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quinta-feira, 16 de junho de 2016

Como dantes na casa da mãe Joana

15/06/16

Parsifal Pontes

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A Câmara Federal, na mais perfeita tradução do patrimonialismo político nacional, modificou, ontem (14), substancialmente o projeto de lei, já aprovado no Senado, que poderia ser o início de uma mudança, para melhor, na gestão das estatais.
O projeto do Senado visava, pelo menos, diminuir o aparelhamento político nas estatais, coisa que chegou aos píncaros com o PT, mas que todo partido que chega, ou se aprochega, ao poder faz, que é nomear seus próceres ou parecidos para todos os cargos possíveis dentro da estrutura orgânica da empresa, fazendo com o que o aparelhamento sirva aos interesses partidários e não às exigências empresariais.
O projeto de lei, aprovado no Senado, escrevia que dirigentes partidários e sindicais e pessoas que, nos últimos 36 meses, participaram de atividades político-partidárias, de campanhas eleitorais e de organização sindical, não poderiam ocupar cargos de direção, presidência e nem de conselhos de administração das estatais.
A Câmara Federal rejeitou essa parte do texto, consentindo que tudo continue como dantes na casa da mãe Joana.
Eu mesmo, por exemplo, pelo texto aprovado no Senado, não poderia continuar a fazer parte da diretoria de uma estatal que hoje ocupo, mas apoiava integralmente o projeto, pois o que nele se lia era um importantíssimo avanço pontual de uma reforma administrativa que é prometida desde o ano passado para o ano que vem.
Eu sempre digo que político não vem de outro planeta, são daqui mesmo, saídos do seio da sociedade e ela representam em todas os seus defeitos, já que a política é nivelada por baixo. Mas atitudes como essa, da Câmara Federal, destituem-me a fala, sendo possível intuir que esse pessoal veio de outra galáxia e não sabe ler o que está em toda a imprensa, que não deixa de ser consequência do aparelhamento partidário da República.

terça-feira, 14 de junho de 2016

ração Asfixia contra desvios do SUS no Pará

Estelionato, associação criminosa, corrupção ativa e passiva, agiotagem, falsificação de documentos públicos, falsidade ideológica, fraudes. São muitos os embasamentos da Operação Asfixia, que mobilizou hoje cedinho 150 policiais federais, divididos em 37 equipes, que cumpriram em Belém, Marabá, Parauapebas e Xinguara 51 medidas judiciais: 5 prisões preventivas, 3 prisões temporárias, 9 conduções coercitivas e 35 mandados de busca e apreensão, em empresas, cartórios, órgãos públicos e secretarias vinculadas às prefeituras de Marabá, Parauapebas e Xinguara.

O "X"da questão é esquema criminoso em licitações públicas de gases destinados a hospitais, operado por um grupo de empresários e funcionários públicos. A PF estima que tenham sido desviados mais de R$ 30 milhões. O caráter competitivo dos certames licitatórios eram fraudados, com o direcionamento das exigências do edital de maneira a favorecer apenas uma das empresas participantes do  consórcio criminoso. Após a vitória de uma delas, as “perdedoras” eram subcontratadas pela vencedora. Também foi detectado alto grau de influência junto a órgãos e a servidores públicos federais, estaduais e municipais. 

Os indiciados criaram empresas de fachada, algumas registradas em nome de “laranjas”, a fim de dificultar o rastreamento dos reais proprietários. A quantidade de recursos públicos desviados foi tal que um parecer do Conselho Municipal de Saúde de Parauapebas chegou a afirmar que a quantidade de gases contratada para seis meses daria para abastecer, por um ano, a cidade de Goiânia(GO), que é muitíssimo maior e mais populosa. 

Em três anos, os investigados faturaram mais de R$ 30 milhões. Dentre os bens apreendidos e perdidos pelos criminosos, há carros de luxo, aeronaves (aviões e helicópteros), uma lancha avaliada em mais de R$ 700 mil, além de uma fazenda com pista de pouso para jatos executivos. O patrimônio foi adquirido a partir do desvio de recursos públicos do SUS.  (Frassinete Lorenzano)