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quinta-feira, 17 de julho de 2008

Mineração inclusa

Eu já tinha postada a matéria "DIM, siderurgia & quinquilharias" quando recebi, via e-mail, o texto abaixo: “Meu caro amigo Ademir Braz: Desde quando da decisão do governo do Estado, em 1986, em adquirir a área que hoje é o Distrito Industrial de Marabá, nós nos posicionamos contra, por termos tido a oportunidade de fazer uma discussão com o geógrafo Aziz Ab`saber e ele ter alertado que a localização viria prejudicar a cidade, com o transporte pelos ventos, da fumaça e da fuligem produzidas pelas chaminés dos alto-fornos das siderúrgicas. Nesta semana aproveitei uma folga de final de tarde e fui à praia para curtir aquele momento vespertino, quando voltei os olhares para a cidade confirmei o que havíamos denunciado: a cidade totalmente coberta por fumaça e aquela cortina de fumaças que impossibilita se enxergar as nuvens. Estamos à beira de um caos, porque por dia são toneladas de gás carbônico (CO2) liberadas pela descarga dos veículos automotores que circulam pela cidade, e pelas chaminés dos altos-fornos das siderúrgicas, que provocarão muitas doenças respiratórias, com os idosos e as crianças sendo as maiores vitimas. Os acidentes de trânsito na cidade e nas estradas tendem a aumentar, porque são muitos veículos e muita gente apressada. As estradas estão esburacadas, com o asfalto deteriorado e tomadas por carretas transportando carvão vegetal e enormes caçambas transportando minério. É um grande número de caçambas transportando minério de ferro do município de Floresta do Araguaia para Marabá, e manganês de Marabá para Barcarena, durante as 24 horas do dia. Mas o problema da mineração é maior do que o causado no tráfego. Calcula-se que a lavra do cobre devera produzir o maior volume de rejeitos da história da mineração na Amazônia. Segundo Lucio Flávio Pinto, só da mina de Sossego serão descartados todos os anos 13 milhões de toneladas de material estéril, dos quais 1,5 milhão conterão produtos químicos tóxicos. É bom lembrar que além da mina de Sossego tem a 118, Cristalino, Alemão e Salobo, nos municípios de Canaã, Parauapebas, Curionópolis e Marabá. Quantos milhões de toneladas de produtos tóxicos, só a mineração do cobre espalhará nesta região, nos próximos dez anos? E o níquel do vermelho, de Ourilândia, e o cobre de São Félix do Xingu e Xinguara? Da forma como os projetos estão se instalando na região não pode ser visto como desenvolvimento se continuar gerando riqueza para poucos e degradação social e ambiental para a maioria. Este modelo não Vale." (Raimundo G. Neto)

Enquete

Resultado parcial da consulta virtual - “Indique o que você mais gosta de ler em nossas páginas” – em andamento no site do jornal Correio do Tocantins, com 568 votos anotados: Polícia - 19 %; Política e Desenvolvimento - Ademir Braz, 18 %; Pirucaba - 13%; Ronda Política e Repórter Tocantins - 12 %; Fatos, Negócios & Gente - 11 %; Informe Esportivo - 10%; Horóscopo e Novelas - 6%; Variadíssimas - 5%; Classificados - 5 %; Voz do Povo - 2 % Como dizia minha santa mãe Ana: “Só sei dizer que é chato...”

