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sábado, 28 de maio de 2011

Achado mais um morto em Nova Ipixuna


O corpo de um homem ainda não identificado, mas que trabalhava com o casal de líderes extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, mortos na última terça-feira, em Nova Ipixuna (sudeste do Pará), foi encontrado com um tiro na cabeça na tarde deste sábado (28).
O local onde o corpo foi encontrado fica entre os Núcleos Cupu e Maçaranduba do Assentamento Agroextrativista Praialta Piranheira, mesma comunidade onde os extrativistas foram mortos no início da semana.
O homem foi localizado depois que equipes do Ibama -- que faziam uma fiscalização em Nova Ipixuna -- foram abordadas por moradores locais que diziam ter encontrado o corpo de um jovem executado com um tiro na cabeça.
Até o início da noite de hoje, a equipe da Polícia Federal que foi até Nova Ipixuna para fazer a perícia no corpo não havia retornado a Marabá (PA).


Malandragem também em Tailândia

No blog de Franssinete:
"O promotor de Justiça de Tailândia, Bruno Beckembauer, recebeu representação propondo ação civil pública por ato de improbabilidade administrativa, subscrita pelos cidadãos Valdinei Afonso Palhares, Maria Aparecida Silva do Carmo, a “Preta”, e Aluísio Onofre de Souza, o “Lui”, contra o prefeito Gilberto Miguel Sufredini e seu vice, Edson Azevedo, e a empresa EJTF Terraplanagem Ltda. O MPE notificou os representados e já ouviu o prefeito, que confirmou parte da denúncia.
Segundo a representação, quem executa a coleta de lixo na cidade é a empresa EJTF Terraplanagem Ltda – EPP, com sede na trav. São Félix nº 04, CNPJ 10.498.708/0001-78, bairro Centro – Tailândia-PA, que tem como sócios Estherullams José de Azevedo (detentor de 99,9% do capital), brasileiro, casado com Maria Telma Queiroz de Azevedo, e Thiago Francisco Galvão de Lima.
O sócio majoritário é irmão do vice-prefeito, e o outro, detentor de 0,01% do capital, é assessor especial, lotado no gabinete do prefeito.
A alteração contratual nº 02 foi devidamente registrada na Junta Comercial do Pará, em 28/05/2010, mas a empresa já recebia fatura desde janeiro de 2009 e foi constituída em 31/10/2008, logo após as eleições municipais.
Ao consultar no Tribunal de Contas dos Municípios o período 2009/2010, os subscritores da representação encontraram nas contas da municipalidade diversos pagamentos mensais para a EJTF Terraplanagem, que só pela coleta de lixo recebeu R$ 3,6 milhões, sem licitação.
Os autores requerem a imediata indisponibilidade dos bens dos demandados, para futuro ressarcimento ao erário municipal e o pagamento das multas civis a serem fixadas na sentença condenatória, bem como a condenação nas sanções civis.
*Fonte: Forum da Sociedade Civil de Tailândia-Pará"

Protesto e Denuncia do assassinato de José Claudio e Maria, no Pará.wmv

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Papo cabeça, tipo assim

A Terra Mesopotâmica do Sol

Tudo que é madeireira dissolve nas páginas no Diário?

A matéria especial do jornalista Carlos Mendes para O Estado de S. Paulo, sobre a denúncia feita ao Ministério Público Federal de Marabá pelo casal  José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo - mortos a tiros na terça-feira em Nova Ipixuna - também saiu hoje no Diário do Pará com um detalhe: desapareceu do jornal paraense o nome das madeireiras Tedesco Madeiras,Madeireira Bom Futuro e Madeireira 
Eunápolisdenunciadas por envolvimento em crimes ambientais

Madeireiras denunciadas

500 fornos carvoeiros na região

Em reportagem especial para O Estado de S. Paulo, o jornalista Carlos Mendes garante que vinte dias antes de ser morto a tiros, o casal de líderes extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo enviou documento ao Ministério Público Federal de Marabá denunciando o envolvimento de três madeireiras da região de Nova Ipixuna, no Pará, em crimes ambientais: as empresas Tedesco Madeiras, Madeireira Bom Futuro e Madeireira Eunápolis, e mostra que a reserva de mata densa foi quase toda destruída para retirada de madeira. “No mesmo dia em que a denúncia foi protocolada no Ministério Público, 4 de maio, o procurador Tiago Modesto Rabelo pediu informações ao Ibama sobre os danos provocados por estas madeireiras na área de preservação do assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, onde os líderes atuavam. Além do casal, nove assentados assinaram o documento.”
Uma das denúncias, acrescewnta Carlos Mendes, é a produção de carvão na região usada para abastecer empresas do pólo siderúrgico de Marabá. De acordo com os assentados, na área existem 500 fornos de carvão construídos nos lotes das famílias. Para derrubar a floresta, as empresas pagam R$ 30 pelo metro cúbico de madeira cujo valor no mercado internacional atinge R$ 1,2 mil. "Os assentados mais frágeis e entusiasmados com a possibilidade de ganhar dinheiro se submetem a essa exploração", diz o documento.

