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sexta-feira, 29 de março de 2013

Violência em despejo de acampamento do MST

O Estado agiu com truculência no despejo, segundo a denúncia.

Policiais militares da Ronda Tática Metropolitana – ROTAM, Tropa de Choque, Comando de Operações Especiais – COE, Corpo de Bombeiros e Perícia Criminalista da Polícia Civil realizaram ação de despejo no Acampamento do Movimento Sem Terra – MST na Fazenda Dom Bosco no município de Igarapé-Açu. Na manhã de terça-feira (26), 68 famílias ocupavam a Fazenda Dom Bosco a cerca de 45 dias reivindicando a criação de um assentamento de reforma agrária, haja visto que a área é uma antiga colônia estadual que foi reconcentrada de forma ilegal, segundo relato do Presidente do Instituto de Terras do Pará – Iterpa.
Segundo nota conjunta da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos – SDDH, Comissão Pastoral da Terra – CPT, MST e Comissão de Justiça e Paz da CNBB, a ação foi “marcada pela violência policial com casos de uso abusivo de força, retirada violenta de equipamento do fotógrafo que registrava em nome das entidades de defesa dos direitos humanos Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos - SDDH e Comissão Pastoral da Terra – CPT. A operação foi comandada pelo tenente-coronel Rosinaldo, da Rotam, que era também o mais exaltado e quem agredia os camponeses e membros das entidades com intimidações, xingamentos e ameaças”.
O fato mais absurdo, prossegue a nota, foi a invasão da propriedade legitimada através de um mandado feito às pressas pelo Juiz da Comarca de Igarapé-Açú Maurício Ponte Ferreira de Souza ordenando a invasão e destruição de estruturas de barracos de alimentação e estruturas como fogões de barro, assentos e mesas de refeição da família de dona Maria de Lurdes Cardoso da Silva em um lote de sua propriedade fora da área em disputa. Uma ação jamais vista em toda a história de brutalidade da luta pela terra no Estado do Pará, ainda mais se contarmos que a destruição de sua propriedade foi realizada pelos funcionários dos fazendeiros que grilaram a propriedade pública, demonstrando haver um forte e poderoso conluio entre o poder judiciário local, polícias civil e militar e fazendeiros da região.
Os movimentos sociais e de defesa dos direitos humanos irão apresentar uma representação contra o Juiz da Comarca de Igarapé-Açu por suas atitudes arbitrárias e autoritárias, além de denúncias contra as policiais envolvidas na ação pela violência e desrespeito aos direitos dos cidadãos que foram duramente violados. “Ações desta natureza devem fazer parte de um passado que temos que nos envergonhar e que projetaram o Estado do Pará ao topo do ranking das violações dos direitos humanos”, conclui a nota.

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