TCM desaprovou contas da construção do prédio da Câmara |
Através do promotor Júlio César Costa, de Defesa da
Probidade Administrativa, o Ministério Público do Estado ajuizou Ação de
Responsabilidade Civil Pública contra a presidente da Câmara Municipal de
Marabá, vereadora Júlia Maria Ferreira Rosa Veloso; Multisul – Construções e Incorporações
Ltda., responsável pela construção do novo prédio do Legislativo; e Bertillon – Serviços Especializados Ltda., empresa
de vigilância e transporte de valores, ambas com sede em Belém.
A ação ampara-se em processo (n. 0420022010-00) oriundo do Tribunal
de Contas dos Municípios (TCM/PA), onde foi apreciada e negada por unanimidade aprovação
à prestação de contas do exercício de 2010 da Câmara, então presidida por Júlia
Rosa. Segundo o Acórdão n. 24.381, de 27.01.2014 , do tribunal, face a
realização de despesas e atos considerados
irregulares do ponto de vista financeiro e contábil.
No voto condutor do acórdão unânime, Conselheiro Daniel
Lavareda Reis, houve “dano ao erário referente ao pagamento ilegal nas
contratações das empresas Bertilon e Multisul; remessa intempestiva dos 1º e 2º
quadrimestres; contas irregulares em função de ato praticado com grave infração
à norma legal.”
Sobre a Multisul, o voto relata que foi firmado acordo
aditivo, o sexto, em 01/06/2010, “acrescentando o valor de R$ - 648.438,71” de
forma irregular, e que, “considerando que ficou prejudicada a formalização da
continuidade contratual devido a ausência dos demais aditamentos (1º ao 5º),
valendo ressaltar que há presunção de que estes alteram o valor global do
contrato, haja vista que o montante pago até o 1º quadrimestre de 2013 (R$
4.993.956,28) superou a soma do contrato principal e 6º aditamento (R$ -
4.446.115,64) em R$ 547.850,64, valor este
que representa adição de 12,32% aos pagamentos sem cobertura contratual”
Em relação à Bertillon, com a edição do 4º aditamento
ocorreu a superação do “limite legal de R$ - 650.000,00, para as licitações na
modalidade Tomada de Preços, em grave desacato ao art. 23, II, “b”, da Lei n.
8.666/93” (Lei das Licitações).
O voto condutor do acórdão determinou, dentre outras
providências, aplicação de multa no valor de R$ 1.292.923,59 pelo “dano causado
ao erário em decorrência de pagamento ilegal nas contratações das empresas.
Para o Ministério Público, Júlia Rosa “proporcionou
vantagens financeiras indevidas às empresas, contra expressa vedação legal,
alterando o valor inicial da modalidade licitatória por intermédio de
prorrogação contratual (aditivos) e também incluindo no objeto de contrato em
voga, itens que não estavam previstos desde a deflagração do processo
licitatório, e com isso lesou o bem jurídico protegido pelo dispositivo
consignado na legislação em vigor, que visa em última instância, a preservação
da moralidade, da legalidade e da probidade administrativas na esfera pública.”
Penas pesadas
Em consequência, pede o MP que Júlia Rosa e as duas empresas
sejam condenadas ao ressarcimento integral do dano causado ao erário nos termos
e nos valores referidos e perda dos bens ou valores acrescidos ilegalmente ao
patrimônio de particular e/ou do agente público autor do ato ilícito.
Às empresas, a condenação inclui proibição de contratar com
o Poder Público ou receber benefícios fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de cinco anos.
O gravame para a parlamentar Júlia Rosa é mais amplo: perda
da função pública; suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos; pagamento de
multa civil de até duas vezes o valor da remuneração percebida pelo agente
público.
Como se não bastasse, o MPE também ofereceu denúncia, na 5ª Vara
Penal de Marabá, contra Júlia Rosa, presidente da Câmara, lastreado no mesmo
procedimento administrativo proveniente do TCM, pedindo sua condenação (duas
vezes) à pena de detenção, de dois a quatro anos, e multa, segundo o art. 92 da
Lei de Licitações; juntada de certidão de antecedentes e primariedade da ré;
fixação do valor da reparação do dano em R$ 1.292.923, 59.
2 comentários:
Dr. Ademir, há um processo vicioso de malversação do dinheiro público na CMM, desde outros presidentes até hoje. Faz-se necessario investigação profunda nos demais setores da Casa. Existem funcionarios, principalmente da Tesouraria, Almoxarif./Manutenção, que anos a fio, exibem carrões de mais de RS100 mil e volta e meia estão "passeando" pelo States. Olho tambem neles, mesmo porquê, normalmente, as transações passam pela Tesouraria. Considere-se que Julia Rosa é ex nora da Tesoureira, a qual tem filha com Tony Rosa(filho de Julia). Em 26.07.14, Marabá-PA.
a CMM além de sustentar vereadores de competência duvidosa,trás a reboque seus familiares,alguns sobrevivem de alugar carros para a câmara,sendo que esses veículos são utilizados pelos próprios proprietários que são nomeados pelos gabinetes de seus "honrados"vereadores,assim sendo,fica difícil encontrar quem moralize a CMM já que a prática do ilícito é corriqueiro entre os parlamentares municipais.
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