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sexta-feira, 15 de maio de 2009

Nem morto agüenta

Verdade que não há motivo para fogos de artifício na Velha Marabá, quase toda submersa, muito menos nas imediações do cemitério de São Miguel, que deixou há anos de ser o descanso dos pioneiros. Não que eles, claro, se incomodem com traques ou com o descaso que os “novos pioneiros”, os tais “marabaenses de coração”, lhes devotam até mesmo por não conhecê-los. O problema agora é que qualquer pipoco é bala mesmo, das gangues em litígio, principalmente as do próprio bairro e a da Vila do Rato, pouco adiante, que resolveram acertar suas contas no meio do povo de bem. No domingo, Dia das Mães, não ficou ninguém no cemitério quando os vagabundos começaram a trocar tiros, uns do seco e outros chegados em rabeta pelo Itacaiúnas. Um morador diz que é guerra antiga, já vitimou uma jovem que ficou paraplégica, em cadeira de rodas, e um garoto de 16 anos que tomou um balaço no pescoço e que nada tinha a ver com a patifaria. “Se a polícia vem aqui, quando vem – diz um vizinho dos mortos – ninguém sabe ninguém viu, os tirinhos aí são invenção da imprensa, brincadeirinha dos mortos desde antigamente”. E os feridos? – “Nada não, moço, foi só um acidente, sabe como é...” Então, tá!

Um comentário:

Bia disse...

Bom dia, Poeta querido:

há meses leio e tento compreender a barbárie da violência urbana. Instalada em todas as cidaades, grandes, médias ou pequenas deste país, de norte a sul e de leste a oeste.

Acredito, há tempos, que Belém, por exemplo, pelo porte, tem uma violência maior e mais agressiva do que Rio ou São Paulo. E, como moro aqui há 13 anos corridos, vi a cidade abater-se.

Não tenho nenhuma dúvida, pelo que leio e vejo, que o tráfico comanda nosas vidas. E que, entre as causas de morte entre jovens, as chamadas "causas externas", vem prevalecendo há mais de uma década.

E vejo, surpresa, crescerem na área "nobre" de Belém, edifícios de um apartamento por andar, miraculosos empreendimentos que as famílias ditas "ricas" locais, não tem condições de consumir na totalidade. Quem está investindo nisto? E me pergunto: quem são hoje os novos donos do dinheiro do nosso estado?

Além dos talentosos Dantas, há outros. Muitos. Crescendo de forma espantosa, arrogantemente expostos. E ninguém sabe disso. Só eu, esta iluminada cidadã!!!

Como diz o nosso morador, "são tirinhos de festim". Festim de abutres, sobre o cadáver da nossa juventude, sob os olhos dos governantes e o silêncio da sociedade, até que a guerra lhes tome um dos filhos.

Aí, gritam, choram, berram nas cãmeras de TV, até que o esquecimento ou outra barbaridade nos espante.

Beijo, Poeta. Que Santo Ambrósio volte um dis da licenç´prêmio.