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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Parauapebas é campeão da Segundinha do Parazão

PARABÉNS, PEBÃO!
O Parauapebas não teve problemas para vencer a equipe do Abaeté por 1 a 0 na noite desta quinta-feira (25), no estádio Humberto Parente, em Abaetetuba, pela Segunda Divisão do Campeonato Paraense 2011. Com gol de Patrick, aos 25 minutos do segundo tempo, o time do interior do estado levantou o seu primeiro título em pouco mais de um ano de fundação.
Com um jogo difícil no primeiro tempo, o Parauapebas não enfrentou dificuldades para passar pelo Abaeté, que não demonstrava o mesmo desempenho de antes na Segundinha. O técnico Samuel Cândidoque conseguiu o seu terceiro título da competição -, armou o seu time de forma a explorar os seus jogadores de ataque. No segundo tempo, a tarefa do Parauapebas ficou mais fácil com a expulsão de três jogadores rivais: Emilson, Américo e Tetê. Eram 11 jogadores contra apenas oito.
Como havia vencido o primeiro jogo por 2 a 0 dentro de seus domínios, a equipe da ‘Terra do Minério teve que esperar o apito final de jogo para comemorar. O Parauapebas contratou dois jogadores que se destacaram na Segundinha do Parazão: o zagueiro Preto Marabá e o meio-campo João Paulo, além de dois atletas do Abaeté, casos do atacante Leandro Cearense, artilheiro do torneio com nove gols, e o volante Dudu.
A primeira fase do Campeonato Paraense 2011 tem início no dia 1º de dezembro (quarta-feira) e vai até o dia 22. As duas melhores equipes classificadas se juntam a Paysandu, Clube do Remo, Independente Tucurui, Cametá, São Raimundo e Águia de Marabá. (Diário do Pará)

Abaeté: Tairone; Américo, Enilson, Max e Mocajuba; Joel, Dudu, Robinho (Melo) e Tete; Alberto (Diego) e Leandro Cearense (Thiago).
Técnico: Ney Sorvetão.
Parauapebas: Rogério; Lima, Samir, Rodrigo e Paraná (Cláudio Pinheiro); Bruno Ramos, Diego Silva (Marçal), Júlio César e Clóvis (Claudinei); Ró e Patrick.
Técnico: Samuel Cândido.
Confira os jogos da primeira fase do Parazão 2011:
Ananindeua x Abaeté
Santa Rosa x Parauapebas
Castanhal x Tuna Luso
Time Negra x Sport Belém

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

TCE do Pará paga salários de R$ 42 mil

Doze procuradores do Trabalho e promotores de Justiça ingressaram com ação civil pública contra todos os conselheiros do TCE (Tribunal de Contas), o Estado do Pará e o próprio Tribunal. A acusação é de que os conselheiros recebem acima do limite estabelecido na Constituição Federal. De acordo com a ação, os conselheiros recebem R$ 42.232,49 mensais, remuneração superior ao teto remuneratório, hoje fixado em R$ 26.723,13 para ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e R$ 24.117,62 para desembargadores. De acordo com a Constituição, eles deveriam ganhar a mesma quantia que os desembargadores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Em tempo:
Você sabe para que serve o TCE? E seu irmão siamês, o TCM?
Aceito explicações.

