Pages

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Operação cabide

Todo dia surge informação, em geral plantada, de que políticos derrotados ou sem emprego no Sul do Pará devem ser nomeados no governo do pescador Simão Jatene.
Semana passada, correligionários do ex-prefeito de Redenção, Mário Moreira, começaram a vender o peixe de que em nome dos quinze municípios que integram a região sul do Pará e que não conseguiram eleger nenhum deputado estadual, Simão Jatene vai (deveria) colocar alguns deputados eleitos em cargos de confiança para abrir vaga aos suplentes, entre os quais Moreira, derrotado este ano.
Depois da história de Mário Moreira, agora  surge o “ouvi-dizer” que Francisco Victer, ligado ao prefeito Vagner Fontes, de Redenção, ou Osvaldinho Assunção, pecuarista de Xinguara, pode ir para a Secretaria de Agricultura.  

Combate ao trabalho escravo

O procurador da República do Ministério Público do Pará Thiago Rabelo defendeu nesta sexta-feira (19) que o seminário Efetividade da Tutela Preventiva e Repressiva no Enfrentamento do Trabalho Escravo Contemporâneo deve fortalecer as políticas de combate à prática no estado.
Ao fim do encontro que ocorre esta semana, deve ser assinada a Carta de Marabá. O documento prevê formas de combate ao problema a partir de estratégias de fiscalização mais eficazes.
“O documento contém algumas sugestões, recomendações e encaminhamentos no que se refere às medidas e estratégias para que a gente consiga difundir práticas de trabalho, longe da prática escravista. A união de entidades em prol dessa causa ajudará consideravelmente para acabar com esse mal que ainda assola a sociedade brasileira em pleno século 21”, argumentou o procurador durante entrevista ao programa Revista Brasil da Rádio Nacional.
Thiago Rabelo afirma que um dos problemas enfrentados para combater o trabalho escravo é a falta de estrutura dos órgãos competentes e de capacitação dos profissionais, principalmente na área de fiscalização. Apesar disso, ele acredita que as parcerias somadas ao longo dessa trajetória de erradicar o problema têm aperfeiçoado as atuações.
O Ministério do Trabalho e Emprego informa, no entanto, que é suficiente o número de equipes móveis que atuam nas fiscalizações. Ao todo, são cinco equipes cada uma com 14 pessoas. A equipe de fiscalização é formada, geralmente, por auditores fiscais do trabalho, um procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), agentes da polícia federal (eventualmente, delegado).
Até setembro deste ano no Pará foram registradas 18 operações resgatando 338 empregados, contratados de forma análoga à escravidão. Segundo o ministério, o estado de Goiás aparece em segundo lugar na lista de fiscalização: seis autuações e 343 trabalhadores resgatados.

MP quer cabeça de Wlad

O Ministério Público Eleitoral no Pará afirmou nesta quinta-feira (18) que o deputado federal Wladimir Costa (PMDB), reeleito neste ano, ofereceu curso de informática para atrair votos irregularmente – o que pode impedi-lo de se manter no cargo em 2011.
De acordo com representação enviada ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral), Costa agiu com o apoio do irmão, Wlaudecir Antônio da Costa Rabelo, e de um funcionário de uma rádio em Itupiranga, no sudeste do Pará.
O documento afirma que a propaganda para o deputado foi feita por um carro de som. O coordenador da rádio Jovem FM - onde o curso seria realizado - e também aliado do deputado, Murilo Santos Ferreira, disse que as aulas eram dadas pela permissionária da rádio.
Um assessor do deputado disse que Costa, deputado federal de terceiro mandato, tinha projetos de inclusão digital em todo o Estado e que ainda vai tomar conhecimento sobre a acusação do MPE.
O curso foi oferecido a estudantes com mais de 15 anos de idade e foi ministrado entre 12 de setembro, poucas semanas antes da votação, e 12 de dezembro deste ano. Mais de 1.100 alunos teriam sido matriculados nos municípios de Itupiranga e Cajazeiras.
Embora a empresa permissionária da rádio responsável pelo curso não tenha, formalmente, como sócio o representado Wladimir Costa, a apuração realizada deixou claro que é de reconhecimento unânime no município a vinculação entre o candidato e a rádio, sendo ele tido como proprietário pelos habitantes do local”, afirmam os procuradores eleitorais André Sampaio Viana e Bruno Araújo Soares Valente na representação.
Costa foi o deputado mais votado em Itupiranga, com 4.896 votos, ou 22,85% dos votos válidos. Em todo o Estado, teve 236.514 votos.

