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quarta-feira, 28 de março de 2007

Carajás, estado intransitivo

Presidente da Associação dos Municípios do Araguaia-Tocantins (Amat), o prefeito Darci Lermen (Parauapebas) remeteu ofício este mês ao Coordenador de Projetos da Fundação Getúlio Vargas, Antônio Luiz Begato Fernandes, consultando-o sobre a possibilidade de a FGV elaborar estudo de viabilidade sócio-econômica e política que atestasse de maneira científica e com metodologia adequada, a possibilidade da criação de um novo Estado na região Sul/Sudeste do Pará. A Amat, informa Lermen, congrega 38 municípios numa área de 284.718 km² com 1,4 milhão de habitantes, representando “indiscutivelmente um potencial incomparável sob o ponto de vista ambiental e detém inigualável biodiversidade, que traz para si a cobiça de interesses internacionais em função da grandiosidade de riquezas ainda não totalmente conhecidas pelos brasileiros.” Darci Lermen está convicto de que o potencial da Amazônia, ainda palmilhado por institutos e organismos de pesquisa nacionais e internacionais, tem induzido um modelo de desenvolvimento, a partir da exploração dos recursos naturais, equivocado ao nosso ver; mas, é a ausência do Estado em que nossa maior preocupação está focada”, por isso considera “inadiável a discussão de um nova realidade geopolítica para a Amazônia, a começar pelo Pará”. Leia, abaixo, o principal texto da correspondência remetida à Fundação Getúlio Vargas: “Observamos baixos índices de desenvolvimento humano, a utilização irregular dos recursos naturais, a ocupação desordenada das terras, a insegurança territorial, os incalculáveis danos ambientais, a insegurança jurídica, os conflitos pela posse da terra que já custaram a vida de centenas de brasileiros que lá se dirigiram atendendo um chamamento do Governo Federal nos anos 70. Mas, lamentavelmente, o que se viu passados décadas, foi a ausência quase que por completa do governo e seus organismos de desenvolvimento. O Pará é formado por 143 municípios, sendo que alguns deles possuem área territorial superior a de muitos estados e, até mesmo, de alguns países. À guisa de exemplo, cabe citar que pelo menos seis municípios paraenses chegam a ser mais extenso que países como a Costa Rica, a Holanda e a Suíça. Em termos regionais, está dividido em 6 mesorregiões e 22 microrregiões. A formação das mesorregiões leva em conta principalmente as semelhanças econômicas, sociais e políticas, enquanto as microrregiões consideram a estrutura produtiva de cada comunidade econômica. Em resumo, o Pará, há 380 anos já demonstrou ao seu povo, destarte os esforços de sua classe política, que é inadministrável sob o ponto de vista das boas práticas da administração pública. Consciente desta importância, a partir de decisão de um grupo político suprapartidário, liderado pelos deputados federais Giovanni Queiroz, Asdrúbal Bentes, Wandenkolk Gonçalves, Zequinha Marinho e Bel Mesquita, dezenas de deputados estaduais, trinta e oito prefeitos, centenas de vereadores e inúmeras lideranças comunitárias e desta entidade, solicitamos a possibilidade desta conceituada instituição, elaborar um estudo de viabilidade sócio-econômica e política que atestasse de maneira científica e com metodologia adequada, a possibilidade da criação de um novo Estado na região Sul/Sudeste do Pará.” Finalizando, Darci Lermen disponibiliza para a fundação, caso aceite realizar os estudos técnicos, a infra-estrutura existente nos escritórios da Amat tanto em Belém quanto em Marabá.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bola cheia para a Amat.

A questão da divisão territorial do Esado do PArá, especialmente a criação do Estado de Carajás deve ser tratada não só sob os efeitos das urnas eleitorais.

Semprei acreditei que é na Política e pela Política que as transformações na sociedade aconteceram e acontecem.

Mas a maioria dos movimentos de emancipação que tenho conhecimento sempre foram influenciados por sentimentos oportunistas relacionados com a busca do voto.

Pura demagogia.

Com a iniciativa da Amat, que esperamos não fique só no papel, a discussão quanto à emancipação do Estado de Carajás ganhará cientificidade econômica e social, fundamentos que ratificarão o sentimento populacional de divisão, por conta não só dos vários problemas sociais que vivemos, mas, principalmente, pela indignação nossa de cada dia, em ver a desproporcionalidade de investimentos em políticas públicas estaduais na região face ao desenvolvimento e potencialidades econcômicas do Carajás.


ROBERTO SALAME FILHO

Ademir Braz disse...

Na mosca, dr. Roberto!
O Estado do Tocantins nasceu sob previsão legal, mas levou 20 anos para sair do papel.A primeira referência à emancipação do sul do Pará foi em 1981/82 (há 25/26 anos) e continuamos como antes: viabilidade econômica e social, sim; homogeneidade regional,sim; sustentabilidade, sim; etc, sim. Mas não sai do projeto porque seu trato é politiqueiro, eventual, circunscrito à véspera de cada eleição proporcional.
Não temos, sequer, uma comissão de arrecadação para financiar a campanha popular de convencimento. Nem, ao menos, uma comissão formada por entidades que poderiam estar diretamente envolvidas no assunto.
Quaradouro agradece a sua contribuição ao debate (que, estou certo, não deve ficar confinado apenas à militância político-partidária superficial e inconsequente).
Um abraço