Em Marabá, saúde pública pode piorar

Duas horas da manhã de sábado passado, uma ambulância de Eldorado dos Carajás, a cem quilômetros de distância desta cidade, cruza velozmente a VP do Cemitério da Saudade. Na pista vazia, nem precisa usar a sirene até alcançar o pátio interno do Hospital Municipal de Marabá.
O motorista de táxi, que faz ponto em frente ao hospital, diz que esta é a rotina diária de ambulâncias de municípios vizinhos e distantes, inclusive do Estado do Tocantins, em busca de atendimento médico para seus doentes.
Houve um tempo, quando Marabá integrava o Convênio Intermunicipal de Saúde do Araguaia-Tocantins (Cisat), criado em 1997/97 pelos médicos Geraldo Veloso, prefeito, e Silvino Santis, vereador, cada município que para cá mandava seus pacientes pagava ao final do mês 2% de seu Fundo de Participação do Município (FPM), a título de compensação. Era pouco, mas ajudava a custear medicamentos e a estrutura da saúde. Hoje, nem isso: Marabá carrega sozinho o ônus da prestação do serviço. E a conseqüência é a degradação da qualidade dessa assistência.
Sem alternativa imediata, fontes ligadas à saúde pública em Marabá dizem ser inevitável o agravamento da situação, a partir de 2012, com a possível criação de novos municípios, proposta levada à Assembléia Legislativa com pedido de formação de comissão para estudos de viabilidade municipal. É que entre as 21 novas unidades administrativas propostas, estão Brejo do Meio, o bairro de Morada Nova (que passará a se chamar Paraguatins), Santa Fé do Rio Preto e Capistrano de Abreu (que será chamado de Rio Preto dos Carajás), desmembrados de Marabá; São Sebastião, Cajazeiras e Cruzeiro do Sul, de Itupiranga; Maracajá, Vitória da Conquista de Carajás e Belo Monte, de Novo Repartimento; Bela Vista do Pará, de Dom Eliseu e outros, todos ou quase todos sob influência do pólo regional de Marabá.
“E tão logo sejam criados e eleitos seus administradores, todos vão preferir comprar ambulância a construir hospital e postos de saúde em seus municípios”, raciocina o taxista de plantão no Hospital Municipal.
Foi o desregramento na criação de municipalidades sem condições de sobreviver autonomamente que levou o constituinte a tornar mais dificultoso esse processo, inserindo na Constituição, pela EC 15 de 1996, a normativa de que a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios podem ser feitas por lei estadual, mas dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependendo de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei (CF, art. 18, § 4º).
Ocorre que até hoje não foi editada pelo Congresso Nacional a tal lei complementar, de sorte que a criação de municípios não tem amparo legal.
“Em decisões recentes, diz artigo da Revista Jus Vigilantibus (28.09.2009), tem o Supremo Tribunal Federal declarado a inconstitucionalidade das leis que criaram municípios sem o amparo da legislação infraconstitucional exigida pelo art. 18, §4º, da Carta Magna, sem, porém, decretar a nulidade da criação, em função da necessária segurança jurídica a ser mantida, tendo em vista que aludidos municípios se encontram instalados a um tempo significativo”.
Em relação apenas a municípios já instalados, vejam bem, em nome do princípio da segurança jurídica. Foi assim, por exemplo, o entendimento verificado na ADI 2.240/BA, quando foi alegada a inconstitucionalidade da Lei 7.619/00, do Estado da Bahia, que criou o Município de Luis Eduardo Magalhães. Cauteloso, o STF declarou a “inconstitucionalidade da lei estadual, sem pronúncia de sua nulidade” pelo prazo de 24 meses.
Para convalidar os municípios criados após 1996 e ameaçados de extinção pelas reiteradas decisões do Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional aprovou e promulgou a Emenda Constitucional nº 57, de 18/12/2008, que acrescentou o art. 96 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, determinando que “ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua criação.”
Assim, a criação de municípios, enquanto não editada a lei complementar exigida pelo art. 18, § 4º, da Constituição Federal, redundará em inconstitucionalidade, segundo a jurisprudência recente do Supremo Tribunal Federal.

Mudança já!

Além de trocar sua administração – do conselho deliberativo à presidência – numa renovação que já é tardia até mesmo para a sobrevivência do time, o Águia de Marabá deveria esforçar-se para contratar os serviços do técnico Samuel Cândido, quase campeão pela terceira vez da Segunda Divisão do Campeonato Paraense, à frente do Parauapebas Esporte Clube.
Seria uma extraordinária manifestação de inteligência.
O diabo é que ninguém quer pegar a bomba de uma herança cheia de dívidas, em torno de RE$ 300 mil, como revela uma fonte dos bastidores aguianos.