Tudo a ver

Extrativistas mais fortes e unidos para denunciar desmatamento

Amigo próximo do casal de extrativistas assassinados na terça-feira (24) no Pará, o diretor do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Atanagildo Matos, disse ter certeza de que as mortes de Maria do Espírito Santo e João Cláudio Ribeiro da Silva foram encomendadas para tentar prejudicar as comunidades que vêm denunciando o desmatamento ilegal, promovido por madeireiros da região.
Ele advertiu que, no entanto, o tiro saiu pela culatra. “Agora estamos mais fortes e unidos para defender a floresta”. “Ainda não sabemos exatamente quem foi o mandante porque as denúncias feitas por João atingiam diversos grupos e interesses. Mas tenho certeza de que essas mortes foram encomendadas”, disse Matos à Agência Brasil. Segundo ele, o assassinato do casal deixou a comunidade muito abatida, porém fortalecida.
“A morte deles deixou o movimento mais indignado e vamos buscar forças nessa indignação para pressionar o governo a respeitar nosso pedido e a população das florestas. Perdemos um casal muito atuante e digno. Que trabalhava e era querido pela comunidade. Mas, assim como as árvores que eles defendiam, eles também deixaram sementes. Precisamos continuar nossa luta. Agora vamos nos juntar para avaliar a situação e continuar nossa missão”, acrescentou o diretor do CNS.
Junto com o casal, Matos desenvolvia o Plano de Manejo Florestal de Uso Múltiplo, um projeto de sustentabilidade que atinge diversas localidades da Amazônia. “É uma experiência de uso lucrativo da floresta, mas sem derrubar nem queimar árvores”, explicou.
A entidade defende políticas dirigidas ao pequeno, médio e grande produtor. “A responsabilidade pelas florestas tem de ser de todos”, afirmou o ativista, que cobrou a prisão de todos que cometerem crimes ambientais. “Não se pode mais continuar essa política destruidora e devastadora”, disse Matos, que está no movimento desde 1978.
“Foi uma triste coincidência o assassinato deles ter sido cometido em uma data tão próxima à aprovação do Código Florestal, com essas emendas que anistiam criminosos e que delegam a municípios e estados a definição das áreas de proteção”, desabafou.
Na comunidade onde viviam Maria do Espírito Santo e João Cláudio Ribeiro da Silva, há cerca de 250 famílias ocupando uma área de 36 mil hectares. Hoje (26), ocorrerá o sepultamento dos dois seringueiros.
(Agência Brasil)
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ANPR apoia investigação de assassinato
A Associação Nacional dos Procuradores da República lamenta os assassinatos de José Cláudio Ribeiro da Silva e sua esposa, Maria do Espírito Santo Silva, castanheiros no Assentamento Extrativista  Praialta-Piranheira, no município de Nova Ipixuna (PA).
José Cláudio e Maria do Espírito Santo eram defensores da Floresta Amazônica e do desenvolvimento sustentável. Ambos combatiam e denunciavam as explorações ilegais de madeira. Por conta das informações e do trabalho ativo na defesa do meio ambiente, madeireiras irregulares foram fechadas e investigações policiais iniciaram-se para apurar os crimes ambientais. Muitos dados foram encaminhados ao MPF em Marabá, que serviram de base para ações no combate à degradação da Natureza.
A defesa do meio ambiente fez mais duas vítimas na região Amazônica, que teve a luta de Chico Mendes e de Irmã Dorothy Stang encerradas por quem não admitia manter a floresta íntegra, como pressuposto para a geração de emprego e renda para os amazônidas.
A Associação Nacional dos Procuradores da República apoia uma apuração rigorosa no caso e a punição de todos os responsáveis por mais este crime contra os direitos humanos e o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Brasília, 25 de maio de 2011.
Alexandre Camanho de Assis
Procurador Regional da República
Presidente da ANPR
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“Mataram o e a Dona Maria!”
Foi com muito pesar e indignação que a equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) recebeu a notícia do assassinato covarde de José Cláudio Ribeiro da Silva e sua esposa Maria do Espírito Santo, no dia 24 de maio de 2011, no Projeto de Assentamento Agroextrativista Praialta-Piranheira, em Nova Ipixuna (PA).
Somos solidários à família, extrativistas e agricultores da região e esperamos que as autoridades policiais cumpram adequadamente seu papel, descobrindo quem foram os responsáveis por tamanha barbaridade e que estes sejam levados à justiça. Esperamos que toda a cadeia de comando envolvida neste crime seja desarticulada e presa.
O enfrentamento realizado por estas lideranças sociais soma-se à difícil tarefa que várias instituições públicas e da sociedade civil tem tentado executar, não apenas na Amazônia, mas em todo o Brasil. Lutar contra as forças políticas e econômicas que lucram com o desmatamento ilegal e com a grilagem de terras significa se expor à mira de grupos criminosos. Infelizmente, o Estado ainda não consegue proteger aqueles que se levantam contra tais interesses, reagindo somente após o derramamento de sangue.
As mesmas mãos que assassinam e intimidam lideranças dos movimentos sociais também tentam, por coação, ameaças e violência, frear o trabalho de servidores do ICMBio e IBAMA.
Nossos sinceros abraços, com a certeza de que lutamos por valores em comum, pela sustentabilidade ambiental e social com qualidade de vida e direito aos territórios dos agricultores familiares, extrativistas e demais populações tradicionais.
ICMBio/CR4-Belém.
Em 25 de maio de 2011

