Casas destruídas em Racha Placa |
O protesto é contra a
situação de isolamento e abandono a que a multinacional submeteu os moradores
da vila, em função do seu Projeto S11D, já chamado de “novo Carajás”, a ser
tocado na Serra Sul até 2015, passando o escoamento de minério dos atuais 110
milhões de toneladas para 220 milhões de toneladas no primeiro ano da
efetivação da mina, e projeção para 280 milhões entre cinco a dez anos.
Por conta desse projeto,
nunca inteiramente debatido em audiências públicas com as comunidades
alcançadas, segundo organizações populares, A Vale duplica e expande a Estrada
de Ferro de Carajás nos municípios maranhenses de Itapecuru Mirim, Anajatuba,
Alto Alegre do Pindaré, Nova Vida, Bom Jesus das Selvas, Açailândia, Cidelândia
e Marabá, no Pará. Serão construídas 46 novas pontes, 5 viadutos ferroviários,
18 viadutos rodoviários e, no porto de Ponta da Madeira de São Luís, será feito
mais um píer para os navios de carga. “Para isso, a Vale almeja a remoção, ao
longo da via férrea, de 1.168 pontos de “interferências” intituladas pela
própria, tais como: cercas, casas, quintais, plantações e povoados inteiros”,
conforme reportagem do jornalista Márcio Zonta.
Segundo nota distribuída hoje
por CPT de Marabá, STR de Canaã, CEPASP e moradores da Vila Racha Placa, em
2010, a Vale comprou todas as propriedades do entorno da comunidade e exigiu
que os donos das terras vendidas destruíssem as casas que possuíam no vilarejo.
“Com isso, os melhores comércios, hotel, sorveteria, etc., foram jogados ao
chão. Cerca de 60 famílias pobres que moravam na vila e não tinham terra, mas,
garantiam seu sustento trabalhando nas propriedades vizinhas, ficaram sem
trabalho e sem alternativa. A estratégia da Vale era desestabilizar a
comunidade e, dessa forma, as famílias concordassem em sair da área recebendo
valores irrisórios”, dizem as entidades.
Os moradores se negaram a
sair e, num processo de organização apoiado pelo STR de Canaã, a CPT e Cepasp,
exigiram que a empresa adquirisse uma área e fizesse o reassentamento do grupo.
Exigiram ainda que ela pagasse um salário mínimo para cada família até que todas
fossem devidamente assentadas, em razão de ter sido a Vale a responsável pelo
isolamento de Racha Placa.
Em dezembro de 2010, a empresa
concordou em atender as exigências da comunidade: iniciou o pagamento de um
salário mínimo para cada família e adquiriu a terra para o reassentamento do
grupo. No entanto, passados um ano e meio, o acordo não foi cumprido e as
famílias continuam no mesmo local em situação de abandono e pobreza. Para
piorar ainda mais a situação, há quatro meses a Vale não paga a ajuda de custo
para as famílias.
Sem alternativa, os
prejudicados decidiram, na manhã de hoje, interditar a estrada de acesso ao projeto
S11D para exigir: o reassentamento das famílias até o mês de agosto; a retomada
do pagamento da ajuda de custo; a liberação do acesso às propriedades do
entorno da vila para coleta de alimentos; e retomada das negociações de outras
questões pendentes que a Vale não viria cumprindo.
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