Esta
tem sido uma semana muito bagunçada. Embora o preço da tarifa seja o mais alto
do Brasil, a falta de energia da Rede Celpa virou rotina com prejuízos no
comércio local e na vida particular dos consumidores. A esses ainda acumula o
sumiço da água na torneira sempre que a luz da Celpa vai embora (não se sabe
para onde).
Na
quinta-feira, morador da Folha 17 saiu do sério com empresa que faz podagem de
qualquer jeito nas árvores inquinadas de provocar curto-circuito na rede. A
terceirizada ancorou veículo com braço mecânico, ergueu por cima do muro e
introduziu no jardim do cidadão dois homens armados de motosserra que
imediatamente começaram a cortar galhos de oitizeiro e a deixá-los cair sobre
os vasos de planta na garagem da casa.
Irritado,
o cidadão sem água, sem luz e rua entulhada de lixo não recolhido pela
prefeitura, saiu na calçada de arma em punho: uma câmera fotográfica a disparar
flashes contra carro, alpinistas, galhos decepados.
Azuado, lembrou que podagem
anterior aproveitou-se de sua ausência e destruiu-lhe jardim, roupas no varal, vasos
e estacas de orquídeas, deixando os entulhos que só foram recolhidos quando ele
mesmo pagou braçais e carroças para esse serviço.
Um
dos trabalhadores ponderou que eles apenas cumpriam ordens e o cidadão sem
água, sem luz e rua entulhada de lixo disse entender e por isso não estava a referir-se
especificamente a eles, mas à droga de concessionárias do serviço público sem
um mínimo de respeito or quem quer que seja.
Entre
mortos e feridos, salvaram-se todos e cada qual seguiu seu rumo: os da
motosserra não se sabe para onde; o cidadão cobriu o nariz com um lenço e
enfrentou a podridão matinal do lixo espalhado no chão e a derramar-se das
gôndolas cravadas na calçada das residências.
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