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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Carta do Zé Agricultor para Luis da Cidade

O prof. Gutemberg Guerra não cita a fonte: diz que a recebeu tal e qual e a repassou. Com meus votos de Feliz Natal, trago a vocês a correspondência abaixo transcrita: "Luis, quanto tempo! Eu sou o Zé, teu colega de ginásio noturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar do sítio sempre atrasava, lembra né? O Zé do sapato sujo? Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de meia légua para pegar o caminhão por isso o sapato sujava. Se não lembrou ainda eu te ajudo. Lembra do Zé Cochilo... hehehe, era eu. Quando eu descia do caminhão de volta pra casa, já era onze e meia da noite, e com a caminhada até em casa, quando eu ia dormi já era mais de meia-noite. De madrugada pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Por isso eu só vivia com sono. Do Zé Cochilo você lembra, né Luis? Pois é. Estou pensando em mudar para viver aí na cidade que nem vocês. Não que seja ruim o sítio, aqui é bom. Muito mato, passarinho, ar puro... Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de teus amigos aí da cidade. To vendo todo mundo falar que nós da agricultura familiar estamos destruindo o meio ambiente. Veja só. O sítio de pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os matutos daqui já têm luz em casa, mas eu continuo sem ter porque não se pode fincar os postes por dentro uma tal de APPA que criaram aqui na vizinhança. Minha água é de um poço que meu avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um homem do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da água e pagar uma taxa de uso, porque a água vai se acabar. Se ele falou deve ser verdade, né Luis? Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi, né ?) contratei Juca, filho de um vizinho muito pobre aqui do lado. Carteira assinada, salário mínimo, tudo direitinho como o contador mandou. Ele morava aqui com nós num quarto dos fundos de casa. Comia com a gente, que nem da família. Mas vieram umas pessoas aqui, do sindicato e da Delegacia do Trabalho, elas falaram que se o Juca fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra noturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana aí não param de fazer leite. Ô, bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário? Essas pessoas ainda foram ver o quarto de Juca, e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Nossa! Eu não sei como encumpridar uma cama, só comprando outra, né Luis? O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz elétrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa no quarto do Juca. Disseram ainda que a comida que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele. Bom, Luis, tive que pedir ao Juca pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos sindicatos, pelo fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. Semana passada, me disseram que ele foi preso na cidade porque botou um chocolate no bolso no supermercado. Levaram ele pra delegacia, bateram nele e não apareceu nem sindicato nem fiscal do trabalho para acudi-lo. Depois que o Juca saiu eu e Marina (lembra dela, né?, casei) tiramos o leite às 5 e meia, aí eu levo o leite de carroça até a beira da estrada onde o carro da cooperativa pega todo dia, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu jogo fora. Os porcos eu não tenho mais, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros. Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio, e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor. Achei que ele tava certo e disse que ia fazer, mas só que eu sozinho ia demorar uns trinta dia pran fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos as madeiras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas. O promotor disse que desta vez, por esse crime, ele não ai mandar me prender, mas me obrigou a dar 6 cestas básicas pro orfanato da cidade. Ô Luis, ai quando vocês sujam o rio também pagam multa grande né? Agora pela água do meu poço eu até posso pagar, mas tô preocupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata ciliar dos dois lados. As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios ai da cidade. A pocilga já acabou as vacas não podem chegar perto. Só que alguma coisa tá errada, quando vou na capital nem vejo mata ciliar, nem rio limpo. Só vejo água fedida e lixo boiando pra todo lado. Mas não é o povo da cidade que suja o rio, né Luis? Quem será? Aqui no mato agora quem sujar tem multa grande, e dá até prisão. Cortar árvore então, Nossa Senhora!. Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá-la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa. Fui no escritório daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no Ibama da capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vim fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar. Passaram 8 meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo ai eu vi que o pau ia cair em cima da casa e derrubei. Pronto! No outro dia chegou o fiscal e me multou. Já recebi uma intimação do Promotor porque virei criminoso reincidente. Primeiro foi os porcos, e agora foi o pau. Acho que desta vez vou ficar preso. Tô preocupado Luis, pois no rádio deu que a nova lei vai dá multa de 500 a 20 mil reais por hectare e por dia. Calculei que se eu for multado eu perco o sítio numa semana. Então é melhor vender, e ir morar onde todo mundo cuida da ecologia.. Vou para a cidade, ai tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazer nada errado, só falei dessas coisas porque tenho certeza que a lei é pra todos. Eu vou morar aí com vocês, Luis. Mas fique tranqüilo, vou usar o dinheiro da venda do sítio primeiro pra comprar essa tal de geladeira. Aqui no sitio eu tenho que pegar tudo na roça. Primeiro a gente planta, cultiva, limpa e só depois colhe pra levar pra casa. Aí é bom que vocês e só abrir a geladeira que tem tudo. Nem dá trabalho, nem planta, nem cuida de galinha, nem porco, nem vaca é só abrir a geladeira que a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nós, os criminosos aqui da roça. Até mais Luis. Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta em papel reciclado, pois não existe por aqui, mas aguarde até eu vender o sítio."