A destruição dos rios

Itacaiúnas poluído e Tocantins assoreado. Nada escapa à destruição



Desde as primeiras letras aprendemos que a bacia do rio Amazonas é a maior do mundo. Ninguém nunca duvidou que ele era o mais caudaloso do planeta, mas se questionava essa primazia quanto ao seu comprimento. Hoje a controvérsia está esclarecida: com 6.937 quilômetros de extensão, o Amazonas supera em 140 quilômetros o Nilo, que perdeu essa liderança multissecular.
Qualquer número em relação ao “rio-mar” (ou o “mar doce” dos espanhóis, os primeiros europeus a navegá-lo) é grandioso. Ele lança, em média, 170 milhões de litros de água por segundo no Oceano Atlântico. Suas águas barrentas podem avançar 100 quilômetros além da barreira de águas salgadas e projetar seus sedimentos em suspensão no rumo norte, até o litoral da Flórida, nos Estados Unidos. São milhões de toneladas de nutrientes, arrastados desde a cordilheira dos Andes, onde nasce o grande rio, e engrossados por seus afluentes, que também se posicionam entre os maiores cursos d’água que existem.
Essas grandezas têm servido de inspiração para o ufanismo nacional, mas não para tratar melhor os nossos gigantes aquáticos. Nenhum brasileiroou mesmo o nativo – dá ao Amazonas a importância que os egípcios conferem ao Nilo. O Egito não existiria sem a faina incansável do seu grande rio, a fertilizar suas margens, cercadas por desertos hostis, e civilizar o país. Por isso, é considerado sagrado.
Os brasileiros parecem acreditar que, por ser monumental, abrangendo 7 milhões de quilômetros quadrados do continente sul-americano (quase dois terços em território brasileiro), a bacia amazônica foi blindada pela mãe natureza contra as hostilidades do homem. está na hora de se pôr fim a essa ilusão, acabando com a insensibilidade geral, que se alimenta do desconhecimento e da desinformação. O Amazonas está sob ameaça. Não uma, mas várias.
Um dos capítulos mais recentes está sendo travado diante da maior cidade da Amazônia, Manaus, a capital do Amazonas, com seus 1,7 milhão de habitantes (2 milhões com as duas cidades vizinhas). No dia 5, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) decretou o tombamento do encontro das águas do Amazonas com o Negro, um dos seus principais tributários da margem esquerda.
O desavisado pode até achar que o ato é de significado museológico, para efeito acadêmico. O processo do tombamento, porém, se arrastou durante dois anos. Deveria ser simples: a área de 30 quilômetros quadrados, o polígono de terra e água onde ocorre a junção dos dois enormes rios, é cenário para o maior de todos se encontrar com o maior rio de águas negras do mundo. Na margem direita, o barrento Solimões pressiona o rio ao lado, que ganhou seu nome pela inusitada cor das suas águas, num entrevero que pode se estender por 10 quilômetros lineares nas duas direções.
É um encontro ciclópico. A vazão do Solimões nesse ponto (onde justamente muda pela última vez de nome, passando a ser Amazonas) é de 135 milhões de litros de água por segundo. A do Negro, que chega ao fim do seu percurso de 1.700 quilômetros, a partir da Venezuela, é de 50 milhões de litros. Encorpado, o Amazonas segue em frente até a foz, dois mil quilômetros abaixo. Não sem antes oferecer o espetáculo das duas cores líquidas em paralelo ou em fusão tumultuada, para a admiração ou o espanto de uma crescente legião de turistas.
O problema é que no ponto de encontro dos rios está Manaus, com 60% da população e 90% da riqueza de todo estado do Amazonas, o maior do Brasil, com 20% do território nacional. Desde quase meio século atrás, Manaus deixou de ser o produto do Amazonas para ser o efeito da Zona Franca, um entreposto comercial e um núcleo industrial que se tornaram possíveis pela renúncia da União a recolher o imposto sobre a importação das empresas instaladas na remota paragem.
Hoje, Manaus é a origem do maior fluxo de contêineres do país. Motocicletas, computadores, geladeiras e muitos outros produtos são mandados para o sul do país, principalmente São Paulo, e espalhados para outros destinos. O velho porto flutuante, que os ingleses construíram no início do século 20 para atender a exportação de borracha (que chegou a ser responsável por 40% do comércio exterior brasileiro), não serve para essa demanda nova.
A pressão é tão forte que alguns terminais privados, legais ou não, surgiram na orla da cidade. O maior deles, o Porto Chibatão, foi parcialmente arrastado, no mês passado, pelas águas do Negro, a apenas três quilômetros do seu encontro com o Amazonas, com mortes e a perda de diversos contêineres. Qualquer ribeirinho sabia que o local era contra-indicado para o fluxo de carga que o precário terminal movimentava.
Um novo, muito maior e mais adequado, está sendo projetado para uma área de 100 mil metros quadrados, na qual poderão ser estocados 250 mil contêineres. Antes desse mega-terminal, porém, uma subsidiária da mineradora Vale (o novo nome da Companhia Vale do Rio Doce, quando estatal) começou a construir seu próprio porto, com investimento de 220 milhões de reais. Nele deverá operar seu novo navio cargueiro, com capacidade para 1.500 contêineres, e outros cinco encomendados, por algo como meio bilhão de reais, multiplicando sua capacidade de transporte.
Esses números pareciam muito mais importantes do que a localização do porto, na província paleontológica das Lages, próximo de uma tomada de água para 300 mil habitantes da cidade e de um lago, o último do rio Negro, importante para milhares de moradores de um bairro que se formou em torno dele.
O processo que levou ao desmoronamento do Porto Chibatão seguiria sua lógica malsã se não tivesse surgido a iniciativa de tombar o encontro das águas. Ninguém se aventura a dizer-se contra o tombamento, mas ele provocou uma batalha judicial que chegou a Brasília, com vitórias e derrotas, protelações e pressões, até que, no dia 5, finalmente o Iphan assumiu a tutela sobre o encontro das águas.
Qualquer novo projeto que a partir de agora se fixe na área do polígono terá de ser submetido ao instituto, além de obter a licença ambiental. Certamente haverá quem se indigne com o fato: o raciocínio automático é de que a razão (ou anti-razão) econômica prevaleça sobre qualquer outro tipo de consideração – e sempre com vantagens para o investidor.
A decisão do Iphan, que ainda vai sofrer questionamento judicial, não bloqueia a evolução dos empreendimentos produtivos na região, mas talvez ajude o país a se dar conta de que destruindo os recursos naturais, em especial aqueles que representam uma grandeza única, é a Amazônia que estão destruindo. Substituem a galinha dos ovos de ouro por um cavalo de Tróia. Na mitologia ou na realidade, sabemos qual será o desfecho. (Lúcio Flávio Pinto)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Águia de Marabá é multado em R$ 500 pelo STJD

