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sábado, 30 de junho de 2007

É pouco

Deu no Diário do Pará de hoje, 30 de junho: DESMATAMENTO ILEGALSiderúrgica terá que reflorestar área A Siderúrgica Ibérica do Pará S.A. está obrigada a reflorestar com essências florestais nativas da Amazônia, em 180 dias, área de três hectares que desmatou ilegalmente, à margem da BR-222, no município de Dom Eliseu, região sudeste do Pará. O projeto de recuperação da área degradada deverá ser conduzido sob acompanhamento de técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováreis (Ibama) pelo tempo que for necessário, antes e após o plantio das mudas. A punição foi imposta à empresa em sentença proferida pelo juiz federal Carlos Henrique Borlido Haddad. Ele considera que condenar a empresa a reflorestar a área degradada “é mais eficaz e se reveste do caráter pedagógico adequado, pois, dada a ínfima extensão do impacto ambiental, a condenação em dinheiro teria pouco ou nenhum efeito para a requerida”.A siderúrgica alegou que o desmate ocorreu décadas atrás, durante a construção da rodovia BR-222 e do linhão da Eletronorte que passam pelo local, limitando-se a limpar a área já desmatada para permitir a passagem de rede elétrica que dá suporte ao seu viveiro de mudas, sem nenhum dano à área de preservação ambiental da floresta amazônica. Segundo o juiz, para se configurar o dano ao meio ambiente, “pouco importa se a área está ou não inscrita em nome da União, já que, em qualquer caso, antes de se realizar um desmatamento, deve-se obter a licença outorgada pelo órgão competente”. Como a siderúrgica não apresentou tal autorização foi autuada por fiscais do Ibama.

