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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Para onde sopra o vento



A Foz/Saneatins, empresa responsável pelos serviços de tratamento e distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto em 47 municípios tocantinenses e pelo menos cinco no Pará, agora se chama Odebrecht Ambiental/Saneatins.
O que levou a Odebrecht (com "atuação em dezenas de clientes nacionais e internacionais das áreas de petróleo, mineração, siderurgia e petroquímica por meio de variados tipos de serviços", segundo seu site). a incursionar em captação e distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto em mais de 160 cidades brasileiras, algumas do porte de Recife e Rio de Janeiro, é,  evidentemente, o rio de dinheiro que escorre de aquadutos e torneiras do setor: a Saneatins, por exemplo, registra R$ 200 milhões anuais de faturamento, podendo chegar, em seis anos, a R$ 450 milhões, segundo informou o presidente da Foz do Brasil, Fernando Reis, ao jornal Valor. A Saneatins registra R$ 200 milhões anuais de faturamento. Isso corresponde, atualmente, à metade do faturamento da Foz do Brasil (R$ 915 milhões).

A Foz já chegou a Curionópolis, onde a população comenta que seu serviço deixa a desejar. 
Embora em Marabá ninguém - nem mesmo a prefeitura - divulgue o nome das possíveis interessadas em ocupar o lugar da Cosanpa, murmura-se nos bastidores que os ventos encanados sopram todos na direção dessa empresa.
  

Trabalhar!? Tu é doido!...




Em Palestina do Pará, senhora preocupada com a falta de perspectivas da população, foi à luta e conseguiu aprovação e apoio oficial à proposta de cursos gratuitos de  artesanato em E.V.A. (Etil Vinil Acetato), para enfeites e decorações, possibilitando obter renda extra por meio de confecções decorativas.
Por conta desse esforço, foi feita propaganda volante por toda a cidade e aguardou-se com otimismo a manifestação positiva da comunidade.
Pois foi tudo em vão.
Diagnóstico do desinteresse?

As mulheres recebem bolsa-família e os homens, o bolsa-pesca - aquele seguro-desemprego do pescador-artesanal (que ano passado consumiu R$ 1,89 bilhão).

Minha cidade, meu tormento




Vão de mal a pior alguns gargalos que infernizam a vida do marabaense. Há bom punhado de dias as empresas de telefonia móvel sequer permitem contato entre as pessoas ou, se permitem, não é por tempo adequado para esgotar o assunto.
Nas ruas, onde pedestre não merece respeito, é cada vez maior o número de veículos estacionados sobre calçadas ou em filas duplas e triplas diante de estabelecimentos que investem em tudo, menos estacionamento (farmácias, bancos, restaurantes, órgãos públicos).
Transporte coletivo, nem se fala!... ônibus raros e caindo aos pedaços; poucos táxis  e táxis-lotação que fazem seu próprio horário; mototaxistas que se arrogam a escolher o passageiro pela cara, pelo lugar por onde acham que devem ir, sem falar na fixação arbitrária da tarifa que  cobram entre bairros.

E a catinga infernal nos bairros da cidade, aquela podrura sem controle e que, parece, nem o diabo dá cobro ou definição? E as quedas de energia da Celpa, o mau atendimento de prestadores de serviço?

Fala sério!...







Professores municipais já estão apertando o cinto e sofrendo pressão dos fornecedores: ainda não receberam o dinheirinho suado de outubro.

Lá vêm eles em seus cavalos brancos...


