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sábado, 15 de setembro de 2007

Educação ignora realidade rural

O processo iniciado pela Seduc para a construção do Plano Estadual de Educação (PEE) poderia representar uma oportunidade histórica de reflexão, construção popular e democracia de propostas para uma educação pública de qualidade no Pará. Contudo, a forma como a secretaria tem encaminhado este processo não contempla a plena participação popular, dada a insuficiência das ações de divulgação e mobilização estabelecidas em cronograma que tende a restringir a ação de todos apenas a momentos e instrumentos meramente “formais”. Exemplo disso seria a realização de plenárias em um único dia por região, tempo exíguo que compromete a qualidade do debate, visto que até o momento, a Seduc não conseguiu sequer discutir o assunto nos municípios e nas escolas estaduais e nem mesmo fazer circular o documento base para orientar a construção do plano. Faltaria ainda a socialização de um diagnóstico preliminar sobre a situação da educação no Estado para subsidiar a intervenção dos interessados na questão. Esse o entendimento da UFPA, MST, Fetagri, Fata/Efa, Coopserviços, Sintepp/Marabá, Lasat, CPT, 4ª Ure e secretarias municipais de Educação de Marabá e Parauapebas, segundo Carta Pública divulgada esta semana como resultado da reunião do Fórum Regional de Educação do Campo, concluído em 20 de agosto recente. O Fórum se propõe como um espaço aberto e democrático de interlocução entre os movimentos sociais e instituições governamentais, daí porque faz críticas à educação oficial. Entende que a Seduc tem demonstrado dificuldades de coordenação do processo, apesar de centralizar a iniciativa e de insistir na elaboração do plano em curtíssimo prazo, desconsiderando “a necessidade de se escutar e reconhecer as demandas e experiências pedagógicas existentes nos diversos municípios do Estado.” O movimento da educação campesina tem crescido no Pará e demonstrado capacidade de mobilização, tanto através do Fórum Paraense de Educação do Campo, como nos Fóruns Regionais. Mesmo assim, seus agentes consideram ainda não estarem maduras propostas que possam consolidar-se num plano estadual imediato que inclua também a questão do ensino médio nesse segmento, assim como falta-lhes articular tais discussões com movimentos e organizações urbanas, tema de raros debates nos últimos tempos. É neste sentido que a carta pública pondera junto ao governo do Pará a necessidade de confirmar e divulgar oficialmente a agenda das plenárias; socializar imediatamente o documento base que subsidiará tal processo de construção; organizar equipes e disponibilizar recursos que permitam a mobilização dos municípios de forma mais dinâmica e a contribuição na realização dos eventos, inclusive na realização de mini-plenárias por bairros/escolas nas cidades médias como Marabá. “Insistimos – diz o documento - na importância de cuidar desse processo de construção do Plano porque entendemos que não se trata apenas da elaboração de um documento, mas de uma oportunidade de formação e reflexão, cujo processo precisa ser educativo.”

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