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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

No meio do campo, o espantalho

(Ademir Braz) No meio das coisas que não me afligem nem me despertam, provo deste sentimento de perda e dessa coisa-angústia. De que importam os sorrisos que encontro, as mãos que me estendem essas promessas inconfessáveis, se penso unicamente em ti, se ouço apenas tua voz a despertar-me infinitudes esquecidas e agonias soterradas? Eu nada sei, sequer de mim. Mas aqui, agora, no meio de todos esses estrangeiros da minha dor, no meio dessa alegria venal com que me disfarço, eis que vos dou a resposta: é inútil o gesto de procurar teus olhos na multidão.

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