candidato à reeleição, por fraude eleitoral. As demais ficaram de ajuizar ações de investigação judicial eleitoral para anular a eleição municipal para prefeito e vereadores que se beneficiaram da jogada.

Em Santarém. devastação ameaça a praia fluvial mais bela do mundo

No Manoel Dutra


O deserto chega à praia, no coração da Amazônia. Fotos comprovam

AS "AUTORIDADES" PARAENSES DEVEM AGORA ATRAIR OS TURISTAS COM PACOTES ESPECIAIS PARA QUEM DESEJA ASSISTIR COMO SE DEVASTA A NATUREZA, A BELEZA E O BOM SENSO.
Poucos lugares pelo Brasil afora dizem orgulhar-se tanto de suas praias como Santarém. Uma das músicas que mais identificam a cidade começa com "nunca vi praias tão belas, prateadas como aquelas, do torrão em nasci". Imagine se não houvesse esse decantado orgulho, como já estariam as quilométricas praias do Rio Tapajós? A mais recente e cavalar agressão é essa aí da primeira foto, logo abaixo. 
O deserto caminha veloz na direção de um dos recantos mais belos do interior amazônico, que  é o Lago do Juá/Praia da Salvação. As duas áreas raspadas, lá atrás, estão sendo utilizadas para a construção de um grande conjunto residencial de propriedade privada. Curiosamente, a imprensa de Santarém silencia sobre essa brutalidade (Primeira e segunda fotos: MDutra, 08.10.2012).
Depois de pronto o conjunto, a direção das águas sujas e do lixo vai ser esse santuário aí, mostrado na segunda foto. Essa área natural, bem próxima à cidade, desaparecerá dentro em breve, talvez em 5 anos sejam apenas as fotos e as lembranças também do Papucu, ali bem perto, assim como já morreu, há muitos anos, imponente Praia da Maria José, cujas areias serviram para a construção da pista do aeroporto, perto dali. Mas não é só isso, pois próximo à área desmatada para a construção de um conjunto privado, o governo federal mandou devastar por completo uma área várias vezes maior, na outra margem da estrada do aeroporto, para construir milhares de cubículos do programa "Casa Deles, Vida Deles". PARABÉNS, SANTARÉM, O DESERTO TE ABRAÇA. Os roçados de soja já consumiram o capoeirão remanescente entre Santarém e Belterra e mais adiante, ao longo da BR-163 em vastos trechos. E ainda tem gente propondo estudos sofisticados para "descobrir" por que aquela cidade fica cada dia mais quente, insuportavelmente quente.

Outra grande obra da engenharia anti-amazônica foi a ação de tratores sobre as areias da sacrossanta Alter do Chão, há um mês. Ali ficam as praias que já foram duas vezes apregoadas ao mundo como entre as 5 ou as 8 mais belas do Brasil. Depois de noticiada tamanha burrice (para dizer o mínimo), os tratores foram retirados. AGORA, CHAMEM OS TURISTAS, COM PACOTES ESPECIAIS PARA QUEM DESEJA ASSISTIR COMO SE DEVASTA A NATUREZA, A BELEZA E O BOM SENSO. Nem no inferno dá pra entender!
Terceira foto: Blog Quarto Poder

Sem terra relatam ameaças de pistoleiros e ataques aéreos com agrotóxicos no Pará

Disputa por terras é marcada por violência em Curionópolis. Perto de Marabá, famílias reclamam de intoxicação após sobrevoo

Por Daniel Santini
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e representantes da Plataforma Dhesca, articulação nacional de 36 movimentos e organizações da sociedade civil, denunciaram nesta quarta-feira, 10 de outubro, um ataque promovido por pistoleiros contra cerca de 280 famílias que vivem no acampamento Frei Henri, em Curionópolis, na região sudeste do Pará. "O simples fato de os moradores estarem se organizando e preparando a terra para plantar fez com que fazendeiros e pistoleiros cercassem o acampamento e promovessem um ataque, fazendo disparos, ameaças e colocando fogo em alguns barracos", afirma Isabel Rodrigues, da coordenação estadual do MST. O episódio é o mais recente de uma série de ofensivas contra camponeses da região, que, segundo o movimento, inclui até ataques aéreos com agrotóxicos (leia mais abaixo).
Acampamento Frei Henri, localizado dentro da propriedade Fazendinha, 
na margem da Rodovia PA-257. 

