Ex-servidores
da extinta Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam) poderão
receber indenização de R$ 100 mil caso tenham sido contaminados pelo
dicloro-difenil-tricloroetano (DDT). A possibilidade de indenização, que também
pode beneficiar familiares de funcionários já falecidos, consta da Proposta de
Emenda à Constituição 17/2014, de autoria do senador Valdir Raupp (PMDB-RO),
que aguarda relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).
A
intenção é compensar os ex-“guardas da Sucam”, funcionários que aplicavam o DDT
no combate a doenças endêmicas como malária e febre amarela. Esses agentes de
saúde tinham contato direto com a substância, altamente tóxica, mas utilizada
em larga escala no Brasil durante décadas, até o início dos anos 1990,
principalmente na Região Norte.
A
PEC acrescenta o artigo 54-A ao Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias da Constituição, concedendo não apenas a indenização, mas também
tratamento médico e psicológico aos ex-servidores da Sucam, portadores de
doenças graves em decorrência de contaminação pelo inseticida.
Ao
justificar a iniciativa, Valdir Raupp explicou que atualmente a fabricação,
importação, exportação, manutenção em estoque, comercialização e uso do DDT
estão proibidos em todo o Brasil graças à Lei 11.936/2009, proposta pelo
ex-senador Tião Viana (PT-AC). À época da publicação da lei, mais de 40 países
já haviam banido a utilização do produto, por constatarem que ele atacava não
somente as pragas agrícolas ou vetores de doenças contra os quais era
empregado, mas destruía, indiscriminadamente, outras espécies da fauna e da
flora nativas.
–
O Estado brasileiro baniu de seu território um produto mundialmente conhecido
como nocivo ao meio ambiente e ao ser humano sem, entretanto, cuidar da saúde
daqueles que foram prejudicados pela negligência nacional – argumentou o
senador, lembrando que muitos trabalhadores que manusearam o DDT morreram ou se
encontram inválidos em decorrência da contaminação.
O
tema já foi discutido pelo Senado em audiência pública realizada pela Comissão
de Direitos Humanos (CDH) em outubro de 2011.
De
acordo com a proposta de Valdir Raupp, a União deverá elaborar um programa de
tratamento médico e psicológico aos ex-servidores e seus familiares, desde o
diagnóstico inicial das doenças até o final da vida.
Depois
de analisada na CCJ, a PEC precisará ser aprovada em dois turnos no Plenário do
Senado e também da Câmara dos Deputados, com aprovação mínima de três quintos
dos votos em cada uma das Casas. (Agência Senado)
Um comentário:
Demir, tive oportunidade de conviver alguns dias, varios anos atrás, com alguns afetados pelo DDT. De lá prá cá, alguns já morreram, outros enveredaram pelo alcoolismo no âmbito familiar, pois sem ereção, perderam as esposas e vai por aí. Embora tardia, a decisão pode beneficiar muitos desde que haja uma indenização e o governo se responsabilize tambem pelo tratamento. Em 01.07.14, Mba.-PA.
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