Debandada

No Liberal deste sábado: Coronéis da PM correm para a reserva Decreto Medo de perder adicional de inatividade leva PMs a pedirem baixa A Polícia Militar do Pará sofreu ontem um grande abalo depois do vazamento da informação de que a governadora Ana Júlia Carepa assinou decreto extinguindo o adicional de inatividade de 30% sobre o último soldo, benefício a que os policiais militares têm direito quando vão para a inatividade. O medo de perder o adicional provocou uma verdadeira corrida à sede do Comando Geral da PM, em Belém. Os corredores do quartel ficaram lotados de policiais que procuraram o Departamento de Pessoal para pedirem baixa para a reserva. A idéia era se antecipar à publicação do decreto no Diário Oficial do Estado para assegurar o direito ao adicional. Segundo informações, mais de mil praças - cabos, soldados e sargentos - além de dez tenentes-coronéis teriam protocolado os pedidos. A situação mais grave, no entanto, diz respeito aos coronéis. De um efetivo de 22, 17 pediram para ir para a reserva. A Polícia Militar perderá, assim, quase todos os seus comandantes. O caso é especialmente delicado na região Sul do Pará onde, neste momento, mais de 100 homens da PM que cumprem mandados de reintegração de posse em fazendas ocupadas. A operação está sob o coordenação do Comando de Missões Especiais, que vai perder o comandante e o sub-comandante (veja quadro) e do Batalhão de Choque, cujo comandante também pediu para ir para a reserva. Fontes da PM dizem que a saída deve repercurtir mal no moral das tropas, que já estão sob condição de estresse alto, comum em missões dessa natureza. O governo do Estado, em nota oficial emitida pela Coordenadoria de Comunicação Social, informa que não há ato oficial alterando o decreto nº 4.439, de 25 de agosto de 1986, que revisou os percentuais dos adicionais de inatividade da Polícia Militar. 'Portanto, nenhuma medida provocou pedidos de enquadramento na reserva da corporação por coronéis, tenentes-coronéis e/ou praças', diz a nota. O governo do Estado informa ainda que será constituída uma comissão para fazer os estudos sobre o plano de carreira da categoria, sob a coordenação da direção do Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do Pará (Igeprev), com o objetivo mecanismos para aumentar o soldo da PM. Apesar de negar a existência do movimento dentro da PM, ontem um carro lotado de documentos, vindo do Comando Geral, chegou ao Igeprev por volta de meio-dia carregando os pedidos de reenquadramento. Quem tinha tempo para entrar com a solicitação de baixa, não perdeu a oportunidade. Ainda que não tenha passado de um mero boato, a notícia provocou um estrago grande nos quadros da Polícia Militar, especialmente nos postos de maior patente. Resta saber, agora, como ficará a situação dentro da Polícia com a debandada de seus comandantes. Os único que permanece, além do Comandante Geral da PM, é o coronel Margalho, do comandante do CPRM. Fontes de dentro do governo asseguram que havia, sim, o interesse em realizar a mudança no decreto. A idéia era renovar os quadros, promovendo oficiais ao coronelato e, assim, se livrar de boa parte do alto comando da Polícia Militar do Estado, reconhecidamente jaderista. O problema é que a informação vazou antes do tempo e acabou provocando uma situação inesperada. Todos os coronéis que comandam regiões no interior, foram, inclusive, convocados para vir a Belém em caráter de urgência, na manhã de ontem. As ligações do alto comando da Polícia Militar com o PMDB, mais especificamente, com o deputado federal Jader Barbalho, não são segredo. É da época do ex-governador, inclusive, o decreto que criou o adicional de inatividade. Durante a campanha de Almir Gabriel ao governo, em 2006, se tornou pública a vaia que o então governador Simão Jatene recebeu durante reunião com os policiais. Dentro da Polícia Militar o clima ontem era de intranquilidade e descontemento. 'Nós conseguimos segurar durante os 12 anos do PSDB a manutenção do adicional. A PM votou em peso na governadora Ana Júlia porque ela representava a esperança de que nossa situação melhorasse e, agora, recebemos esse golpe', afirma uma fonte dentro da polícia. Comandantes da PM que pediram baixa Coronel Eledilson sub-comandante geral da PM Coronel Joaquim diretor de Pessoal Coronel Araújo diretor de Apoio Logístico Coronel Macedo ajudante-geral do Comando Geral Coronel Cruz comandante regional de Marabá Coronel Alair comandante regional de Santarém Coronel Sarubi comandante regional de Tucuruí Coronel Walcir Comando de Missões Especiais Coronel Ronaldo comandante regional de Castanhal Coronel Azevedo comandante do Batalhão de Choque Coronel Figueiredo sub-comandante do Com. de Missões Especiais Cenente-Coronel Viana Comandante Regional de Santa Isabel Tenente-Coronel Léia subchefe da Casa Militar Coronel Lameira diretor do Fundo de Saúde Coronel Modesto Comando Militar de Saúde Coronel Sarmanho Comando de Policiamento da Capital Coronel Cunha Comando de Policialmento Especial Coronel Cardoso chefe da segurança na Assembléia Legislativa

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Exterminadores fardados

A Polícia Federal em Marabá atirou no que via e acertou no inesperado. A proposta inicial era rastrear quadrilha de traficantes de droga, atividade de que Marabá parece haver se tornado rota, mas a chamada Operação Matamento acabou por chegar a um grupo de extermínio formado por policiais militares. Diss o delegado Marcelo Queiroz ao jornal Correio do Tocantins que os bandidos mataram pelo menos 16 pessoas desde o mês de janeiro. O cabo PM Agacy Ferreira da Silva seria o chefe do bando integrado por seus colegas de farda Júlio da Paixão Jr. (Júlio), Ronaldo Soares Aragão (Aragão), Rithon Clebes Moreira (Clebes), Ednaldo Carlos Jansen (Zeca) e Adailto Lopes de Souza (o Magali, PM licenciado). Magali tinha prisão decretada pela DPF do Tocantins. Agacy foi preso em maio, sob suspeita de tráfico de droga, quando a Polícia Civil apreendeu uma arma na sua casa; mas foi liberado no mesmo dia por nada encontrarem com ele. Informação colhida hoje por Quaradouro em Vila 1º. de Março, município de São João do Araguaia, km-25 da Transamazônica, dá conta de pelo dois assassinatos impunes praticados por Magali, um deles lá mesmo naquela comunidade em plena luz do dia. A PF apreendeu também dois quilos de cocaína, 4 motocicletas (inclusive a preta, sem placas, sempre vista no local de execuções e recolhida na casa de um suspeito), três pistolas 380, 2 38, vários aparelhos celulares.