"Eles começaram a preparar a terra para o plantio de macaxeira e milho aproveitando as primeiras chuvas. Quando fizeram esta movimentação, os fazendeiros da região juntaram caminhonetes e se reuniram no que seria a sede da fazenda. Eles cercaram a área, deram tiros e queimaram barracos", detalha Sérgio Sauer, relator de de Direito Humano a Terra, Território e Alimentação da Plataforma Dhesca. Ele está no sudeste do Pará em missão para investigar denúncias de violações dos direitos humanos relacionados à terra e à reforma agrária e visitou o acampamento um dia antes do episódio.
Os fazendeiros negam o ataque. Procurado pela Repórter Brasil, Daniel Guimarães, filho de José Ulisses Guimarães, proprietário da Fazenda Marambaia, confirmou que houve uma mobilização por parte dos pecuariastas, mas afirmou, no entanto, que o grupo só se organizou para evitar novas ocupações. A Marambaia é vizinha à área conhecida como Fazendinha, onde as famílias estão acampadas. Ele afirma que os sem terra é que avançaram contra o grupo e chegaram a efetuar disparos. "Os produtores estão unidos, estamos sitiados mesmo e vamos resistir. Eles mandaram retirar todo o gado e disseram que iriam ocupar a fazenda, não aceitamos isso", diz.
Isabel Rodrigues, do MST, rebate a acusação de que as agressões partiram por parte dos agricultores: "Nossa intenção era abrir uma roça ao redor do acampamento para garantir a alimentação de todos. Eles não deixaram porque sabem que, com fome, o povo vai embora. Queremos apenas plantar".
Reforma agrária
De acordo com  Edson Bonetti, superintendente do Incra em Marabá, tanto a Fazenda Marambaia quanto a Fazendinha deveriam ser destinadas à reforma agrária. "O Incra vistoriou a Marambaia, a fazenda é improdutiva. O problema é que o proprietário entrou na Justiça pedindo a impugnação da vistoria e conseguiu uma liminar. Estamos impedidos judicialmente de dar andamento ao processo". O fazendeiro Daniel Guimarães nega que as terras da família sejam improdutivas e diz que a área é utilizada para a produção e corte de gado, inclusive com beneficiamento genético da raça Nelore. 

A situação legal da Fazendinha, onde as famílias estão acampadas, é ainda mais complexa. Os sem terra alegam que a área é terra pública ocupada de maneira ilegal pelos latifundiários. Os fazendeiros tentaram regularizar a propriedade recentemente por meio do programa Terra Legal fazendo o registro em nome de Darlão Lopes Gonçalves Pereira, genro de Dão Baiano, conhecido fazendeiro da região. "O problema é que Darlão já é assentado da reforma agrária e por isso não pode se beneficiar novamente. Assim, estamos apenas esperando o processo ser concluído para dar início a uma ação civil pública para destinar a terra para reforma agrária", afirma o supervisor do Incra, que relata dificuldades para fazer inspeções nas propriedades da região.
Ataque aéreo
A crise fundiária se extende por todo sudeste do Pará. Nas fazendas vizinhas a Marabá, segundo o supervisor do Incra, a situação não é diferente. "O Incra tentou vistoriar recentemente duas áreas pertencentes ao Grupo Santa Bárbara, as Fazendas Espírito Santo e Cedro, mas os proprietários conseguiram impedir a vistoria alegando que elas estão ocupadas e, por isso, conforme a Lei 8.629, não podem ser beneficiadas. Estamos tentando intermediar a situação, mas nem o Grupo Santa Bárbara, nem o MST colaboram. Continuamos impedidos de fazer vistorias e o movimento segue sem desocupar as terras", diz.

Acampamento Elenira Resende, na Fazenda Cedro, em Marabá. 
Foto: Acervo CPT Marabá

Foi na fazenda Cedro que, em junho deste ano, seguranças atiraram e atingiram 16 acampados. Após o ataque, os sem terra aceitaram deixar a frente da fazenda, mas permaneceram acampados em área próxima para pressionar pela desapropriação da fazenda. Assim como em Curionópolis, os fazendeiros alegaram na ocasião que estavam apenas se protegendo e que atiraram para evitar novas ocupações.
Segundo o MST, no acampamento que ainda resiste na fazenda Cedro aconteceu um ataque aéreo com agrotóxicos há cerca de dois meses. "Eles jogaram veneno em cima das pessoas. Três crianças foram internadas com intoxicação e todas as roças acabaram comprometidas. Esse tipo de ação tem sido muito comum, eles saem pulverizando veneno do campim e passam por cima dos acampamentos. Tem outros casos no sudeste do Pará", diz Isabel, da coordenação estadual do movimento.
A fazenda Cedro fica próxima ao local em que 19 trabalhadores rurais sem-terra foram mortos em 1996 no episódio que ficou conhecido como Massacre de Eldorado de Carajás. A propriedade é parte do conjunto de terras pertencentes à família do banqueiro Daniel Dantas, onde, em fevereiro deste ano, foram resgatadas cinco pessoas vítimas de trabalho escravo, incluindo um adolescente. (Repórter Brasil)