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Ruralistas vaiam anúncio de morte

A notícia é do jornal Valor Econômico, de 25.05.2011. A reportagem é de Daniela Chiaretti:

"Era perto das 16h quando uma cena grotesca aconteceu no plenário da Câmara dos Deputados.  O líder do Partido Verde, José Sarney Filho, lia uma reportagem sobre o extrativista José Claudio Ribeiro da Silva, brutalmente assassinado pela manhã no Pará, junto com sua mulher Maria do Espírito Santo da Silva, também uma liderança amazônica.  
Ao dizer que o casal que procurava defender os recursos naturais havia morrido em uma emboscada, ouviu-se uma vaia. 
Vinha das galerias e também de alguns deputados ruralistas. 
A indignidade foi contada no Twitter e muito replicada.  "Foi um absurdo o que aconteceu", diz Tasso Rezende de Azevedo, ex-diretor geral do Serviço Florestal Brasileiro.  "Ficamos estarrecidos".
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Vivo fosse, Francelino Pereira continuaria indagando:
"Que país é este?"

Sepultados extrativistas assassinados em Nova Ipixuna

O casal de extrativistas Maria do Espírito Santo da Silva e José Cláudio da Silva, integrantes do CNS (Conselho Nacional dos Seringueiros) assassinados segund-feira (24) em Nova Ipixuna (PA), foram sepultados hoje no Cemitério da Saudade, em Marabá, depois de uma noite inteira de vigília por centenas de pessoas no bairro de São Félix Pioneiro.
No início da manhã desta quinta-feira (26) representantes de movimentos sociais, professores do Campus da Universidade Federal do Pará em Marabá, entidades civis organizadas, MST e milhares de trabalhadores rurais e urbanos ocuparam desde as cinco horas a ponte rodo-ferroviária Carajás, sobre o rio Tocantins. Com a interdição das pistas rodoviárias e da ferrovia suspensa, um trem carregado de minério com destino ao Porto de Itaqui (MA) ficou várias horas retido, como resultado do protesto e denuncia dos movimentos camponeses e diversas entidades solidárias à luta por justiça.
Protestos
Em nota divulgada quarta-feira (25), o Regional Norte 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil recorda que “José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito foram lideranças destacadas na defesa da floresta extrativista e por esse motivo sofriam ameaças constantes. Foram pioneiros na criação da reserva extrativista do Assentamento Praia Alta/Piranheira, onde existe uma das últimas reservas de castanha-do-pará. Essa reserva, em razão da grande riqueza em madeira, era alvo de cobiça de madeireiros e grileiros.”
Adiante, dizem o presidente da entidade, Dom Jesus Maria Cizaurre Berdonces, o vice Dom Bernardo Johannes Bahlmann, e o secretário Dom Flávio Giovenale, que na audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal em Marabá, José Cláudio informou abertamente que estava ameaçado de morte. “Seu depoimento foi dado em muitos jornais, mas o que foi feito por ele e por sua esposa e família enquanto estavam vivos?”
E acrescentam: “Diante desse triste e lamentável episódio, que escancara a deficiência do Estado Brasileiro em defender os filhos da terra que lutam em favor da vida, só nos resta exigir que esse crime não seja mais um impune”.
Diante desse triste e lamentável episódio, que escancara a deficiência do Estado Brasileiro em defender os filhos da terra que lutam em favor da vida, só nos resta exigir que esse crime não seja mais um impune.”
Abaixo, flagrantes da manifestação:







terça-feira, 24 de maio de 2011

Camponeses assassinados em Nova Ipixuna

Maria do Espírito Santo e José Cláudio
assassinados em Nova Ipixuna

Maria do Espírito Santo da Silva e José Claudio Ribeiro da Silva, líderes do Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, foram assassinados na manhã desta terça feira (24), a 50 km do município de Nova Ipixuna, sudeste do Pará, na comunidade de Maçaranduba.
As ameaças contra a vida do casal começaram por volta de 2008. Segundo familiares, desconhecidos rondavam a casa de Maria e José Cláudio, geralmente à noite, disparando tiros para o alto. Algumas vezes, chegaram a alvejar animais da propriedade do casal. O momento das intimidações coincidiu com a denúncia dos líderes extrativistas contra madeireiros da região, que constantemente avançam na área do projeto, para extrair espécies madeireiras como castanheira, angelim e jatobá.
Para Atanagildo Matos, Diretor da Regional Belém do CNS, a morte de José Cláudio e Maria da Silva é uma perda irreparável. “Eles nos deixam uma lição, que é o ideal dos extrativistas da Amazônia: permitir que o ‘povo da floresta’ possa viver com qualidade, de forma sustentável com o meio ambiente”, diz Matos. “Já estamos em contato com o Ministério Público Federal, Polícia Federal e outras instituições. Apoiaremos fortemente as investigações, para que esse crime não fique impune”, afirma o Diretor do CNS.
Trabalho
Maria e José Cláudio viviam há 24 anos em Nova Ipixuna. Integrantes do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), ONG fundada por Chico Mendes, foram um exemplo para toda a comunidade. Desde que começaram a viver juntos, mostravam que era possível viver em harmonia com a floresta, de forma sustentável. “O terreno deles tinha aproximadamente 20 hectares, mas 80% era área verde preservada”, conta Clara Santos, sobrinha de José Cláudio Silva. “Eles extraíam principalmente óleos de andiroba e castanha, além de outros produtos da floresta para sua subsistência. Graças à iniciativa dos meus tios, atualmente o PAEX Praialta-Piranheira tem um convênio com Laboratório Sócio-Agronômico do Tocantins (LASAT – Universidade Federal do Pará), para produção sustentável de óleos vegetais, para que os moradores possam sustentar-se sem agredir a floresta”, revela Clara.
Assentamento
O Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAEX) Praialta Piranheira situa-se à margem do lago da hidrelétrica de Tucuruí. Foi criado em 1997 e possui atualmente uma área de 22 mil hectares, onde encontram-se aproximadamente 500 famílias. Além de óleos vegetais, o açaí e o cupuaçu, frutas típicas da região, garantem a renda de muitas famílias. (Ascom CSN)
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Comoção geral
Deputado Edilson Moura, do PT, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, viajou na manhã de hoje para Nova Ipixuna do Pará em busca de mais informações. Ele prometeu acionar o Ministério Público Federal e a Polícia Federal para participar das investigações.
Pela manhã, blog do Hiroshi Bogéa informou haver mantido contato com investigador da PC, sendo informado que “uma equipe da polícia havia se deslocado para iniciar as investigações, mas há suspeitas, segundo ele, de que o assassinato tenha sido encomendado por madeireiros da região que vinham sendo incomodados pela militância ambiental das suas vítimas”.
O jornalista Chagas Filho,do blog Terra do Nunca, acrescenta que as vítimas denunciaram “onde puderam” que estavam sendo ameaçados de morte por madeireiros, “mas o Estado, conivente, simplesmente deu as costas àquele casal de trabalhadores”.
Professores do Campus da UFPA em Marabá ficaram de ir a Nova Ipixuna manifestar solidariedade aos camponeses assassinados.
A Subsecional da OAB de Marabá vai acompanhar a apuração do duplo homicídio em busca da efetivação da Justiça o mais rapidamente possível.
A expectativa entre jornalistas é que os corpos seriam removidos pelo IML para Marabá e que a Superintendência Regional de Polícia Civil, aqui sediada, seja a responsável pelas investigações.