O aumento de 22% nos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) previsto para o início de 2015, que também elevará o teto salarial do funcionalismo, vai provocar efeito cascata não só para a carreira jurídica, como também para integrantes de outros poderes. Dentro das próximas semanas, um dos principais temas que serão discutidos no Congresso é o reajuste para os parlamentares.
Ao pegar uma carona em índices de aumentos substanciais, que extrapolam os 8,8% de reajuste do salário mínimo previstos para o próximo ano, o Congresso irá cumprir a Constituição Federal e aprovar projeto de lei que vai definir os vencimentos da próxima legislatura. A diferença para este ano é a possibilidade de os parlamentares elevarem seus vencimentos e igualar aos dos ministros do STF. Se aprovado, o salário dos deputados e senadores subiria dos atuais R$ 26,7 mil para R$ 35,9 mil.
A expectativa é que a tramitação do projeto de lei com o aumento para os parlamentares ocorra às vésperas do recesso de fim de ano e também do término do mandato de parte dos parlamentares.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O dia que a morte passeou na rua de casa



                                                                                                                                     
O moleque brincava sozinho à porta da casa, entretido com petecas na rua empoeirada e ao sol da manhã, quando sentiu um arrepio. Ergueu a cabeça e viu o homenzarrão: era branco, forte, as pernas da calça suja de lama enroladas até ao joelho. Na mão esquerda, o par de botas rangedeiras. Na direita, um punhal longo e estreito que ele tentava esconder atrás do braço e que lhe ia da mão cerrada à ponta da omoplata. A cabeça erguida, desafiador, passou sem pressa entre a oficina mecânica e o estaleiro de Mestre Leobaldo à ilharga do barracão de castanhas coberto de chapas de zinco, as únicas construções da margem esquerda da rua que dava para o rio. Atarefados, carpinteiros e mecânicos não lhe deram atenção. Seus ombros largos desapareceram assim que ele alcançou o muro de tijolos à amostra do cemitério, pouco adiante do Canto Verde. Vinte minutos mais tarde ele voltou: a cara fechada, arma na mão. Mal sumiu na esquina ao fim do quarteirão, à esquerda, atrás dele veio apressado um policial militar, as botas reluzentes, a farda cáqui, o fuzil com baioneta junto ao peito. Desta vez os trabalhadores saíram à rua, curiosos. Mais um instante, um grupo de militares surgiu, a trote, vindo da Cadeia de São Luiz, quase ao fim da rua, depois do cemitério. Eles também tinham pressa e carregavam fuzis. Levou tempo para que a multidão se dispersasse em meio ao burburinho.
Uma hora depois, um tumulto formidável sobressaltou os moradores. Sob o sol ácido, e vindas do extremo distante da rua, lá do Alto do Bode, centenas de pessoas caminhavam aos gritos de revolta ao redor dos praças tensos, de armas engatilhadas, em torno do gigante descalço, agora a carregar ao ombro o corpo de uma mulher robusta, muito branca, os cabelos louros e curtos manchados de barro e do sangue ainda a fluir do colo. À medida que o cortejo surreal desce rumo à cadeia e ao cemitério, cresce a indignação entre os que ouvem a história: atocaiado na trilha que levava ao porto, onde dezenas de lavadeiras passavam o dia inteiro de molho entre roupas encharcadas com sabão em barra e macela da beira, o grandalhão esfaqueara até à morte sua companheira e ainda fora avisar a polícia. “Assassino”, “covarde”, “matem esse monstro”, avançava a turba sobre os policiais. Três vezes o homenzarrão deixou cair pesadamente o corpo da mulher, e três vezes os aguilhões de baioneta o fizeram juntá-lo. Um desconhecido adiantou-se e carregou nos braços as pernas ainda quentes da infeliz. O cemitério, para onde ela foi levada aos trancos, encheu-se de gente. O mesmo sujeito que ajudara a carregar a mulher, pôs-se a abrir a cova quando o assassino, afogueado pelo sol do inferno, ancorava o corpo na enxada. Sem ao menos um lençol a embrulhá-lo, o corpo foi jogado no túmulo. Um urro de dor, angústia e frenesi, acudiu a multidão. Mulheres choravam; boquiabertos, inúteis, os homens entreolhavam-se, tossiam, lágrimas nos olhos de alguns. E de repente um silêncio aterrador desabou sobre o mundo, o cemitério, a multidão, o assassino, as fardas cáqui de reluzentes botões dourados, as flores cobertas de poeira nos sepulcros, o rosto lívido dos militares. Ouvia-se apenas o ruído do barro, um barulho abafado, profundo, a ressonância do barro a cair das pás sobre o corpo desprotegido, a carne ainda sangrenta a retornar ao pó.   