O Águia de Marabá foi julgado na noite desta terça-feira (16) pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), pelo incidente ocorrido no dia 16 de outubro, no estádio Zinho Oliveira, em Marabá, na partida contra o ABC (RN), pelo Campeonato Brasileiro da Série C. Porém, o resultado da sentença foi favorável aos marabaenses, que não perderão mando de campo na Terceirona de 2011 e terão que pagar, apenas, R$ 500 de multa.
Sob o processo de número 129/2010, o STJD julgou o Águia no artigo 211 (deixar de manter infra-estrutura necessária a assegurar plena garantia e segurança para sua realização) e 213, inciso III (lançamento de objetos no campo ou local da disputa do evento desportivo) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que prevê multa de R$ 100 a R$ 100 mil para cada infração.
De acordo com o árbitro do jogo, aos 14 minutos do segundo tempo, após marcação de impedimento contra a equipe o Águia pelo assistente Vicente Romano, teria sido lançada uma garrafa de água em sua direção.
A advogada de defesa do Azulão, Renata Oliveira, ressaltou que era difícil reprimir a entrada de garrafa no estádio Zinho Oliveira, que é um objeto de pequeno valor lesivo. “Peço para que afaste a denúncia no artigo 2011 do CBJD e como o arremesso não teve maior gravidade e por ser um clube de Série C, pedimos a absolvição ou, no máximo, que se aplique uma multa”, disse.
Depois da defesa, os quatro auditores e o relator do processo votaram favorável à absolvição do Águia, enquanto que três votaram também pela multa de R$ 500. (Futebol do Norte, Gustavo Pêna)

