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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Falando em emancipação

Do prof. Manoel Dutra, em seu blog, domingo 23/10. Verifique as semelhanças com o Estado de Carajás. 

Estado do Tapajós - Vozes de ontem, o que dizem hoje? Estão calados? Na moita?

Reuni aqui algumas declarações que ouvi ou li nos últimos 20 anos a respeito da demanda por autonomia da região do Baixo Amazonas, rebatizada para Oeste do Pará.

São vozes de políticos e de empresários, líderes da classe.  Naquele momento, eram presença freqüente na imprensa, participando de debates que iam além de seus interesses apenas empresariais imediatistas.

Em agosto de 1995, durante a realização da audiência pública promovida em Santarém pela Comissão Especial da Assembléia Legislativa do Pará, os empresários locais foram representados por Ovídio Gasparetto, presidente da Amazonex, empresa dedicada à exportação de madeira.

Na ocasião, Gasparetto enfatizou ao mestre de cerimônia, que o havia apresentado como vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa): “Deixe a Fiepa fora disso, porque ela é contrária à separação”. E usou palavras particularmente adequadas ao ambiente e ao momento, segundo revela o jornal O Liberal de 31 de agosto de 1995:

“Ovídio Gasparetto disse, com todas as letras, que o governo do Estado mantém o Oeste do Pará a pão e água para  que a  região não se desenvolva e se emancipe. Falou sobre um lobby poderoso existente no sul do Brasil para que a rodovia Santarém-Cuiabá não seja asfaltada e o porto de Santarém não seja ampliado.

Dois anos depois, Gasparetto afirmou em artigo publicado em O Liberal com o título “Por que o Pará parou?”, de 6 de abril de 1997: “De tanto medo que o Oeste do Pará se emancipe e se crie o Estado do Tapajós, essa obra [a BR-163], de vital importância para o Brasil, permanece em estado de hibernação”.


Fernando Yamada, um dos dirigentes da maior empresa comercial do Pará, no jornal O Liberal de agosto de 1996:

...no caso dessa rodovia Santarém-Cuiabá, nós temos que tomar muito cuidado para que Santarém não se torne pólo de Cuiabá. O Estado tem que ser um estrategista, está certo. Isso é uma obrigação dos nossos governantes. É bom a rodovia para Santarém, mas nós devemos saber quais os efeitos práticos da obra. Ela pode fortalecer outra capital e não Belém. É preciso ter muito cuidado com isso, volto a repetir (Yamada, 1996: 3).

Bem antes, em 1991, o IDESP, que é (era) o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social do Pará, em sua revista Estudos Paraenses, de número 54, publicou extensa matéria assinada pelo pesquisador Sérgio Roberto Bacury de Lira, sob o título Cenários Sócio-Econômicos do Pará (1991-1995), onde se lê:

Boa parte do sentimento [separatista] da população da área [oeste do Estado] decorre do abandono a que ficou relegada pelo governo sediado em Belém, não apenas pelo reduzido volume de obras públicas, como até mesmo por manipulação na devolução dos recursos a que os municípios da região têm direito na partilha tributária, situação que, mesmo se não for real, é utilizada pelos políticos locais para reforçar os sentimentos autonomistas.

O Idesp, naquela mesma publicação, acredita que a implementação de investimentos no Oeste poderia fazer reverter o sentimento separatista e “modificar a imagem do governo paraense” no Baixo Amazonas.
E acrescenta:


O mesmo conceito se aplicaria ao asfaltamento da Santarém-Cuiabá, com a diferença de que essa obra, no caso de separação do Tapajós, não traria qualquer benefício ao Pará. Ao contrário, enfraqueceria ainda mais a função de entreposto comercial que Belém ainda desempenha.

Da sessão especial da Câmara de Vereadores de Santarém, em agosto de 1993, saiu a seguinte moção, com muitas assinaturas:

“Não nos desanimam nem intimidam as manifestações contrárias, e até oficiais, à criação de uma nova unidade federativa; ... os obstáculos estimulam-nos à luta e não descansaremos enquanto não despontar o dia histórico da emancipação”.

 É isso que está escrito na moção de apoio às ações do Comitê Pró-Criação do Estado do Tapajós, decidida em sessão especial da Câmara de Vereadores de Santarém, assinada pelos deputados federais Waldir Ganzer (PT) e Hilário Coimbra (PTB), deputados estaduais Geraldo Pastana (PT), Aldir Viana (PSDB), Benedito Guimarães, (PDS), Wilmar Freire (PMDB), pelo presidente da Câmara Municipal de Santarém, Waldomiro Fernandes dos Santos Filho, pelo presidente da Câmara Municipal de Juruti, pelo prefeito de Santarém, Rui Corrêa (PMDB), seguidos de 14 vereadores de Santarém, integrantes de diferentes siglas.
Onde estarão estas vozes hoje? Caladas? Escondidas? Na moita, à espera do que poderá acontecer após 11 de dezembro?

Do então prefeito de Santarém, Rui Corrêa, que não via vantagens no “desmembramento”, termo evitado pelos militantes talvez porque mais relacionado a separação e menos a autonomia. A declaração está em entrevista concedida ao Jornal Estado do Tapajós, em outubro de 1993:

Ainda não vi um estudo detalhado que comprove, através de números, qual seria o ganho econômico na hora em que você desmembrar. ... Qual seria hoje o custo dessa nova estrutura administrativa para a região?. O prefeito Rui Corrêa reafirmou sua convicção de que, mais importante do que o desmembramento do Estado, é o asfaltamento da BR-163.
Jáder Barbalho, quando senador, em seu gabinete de Brasília, assim respondeu à seguinte pergunta que lhe fiz em 1997:
“Na sua opinião, qual a importância do asfaltamento da rodovia Santarém-Cuiabá para os militantes da autonomia do Oeste do Pará?” A resposta:
Eu não tenho a menor dúvida de que haveria uma repercussão de natureza econômica de tal ordem em favor da região... O problema da região, para a sua transformação, se baseia em dois projetos: a pavimentação da BR-163, que viabilizaria o porto de Santarém como porto de todo o centro-oeste brasileiro, e o programa do Tramoeste, de energia [o chamado linhão de Tucuruí, cujo projeto prevê a extensão de linhas de transmissão desde a usina de Tucuruí aos municípios do oeste do Pará] ... Havendo a rodovia, viabilizando o porto de Santarém e a energia, eu não tenho a menor dúvida de que, com a alteração desses indicadores, seria precipitada de imediato a autonomia política.

O que dizem, ou diriam todos eles hoje, à exceção óbvia de um ou outro que já não se encontra mais neste mundo?

Um comentário:

Anônimo disse...

MEU CARO DAS 11:34, ACHO QUE ELES DIRIAM O SEGUINTE: BANDO DE DOIDOS O QUE VCS AINDA FAZEM COLADOS A UM ESTADO DOENTE, A UM ESTADO DE AGONIA, A UM ESTADO DE INDIFERENÇAS, A UM ESTADO DE SOBERBA, A UM ESTADO DE GOVERNO QUE NEM AO MENOS RECONHECE O VALOR DE UM PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO?
CRIEM VERGONHA NESTAS CARAS E SEPAREM-SE LOGO ANTES QUE NAO TENHA MAIS JEITO...
OU VÃO PREFERIR MORRER A MINGUA SEM AO MENOS TENTAREM?
Ó CARAMBA!