Pages

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

A Vale e o MST: um enfoque

Pedro Carrano,de Curitiba (PR) Cerca de 2.600 famílias, entre trabalhadores e trabalhadoras do MST, do sindicato de garimpeiros de Serra Pelada, pequenos produtores rurais e juventude urbana do Pará, ocuparam na quarta-feira (17) um trecho da Estrada Ferro Carajás (EFC), cuja concessão de uso é da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). O ato é parte da Jornada de Lutas pela Reforma Agrária e em defesa dos recursos naturais do povo brasileiro. A estrada transporta os minerais da maior jazida de ferro do mundo, a mina de Carajás. A paralisação da ferrovia se deu próxima ao assentamento do MST Palmares II, localizado a 20 km da cidade de Parauapebas. A política da CVRD de apropriação do meio-ambiente com o destino de exportação, bem como a contradição entre os altos índices de produção da empresa e, por outro lado, as duras condições de vida do povo local, foram as principais denúncias dos movimentos. Dados do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - demonstram que, na região Amazônica, 295 mil pessoas dominam 11% de toda a riqueza produzida, enquanto 11 milhões de habitantes, metade da população da Amazônia, possuem 16% da renda per capita. As denúncias da mobilização vão mais longe. Estão direcionadas ao modelo capitalista exportador de matérias-primas, que se reflete na região na forma de expansão das monoculturas da soja e do eucalipto. A mobilização se insere na ofensiva das organizações sociais que defendem a nulidade do leilão de privatização de venda da Vale do Rio Doce. Em um plebiscito popular com a participação de mais de 3,7 milhões de eleitores brasileiros, realizado no início de setembro, 94,5% dos brasileiros votaram pela retomada da companhia privatizada pelo governo Fernando Henrique Cardoso. Reivindicações A manifestação na ferrovia gerou uma pauta política direcionada para o governo federal, para a governadora Ana Julia (PT-Pará) e para a companhia Vale do Rio Doce (CVRD). Entre as 15 exigências na pauta dos movimentos estão a reestatização da CVRD, assim como a criação de um imposto para os estados onde a mineradora desenvolve atividades (uma vez que a Vale hoje não aplica o Decreto-lei datado de 42 que prevê 85% dos lucros investidos em 14 estados). Outra pauta é a da participação popular nos rumos da companhia, por meio de um Conselho Deliberativo com representantes do Estado, da CVRD e da sociedade civil “para discutir e deliberar sobre os projetos de mineração e de uso de recursos ambientais da região”. Os manifestantes exigem o aumento do pagamento de royalties para os municípios mineradores, que passem dos 4 aos 10% sobre a riqueza produzida. Os movimentos querem também mais investimentos nas áreas de saúde e educação em municípios na região de influência da Vale, como Paraupebas, Tucuruí e Marabá. A manifestação mira também o fim da Lei Kandir, que exonera as empresas exportadoras de impostos, e ocorre ao mesmo tempo em quae a Vale é questionada pelo Ministério Público em duas frentes: a primeira com processos trabalhistas; a segunda pela ampliação da produção de carvão mineral. Um ponto importante toca na questão dos mineradores de Serra Pelada, que, segundo o manifesto dos movimentos sociais, sofrem repressão da CVRD, buscam autonomia em relação à empresa, e exigem a aprovação no Congresso Nacional de um estatuto do garimpeiro. Por sua vez, a companhia deixou o silêncio que a caracterizou ao longo do Plebiscito Popular realizado entre 1º a 9 de setembro, exigindo a nulidade do seu leilão. Em nota de divulgação, a companhia clama pela retirada dos manifestantes com uso da força policial. Existe a possibilidade de intervenção da Polícia Federal e Militar, a partir de autorização judicial, requerida pela companhia. “A CVRD está comunicando a invasão à Justiça Federal para que sejam tomadas as medidas judiciais cabíveis, inclusive quanto à mobilização de força policial, para retirada dos manifestantes. A CVRD espera que as autoridades tomem, o mais rapidamente possível, as providências necessárias para pôr fim à invasão e destaca sua perplexidade por ser alvo de manifestantes que apresentam reivindicações que não têm qualquer vínculo com a Companhia, como a “defesa da reforma agrária e protesto contra o imperialismo”, diz o item 7, da sua nota. A CVRD informa que transporta diariamente 1300 passageiros pelos seus trilhos – ainda que relatos apontem precariedade na condição de transporte para passageiros sem recursos. O apelo à presença policial para retirada dos manifestantes já havia sido feita pela companhia noutro momento. No dia 22 de agosto, em Belo Horizonte, durante ocupação pacífica de empresa pertencente a Vale, 136 manifestantes foram presos.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Sobre anjos e menino