Aprovado plebiscito para Carajás

A Comissão de Finanças e Tributação aprovou por 19 votos a 2, nesta quarta-feira (17/11), o Projeto de Decreto Legislativo 2300/09, do Senado, que autoriza a realização de plebiscito para a criação do Estado do Carajás, no Pará. O novo Estado seria constituído por 39 municípios localizados nas regiões Sul e Sudeste do Pará.
Os tucanos Zenaldo Coutinho e Arnaldo Madeira (PA e SP) foram os únicos parlamentares que votarma contra a matéria
O relator, deputado João Dado (PDT-SP), apresentou parecer favorável quanto à compatibilidade e à adequação financeira, com emenda. Segundo o deputado, a emenda tem o objetivo de condicionar a realização do plebiscito à efetiva dotação orçamentária.
De acordo com o texto, o plebiscito será realizado seis meses após a aprovação do projeto de decreto legislativo. O projeto aprovado também fixa um prazo de dois meses para o pronunciamento da Assembleia Legislativa do Pará.
A convocação do plebiscito é passo fundamental para a criação de um novo estado. Somente com a anuência da população dos municípios diretamente envolvidos, é possível dar continuidade ao processo, com a consulta da assembleia do estado a ser desmembrado e a aprovação, pelo Congresso, de uma lei complementar instituindo o novo estado.
De "lavagem"
"A votação de 19 a 2, representa a vontade desta Casa para com a criação da nova unidade que, efetivamente, contribuirá para o crescimento nacional e integrará a Amazônia ao desenvolvimento do país", disse o deputado Giovanni Queiroz, autor do projeto que cria o Estado do Carajás em tramitação na Câmara dos Deputados.
Tramitação
O projeto segue para a Constituição e Justiça e de Cidadania. Depois, será analisado pelo Plenário. 
(Do Blog do ValMutran)
------
Brasil pode ganhar mais um estado da federação
Fonte: ODia
Rio - Trinta e nove municípios localizados nas regiões sul e sudeste do estado do Pará podem formar um novo estado brasileiro: Carajás. No entanto, o caminho ainda é longo para se bordar mais uma estrela na bandeira nacional.
O novo estado só poderá existir se aprovado em plebiscito pelos moradores  da região. Antes, porém, a Câmara dos Deputados precisa autorizar a realização da consulta.
Nesta quarta, a Comissão de Finanças e Tributação da casa deu parecer favorável à adequação financeira do projeto. A Assembleia Legislativa do Pará terá dois meses para se pronunciar sobre a proposta. O Plebiscito será realizado seis meses após a aprovação pela Câmara da realização da consulta popular.
O próximo passo é o parecer da Comissão de Constituição e Justiça para, em seguida, o plenário da Câmara votar pela realização do plebiscito ou não. Aprovado na consulta popular, a questão volta para o Congresso, onde será votada a lei complementar que reconhece Carajás como mais uma unidade da federação.
Se aprovado, o novo estado terá cerca de 1,3 milhão de habitantes e sua principal cidade será Marabá, com cerca de 200 mil pessoas.

SUJOU!!!!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Lar, doce lar...

Jogos eletrônicos, DVD, ar condicionado e comida da melhor são regalias mínimas  de marginais presos no tal Centro de Recuperação de Marabá (CRM).
A denúncia é do repórter Ednaldo Sousa, postado no seu blog Barrancas do Itacaiúnas.
Diz Ednaldo que “investigava o caso há algumas semanas” e chegou a informação com um juiz da comarca, que também tinha sido informado do caso. Informa também os brinquedos eletrônicos “foram retirados assim que houve um rumorejo a respeito do caso. A retirada, na verdade, seria uma tentativa de evitar um escândalo em proporções nacionais e a degola da direção desta casa penal.”
 “A rigor, este é apenas um breve exemplo do quanto os detentos de Marabá têm influência e estão cada vez mais organizados. Não é de hoje que se tem notícia a respeito de regalias. No Crama, por exemplo é muito comum o uso de telefone celular”, conclui Ednaldo. 

