“O que seria, de fato, a preguiça? Segundo a definição encontrada nos dicionários, é a aversão ao trabalho; morosidade; negligência; moleza; indolência; vadiagem. Vemos que a preguiça tem muitos nomes, formas e manifestações. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, são também formas de preguiça a acídia e a tibieza. Afeta tanto os relacionamentos, a vida familiar, profissional, como também o relacionamento com Deus. Aos poucos vai minando o potencial que todo ser humano tem de se auto-superar.
A preguiça pode ser de maneira momentânea e passageira devido ao ritmo de vida. Ou se manifestar como uma fuga: não acreditar em si mesmo; não ter a disposição interior para enfrentar as adversidades; não estar convencido de que pode cumprir seu papel, fazer o que lhe compete; é a decisão de ficar isolado em um mundo particular e assim não sofrer. Essas atitudes demonstram imaturidade e a ignorância acerca de si mesmo, de sua natureza e de seu destino eterno. De todo modo, a preguiça é ausência de virtude”.
O texto em destaque, encontrei-o na internet. É assinado pela senhora Célia Garcia, sobre a qual não há uma única referência, como de praxe, no rodapé. Talvez seja uma pessoa responsável pela área de recrutamento e seleção de recursos humanos de empresas, com boa sensibilidade para sentir (e classificar) personalidades. O certo, mesmo, é que fala com propriedade sobre esse tema. Ela diz, por exemplo:
“A falta de gosto pelo trabalho é o que mais caracteriza a preguiça, não gostar de trabalhar e que só encontra no trabalho motivo de desgosto. (...) Já foi dito que na vida humana a preguiça se reveste de diversas desculpas: aversão ao estudo, falta de energia suficiente para disciplinar a vontade, o próprio corpo que se recusa a fazer sua parte... Uns não querem ter responsabilidade com o trabalho, procuram se envolver o mínimo possível com as obrigações.”
Agora, leitor, olhe aí no seu entorno e veja se consegue identificar um preguiçoso notório, que reúna os atributos de mentiroso compulsivo e esteja em permanente busca de afirmação junto a seus subordinados, nem que seja pela ameaça explícita de retaliação.
Repare, por favor, que esse preguiçoso é um perito em tirar o corpo fora quando lhe cobram deveres, obrigações. Ele tem sempre uma alternativa a sugerir, uma panacéia para nada resolver. É o rei da panacéia, palavra de origem grega que significa “remédio contra todos os males” – isto é, uma beberagem, uma simpatia, ou qualquer coisa que se acredite possa remediar vários ou todos os males.
Já observou que, modernamente, para administradores relapsos e preguiçosos a panacéia é a terceirização?
Tome, por exemplo, os resíduos sólidos. O lixo invade casas, cobre as ruas? Vamos terceirizar a coleta, de preferência com um arranjo que coloque em campo uma empresa com passado complicado. Para não atrapalhar o negócio, os oito mil urubus catalogados no lixão devem ser capturados e soltos a 100 km da cidade, para que não voltem. Mesmo sendo medida esdrúxula, deles estarão a salvo os aviões da Panair.
A merenda escolar é boa e premiada? Nada há que não possa ser piorado, com sua entrega, por R$ 76 milhões, a outra empresa cercada de histórias nebulosas.
A saúde pública é uma catástrofe? Sim, e não há dinheiro para pagar os médicos. Mas sobram em caixa (Caixa um! Caixa um!) mais de R$ 1.61 milhão – “até um pouquinho mais” – para contratar uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público para administrá-la!
Assim, por que não terceirizar também a Câmara, onde os vereadores fingem que trabalham, e o Executivo, em que menos ainda se faz?
Daí em diante todos poderão migrar para Araguatins não só no carnaval, ou ir fazer rally em Sunpaulo, ou mudar para Pasárgada, onde todos serão amigos do rei...