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sábado, 31 de março de 2007

Leiam nossos blogs

O Hir0shi Bogéa foi ao encontro da Grande Senhora com o Baronato local e voltou uma arara. Decepção pura. Consciente que tudo é embromação. E lhes digo, já, porque: é que se se juntar o PIB marabaense interessado nas migalhas que caem do ágape de Nossa Senhora Vale do Rio Doce, não dá para bancar um refrigerante. As compras da Vale são megas e os fornecedores do Pará liliputianos. Se a Vale precisar de 100 mil sacos de cimento, por exemplo, quem em Marabá, poderia atendê-la? Vindo de Belém, via estradas esburacadas, os fornecedores tomariam prejuízo com o custo do transporte, ou seja, pagariam para fornecer o produto, dada a distância, custo de frete, impostos, etc. Talvez a saída fosse a formatação de consórcio de empresas, mas nossos empresários nunca ultrapassaram a fase da gestão doméstica, em que nos negócios são gerenciados pela família (os filhos, a sócia mulher, o sogro, o cachorrinho de raça). Quando a Vale, que não precisa do comercio local nem regional, fala em cadastro de fornecedores está dizendo: "olhaí, o cavalo está passando com sela e tudo. É pegar ou largar!" Pegar como, com fornecedores como os nossos, incapazes de entregar a contento trilhos de carbono, explosivos, combustíveis a granel, alimentos em larga escala? A verdade é dura, mas precisa ser dita. Felizmente a internet está nos possibilitando a fazer esses questionamento, antes impossíveis por falta de uma imprensa comprometida com a região, independente no seu ponto de vista, e corajosa para dizer aos empresários de qualquer porte que a questão envolve mais do que seus imediatos interesses econômicos. A título de provocação, transcrevo abaixo as últimas postagens do Hiroshi sobre o que ele pensa desse assunto Vale/empresários. Acessem o blogo dele porque há comentários de leitores também. IDH chinfrin O índice nacional de Desenvolvimento Humano Municipal, mediano, é de 0,76. No Pará, Belém aparece como município de melhor valor, com 0,80 -, enquanto o IDH de Marabá é de 0,71.Estudos da Vale do Rio Doce apontam para os próximos dez anos um índice marabaense não superior a 0,80 – o que convenhamos, torna-se bastante discutível a compreensão desse extratosférico índice de crescimento em torno de 20%.Sabemos que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa de natalidade, esperança de vida, educação, alfabetização, pobreza, e outros fatores para os diversos países do mundo. Seu valor mede o bem-estar de uma população, especialmente bem-estar infantil.Uma década de pesados investimentos na implantação de mega-projeto para exploração de cobre, com as diversas oportunidades que ele oferece aos empreendedores e geração de empregos, é um período onde uma geração estará buscando se firmar na vida. Se nessa faixa de tempo, o municípiop com invejável taxa de cescimento não consegue ser incluído no grupo de IDH alto (a partir de 0,800), mais uma vez se evidencia a convicção de que o crescimento não caminha de mãos dadas com a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Postado por hiroshi em 16:00 2 comentários Processo migratório Chegando atrasado ao encontro da CVRD com os empresários, este poster não teve tempo de fazer alguns questionamentos aos palestrantes, principalmente no que se refere a questão do processo migratório inevitável. Irracional imaginar criar muralhas para impedir a ida e vinda de pessoas, mas é necessário discutir com profussao ações estratégicas voltadas para acompanhar essa movimentação nos municípios inseridos na área de influencia do Salobo.Enquanto do solo de municípios do Sul e Sudeste do Pará afloram riquezas, a maioria dos prefeitos de municípios maranhenses e piauisenses procura amenizar seus baixos valores de IDH “exportando excluídos”. É comum às secretarias de assistência social de muitas cidades daqueles estados organizar nas estações rodoviárias ou nos terminais de trem levas de famílias desamparadas que vivem perambuladas pelas ruas com destino a Marabá, Parauapebas e Canaã. Descobriu-se agora a extensão dessa rota até Ourilândia e Tucumã, com o início do projeto Onça-Puma. Postado por hiroshi em 15:54 0 comentários Tema relevante O que fazer com todas essas gentes inundando a região? Inicialmente, tratamento humano digno a todas elas, párias de um sistema político incapaz ainda de oportunizá-las. Ocorre que esse tratamento não pode ser assistencialista, e como inserí-las no processo produtivo se todos carregam as digitais como único instrumento de comprovação de sua cidadania?Junte-se a essa fabulosa âncora de fomento migratório que será o Salobo, o aumento populacional estimulado agora pelo garimpo de Serra Pelada, cujos trabalhos de exploração mecanizada deverão começar este ano.Está engatilhada aí a receita para o aumento da violencia mais do que estamos experimentando, o crescimento do número de garotos cheirando cola nas praças e portas de supermercados, o bate-pronto na parada de onibus com os roubos relâmpagos, e uma geração de jovens-velhos perdidos e esturricados zanzando que nem alma penada.Não aceito argumentos de que toda regiao com alto índice de crescimento está fadada a experimentar seus dissabores. Correto é discutir a questão não apenas como responsabilidade da Vale do Rio Doce ou das prefeituras. E encontrar soluções. O governo do Estado e demais agentes públicos, em parceria com a iniciativa privada, necessitam olhar isso com prioridade.Antes de se discutir qualquer postura no set de filmagens, recomenda-se estudar cuidadosamente os efeitos do processo migratório. É ele quem acrescenta a miséria e reproduz bêbados e ladrões pelas esquinas das cidades.

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