Livre-Pensar

A profecia da ressurgência dos imperadores romanos é fato esperado entre as cartas marcadas. (Malo, 02)

A difícil reforma agrária

O MST Pará está prevendo dificuldades, a partir do ano que vem, com assentamentos e reforma agrária nas regiões sul e sudeste do Estado. Segundo o blog do movimento, antes de reunião com o Incra semana passada, em Marabá, o dirigente estadual do MST Alberto da Silva Lima declarou que "temos menos de dois meses para ainda fazer algo, pois os diálogos se cessarão com Jatene”. E vaticinou, ao término do encontro: “A pauta da Reforma Agrária, no cenário político que se desenha a partir de 2011 no Pará, não é das melhores”.
O Incra nacional e a sua subseção de Marabá não cumpriram nenhum dos acordos feitos em agosto com o MST, que se limitavam à vistoria de oito fazendas entre os municípios de Parauapebas e Curionópolis e divulgar se eram terras públicas, improdutivas e se cumprem sua função social.
Não houve avanços, inclusive, em relação à última ocupação do MST, na fazenda Marambaia, que culminou nesse acordo. “Essa fazenda já tinha sido vistoriada há muito tempo e classificada como terra pública e improdutiva, mas não progrediu”, protesta Lima.
Lima está preocupado com a demora do Incra. Teme que, com a posse do novo governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), os acampados não terão mais acordos intermediados pelo Interpa, órgão estadual da Reforma Agrária. Sobretudo, de acordo com o dirigente do MST, os que já ocorrem no complexo de fazendas do Grupo Santa Bárbara, do banqueiro Daniel Dantas, que entrou na Justiça pela reintegração de posse de suas áreas ocupadas pelo MST. Até o momento, não foi atendido pelo governo de Ana Júlia (PT-PA), que termina dia 31 de dezembro.
Dois acampamento de famílias de Sem Terra está ameaçadas, se o acordo proposto pelo Incra não atender ainda este ano as 600 famílias acampadas em duas áreas, nas fazendas de Daniel Dantas. “O ano que vem é despejo na certa... O próprio Jatene já afirmou”, denuncia Lima.
“Jatene recebeu um milhão de reais do grupo Santa Bárbara na última semana das eleições. Sua campanha política foi marcada pela promiscuidade com os fazendeiros e seu governo seguirá o mesmo rumo”, denuncia Raimundo Oliveira, dirigente do PT no Pará.
Nessa quarta feira, a direção do MST regional encaminhou correspondência, via e-mail, à direção nacional do Incra, elecando as dificuldades atuais e futuras com o instituto e o próximo governo estadual. Há críticas vigorosas contra a incompetência da superintendente regional Rosinete Lima da Silva, “manipulada por Luis Carlos Pies e pelos deputados Bernadete Ten Caten e Zé Geraldo”, e que só atenderia às determinações da tendência PT pra valer, comandada pelo trio. Há pedido de providências urgentes e desacordo quanto à forma de indicação política descompromissada de provável novo superintendente regional.
Da ingerência política e partidária na SR-27 resulta que as empresas prestadoras de serviços ao órgão em Parauapebas, Jacundá, Rio Maria, São Félix do Xingu, Tucumã, Ourilândia do Norte, Água Azul, Xinguara, Santa Maria das Barreiras, Conceição do Araguaia, Floresta do Araguaia, Cumaru, Bannach, Palestina, Rondon do Pará, São Geraldo, São Domingos e Breu Branco, estão cobrando R$ 9 milhões em obras já realizadas. O último pagamento foi em junho passado.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Megalonanico

 No blog do deputado Parsifal Pontes, hoje:

      Regulamentando a própria imagem

chavez
Assim que se chega ao aeroporto de Caracas começa a administração frequente da onipresença de Hugo Chávez: em cada esquina da cidade, e pelo país afora, há uma enorme imagem do bufão venezuelano acompanhado de uma frase exaltando a sua era.
Mas eis que o ditador começou a não gostar de alguns traços que os seus asseclas desenham e baixou um decreto proibindo a publicação da sua imagem sem a expressa permissão prévia, que deve ser concedida pelo próprio.
Caricaturas de Chávez, então, nem pensar: doravante será crime.
O próximo passo é importar da China o controle da internet: ditadores adoram “regulamentar” a informação para enquadrar os informadores.

