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sábado, 24 de dezembro de 2011

Aos leitores e amigos

 Com o desejo de realizações plenas, dedico este velho sonho:


Outros tempos
                                          (A meu filho Giordano Bruno)
Ademir Braz


Dona Carmina, em sua pobreza,
fazia um presépio na sala
onde Basílio armava
discursos grandiloqüentes.

(Basílio[1] era um deles;
Pedro[2] e Cursino[3], os outros,
os três reis negros de gênio,
que incendiavam o Fórum
quando inda havia Justiça).

O povo todo amava
O presépio de Carmina!...
Seus bois, carneiros, burricos
(que a gente conhecia
entre cercas de outros donos)
eram também dos vizinhos,
eram meus e de quem mais.

Às vezes, tinha a luz,
Se do presépio não sei,
Ou se do meu coração;
Sei que o Menino ficava
Cheio de luz na casinha
Onde morava Carmina.
E que beleza, meu Deus,
Esse Menino risonho
Na conchinha de capim!

Quando eu crescer,
terei assim um pretinho
que vai roubar as goiabas
no quintal de nhá Carmina
e falar muito bonito
como fala seu Basílio!”

Pedro, Basílio, Cursino
foram-se todos no tempo,
os magos e seu encanto.
Pretinhos, eu os tive,
e cresce a prole vizinha,
e quando fizer-se o tempo
(e o tempo está se fazendo)
rebentaremos porteiras
dos bois, burricos reais,
carneiros da realeza,
E cercas são servirão.
E a começar desse dia
Será Natal todo dia
será Natal cada ceia
em torno à luz da candeia.
********


[1] Basílio dos Santos, rábula, às vezes defendia réus por delegação judicial.
[2] Manoel Pedro de Oliveira, juiz de Direito.
[3] Cursino de Azevedo, promotor público.

Um comentário:

Anônimo filho de Marabá disse...

Adémir, obrigado pela belissima mensagem. Tenha um Feiz Natal, e que, o Menino Jesus, que acabou de nascer, te proteja, e lhe abençoe junto a seus familiares.Um forte abraço!