Cassação em Brejo Grande

Aberto desde maio deste ano um processo de cassação de mandado, por improbidade administrativa, de três vereadores do Município de São Geraldo do Araguaia, sudeste do Pará. Ivan Marques Vieira (PMDB), ex-presidente, Vicente Pedro da Silva (PTB) e Sidenil Nunes da Silva (PL) são acusados de, na direção da Mesa Diretora do Legislativo, terem reduzido de ofício o subsídio dos parlamentares, mesmo sem competência para tanto, e de não prestarem conta da diferença subtraída. Os acusados já apresentaram defesa no processo e deverão ser interrogados pela Comissão Processante até final de julho próximo. Os três, na condição de réus, não podem intervir na votação do seu próprio processo, de sorte que seus suplentes serão convocados pelo presidente Walter Carvalho Filho, que tem prazo de 90 dias para conclusão do feito. Tecnicamente, não há nada que impeça Ivan Marques, Vicente Pedro e Sidenil Nunes de perderem o mandato. Seguramente os suplentes votarão a favor da cassação deles, por motivos óbvios, e cinco dos nove vereadores integram hoje a bancada de apoio ao prefeito José Antônio Lima Ferreira. -------- Julgamento O ex-vice-prefeito de Brejo Grande do Araguaia, Leocy Rodrigues da Silva, o Léo, responsabilizado pela tentativa de homicídio que deixou paraplégico o prefeito José Antônio Ferreira, pode ir a Tribunal de Júri no mês de agosto próximo. Falta apenas definir se o julgamento, dada a sua magnitude, será feito na Comarca de São João do Araguaia ou de Marabá, por questão de segurança. Léo Rodrigues está desde novembro de 2005, ano do atentado, preso em penitenciária de segurança máxima na Área Metropolitana de Belém. -------- Guerrilha Por falar em São Geraldo do Araguaia, parte integrante da arena onde se desenrolou a sangrenta batalha revolucionária contra a ditadura militar na década de 1970, o processo da Guerrilha do Araguaia deve retornar para a primeira instância. A decisão é da 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça. A Turma anulou a determinação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que havia mandado realizar a audiência de abertura dos arquivos da Guerrilha. A informação é da Revista Consultor Jurídico. A ação foi proposta pelos familiares de desaparecidos políticos. Em primeira instância, além da quebra de sigilo das informações oficiais sobre a Guerrilha, o juiz determinou que a União informasse a localização dos restos mortais dos envolvidos e fornecesse o traslado e o sepultamento das ossadas. A União recorreu da decisão. O TRF manteve a sentença e determinou a audiência. A União apelou ao STJ. Argumentou que o TRF-1 violou o artigo 575, inciso II, do Código de Processo Civil. Pela lei, está previsto que a execução fundada em título judicial deve ser processada pelo juiz que decidiu a causa em primeiro grau. O relator do caso, ministro Teori Albino Zavascki, aceitou o recurso da União e restabeleceu a sentença de primeiro grau. O voto do relator foi acompanhado pelos ministros José Delgado e Denise Arruda. A Guerrilha do Araguaia foi um movimento armado desencadeado entre 1966 e 1974. Aconteceu nas fronteiras dos estados de Goiás, Pará e Maranhão. O nome foi dado à operação por se localizar às margens do rio Araguaia, próximo às cidades de São Geraldo e Marabá, no Pará, e de Xambioá (TO). O movimento foi organizado pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Os integrantes do PCdoB pretendiam implantar o comunismo no Brasil. Eles iniciaram o movimento no campo, semelhante com o que ocorrera na China (1949) e em Cuba (1959). Estima-se que 59 guerrilheiros, 16 soldados do Exército e 10 moradores da região foram mortos no conflito.