Os pecados de Edir Macedo

Sem mais o que fazer ( assim alguém gasta seu tempo lendo esse tipo de porcaria), leitor retira e divulga na internet um tópico sobre “As posições sexuais e seus pecados”, do livroCastigo Divino”, de Edir Macedo, dono do dinheiro e da Igreja Universal do Reino de Deus.
Vejam por onde transita a cabeça careca e pecaminosa de Edir Macedo, seguramente depois de cometer seus pecadilhos, umas experienciazinhas:

“1. Posição de quatro: É uma das posições mais humilhantes para a mulher, pois ela fica prostrada como um animal enquanto seu parceiro ajoelhado a penetra. Animais são seres que não possuem espírito, então o homem que faz o cachorrinho com sua parceira fica com sua alma amaldiçoada e fétida.

2. Sexo Oral: O prazer de levar um órgão sexual a boca é condenado pelas leis divinas. A boca foi feita para falar e ingerir alimentos e a língua para apreciar os sabores. A mulher engolindo o sêmen não vai ter filhos. E o homem somente sentirá dores musculares na língua ao sugar a vagina de sua parceira.

3. Sexo Anal: O ânus é sujo, fétido e possui em suas paredes milhões de bactérias. É o esgoto propriamente dito. No esgoto existem ratos, baratas e mendigos.. A pessoa que sodomia (sic) ou é sodomizada ela se iguala a um rato pestilento.. Seu espírito permanece imundo e amaldiçoado.  Mas o pior é quando o ato é homossexual, pois o passaporte dessa infeliz criatura está carimbado nos confins do inferno.

Agora veja a maneira certa de se relacionar sexualmente, segundo a cartilha:

Posição Recomendada: O homem e a mulher devem lavar suas partes com um litro de água corrente misturado com uma colher de vinagre e outra de sal grosso. Após isso, a mulher deve abrir as pernas e esperar o membro enrijecido do seu parceiro para iniciar a penetração.
O homem após penetrar a mulher, não deve encostar seu peito nos seios dela, pois a fêmea deve estar orando ao Senhor para que seu óvulo esteja sadio ao encontrar o espermatozóide.
Depois do ato sexual, Os dois devem orar, pedindo perdão pelo prazer proibido do orgasmo. Como penitência... O açoite com vara de bambu é aceito em forma de purificação.
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Conclusão I : Vai faltar bambu no mundo.

Conclusão II: A prefeitura deve urgentemente por guarda no bambuzal do trevo, senão os fanáticos vão acabar com o que resta da depredação feita por conta da bendita ponte.

Conclusão III: sal grosso e vinagre??? Vai transar ou vai fazer churrasco?? 
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Bom, vejo vocês no inferno!!!

Efeito borboleta

A reportagem preconceituosa, debochada e de mau gosto do assim autoproclamado "jornalista independente" Felipe Milanez sobre as comunidades existentes ao longo da Transamazônica desagradou também ao Greenpeace.
Leitor de Quaradouro, o poeta e líder regional do MST-Pará, Charles Trocate, informou a seus amigos do Greenpeace a repercussão negativa da reportagem e recebeu mensagem da militante Merel Vandermark, em bom português lusitano, informando que:

Tb não gostei do tom irónico que pode ser bem ofensivo para quem vive a realidade. Mas conhecendo um pouco o Filipe acho que a intenção dele não foi má, mas foi ingénuo, prepotente e muito infeliz na forma de se expressar. E mais infeliz é que isso foi parar no site dos nossos voluntas!
Enfim...


