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sábado, 5 de março de 2011

Belo Monte e as perguntas sem respostas

Paulo Leandro Leal*
No Brasil, qualquer causa que pareça simpática ganha, imediatamente, o engajamento da mídia, de artistas e intelectuais.  Não foi diferente com a luta travada contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Vasculhando a Internet, parece mesmo que um grande monstro está sendo programado para destruir a boa vida de índios e ribeirinhos, que pelo que parece, vivem em um verdadeiro paraíso. Entretanto, para quem sabe que não existe almoço grátis, é necessário perguntar quem paga a conta desta milionária campanha midiática contra o empreendimento energético mais importante do Brasil nas últimas décadas.
Sabemos que uma miríade de organizações não governamentais lidera a mobilização contra Belo Monte. São tantas que podem chegar aos milhares, acreditem. Será que todas elas são entidades preocupadas com o bem da humanidade, com a vida dos índios e com as pessoas da região? De onde vem o dinheiro que banca toda esta mobilização? Quem paga as viagens de indígenas à Europa para fazerem propaganda contra a usina? Estas são perguntas que deveriam ser feitas pelos seguidores de boas causas ou pela nossa engajada mídia tupiniquim, antes de sair por ai gritando “fogo na floresta” e vendendo Belo Monte como um projeto desastroso.
São muitas as publicações que apontam para um conluio entre organizações do terceiro setor, grandes grupos empresariais e governos de países desenvolvidos, que se esforçam para impor uma agenda ecologista ao mundo em desenvolvimento. Agenda esta claramente anti-desenvolvimento, baseada na obstacularização de obras de infraestrutura, especialmente do setor energético. Muitos sabem destas publicações, mas preferem tratá-las como teorias da conspiração fantasiosas, como se o mundo fosse mesmo este paraíso onde as pessoas estão sempre preocupadas com o bem das outras e interesses comerciais, financeiros e políticos não estivessem quase sempre à frente de grandes mobilizações.
Acreditar que a luta contra Belo Monte é uma mobilização de pobres e sofridos indígenas e ribeirinhos para salvar o seu belo rio é de uma ingenuidade inacreditável. Será que a nossa imprensa acredita mesmo que não existe nenhum outro interesse por trás disso? Será que pensam que os dólares que bancam esta bem planejada operação de marketing nascem nas árvores ao redor do Xingu?  É difícil acreditar que toda a nossa mídia estaria envolvida em uma operação como esta é mais fácil e talvez mais cômodo acreditar que se trata de um bando de ingênuos ou, pior, pessoas ideologicamente preparadas para difundir conteúdo favorável a uma causa, esta muito maior do que a própria usina de Belo Monte.
Sabemos que um tal movimento Xingu Vivo aparece à frente da luta contra a usina, mas poucos sabem que, de fato, as ações são decididas bem longe do Xingu, em salões climatizados da Europa e da América do Norte. É de que saem os eco-dólares que pagam as contas desta campanha. Há poucos dias, por exemplo, o Greenpeace estava a procura de uma pessoa para fazer a assessoria do Xingu Vivo, em Altamira. O bom salário seria pago pela ONG estrangeira, é claro, mas ninguém na redação dos nossos jornais vai se preocupar com isso na hora de reproduzir de forma fidedigna o conteúdo produzido por esta assessoria. Trata-se de uma verdade absoluta.
A mídia manipulada pelas ONGS faz muitas perguntas sobre Belo Monte, mas podemos encontrar respostas técnicas para todas elas, mesmo que algumas não sejam positivas. Afinal, é certo que um empreendimento deste porte provoca muitos incômodos, assim como aquela sua reforma na casa ou apartamento incomoda o seu vizinho.  No entanto, algumas perguntas continuarão sem respostas simplesmente porque não são feitas.
* Empresário e jornalista

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