Reflexos do baile

Há muitos anos a comunidade maçônica do Sul e Sudeste do Pará não vivenciava momentos tão importantes. Primeiro, foi a iniciação de onze novos maçons na Loja Maçônica “Acácia do Araguaia”, em São Domingos do Araguaia, dia 22 junho. No sábado, 23, a “Firmeza e Humanidade Marabaense” n.06 e a 3ª. Inspetoria Litúrgica do Supremo Conselho do Brasil no Estado do Pará recepcionaram centenas de convidados e autoridades para a posse e instalação de 21 Veneráveis de Lojas da 3ª. Região Maçônica, que jurisdiciona o Sul e Sudeste do Estado, em ato celebrado pelo Sereníssimo Grão-Mestre Victor Swami Ribeiro Alves e comitiva do alto escalão administrativo da Grande Loja Maçônica do Pará. No domingo, 24 de junho, dia em que a Irmandade celebra seu patrono, São João Batista, a “Firmeza e Humanidade Marabaense” realizou durante todo o dia, na sede da “Trabalho e Silêncio”, na Folha 16, um bingo para o qual foram vendidas 500 cartelas e cuja arrecadação destina-se às obras de assistencialismo social e construção do centro de estudos dos Graus Filosóficos. Os três ganhadores das prendas foram: o prefeito Sebastião Miranda – um computador completo com seus acessórios, inclusive impressora; o serventuário de Justiça Alan de Oliveira Santis – uma moto Honda CG 125 zero Km; e Núbia Alves Franco – um carro Ford zero km com ar condicionado Na avaliação das centenas de pessoas que compareceram, as características do sorteio foram sua extrema transparência, o serviço de alto nível prestado pelos obreiros e o clima de tranqüilidade e congraçamento que marcaram a realização do evento.

Serra Leste

Remarcadas para a primeira quinzena de agosto as audiências públicas sobre o projeto minério de ferro Serra Leste, localizado em Curionópolis, da Companhia Vale do Rio Doce. A mudança atende pedido do Ministério Público Estadual, que alegou necessidade de melhor estruturação para os debates sobre o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) do empreendimento. As novas datas são, em agosto: dia 8, no Teatro Municipal de Curionópolis; dia 9, no Ginásio Poliesportivo de Parauapebas; dia 10, na Secretaria Municipal de Saúde, em Marabá; e no dia 16, na sede da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), em Belém.

Fechando o cerco

Assim que expirarem, em 2008, os contratos de fornecimento de minério de ferro às guseiras de Carajás que usam carvão de desmatamento, a Vale do Rio Doce não vai renová-los. Para tocar seu próprio negócio, a Vale projeta construir uma termelétrica a carvão mineral na região. “Nos últimos anos - diz artigo de Míriam Leitão, em 20 de junho -, a Vale impôs, no contrato de venda de minério para produtores de gusa, cláusulas de respeito ao meio ambiente. Por esses contratos, os produtores são obrigados a respeitar as leis ambientais, cumprir leis trabalhistas, além de todas as ‘licencas, autorizações, alvarás, permissões, programas, certificados e estudos’ exigidos por lei. O problema é que, mesmo quem tem todos esses documentos, nem sempre os cumpre.” Em outras palavras, é a Vale retirando mais um estorvo do seu caminho. A próxima remoção poderá ser o município de Marabá

TransTião

Apesar da greve dos motoristas, o transporte escolar municipal continua de vento em popa. Semana passada um Fiat Uno da Secretaria Municipal de Agricultura (Seagri) foi visto deixando criança no Colégio Monte Castelo. Já nesta semana o mesmo "serviço", no mesmo colégio, coube a uma L-200 branca, placa JUL-4887, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Novidade na expô

Com início neste sábado (30 de junho) e término dia 8 de julho, a expectativa de seus organizadores é que a XXI Exposição Agropecuária de Marabá – Expoama – resulte em pelo menos R$ 30 milhões em negócios, ou seja, aumento de 50% em relação a 2006. Uma novidade deste ano vem por conta da distribuidora de máquinas agrícolas e equipamentos pesados Tracbel S.A.: vai realizar, à noite de 5 de julho e paralelamente à exposição, um ciclo de palestras técnicas, dirigidas aos profissionais das atividades mineradoras e siderúrgica, no Hotel Itacaiunas.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Fim do extermínio?