Marinor Brito: "O Pará também está de ficha limpa"

Em entrevista ao Congresso em Foco, senadora paraense que deverá assumir o cargo em função da cassação das candidaturas de Jader Barbalho e Paulo Rocha fala de seus planos para o Senado
Marinor Brito confia que exercerá mandato de senadora pelo Pará, após o indeferimento das candidaturas de Jader e Paulo Rocha
Renata Camargo, do Congresso em Foco

Ela teve mais de um milhão de votos a menos que Jader Barbalho (PMDB). Exatamente 1.072.179 votos. Nas eleições de outubro, foi a quarta colocada para o Senado no Pará, atrás de Flexa Ribeiro (PSDB), o mais votado, de Jader e de Paulo Rocha (PT). Mas Marinor Brito (Psol) tinha a seu favor a diferença que se revelou fundamental: a ficha limpa. Sem os impedimentos que fizeram com que as candidaturas de Jader e Paulo Rocha fossem barradas pela Justiça, é Marinor quem deverá ser diplomada senadora. Com 727.583 votos, mais de um milhão de votos a menor que Paulo Rocha também (1.005.793 a menos).
Jader Barbalho teve seu registro indeferido por ter renunciado, em 2001, ao mandato de senador, para fugir de um processo de cassação devido a acusações de desvio de dinheiro do Banpará. Seu recurso foi julgado pelo STF, e Jader perdeu. Paulo Rocha, por sua vez, foi barrado por ter renunciado ao cargo de deputado federal em 2005, quando foi acusado de envolvimento no esquema do mensalão. O Supremo ainda não julgou seu caso, mas como a situação é análoga a de Jader, a decisão deverá ser a mesma.
Gabando-se do título de “ficha limpa”, Marinor se diz confiante de que irá assegurar mais uma vaga para o Psol no Senado. Além dos recursos dos dois candidatos barrados pela ficha limpa, há outra possibilidade que pode atrapalhá-la: há ainda uma discussão sobre a possibilidade de realização de uma nova eleição no Pará (anulados os votos de Jader e Paulo Rocha, os demais candidatos tiveram menos da metade dos votos). A ex-vereadora do Psol acredita que formará com Randolfe Rodrigues a bancada do Psol no Senado.
Quem ficou enquadrado no Ficha Limpa é queencontrar seus mecanismos de correr atrás e resolver os seus problemas. A nossa parte nós fizemos. O Pará também está de ficha limpa. A partir de 2011, a senadora Marinor Brito do Psol assumirá uma cadeira no Senado”, confia.
Ex-vereadora por três legislaturas consecutivas no Pará, Marinor Brito é originária dos movimentos sociais brasileiros, e mais uma ex-petista que deixou o partido do presidente Lula e de sua sucessora Dilma Roussef para formar o Psol. “Sou militante da época da criação do PT e da CUT. Sou fundadora, junto com combativos companheiros como Ivan Valente, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação. Fui uma das fundadoras do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado. Essa origem sindical memuito orgulho”, diz ela.
Formada em Educação Física pela Escola Superior de Educação Física do Pará, é professora da rede pública de ensino em seu estado. Em sua trajetória política, Marinor Brito enveredou na defesa das minorias, especialmente na defesa do direito da criança e do adolescente. Em seu mandato como vereadora atuou junto a movimentos homossexuais, afro descendentes, mulheres campesinas e da cidade e movimentos dos deficientes.
Em entrevista ao Congresso em Foco, Marinor fala sobre suas expectativas em relação às repercussões da Lei da Ficha Limpa no estado do Pará e sobre sua confiança sobre o mandato parlamentar. Fala também das suas principais bandeiras se assumir o Senado e sobre os rumos do Psol na política brasileira.
Leia abaixo a entrevista:

Congresso em Foco - Qual a sua avaliação sobre o desfecho do questionamento da Lei do Ficha Limpa na Justiça?
Marinor Brito – A ficha limpa é uma conquista do povo brasileiro. Portanto, o povo brasileiro está de parabéns e podemos dizer que o Brasil está de ficha limpa. A Lei da Ficha Limpa é a somatória dos esforços unificados da sociedade civil, ratificada pelo Congresso, porque ela representa a vontade e o anseio do povo. Mesmo antes dessa lei ser validada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o próprio povo brasileiro havia reafirmado essa vontade, quando cerca de 70% dos candidatos enquadrados no ficha limpa foram reprovados nas urnas. A Justiça brasileira acompanhou esse movimento do ficha limpa.

