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terça-feira, 8 de maio de 2007

Bernadete e suas circunstâncias

Leio, enfim, no blog do Hiroshi Bogéa, a fundamentação usada para a condenação imposta pela Justiça Federal à deputada estadual Bernadete ten Caten (PT), por improbidade administrativa, incluindo a suspensão dos seus direitos políticos por cinco anos, e a outros três: Paulo Treviso, ex-assessor na Superintendência do Incra no Sul do Pará; Antonio Dias Leite (Leite Santos Eventos e Locações de Equipamentos Ltda.), Paulo Gondin Leal e Eventum Planejamento Ltda. “A sentença da Justiça Federal, diz Bogéa, condena Antonio Dias Leite e a empresa dele Leite Santos Eventos e Locações de Equipamentos Ltda; além de Paulo Gondin Leal e a empresa Eventum Planejamento Ltda, incursos nas sanções do Art. 10, II e Art. 11, II da Lei 8.429/92, as penas de ressarcimento integral do dano, no total de R$ 40.800,00 -, além de penas idênticas às aplicadas em Bernadete e Paulo Treviso.” E esclarece: “Antonio Dias Leite e Paulo Treviso são pessoas da extrema confiança de Bernadete Caten. O primeiro é o atual gerente da Setran em Marabá e é sempre escalado para as missões mais importantes do Partido dos Trabalhadores nas campanhas eleitorais.” Evidentemente, digo eu, da sentença cabe recurso - de sorte que a deputada Bernadete pode provar sua inocência. Seu histórico é de relevantes serviços prestados ao município de Marabá, como professora, secretária de Educação na administração Haroldo Bezerra e vereadora competente. Quando Bernadete assumiu a gestão fundiária, o que era um simples posto avançado do Incra transformara-se na SR-27 (Superintendência Regional) que é até hoje, com a mesma estrutura precária dos primeiros tempos; ou seja, multiplicou-se a abrangência da sua jurisdição mas tudo permaneceu como antes, no quartel de Abrantes: sem transporte, sem funcionários suficientes para a envergadura das novas responsabilidades. Muito antes de assumir, Bernadete foi hostilizada por setores do segmento agrário, que tentavam plantar na Superintendência o nome de João Batista, advogado do movimento pela reforma agrária. Lembro-me que MST e Fetagri chegaram a acampar na sede provisória do Incra (na Folha 33, ao lado da Celpa, porque a sede na agrópólis estava em reformas), mas ela sobreviveu. Na volta a seus assentamentos e acampamentos, um grupo dos insatisfeitos invadiu uma fazenda e disse que seguia ordens de Bernadete, que, inclusive, liberara óleo diesel para o transporte das famílias. Tudo orquestrado, naturalmente, mas Bernadete sobreviveu. Atirada à arena (ou circo) da luta pela terra, num órgão de gestão burocrática e que vai ao sabor da maré, por falta de uma política de vanguarda para a ocupação da terra, Bernadete enrolou-se, parece-me, principalmente por levar para assessorá-la militantes que, pouco depois, foram acusados de tirar proveito da bagunça, à sua revelia mas em seu nome. Sua condenação, em primeira instância, deve ser uma decorrência desses fatos.
Portanto, não vamos crucificá-la. Vamos dar-lhe um voto de confiança.

2 comentários:

Hiroshi Bogéa disse...

Compartilho tambëm com sua preocupaçao, Ademir. Dar um voto de confiança à deputada Bernadete, pela sua biografia, é o mínimo que podemos fazer diante das circunstâncias.
Detalhe: como sempre ocorre em início de mandatos, quer parlamentar ou Executivo, há sempre um brutamontes a impedir que a imprensa fale com seus superiores. Do momento em que tive em mãos resumo da sentença, tentei ouvir Bernadete para colocar na coluna do Diário a versão dela junto com o despacho do judiciário. Fiz três ligações para o celular dela. Todas cairam antes de concretizar o link. A deputada viu o número do meu celular tocar as tres vezes, tanto viu que em seguida ligou para seu gabinete e determinou a um assessor que entrasee em contato comigo já que eu nao conseguira falar com ela nas tentativas operadas. O samaritano da assesssoria de Bernadete ligou em seguida para o meu número e passou o comunicado, perguntando se eu poderia adiante "qual era o assunto que eu tinha para tratar com a parlamentar", já que ele (assessor) estava autorizado a reponder pela sua patroa.
Ora, diante de tão gravidade questão, ainda tive a delicadeza de dizer que ele, como assessor, não tinha nenhuma condição de se reportar ao assunto que eu gostaria de checar com a deputada, mas que se ela pudesse dar retorno, seria bastante interessante para os dois lados.
Se passaram 24 horas até o fechamento da coluna do Diário e a deputada petista não se dignou fazer a ligação.
Pensa, Ademir, se eu iria esperar pelo menos mais uma semana a boa vontade da Bernadete, e com notícia de tal monta em meu colo, correndo o risco de você tomar conhecimento da "bomba" para publicar em sua página deliciosa que publicas no Correio do Tocantins!. Estou doido? Ou varrido?
Um abraço, "titio".
Seu irmão.

Ronaldo Giusti disse...

Concordo com a abordagem feita na matéria sobre a deputada Bernadete. A propósito, leia a nota que ela divulgou ontem à impresa. Está no meu blog: www.blogdogiusti.blogspot.com