A desconfiança de que assassínios programados ocorrem em Marabá vem desde 2004, quando um policial militar foi morto por gangue quando tirava serviço, como segurança noturno do Hospital Climec, no bairro Cidade Nova. Responsabilizados pelo crime, os jovens integrantes da “Gangue BH” (bairro Belo Horizonte) foram quase todos assassinados, segundo os registros da imprensa local. Um dos apontados como membro da “BH”, Emanuel, então com 16 anos, foi retirado às pressas da cidade por familiares e provavelmente é o único sobrevivente. Nunca ninguém foi preso por esses e outros crimes que alcançaram supostas gangues do Cabelo Seco, da Santa Rosa, da Liberdade/Independência e de outros bairros. A seqüência de assassinatos de jovens delinqüentes, cuja autoria permanece até hoje no desconhecimento das autoridades e da opinião pública, incluiu menores de 15, 16 anos, apontados na imprensa como “elementos com passagem na polícia”. Esta, aliás, parece ter sido a senha que norteou a execução seletiva. Talvez por esse conjunto de fatos, a Polícia Federal passou todo o dia de hoje cumprindo mandados de prisão na cidade. Segundo uma fonte, policiais militares foram a grande maioria dos detidos, acusados da formação de grupo de extermínio, juntamente com alguns civis. E assim, vai algo no ar marabaense além, claro, dos urubus de matadouros clandestinos.

Noite festiva

Comovente e simpaticíssima. Só assim posso definir a a homenagem que me prestaram, dia 22 de junho, professores e alunos da Escola Deuzuita Melo Albuquerque, durante a II Noite Cultural por eles promovida e à qual tive a felicidade de ir com Ana de Luanda e Giordano Bruno. Houve recitação dos meus poemas, apresentação de conjunto musical de discentes, palavras enternecedoras de carinho e estima. Deram-me, imaginem, até um certificado de reconhecimento pela “importante contribuição à literatura nacional”. por lá conheci Max e Johás Johnson, bons músicos jovens, e muita gente interessada em literatura. O corpo docente – Keila (diretora) Caíto, Cleonete, Edna, Eliane, Isabel, Ivan, Janilson, Lucileide, Marcleison, Marcos, Orlando e Valquíria –produziu um livreto onde ousou (quanto exagero!) ajuntar poemas da minha modesta autoria aos de Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade e Mário Quintana. Uma brochurinha simples, não mais que 10x15cm e 14 páginas, que foi distribuída entre os presentes como uma recordação daquela noite mágica. Estou agora economizando algum para enquadrar o certificado e colocá-lo na sala de estar.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