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O inferno é aqui mesmo

A Transbrasiliana possui 80 veículos semi-novos (2006-2007), recém-adquiridos e acantonados em sua garagem em Goiana, mas que só serão colocados no trânsito em Marabá depois de resolvida a questão dos táxis-lotações, cada vez mais audaciosos e impunes no assédio aos passageiros nas paradas da cidade. Enquanto isso, 17 ônibus a serviço do transporte coletivo possuem de 10 a 17 anos, estão sucateados e de regra poluem tudo ao longo das ruas e avenidas, enquanto a empresa sobrevive apenas porque o segmento interestadual aplica R$ 100 mil por mês no pagamento de m0toristas e cobradores, manutenção da frota, impostos e outros encargos. Na outra ponta, a Viação Cidade Nova está falida por depender do mercado interno, tumultuado igualmente por mototaxistas clandestinos oriundos de toda parte. A prefeitura, enquanto isso, não dá nem sinal de vida quanto ao Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público e que a obriga a publicar Edital de Concorrência para que novas empresas de transporte venham servir à comunidade. O prazo da licitação expira até o final deste mês. A população, ó lástima, esta vive entregue às baratas nas paradas do inferno...

Regulação fundiária

Iniciado em Marabá em 19 de julho, até o dia 9 de outubro o programa Terra Legal, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (Secretaria-Executiva Adjunta Extraordinária de Regularização Fundiária na Amazônia Legal) já havia realizado 3.173 cadastro de propriedades no Pará, com uma área superior a 693.536 hectares apenas no segmento da Fração Mínima de Parcelamento (FMP), ou seja, referente ao módulo de 3 e 4 hectares. Só a abrangência da Divisão de Marabá inclui 39 municípios no quadrante Pacajá/Tucuruí/Rondon do Pará/Santana do Araguaia. Segundo Raimundo Oliveira, titular da SR-27 do Incra, a grande maioria dos cadastros (2.738) é anterior a primeiro de dezembro de 2004. Já as características de seus proprietários indicam que são casados (50%), solteiros (27%), conviventes estáveis (14%) e o acesso ao lote é essencialmente terrestre (99%). E a posse é mansa e pacífica (96,53%).

Entorno do lago

A Eletrobrás assinou, na última semana, oito convênios com prefeituras da região da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará. Cerca de R$ 23,5 milhões serão destinados à melhoria da infraestrutura nessas localidades. Entre os projetos previstos no acorso estão a construção do terminal rodoviário e a pavimentação asfáltica em Jacundá, no valor de R$ 9 milhões, e a construção do ginásio poliesportivo e da rodoviária de Goianésia, com investimentos de R$ 8,3 milhões. Os convênios preveem ainda a pavimentação de vias urbanas e a coleta de lixo.

FM Beija-flor

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou hoje projeto de decreto legislativo que autoriza a Beija-Flor Radiodifusão Ltda. A explorar o serviço de radiodifusão sonora em frequência modulada no Município de Curionópolis, no Pará. A proposta, apresentada pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, tramita em caráter conclusivo e será encaminhada para o Senado.

Pérolas do Enem 2009 - I

1. 'O sero mano tem uma missão...' 2. 'O Euninho já provocou secas e enchentes calamitosas.' (Levei uns minutos para identificar o El Niño...) 3. 'A situação tende a piorar: o madereiros da Amazônia destroem a Mata Atlântica da região.' 4. Não preserve apenas o meio ambiente e sim todo ele.' 5. 'É um problema de muita gravidez.' (Com certeza!.. E se seu pai usasse camisinha, não leríamos isso!) 6. 'A AIDS é transmitida pelo mosquito AIDES EGIPSIO.' 7. 'Já está muito de difíciu de achar os pandas na Amazônia' (É...Também ursos e elefantes sumiram de lá) 8. 'Precisa-se começar uma reciclagem mental dos humanos, fazer uma verdadeira lavagem celebral em relação ao desmatamento, poluição e depredação de si próprio.' 9. 'O cerumano no mesmo tempo que constrói, também destroi, pois nos temos que nos unir para realizarmos parcerias juntos.' 10. 'Na verdade, nem todo desmatamento é tão ruim. Por exemplo, o do Aeds Egipte seria um bom beneficácio para o Brasil'

Relações

Mais de 24 milhões de pessoas vivem nos Estados do Amazonas, Tocantins, Pará, Acre, Roraima, Mato Grosso, Amapá, Rondônia e Maranhão, que compreendem a Amazônia Legal. Esta quantidade representa 13% da população total brasileira. Mesmo assim, de acordo com o estudo Presença do Estado no Brasil, Federação, suas Unidades e Municipalidades - lançado dia 15 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) -, a região possui 18% das famílias pobres do País. Segundo a pesquisa, ao todo existem na Amazônia Legal 2.295.021 famílias pobres. O Maranhão é o Estado com mais famílias nessa situação, com cerca de 800 mil, seguido por Pará (600 mil) e Amazonas (260 mil). Detalhe: grandes projetos da Vale estão instalados nestes três Estados.