DIM, siderurgia & quinquilharias

No lugar errado. O Distrito Industrial de Marabá jamais deveria ter sido construído a montante da cidade. Nem ele nem o frigorífico atual, nem aquele antigo, da prefeitura, erguido nos anos 70 à margem do rio Itacaiúnas. Explico: na segunda metade dos anos 80 iniciou-se em Marabá, com a participação maciça de jovens, uma discussão que abrangeria o futuro imediato do município e da região, exatamente quando o garimpo de Serra Pelada estava nos seus estertores e uma incipiente siderurgia ensaiava a ocupação do antigo Castanhal Taboquinha, desapropriado justamente para instalação do DIM. À época, nossa Casa da Cultura (governo Hamilton Bezerra/Adelina Braglia, 1986/1988) estava cheia de cabeças ativas (Virgínia Mattos, Marise Morbach entre outras) e se questionava de tudo, com todos e, eventualmente, contra muitos. Entre os apoios recebidos tivemos aqui o geógrafo Aziz Ab'Saber, o historiador Vicente Salles, o jornalista Lúcio Flávio Pinto, o agrônomo Hans Miller, tudo gente da melhor estirpe, como se vê. À época, Ab'Saber foi categórico: posto entre a rota dos ventos e a cidade enfiada num sucavão muito próximo ao nível do mar, o DIM vai poluir até a alma dos moradores. Na maior parte do ano, explicou a velocidade dos ventos alcança no máximo meio metro por segundo e não vai poder remover ou espalhar os gases e resíduos sólidos que os altos-fornos vão atirar no espaço. Tenho tudo nos arquivos, e disso me recordei, semana passada, quando, para justificar a alternativa do uso de gás na siderurgia, foi divulgado estudo sobre o distrito industrial onde se afirma que mais de 40 toneladas de lixo são atiradas mensalmente ao ar. Deus salve o cientista e profeta paulista Ab'Saber. No lugar certo parece ser a definição da área onde será construída a planta industrial da aciaria de seis bilhões de dólares para a produção de bobinas laminadas de aço a quente, chapas grossas e placas na área urbana de Marabá, entre a Transamazônica e o rio Tocantins, sentido Itupiranga Abaixo, portanto, do espaço urbano. No lugar errado é que será o anúncio oficial da instalação desse empreendimento da Vale do Rio Doce, na primeira quinzena de agosto próximo, em solenidade que reunirá Roger Agnelli, Ana Júlia Carepa e Luiz Inácio Lula e outros menos votados, justamente em Belém, a cerca de 500 km das instalações previstas. O que tem a capital a ver com um projeto que de nada lhe serve, se a Vale, beneficiária ainda hoje de injustificável isenção fiscal, sequer recolhe imposto de renda ou qualquer contribuição sobre a circulação de mercadorias, recursos que poderiam ser aplicados pelo Estado em todo o Pará? Por outro lado, e como a Vale não mete prego sem estopa, aconselha-se aos aborígines locais que guardem para bem mais tarde a fantasia ufanista e o foguetório comemorativo. É que a mega-empresa só sairá se forem construídas as eclusas de Tucuruí (há 26 anos mumificadas no formol do desinteresse político) e o licenciamento ambiental, que a burocracia levará tempo indeterminado para realizar e autorizar. A propósito, em 5 de março recente, o Ministério Público Federal no Pará ajuizou ação civil pública contra o ex-diretor geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) Luiz Francisco Silva Marcos, e a construtora Camargo Corrêa por irregularidades na aplicação de recursos destinados à construção das eclusas. De acordo com o MPF, R$ 6,8 milhões foram desviados para obras na orla do município.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Ruínas, caras ruínas

Em recesso virtual, o Fórum de Marabá foi arrombado de segunda para terça-feira. As informações são ralas, mas indicam o roubo de armas de fogo, drogas e, possivelmente, processos. Produtos idênticos roubados do Fórum de Itupiranga, na semana passada. Outra situação é que embora tenha pouco mais de dois anos e meio de inaugurado, o prédio do Judiciário está há quase um ano em reformas que alcançam meio milhão de reais. Foi construído sobre um lixão e suas bases afundaram irremediavelmente no solo sem sustentação. Com paredes rachadas e piso afundando, telhados em ruínas, portas empenadas, magistrados, servidores e trabalhadores do Direito temem o risco de desabamento. Por último, agora, as obras de recuperação estão suspensas: comenta-se que de nada serviriam, nem mesmo em caráter provisório.