O PMDB, do candidato Jader Barbalho, promete requerer na Justiça novas eleições no Pará. Como a senhora avalia que se darão as repercussões da Lei da Ficha Limpa em seu estado?
 No dia da decisão do STF, que ratificou a barracão de Jader, em Belém e em vários municípios do Pará pessoas soltaram fogos de artifício, fecharam as ruas e festejaram. Isso é sinal de que uma parcela importante dessa população está alegre com o resultado. Quem deve à Justiça não sou eu. Quem ficou enquadrado na Lei da Ficha Limpa é queencontrar seus mecanismos de correr atrás e resolver os seus problemas. A nossa parte nós fizemos. A minha parte como senadora eleita, eu vou fazer e tenho certeza que vou orgulhar o meu estado. Logo quando surgiu essa tese de uma nova eleição, imediatamente o Ministério Público elaborou um parecer contraditando. Eu tenho confiança no posicionamento do Ministério Público. Eu não acredito que essa vontade de alguns possa se transformar em pedido de anulação da eleição. O voto que se transforma em inválido, não significa voto nulo. Eu não acredito de jeito nenhum nessa hipótese.

Mas se essa tese se firmar, o que o Psol pretende fazer?
É bom que essa discussão esteja acontecendo, que a gente vai fazendo um juízo de valor a favor do interesse público. Não estou trabalhando com a hipótese de uma nova eleição. Mas, obviamente, claro, se houver recursos a isso, nós vamos acompanhar. Estamos nos preparando para outras tentativas. Tivemos informação, por exemplo, que eles entrariam no Supremo para protelar a publicação do resultado. Estamos nos preparando para isso. Há um grupo de advogados qualificados para nos assessorar.

O advogado de Jader Barbalho, Sábato Rossetti, tem dito à imprensa que se houver nova eleição, o candidato do PMDB vai disputar, que, segundo o argumento de defesa, a restrição de inelegibilidade, imposta pela Lei da Ficha Limpa, conta a partir do final do mandato em que o candidato renunciou, no caso, em 2002. Como a senhora avalia isso?
 Isso é uma tese. Se tivesse valido esse prazo, ele não teria sido deputado federal.

A senhora está confiante que será empossada como senadora...
Eu não tenho dúvida de que tomarei posse. Não tenho dúvida. O Pará também está de ficha limpa. A partir de 2011, a senadora Marinor Brito do Psol assumirá uma cadeira no Senado.

Se empossada, a senhora sucederá no Senado a ex-senadora Heloísa Helena (AL) e o senador José Nery (PA). Os dois têm um perfil bem distinto: enquanto Heloísa é um política polêmica, aguerrida, Nery tem uma atuação mais reservada. De qual deles o perfil da senhora se aproxima?
Os dois são valiosos companheiros, que tiveram e têm papeis importantíssimos no cenário político brasileiro, que trouxeram contribuições ímpares no debate político no Congresso. A Heloísa, num momento de coragem e ousadia de criar uma nova ferramenta para a esquerda brasileira, iniciou o processo de construção de um novo partido, que hoje demarca sua posição. Não tem como não valorizar e lamentar o fato de ela não estar compondo a bancada do Psol no Senado Federal. O companheiro Nery tem um perfil mais tranquilo, mas nem por isso deixou de ser radical na defesa das questões que o mandato assumiu. Está a questão do trabalho escravo, da pedofilia, as questões alertadas por ele sobre Belo Monte e outras mazelas. São perfis diferentes. Não vou fazer comparações. Mas eu e o senador Randolfe, a gente vem para dar sequência ao trabalho que eles iniciaram no Senado. E o que de melhor a gente puder trazer para somar esforços a esse trabalho, a gente vai trazer. Eu tenho um perfil diferente dos dois. Não vou ficar aqui propagandeando, mas minha história me permite dizer que eu sou uma parlamentar atuante, aguerrida e bastante combativa. Quero ser valorizada pela minha preocupação com a qualidade do debate. Não vamos fazer oposição a Dilma sem qualidade política, sem que essa oposição seja programática. Vamos utilizar nosso programa como referência para o debate. Assim como nós fizemos no processo eleitoral.