E informa: 
encaminhei aos chefes maiores para eles decidirem o que fazer.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Falta seriedade ao Greenpeace-Manaus

Milanez: medíocre e sem graça
Sob o título "Transando a Amazônica, essa quanretona!!", assim mesmo escrito, o blog http://gp-manaus.blogspot.com, que se diz de voluntários do Greenpeace, publicou ontem um primor de preconceito sobre as comunidades disseminadas ao longo da BR-230, estrada aberta pela ditadura militar nos anos 70.
O texto de Felipe Milanez.  que se pretende inteligente e engraçado, é só ridículo: uma aula de ignorância, estupidez e mau gosto. Leiam:


Olhando de cima, no satélite do Google, a Transamazônica parece uma série de espinhas de peixe. Essa é a cicatriz que rasgou a geografia. “Chega de lendas, vamos faturar!”, foi como o governo federal saudou, em um anúncio publicitário, “com aplauso e incentivo da Sudam”, a maneira como muitas pessoas deveriam começar a tirar proveito da Amazônia, 40 anos atrás. A Transamazônica era o caminho. De uma ponta a outra, ia domesticar a selva. Encher de gente aquele monte de terra que diziam que era vaziavazia de que, cara pálida, se estava cheia de índios? Progresso. Médici veio com tudo. E em 9 de outubro de 1970, Brasil tricampeão de bola, ele baixou em Altamira. Batia um calorão de 40 graus. Emocionou-se com a presença dos 3 mil habitantes da cidade que vieram assisti-lo—convidados ou convocados pelos milicos.
Ficou comovido ao ver uma árvore de 50 metros de altura ser derrubada por um bravo tratorver mato ou gente cair era coisa que lhe apetecia. Descerrou a placa comemorativa. E saiu nos jornais. “Nestas margens do Xingu, em plena selva amazônica, o Sr. Presidente da Repúblicainício à construção da Transamazônica, numa arrancada histórica para a conquista deste gigantesco mundo verde.” O que o sanguinário ditador não sabia era das más companhias.
Vampiros. Eles estavam escondidos nos carros, Opalas pretos da comitiva presidencial. E sem que soubesse, Médici povoou Altamira e toda a Transamazônica, começando por Marabá, de vampiros. “Vampiros. Eles vinham e pegavam as crianças pra chupar o sangue e cortar os órgãos genitais delas. Era um terror”, recorda-se uma se-nhora que viveu a época. Pouco antes da chegada do ditador, perto de Marabá, um cinema passou um filme de vampiros. Os agricultores ficaram chocados. Chupavam sangue de crianças. Depois que passaram os carros da comitiva presidencial, esses vampiros do filme vieram infestar a Transa.
Anos depois, qualquer assassinato mais brutal que ocorria, principalmente com crianças, era atribuído aos “vampiros”, como os do filme que Médici espalhou. “Gente branca vestida de preto, que anda num caminhão frigorífico preto, grandão”, conta a senhora, relembrando um momento de apariçãoum antropólogo conta que, nesse caso, era um Toyota Bandeirante azul com jornalistas franceses; mas aqui na Transa, vampiros. Ponto.
O sangue secou na maioria dos lugares por ali. Movimentos sociais se organizaram, os colonos dividiram terras, conseguiram começar a produzir (até agricultura orgânica), invadiram terras de índios e foram desalojados. Anos de agito, em que a gente da Transa conseguiu ir revertendo a história de violência onde foram lançados. Mas as histórias ficaram. Andar pela estrada com um guia que conhece a região (e, como bom conhecedor da região, ele não vai querer o nome publicado em nenhum lugar) é tentar ver, pela ótica da ironia, um pouco mais suave, a brutalidade que tem sido a conquista da Amazônia, tentando entendê-la. Nos 40 anos da Transa, nada como um turismo de conflito pelas curvas da senhora, visualizando as brutalidades do passado para conhecer os demônios do presente.
