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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Em Marabá, história é só escombros

Na década de 50 do século passado, o prédio abrigava a escola estadual com seus meninos fardados em cáqui e talhe igual à roupa da Polícia Militar. No quintal, uma enorme cajazeira quase punha seus frutos janelas a dentro a encher de água e desejo a boca das crianças que chegavam às salas dos altos por uma larga escadaria de madeira com corrimão. Uma vez, certa manhã, uma vaca desgarrada foi parar nas salas inferiores instaurando o pânico. Enquanto ruminava pacífica e quieta, a vaca fez menino despencar amarelo como cajá no meio da praça então chamada Augusto Dias, onde ficava a papelaria Onça Pintada e, nos invernos, podia-se andar de canoa sob as mangueiras. A partir dos anos 70, do casarão fizeram delegacia de polícia civil com grades de ferro na parte de baixo, onde a urina ácida dos presos corroia seus tijolos maciços, de tal sorte que bastava um pontapé para arrancá-los da parede. Hoje, o que deveria ser um patrimônio histórico e cultural cuidadosamente preservado tornou-se uma ameaça pública. Abandonado há anos e em ruínas, sem que se lhe tenha dado o governo estadual qualquer destinação, o prédio pode desabar a qualquer momento, provavelmente com vítimas, já que fica entre agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, diariamente cheias de gente e de veículos estacionados à sua porta.

5 comentários:

Anônimo disse...

Querido Poeta,

fiquei olhando a foto e não quis me convencer que você fala da delegacia em plena praça Duque de Caxias. Mas, reli e reli o texto, e a localização dos bancos me fez ter certeza.

Embora seja responsabilidade do estado cuidar do seu patrimõnio, faria bem a Prefeitura dar um bm exemplo pro Governo dos Direitos. Quem sabe o novo Prefeito não pode receber esta sugestão, se dispor a recuperar o prédio e instalar ali um Ponto de Cultura ( a Deise participa na SEDUC dste programa do MINC)?

Uma das coisas boas aqui foi a transformação do famigerado presídio São José num centro de produção, difusão e comercialização de arte. E cultura.

Beijos.

Anônimo disse...

Mano Ademir,

A tua sensibilidade só não é maior que a tua competência para descrever, com tanta habilidade, essas sombras que anuviam esta terra, tão rica de história. Parabéns e um forte abraço.

Laércio Ribeiro.

Anônimo disse...

A ausência do poder público em determinados segmentos(e são muitos)é impressionante e causa indignação.
É imprescindível que tenhamos pessoas competentes e comprometidas,ocupando cargos estratégicos, caso contrário passaremos a ser testemunhas impotentes diante de monumentos medonhos igual ao mostrado neste post.
Parabéns!Ademir, pela denúncia

Anônimo disse...

PS: Boa noite, Poeta:

o projeto Ponto de Cultura é encaminhado pela SECULT e não SEDUC.

Abração.

Anônimo disse...

Aproveitando as denúncias, gostaria de comentar sobre um fato que tem me chamado a atenção. Há anos sofremos com a estrutura utrapassada e decadente do nosso aeroporto. Agora além do problema citado, perdemos completamente o estacionamento, ocupado por veículos de locadoras.
Como diria o Boris, é uma vergonha!
Não entendo por que a nossa imprensa se cala diante de mais essa usurpação.
Será que alguém pode me esclarecer.