Sesc inaugura amanhã




O Serviço Social do Comércio (Sesc) inaugura oficialmente amanhã, dia 07 de novembro, às 18h, sua mais nova unidade no Pará - o Centro de Atividades Paulo Cesar de Carvalho Lopes, em Marabá. A cerimônia, somente para convidados, contará com a presença do Presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac Pará, Sebastião de Oliveira Campos, do Superintendente do Departamento Regional do Sesc no Pará,  Marcus Pinho, da Diretora Regional do Sesc no Pará, Odmarina Avelino de Sousa, além de conselheiros, sindicatos filiados,  autoridades, empresários, imprensa e convidados.
O nome da Unidade homenageia o empresário local e conselheiro do Sesc, Paulo Cesar de Carvalho Lopes, que tanto lutou pela  implantação do Sesc no município. Paulinho, como era chamado por todos, era economista e na vida profissional militou como empresário do setor de cozinha industrial e farmácia, por muitos anos. Também foi presidente do Sindicato do Comércio de Marabá (Sindicom) e diretor da Associação Comercial e Industrial de Marabá (Acim).

Contra a "privatização" da água



Quem ganha?
Por conta da carga pesada que o prefeito João Salame faz para “substituir” a Cosanpa no fornecimento de água tratada  em Marabá, as caixas residenciais de correio vêm transbordando de panfletos pagos pela prefeitura.
A publicação, em papel de primeira e impressão em várias cores, tenta “vender” o propósito das melhores intenções do prefeito, mas não explica quem indenizará o patrimônio deixado pela Cosanpa.
Outro ponto: quem lucrará com a concessão de trinta anos, pelo menos, além da empresa contratada? O negócio é tão bom que até tradicional construtora com atuação em todo o Brasil já estendeu tentáculos para esse tipo de negócio. 
"Clamor popular barra audiência pela 3ª vez" é, a propósito, a manchete do jornal Correio do Tocantins de hoje, terça-feira, 6 de novembro. 
"A pressão popular, com representantes de vários setores, incluindo igreja, políticos, entidades de classe e associações, fez a Prefeitura de Marabá recuar em mais uma tentativa, ontem (5), de seguir com a concessão da gestão de água e esgoto a empresa privada. prevaleceu a mobilização dos manifestantes e o argumento de personalidades como o bispo Dom Vital Corbelini e o deputado eleito João Chamon, que sugeriram que o município volte atrás no atual estágio do processo, amplie a discussão com todos os setores da sociedade, antes de nova tentativa, uma vez que o tema env olve toda a população da cidfade. sindicalistas prometem manter vigilância e criticam modelo", diz o jornal em chamada principal da primeira página.

Controle de natalidade



CPI acusa que o prefeito de Parauapebas, Valmir Mariano, gastou R$ 10 milhões em contraceptivos, através da Secretaria de Saúde.
Se procedente a denúncia, a fortuna daria para comprar mais de 555 mil cartelas de anticoncepcional genérico (o mais barato) a R$ 17,00 a unidade.
Mais de três vezes a população do município.

Rio Tocantins poluído



Três ações civis públicas (ACPs) acabam de ser ajuizadas pelo Ministério Público Estadual (MPE) em desfavor dos municípios de São Miguel do Tocantins, Itaguatins e Maurilândia (todos no TO), além da concessionária de água e esgoto Odebrecht Ambiental (antiga Foz Saneatins). As ações visam proibir a continuidade do despejo de esgoto sanitário sem tratamento diretamente no Rio Tocantins e seus afluentes.
Em Marabá, quem for à orla nem precisa de muito esforço para ver a quantidade de esgotos despejando porcaria no mesmíssimo Tocantins. E, de quebra, no Itacaiúnas, conforme já denunciado pela imprensa e confirmado por pesquisadores da Casa da Cultura.