I Gosto muito dessas casas humildes, de tijojos à mostra, porta e janelas, de onde, manhã alta, vem da cozinha o cheiro da comida. Decerto são felizes, imagino, as pessoas que moram nelas. Tijolo a tijolo numa rua estreita em aclive, um jardim talvez, a modesta calçadinha... Era assim também aquela casinha que sonhei na infância e nunca tive. A minha infância!... O rio, o sol, o vento!... De uma parte a outra a luz, e o verde a liquefazer-se em canto e encantamento como um pássaro a morrer de sede. Foi lá, cedo ainda, que o mesmo anjo torto de Drummond decretou-me a igual sina de um navio de sonhos a singrar sem porto, e pôs-me no convés o amor que me arruína.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

O Turista Encarnado

Livro de ficção será lançado na feira das Américas Quebrar paradigmas das feiras de negócios, colaborar para o equilíbrio entre o universo lógico e o criativo e colocar na praça um produto novo com um toque de sutilidade. Estes são alguns dos vários objetivos do livro do jornalista e escritor Paulo Atzingen, que será lançado no próximo dia 25 de outubro na Feira das Américas, no Congresso Nacional das Agências de Viagens (ABAV-2007). Com o apoio da Gol Linhas Aéreas e do Caesar Business, o livro sai pela editora Meca e é uma coletânea de contos e crônicas inspirada nas andanças de Iolando Sarges, o Turista Encarnado, pela Amazônia e América do Sul. “É preciso renascer em cada viagem, munir-se do espetáculo da luz da manhã, trocar a pele de ontem pela pele de hoje, reencarnar-se, dia após-dia e ver na seqüencia dos sóis a explicação dialética de estar em constante mudança, de um ponto ao outro, que por sua vez estarão sempre mudados a cada novo instante. O Turista Encarnado em sua inquietação jovem, renascida, própria de quem ousa não parar. Continuar em busca do Todo” escreve o autor na quarta-capa de seu livro. A obra se enquadra no gênero ficção-realista. A data para a tarde de autógrafos, com coquetel, já está definida: 25 de outubro, às 18hs no estande 117 (Rua M – Pavilhão 4), no Riocentro. Serviço: Lançamento do livro O Turista Encarnado Dia 25 de outubro – 18hs Estande 117 - Pavilhão 4 Riocentro – Rio de Janeiro Degustação precoce: “O aceno do homem da roça sobre a carroça de abóboras disse-lhe em um segundo: “Salve irmão do éter!! Te saúdo pois fazes parte da minha vida apesar de passar! Estou cá, plantado entre leguminosas e maxixes e aguardo o sol e a chuva, preso aos ciclos e às casas, mas entendo quando passas! Levas contigo toda ânsia do mundo, a esperança que explode em cada estrela nesse momento do universo, e se caminhas, possuis o dom de mudar e ver nas coisas além de suas superfícies! Vês com olhos que mais sentem do que julgam; mais aprendem das cores novos tons para multiplicá-los adiante em novos e novos matizes!! Ouves a melodia dos pássaros de arribação e tens o dom da música. Sobre esta estrada em que estás, carregas o peso da pluma que és, peregrino que segue à procura infinita de um sonho e da liberdade. Pensei em fazer isso um dia, mas não possuía a qualidade que tens de ousar, e fiquei! Adeus...” (O Turista Encarnado – Atzingen, Paulo. Pg. 17 – Editora Meca – São Paulo – 2007)

É Bernadete

A deputada estadual Bernadete ten Caten é a candidata do Partido dos Trabalhadores à sucessão municipal. Em reunião no final de semana, todas as tendências locais da legenda manifestaram-se unânimes em torno da parlamentar, e isso dá fim às questões internas quanto a uma candidatura de consenso. A definição serve inclusive de apaziguamento. É que, informalmente, a "PT pra valer" já havia lançado a pré-candidatura de Luis Carlos Pies, marido da deputada, o que levou a "Democracia Socialista" a apontar como seu candidato o prof. Ademir Martins, em contraposição.