A arte em grãos – VIII: Antônio Maranhão

Antônio Maranhão nasceu em Imperatriz (MA) em 30.10.1921, e ainda jovem migrou para o sudeste do Pará, onde meteu-se por 25 anos nas frentes pioneiras do negócio de castanha-do-pará, jornada em serviço público e alguma atividade política, comunista confesso que era e, mais ainda, humanista radical, inconformado com a brutal exploração do trabalhador no extrativismo, no transporte fluvial da produção, uma e outra atividade onde se perdia a vida como quem vai ao bar tomar uma aguardente. Sua opção política valeu-lhe prisão e tortura no regime militar. Apesar da faina dura, sem trégua, sem direitos trabalhistas ou humanos – circunstâncias que marcaram o labor durante todo o século XX nesta banda esquecida do mundo, Maranhão ainda reservou um tempo para transformar em verso seus protesto contra as desgraças que vivenciou (e que permanecem até hoje aí, nos registros modernos da imprensa ou nos arquivos da Justiça comum e do Trabalho). Parte desses poemas foi juntada por amigos e publicada em Conceição do Araguaia em dezembro de 1996 sob o título “Batismo sem sal”, produção independente com 44 páginas e apoio cultural de pessoas e entidades sediadas naquele município. Em 1998, exemplos da sua poesia sensível e comprometida com a Amazônia foram publicados na minha “Antologia Tocantina”, que me valeu sete anos de pesquisas sobre a produção literária em Marabá e teve patrocínio da Fundação Casa da Cultura. Antônio Maranhão morreu aos 77 anos à noite de 37 de julho de 1998, em Belém, na Beneficência Portuguesa, onde esteve internado por 15 dias. Uma amostra da sua verve: Triste verdade Andei muito chão vi homens e mulheres sem trabalho, ouvi velhos invocando a morte e crianças abandonadas ao longo de estradas riscando o sertão sem fim. Vi cercas retilíneas, curvas, infinitas, separando destinos. E dominando a paisagem o verde da pastagem Contrastando com a alvura do nelore no pastoreio. Curiosamente, na vastidão das distâncias Percorridas, não encontrei - por incrível que pareça – Um só bezerro abandonado. Meu Deus... Estamos entrando no 3º. milênio. Círculo de giz (Aos meu amigos mui amigos) Não sou poeta. Sou, simplesmente, o menor filho de uma égua que Deus, na sua teimosia, jogou sobre a terra para trotear, sem parar, as estradas que nos prepararam para pagar os meus pecados e as infâmias de outros tantos colocados no mesmo círculo de giz que o destino me traçou. Entre o ser e o não ser recebo a minha sela e disparo pelo mundo afora, até que um anjo menos quadrado tenha pena de mim. Amém. Aos meus heróis do Araguaia (Ao Osvaldão, tão amado e desamado Como convém a um guerrilheiro que se preza) Companheiro: segura a tua mão na minha mão estende teu olhar inquieto lá nas encostas da Serra das Andorinhas e andemos lentos e compassados pra que não quebremos a quietude dos ermos capinzais vazios de homens e esperanças! Companheiro: ajoelhemo-nos contritos segurando ainda as nossas mãos para que, balbuciando uma reza, possamos escutar o lírico sermão dos guerrilheiros que tombaram acreditando na ressurreição dos campos transformados em trigais imensos! Companheiro: levantemo-nos agora do chão morno cheirando ainda a sangue e suor e relembremos os predestinados campônios abatidos na hora da fuga sob o sibilar de chumbo e gritos agourando o tempo e o futuro! Companheiro: rezemos em silêncio um salmo que exista dentro de nós mesmos para que não acordemos os esquecidos heróis que repousam no seio úmido da terra saqueada. Companheiro: na hora da nossa dádiva, ofertemos para eles uma rosa vermelho um verso bíblico de Jeremias e as estrelas do céu espelhadas nas águas do Araguaia. (Xambioá, o3.10.91)

domingo, 24 de junho de 2007

Gosta de carambola, donzela?


As meninas aí são frutos da minha paixão, e alegram a entrada da minha casinha modesta.
A folha mais escura, abaixo da carambola amarela, pertence a uma orquídea chamada oncidium barueri, que dá um talo de metro e meio que depois explode em dezenas de flores amarelas.
Sorry...

A arte de Vitória Barros


Vitória Barros é uma marabaensezinha tinhosa. à Falta de espaços públicos para a exposição da nossa arte, ela criou sua própria galeria, expõe a sua e a arte alheia, já albergou artistas de Belém e os daqui de casa. Tem uma arte maravilhosa e múltipla. Dos quadros às estruturas em PCV, como esta aí - a Última castanheira - postada no meio da Aldeia Cultural da Fundação Casa da Cultura de Marabá.
Um dia, mostrei-lhe uns textos inéditos e ela acabou inspirada neles e fez a obra maravilhosa que enriqueceu a capa da minha "Antologia Tocantina".

Predadores, vãndalos, irresponsáveis


Vejam aí o que a Celpa e suas empreiteiras irresponsáveis fizeram com meus pés de açaí. Aproveitaram-se que não havia ninguém em casa, avançaram por cima do muro e depredaram os açaizeiros e mais o oitizeiro que produzem sombra e frutos do lado de dentro do muro da minha casa. Agora, os 7 cachos de açaí que eu deveria colher em julho ou agosto estão morrendo, murchando, caindo, porque os filhos da puta cortaram o olho das palmeiras. E ainda deixaram meu pomar e minha calçada cheia das palhas que eles cortaram e não tiveram sequer a coragem de carregar.