LÁBREA
Se começar por Lábrea, no Amazonas, onde a Transa termina, venha na época da seca, senão, pode não conseguir sair daqui. Não perca o memorial do seringueiro e descubra mais sobre as correrias falando com algum soldado da borracha encostado numa varanda: são as famosas caçadas de índios que eles faziam. Tente dar uma esticadi-nha para Boca do Acre, ou andar pelas matas da região; aqui é possível reviver o faroeste bangue-bangue e os conflitos por terra à moda antiga.
APUÍ
Aqui tem aquele mito do Eldorado bombando, um grande garimpo, a nova Serra Pelada que não vingou. Juma, ilegal, que foi fechado, mas, todo mundo sabe, garimpo não fecha, garimpo esgota. que esse era blefe. A terra foi salgada” de ouro, dizem por ali. No mato, o pau ainda está comendo como por Lábrea: assassinatos e escravos desmatando a floresta, e dá pra ver aquelas brigas pela madeira que depois chega a São Paulo e ao Sul como coisa ecológica. Procure por Manoel Cumprido, um simpático sujeito do Maranhão, fugido de Colniza (dizem que ele não pode voltar). Ele era dono de um garimpo, mas se desentendeu com garimpeiros e mandou queimar três—a história chegou na cidade por causa da quantidade exagerada de combustível que ele mandou comprar no garimpo vizinho.
ITAITUBA
Aqui é bom parar e curtir. Pelo menos um banho no Tapajós, um dos rios mais lindos da Amazônia. Não perca o promenade pela Transgarimpeira, irmã caçula da Transa, hoje uma bonita rodovia de terra que corta a floresta, mas que deu o que falar. Pare em um bar e se delicie com as histórias de pistolagem que rolavam nos anos 80. E tente entender como foi que o Exército acabou com tudo, com toda essa violência, em poucos dias. Talvez seja aquele velho papo de que os milicos desembarcaram atirando e sumiram com uns 50 pistoleiros rapidamente.
RURÓPOLIS
Demos uma volta na praça, depois de passar pelo Hotel Médici—que foi construído para receber o ditador mais barra pesada da história do Brasil, cara do AI-5, a pior lembrança da nossa história. Antes dele chegar, o Exército limpou os pobres que se amontoavam, empilhados em barracões que foram arrasados por trator. Em frente à rodoviária mataram um antigo prefeito da cidade, no meio da praça.
URUARA
Tente ficar no Dallas Hotel, tomar um chimarrão (quente, sim) em alguma das casinhas de madeira antigas para sentir o clima de Velho Oeste. Não, não são temáticas. São assim mesmo. Aquipra bater um game na X Games—as marcas na parede não são de balas, pode ir na boa. Se der para esticar para o Rio Iriri, dobrando em um dos travessões (as estradas vicinais), visite os índios Araras. A estrada passou no meio da aldeia deles e matou quase o povo inteiro, uma história de genocídio provocada pelo governo brasileiro que não foi bem contada ainda.
Daqui em diante, siga devagar, curtindo o visual—é o trecho mais preservado, envolto pela Terra Indígena Arara. Pode ter alguns cemitérios clandestinos da época que os araras atacavam os colonos—e os próprios colonos se matavam na disputa por terra com fazendeiros. Por aqui vivem os vampiros! Se não vir nenhum por aqui, na periferia de Altamira a chance é grande.
ALTAMIRA
teve o apelido de Alta Miséria, mas isso é passado. Vá pra beira do Xingu. Peça uma cerveja e um tucunaré. Olhe o riozão. É um dos mais bonitos que existem. Se tiver no boteco frequentado por gente mais de esquerda, pode começar a descer o pau na usina de Belo Monte, que vai destruir tudo o que você está vendo. Se tiver no bar dos fazendeiros, curta a bebida, o peixe, e limite o comentário: “Ê riozão bonito.” Nesse dá para tomar uma com Taradão, o fazendeiro que mandou assassinar a irmã Dorothy, e anda num entra e sai da cadeia.
