Pages

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Tipo assim...

PIB: Carajás já quase se equivale à RMB
Domingo, 08/09/2013, 07h37
A composição do Produto Interno Bruto (PIB) do Pará relativo ao ano de 2010, o levantamento mais recente hoje disponível, mostra que o interior assume um papel cada vez mais importante na formação da riqueza do Estado. O resultado disso está na perda de peso relativo da Região Metropolitana de Belém, que até pouco tempo atrás se impunha de forma avassaladora pelo seu poderio econômico.
Responsável pelo cálculo do PIB em parceria com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp) deverá divulgar em novembro próximo o PIB estadual de 2011 e, em dezembro, o PIB dos municípios. Esse levantamento, feito com base em dados oficiais, é um dos critérios utilizados nos cálculos que definem as cotas de partilha do ICMS, os coeficientes de distribuição dos Fundos de Participação (dos Estados e dos Municípios) e também dos fundos constitucionais.
O diretor de Estudos Socioeconômicos do Idesp, Cassiano Ribeiro, chama a atenção, na série que vai de 1999 até 2010, para a crescente participação da região de Carajás na evolução do PIB em termos nominais nas doze regiões de integração do Estado, as chamadas regiões administrativas. A região de Carajás, diz ele, é a que mais vem crescendo hoje no Pará, puxada principalmente pela disparada dos municípios de Parauapebas, Marabá e Canaã dos Carajás. Não por coincidência, os três maiores municípios mineradores do Estado.
Essa realidade, aliás, está traduzida em números. Em 2006, o PIB do Pará foi calculado em R$ 44,3 bilhões. Desse total, a Região Metropolitana participou com mais de um terço (R$ 15,6 bilhões), enquanto a região de Carajás, a segunda colocada, chegava a R$ 6,9 bilhões, ou 15,6%. Em 2010, apenas quatro anos depois, as duas regiões aparecem praticamente empatadas. De um PIB estadual de R$ 77,8 bilhões, a Região Metropolitana participa com 29,5% (R$ 22,9 bilhões), contra 28,2% (R$ 21,9 bilhões) da região de Carajás.
SUPERANDO BELÉM
Na composição do PIB por município, o dado que mais chama a atenção é o vertiginoso crescimento de Parauapebas, no sudeste do Pará, berço da indústria extrativa de mineração no Estado e hoje o maior produtor de minério de ferro do mundo. Em 2012, a Vale produziu na sua mina pioneira de Carajás 105 milhões de toneladas, e a projeção da empresa é alcançar dentro de quatro anos, quando entrar em operação a mina de S11D, em Canaã dos Carajás, um volume anual de 235 milhões de toneladas.
O fulgurante crescimento do PIB de Parauapebas elevou o seu produto interno de R$ 2,997 bilhões em 2006 para R$ 15,918 bilhões em 2010, valor pouco menor que o da capital, que teve uma variação no mesmo período de R$ 12,520 bilhões para R$ 17,987 bilhões. Mantida essa trajetória, pode-se prever que dentro de pouco tempo o PIB de Parauapebas estará superando o da capital. Algo não de todo surpreendente quando se leva em conta o poder avassalador que a cadeia mineral detém hoje no conjunto da economia paraense, responsável que é por cerca de 90% das exportações do Estado.
A pujança do setor mineral se revela também nos dados comparativos dos principais municípios paraenses em Produto Interno Bruto. Excluindo a capital, os dez primeiros do ranking abrigam nada menos que cinco municípios mineradores. Além de Parauapebas, já citado, figuram na lista Marabá (R$ 3,6 bilhões), Canaã dos Carajás (1,5 bilhão), Paragominas (1,2 bilhão) e Oriximiná (1,2 bilhão)
Também na lista dos maiores, mas sem relação direta com a indústria extrativa mineral, aparecem Ananindeua (R$ 3,6 bilhões), Barcarena (R$ 3,5 bilhões), Tucuruí (R$ 2,8 bilhões), Santarém (R$ 2 bilhões) e Castanhal (R$ 1,4 bilhão).
Dos 144 municípios paraenses, os que detêm o menor Produto Interno Bruto são São João da Ponta, com PIB de R$ 19,2 milhões em 2010, Santarém Novo (R$ 23,5 milhões), Peixe-Boi (R$ 26,4 milhões), Magalhães Barata (R$ 27,8 milhões) e Santa Cruz do Arari (R$ 28,7 milhões). A título de curiosidade, vale informar que o município de Melgaço, na ilha do Marajó, apontado em recente estudo da ONU como detentor do pior Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil, aparece em 106º lugar entre os municípios paraenses, com PIB de R$ 71,6 milhões.
DESCOMPASSO

Infelizmente para a sociedade paraense, porém, a geração de riqueza bruta que infla os números de alguns municípios, especialmente os mineradores, quase nunca se reflete em aumento da renda também para a população. Ou seja, o aumento da renda per capita não se dá no mesmo ritmo do crescimento do PIB – o que se explica, no caso dos municípios mineradores, pelo fato de ser a atividade minerária, por sua própria característica, altamente concentradora da renda.
Veja-se o caso de Belém. Embora tenha registrado um crescimento modesto do PIB no período de 2006 a 2010, a capital mantém um nível de renda per capita bem superior ao dos municípios do interior cujo Produto Interno Bruto está em crescimento explosivo. A renda per capita média da capital em 2010, segundo o estudo do Idesp, foi de R$ 853. Não chega a ser um número especialmente vistoso quando comparado aos de outras capitais e grandes cidades brasileiras, mas para os padrões da Região Norte pode ser considerado um patamar razoável.
A pior média da lista foi a de São João do Araguaia, com renda per capita de R$ 216, valor quatro vezes menor. Entre os municípios mineradores, o gigantismo crescente dos números relativos ao PIB não se repete com a mesma intensidade na composição da renda per capita. Parauapebas, por exemplo, registrou em 2010 uma média de R$ 627, contra R$ 527 de Marabá, e R$ 517 de Canaã dos Carajás. Ananindeua, vizinha da capital, ficou em faixa parecida, com R$ 564.
(Diário do Pará)


Nenhum comentário: