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quinta-feira, 14 de junho de 2012

Em protesto, Racha Placa interdita estrada da Vale

Casas destruídas em Racha Placa
Uma centena de moradores da vila Racha Placa (ou Mozartinópolis), zona rural de Canaã dos Carajás, interditaram na manhã desta quinta-feira (14), a estrada de acesso às instalações do maior projeto de mineração da Vale, S11D, em implantação a 70 km da sede do município.

O protesto é contra a situação de isolamento e abandono a que a multinacional submeteu os moradores da vila, em função do seu Projeto S11D, já chamado de “novo Carajás”, a ser tocado na Serra Sul até 2015, passando o escoamento de minério dos atuais 110 milhões de toneladas para 220 milhões de toneladas no primeiro ano da efetivação da mina, e projeção para 280 milhões entre cinco a dez anos.
Por conta desse projeto, nunca inteiramente debatido em audiências públicas com as comunidades alcançadas, segundo organizações populares, A Vale duplica e expande a Estrada de Ferro de Carajás nos municípios maranhenses de Itapecuru Mirim, Anajatuba, Alto Alegre do Pindaré, Nova Vida, Bom Jesus das Selvas, Açailândia, Cidelândia e Marabá, no Pará. Serão construídas 46 novas pontes, 5 viadutos ferroviários, 18 viadutos rodoviários e, no porto de Ponta da Madeira de São Luís, será feito mais um píer para os navios de carga. “Para isso, a Vale almeja a remoção, ao longo da via férrea, de 1.168 pontos de “interferências” intituladas pela própria, tais como: cercas, casas, quintais, plantações e povoados inteiros”, conforme reportagem do jornalista Márcio Zonta.
Segundo nota distribuída hoje por CPT de Marabá, STR de Canaã, CEPASP e moradores da Vila Racha Placa, em 2010, a Vale comprou todas as propriedades do entorno da comunidade e exigiu que os donos das terras vendidas destruíssem as casas que possuíam no vilarejo. “Com isso, os melhores comércios, hotel, sorveteria, etc., foram jogados ao chão. Cerca de 60 famílias pobres que moravam na vila e não tinham terra, mas, garantiam seu sustento trabalhando nas propriedades vizinhas, ficaram sem trabalho e sem alternativa. A estratégia da Vale era desestabilizar a comunidade e, dessa forma, as famílias concordassem em sair da área recebendo valores irrisórios”, dizem as entidades.
Os moradores se negaram a sair e, num processo de organização apoiado pelo STR de Canaã, a CPT e Cepasp, exigiram que a empresa adquirisse uma área e fizesse o reassentamento do grupo. Exigiram ainda que ela pagasse um salário mínimo para cada família até que todas fossem devidamente assentadas, em razão de ter sido a Vale a responsável pelo isolamento de Racha Placa.
Em dezembro de 2010, a empresa concordou em atender as exigências da comunidade: iniciou o pagamento de um salário mínimo para cada família e adquiriu a terra para o reassentamento do grupo. No entanto, passados um ano e meio, o acordo não foi cumprido e as famílias continuam no mesmo local em situação de abandono e pobreza. Para piorar ainda mais a situação, há quatro meses a Vale não paga a ajuda de custo para as famílias.
Sem alternativa, os prejudicados decidiram, na manhã de hoje, interditar a estrada de acesso ao projeto S11D para exigir: o reassentamento das famílias até o mês de agosto; a retomada do pagamento da ajuda de custo; a liberação do acesso às propriedades do entorno da vila para coleta de alimentos; e retomada das negociações de outras questões pendentes que a Vale não viria cumprindo.
                             

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