Visita obrigatória ao Afonsinho da Funai. O grande sertanista que salvou os araras da extinção. Nasceu na região, teve o pai assassinado por índios, tomou duas flechadas enquanto ia trabalhar retirando os corpos dos peões que construíam a Transa, e sabe história.
Na periferia de Altamira, onde tem aquelas casas de palafita, nada de saneamento básico, e onde crianças foram assassinadas por seitas e por um serial killer, é possível encontrar vampiros. Ou demônios. Volta e meia eles aparecem e aprontam uma por ali.
BELO MONTE
Aqui é uma balsa cruzando o Xingu. Água verde. Lindo. Olhe bem. Fotografe. Na próxima vez que vier aqui, isso não vai mais existir.
ANAPU
Visita obrigatória ao túmulo da irmã Dorothy Stang. Aqui, passado e presente se unem. Dá para saber história de violência que aconteceu no passado e presenciar alguma que ainda esteja rolando. Embaixo do Hotel Banban tem uma churrascaria cuja carne é muito bem servida por uma bela moça, digamos assim, de forma respeitosa para não dar problema para ninguém. Afinal, a gente sabe onde está.
PACAJÁ
Se der problema no carro, vai no Negão. Com o que tiver na mão, reconstrói o que quebrou. Pra arrumar o amortecedor da picape, juntou um monte de ferro, soldou e fez outro, descolando a borrachinha de um pneu. Atrás da oficina tem uma Kombi pichada, que algum hippie que se aventurou por aqui nos anos 70 esqueceu. Papo com os caminhoneiros que encostam ali é diversão gratuita. Mas ouça mais do que fale. Papo vai, papo vem, um deles solta: “E a mulher que o marido contratou um pistoleiro para matar ela, e ela deu pro pistoleiro e o marido teve que fugir depois? Aconteceu dia desses”. O papo surgiu assim, como se a gente tivesse falando do tempo ou de futebol pra quebrar o tédio.
NOVO PROGRESSO
Não teve nem o antigo Progresso, esse tal que diz que vai vir e nunca chega. Dá pra pegar carona em cima de um caminhão lotado de toras de madeira. Experiência única. Surfe de trem é coisa dos anos 90.
MARABÁ
Também conhecida por Marabala. Apelido singelo de um antigo hábito de resolução das coisas na região. Foi aqui que chegaram os vampiros, num cinema na periferia da cidadeantes de entrarem na comitiva de Médici e se espalharem ao longo de toda a Transa.
Marabá são três. Pode ir na Pioneira, a parte antiga da cidade, na margem do Tocantins, que alaga. Ou ficar na Cidade Nova, ou Nova Marabá. Na hora que passar de uma para a outra, vai estar sempre na Transamazônica.
Vale um tempo. Procure os velhos. Eles podem contar as histórias da guerrilha do Araguaia, como foram massacrados, torturados e talvez até mostrar algum cemitério clandestino com restos dos guerrilheiros
Se subir à esquerda na estrada, vai passar por Serra Pelada, a mina famosa nos anos 80. É, ainda rola, sem o charme de antigamente, nem rende mais fotos do Salgado. Continue rumo Norte pela PA-150 até chegar numa curva em “S”. Os 19 tocos de castanheiras enfiados no chão representam os 19 sem-terra que foram assassinados pela polícia em 1996, no massacre de Eldorado dos Carajás. Mas, se comentar com alguém, não se assuste se o sujeito disser: “Para se defender das foices, a polícia teve que matar 19”.
Daqui em diante, a Transa perde o charme da Amazônia. Dá para tomar um banho de cachoeira em Carolina, no Maranhão. Tente passar por Barra do Corda e visite os restos da Missão que tinha por ali, onde em 1901 os índios guajajara se revoltaram contra a catequização e mataram cerca de 200 pessoas da cidade, no que ficou conhecido comoMassacre de Alto Alegre”—dizem que depois os fazendeiros revidaram e mataram mais de 500 índios. Daqui em diante o sertão que passa pela janela do carro é o sertão nordestino. E são outras histórias, outras lendas, outros conflitos para descobrir e se aventurar.