Quais serão suas bandeiras de mandato no Congresso?
O combate à pedofilia é uma delas. Essa é uma força que o mandato vai trazer para o Senado, que é a defesa dos direitos da criança e do adolescente. Temos outras questões importantíssimas para tratar também. Eu não vou abrir mão, em hipóteses alguma, de assumir a discussão sobre a reforma política e eleitoral, que tem que ser feita neste país. A Lei da Ficha Limpa deu uma noção importante do sentimento da população brasileira sobre essa necessidade de mudança. É imprescindível também tratar dos grandes temas de desenvolvimento econômico e político do pais. Venho com o sentimento de que é preciso colocar na pauta do Senado, com muita responsabilidade, o desenvolvimento de meu estado, mas na perspectiva da inclusão social, da distribuição de renda, da valorização das comunidade locais. Não pode também ficar de fora a pauta da reforma agrária. Nós continuamos a ser o estado que protagoniza mais mortes no campo. A reforma agrária não tem perspectivas a curto e médio prazo se continuar com o mesmo modelo de desenvolvimento agrário no país.

Em relação a esse tema, uma das bandeiras do PT, antes mesmo de assumir o governo, era realizar a reforma agrária. Agora, oito anos depois, a questão agrária no país continua sem solução. Qual a sua avaliação sobre isso?
Não houve uma mudança na forma de pensar. Houve uma adequação do projeto político deste governo à forma anterior existente. Tanto que a reforma agrária não aconteceu, as mortes e conflitos no campo continuam grandes, o trabalho escravo ainda é uma realidade e a grilagem de terras está para confrontar esse discurso oficial. A reforma agrária não é uma coisa pequena, não é uma coisa que se possa deixar para depois.

Sua trajetória política é ligada aos movimentos sindicais. A partir do governo do PT, as centrais sindicais passaram a receber muitos recursos do governo. Isso não tira a autonomia e legitimidade do movimento sindical?
Esse debate é muito complexo para se responder rapidamente. Eu fui fundadora da CUT e acho que tanto a CUT quanto o PT contribuíram imensamente para a organização política do país e dos trabalhadores. Mas tudo se complica em função dessa acomodação num sentido de cooptação das lideranças sindicais com o governo. Eu sempre defendi que os sindicatos fossem de massa, fossem autônomos em relação ao governo. Infelizmente, não é mais o sentimento que eu tenho em relação à CUT. Tanto que me desfiliei. Faço parte de Intersindical e hoje estamos numa discussão nacional de unificação das centrais sindicais do campo socialista, como a Conlutas, para tentar reaglutinar esses lutadores e afirmar o sindicalismo combativo de esquerda. Eu continuo no campo da luta socialista e não posso deixar de ter até tristeza ao ver um projeto político, que foi tão difícil de construir, que envolveu mentes e corações, tomar um rumo diferente. Mas não sou saudosista. Estou muito feliz com o Psol, que agrega o sentimento de que é possível continuar lutando. Estou muito otimista em relação ao crescimento - e um crescimento com qualidade - do Psol.

A respeito de seu partido, como a senhora avaliou a saída da vereadora Heloísa Helena, fundadora do partido, da presidência da legenda e, até mesmo, a falta de apoio do grupo de Heloísa ao candidato do Psol à Presidência, Plínio de Sampaio Arruda? Isso poderá significar uma fragmentação do partido?
Eu não acredito em fragmentação do partido. Acho que as diferenças vão continuar existindo. O partido nasceu fragmentado. Nosso estatuto prevê a organização das correntes, a liberdade de pensamento. A nossa síntese é a luta pelo socialismo. Cada militante do Psol tem sua importância. A Heloisa Helena é muito importante para o Psol. Mas a gente lida também com dificuldades, que passam por divergências políticas. Os pequenos conflitos, às vezes, dificultam o passo seguinte, que poderia ser dado com mais confiança, mais alegria. Mas o Psol é humano, é formado por seres humanos, por pessoas sensíveis que tanto se sensibilizam com a alegria de uma criança, quanto com a situação de uma criança violentada sexualmente. A gente vive esse movimento dialético na nossa construção cotidiana. Não vão ser essas diferenças e essas dificuldade que vão tirar o nosso norte. (13/11/2010 - 07h00)