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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A fala de um migrante

O texto abaixo é o comentário de um anônimo residente em Marabá há três décadas, postado na crônica "Confio muito em Deus, mas..."
Trata-se de um ponto de vista muito importante, sobretudo porque destoa do lugar comum, dos que só pensam em si mesmos. Leiam e meditem:

"Vou dar uma opinião sob a ótica de migrante. Antes de tudo quero informar que resido aquiexatos 30 anos. Embora tenha nascido noutro estado, fui praticamente criado aqui, pois para vim com 13 anos de idade. É uma situação complicada para Marabá. Eu, na minhas conjecturas, penso que isso deve-se ao fato da cidade ter em sua maioria uma população migrante. Inclusive os filhos da terra são filhos, netos e bisnetos de migrantes. Acredito que o migrante quando chega aqui e encontra certos dizeres do tipo "filhos de Marabá", ele sente-se como sendo um penetra em uma festa que não foi convidado. Ele vem com sonhos, e quando chega percebe que os sonhos são difíceis de realizar: ter uma casa própria, trabalhar num imóvel comercial próprio. O migrante, que vem pra trabalhar e prosperar, não encontra apoio na terra. Ele não consegue criar vínculos, raízes nessa terra. Então ele vira os ombros para os problemas que assolam a terra. Idem para os "filhos da terra", que também não morrem nem um pouco de paixão por sua mãe. Se a amassem, não a sacaneariam.
Vejam que quando têm oportunidade, eles botam pra quebrar a mãe. No fim, penso que todos pensam em juntar o máximo que puderem, pra num eventual naufrágio da barca, eles saltarem fora bem rapidamente com suas arcas cheias de dinheiro. Na verdade, 99% das pessoas nessa cidade, parecem aguardar sua vez na fila da dilapidação do erário. Os políticos todos comprometidos. São eleitos e reeleitos com financiamentos e compra de votos.
Alguns perpetuaram-se no poder de forma que sairão de , mortos e de morte natural. Esperam viver eternamente.
E se deixarem o osso por algum outro motivo que não seja de morte, deixarão a seus descendentes, os quais estão sendo preparados em boas escolas, fora da cidade que eles tanto alardeiam amar, da qual estufam o peito para se denominarem seus especiais filhos.
A educação que eles apregoam ser boa, não educa a seus filhos.
A saúde que dizem estar melhor que antes (nunca foi boa), não trata da saúde de seus filhos. quando seus "filhinhos", futuros herdeiros da aldeia, têm um leve resfriado, correm para Belém ou outro estado da federação em busca de médicos.
É assim que eles amam à sua terra. A educação, saúde e segurança pública, deixam para a escória, que são o restante da população que não tem negócios com eles. Foi assim, é assim, e parece que nunca terá fim.
De fato toda autoridade humana provém de Deus. Aliás, tudo provém d’Ele. Mas isso não significa dizer que Ele esteja de acordo com o que as autoridades terrenas fazem. Ele também não vai mandar um raio na cabeça dessas autoridades e parti-las ao meio.
Cabe à população fazer as mudanças.
O problema é a população "faminta" entender ou ao menos querer ouvir sobre a necessidade da mudança. Em período de eleição qualquer litro de gasolina, consulta, exame, saco de cimento, areia, seixo, tijolo, telha, promessa de emprego no serviço público, etc, vale um voto.
São milhares de desesperados. Deus não compactua com esses governos terrenos e nem irá depô-los.
 Como disse, cabe a nós a deposição desses indigestos."

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