Guerra entre o preconceito e a informação



O jogo bruto da mídia de direita contra Dilma
Reproduzido do sítio Carta Maior, via Altamiro Borges:

Em entrevista à Carta Maior, Marilena Chauí avalia a guerra eleitoral travada na disputa presidencial e chama a atenção para a dificuldade que a oposição teve em manter um alvo único na criação da imagem de Dilma Rousseff: "O preconceito começou com a guerrilheira, não deu certo; passou, então, para a administradora sem experiência política, não deu certo; passou para a afilhada de Lula, não deu certo; desembestou na fúria anti-aborto, e não deu certo. E não deu certo porque a população dispõe dos fatos concretos resultantes das políticas do governo Lula".
Para a professora de Filosofia da USP, essa foi a novidade mais instigante da eleição: a guerra se deu entre o preconceito e a verdadeira informação. E esta última venceu.

Qual sua avaliação sobre a cobertura da chamada grande mídia brasileira nas eleições deste ano? Na sua opinião, houve alguma surpresa ou novidade em relação à eleição anterior?

Eu diria que, desta vez, o cerco foi mais intenso, assumindo tons de guerra, mais do que mera polarização de opiniões políticas. Mas não foi surpresa: se considerarmos que 92% da população aprovam o governo Lula como ótimo e bom, 4% o consideram regular, restam 4% de desaprovação a qual está concentrada nos meios de comunicação. São as empresas e seus empregados que representam esses 4% e são eles quem têm o poder de fogo para a guerra.
O interessante foi a dificuldade para manter um alvo único na criação da imagem de Dilma Rousseff: o preconceito começou com a guerrilheira, não deu certo; passou, então, para a administradora sem experiência política, não deu certo; passou, então, para a afilhada de Lula, não deu certo; desembestou na fúria anti-aborto, e não deu certo. E não deu certo porque a população dispõe dos fatos concretos resultantes das políticas do governo Lula.
Isso me parece a novidade mais instigante, isto é, uma sociedade diretamente informada pelas ações governamentais que mudaram seu modo de vida e suas perspectivas, de maneira que a guerra se deu entre o preconceito e a verdadeira informação.

Passada a eleição, um dos debates que deve marcar o próximo período diz respeito à regulamentação do setor de comunicação. Como se sabe, a resistência das grandes empresas de mídia é muito forte. Como superar essa resistência?

Numa democracia, o direito à informação é essencial. Tanto o direito de produzir e difundir informação como o direito de receber e ter acesso à informação. Isso se chama isegoria, palavra criada pelos inventores da democracia, os gregos, significando o direito emitir em público uma opinião para ser discutida e votada, assim como o direito de receber uma opinião para avaliá-la, aceitá-la ou rejeitá-la.
Justamente por isso, em todos os países democráticos, existe regulamentação do setor de comunicação. Essa regulamentação visa assegurar a isegoria, a liberdade de expressão e o direito ao contraditório, além de diminuir, tanto quanto possível, o monopólio da informação.
Evidentemente, hoje essa regulamentação encontra dificuldades postas pela estrutura oligopólica dos meios, controlados globalmente por um pequeno número de empresas transnacionais. Mas não é por ser difícil, que a regulamentação não deve ser estabelecida e defendida. Trata-se da batalha moderna entre o público e o privado.

Você concorda com a seguinte afirmação: "A mídia brasileira é uma das mais autoritárias do mundo"?

Se deixarmos de lado o caso óbvio das ditaduras e considerarmos apenas as repúblicas democráticas, concordo.

Na sua opinião, é possível fazer alguma distinção entre os grandes veículos midiáticos, do ponto de vista de sua orientação editorial? Ou o que predomina é um pensamento único mesmo?

As variações se dão no interior do pensamento único, isto é, da hegemonia pós-moderna e neoliberal. Ou seja, há setores reacionários de extrema direita, setores claramente conservadores e setores que usam “a folha de parreira”. A folha de parreira, segundo a lenda, serviu para Adão e Eva se cobrirem quando descobriram que estavam nus.
Na mídia, a “folha de parreira” consiste em dar um pequeno e controlado espaço à opinião divergente ou contrária à linha da empresa. Às vezes, nãocerto. O caso do Estadão contra Maria Rita Kehl mostra que uma vigorosa voz destoante no coral do “sim senhornão pode ser suportada.