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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Crônicas do risível insólito

Desilusão A ilustre senhora Solange do Ouvidor, gaúcha de origem e religiosa como uma freirinha, tratava a leite de pato meia dúzia de galinhas tão exibidas que só cacarejavam em francês. A intenção era degustá-las no Círio marabaense ou na festa de Valois, o rei da selva, ou no fim do ano em companhia da família. Não deu. E diz-se que as penosas cacarejavam em francês porque não cacarejam mais: um ladrãozinho ateu e sem cerimônia catou-as e foi vendê-las bem em frente ao supermercado do bairro, a preço de banana.(Ademir Braz) O amor é lindo Os namorados nada sabem do casamento e, casados, esquecem o namoro. Palavras de Drummond que, viúvo e sábio, nunca mais se casou. Casamento e poesia definitivamente não dão certo. Pelo menos no caso do Quincas Nogueira, para quem poesia e poetas são uma frescura só, e ele preferia mesmo era chegar em casa bêbado e tratar Ana Kátia aos coices, coisa que fazia com método rigoroso ao longo de cinco desesperadores anos de convivência. Daquela vez, contudo, Kátia foi à polícia. Reclamou, chorou, exibiu as marcas do desamor. Depois voltou para casa. Não sem antes esclarecer ao delegado, com uma pontinha de vaidade, que tudo – a surra, os coices, a grosseria – é fruto do ciúme do Quincas. O delegado fez “fummm!”, pelo nariz. (Ademir Braz)

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa noite, Poeta:

nada como suas crônicas do cotidiano para aliviar esse dia!

Abração.