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sexta-feira, 25 de julho de 2008

“Atingidos pela estrada” denunciam Vale

Em parceria com o Ibama, a Vale do Rio Doce garante a proteção do mosaico de Unidades de Conservação de Carajás (1,2 milhão de hectares), formado pelas Reerva Biológica (Rebio) do Tapirapé, Terra Indígena Xikrin-Caeté, Floresta Nacional de Carajás, Floresta Nacional de Tapirapé-Aquiri, Floresta Nacional de Itacaiúnas e Área de Preservação Ambiental (APA) do Igarapé Gelado, incluindo a elaboração de planos de manejo. Em seu site, a Vale garante que sua intervenção na Floresta Nacional (Flona) de Carajás, e demais unidades de conservação que a circundam, “não ultrapassa 2% de 411.000 hectares”. Não obstante, cerca de 200 famílias agricultoras instaladas na APA do igarapé Gelado, algumas das quais integradas ao Sistema Agro Florestal (SAF), não escondem o receio de prejuízo com a construção do ramal ferroviário que ligará as minas de cobre do Projeto Salobo, em Marabá, à rede de trilhos em Parauapebas, por onde será escoado o minério dali retirado. A estrada, dizem os lavradores, foi planejada justamente na divisa da APA com o Projeto de Assentamento (PA) Paulo Fonteles, destruindo o cultivo pelo menos daquelas duas centenas de agricultores familiares. Apesar desse risco iminente, acusam, a Vale e a Prefeitura de Parauapebas estão em tratativa apenas com moradores que não serão afetados pela obra, exaltando o suposto desenvolvimento que será levado àquela área pertencente, aliás, ao município de Marabá. Por questão de economia, a estrada prevê a eliminação máxima de curvas, e o que querem pagar de indenização pelo metro quadrado foi reduzido de R$ 3,00 para R$ 0,41. “Os camponeses estão se organizando no movimento dos "Atingidos pela Estrada" e prometem resistência – diz uma fonte. Numa outra frente, a Fundação Vale está se intrometendo na elaboração de um projeto de educação agrotécnica em que os agricultores da APA estavam trabalhando, com a ajuda da UFPA, para a instalação de uma Escola Família Agrícola (EFA). A Fundação Vale repassou dinheiro para a associação dos produtores (Aproapa) comprar a área para a escola, colocou seus técnicos para elaborar projeto de um Centro Olímpico com uma Escola Agrotécnica e sugerem ao presidente da entidade - que só anda para cima e para baixo com o presidente da Fundação -, que deve ser criada uma entidade não governamental sem fins lucrativos para que possam ser realizados empreendimentos e outros benefícios aos colonos. A Fundação faz uma pequena exigência: nada de Pedagogia da Alternância, nada de EFA”.

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