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sexta-feira, 28 de março de 2014

País de tarados?

65% dos brasileiros acham que mulher de roupa curta merece ser atacada

Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) retrata o quanto a violência contra a mulher ainda é tolerada no País. A maioria dos brasileiros considera que merecem ser atacadas aquelas que usam roupas que revelam o corpo. Também é majoritário o grupo que acredita que, "se a mulher soubesse se comportar", as estatísticas de estupro seriam menores.
A reportagem é de Lígia Formenti, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 28-03-2014.
Os resultados provocaram espanto entre os próprios autores da pesquisa. A violência contra a mulher, avaliam, é vista como forma de "correção". A vítima teria responsabilidade - por usar roupas provocantes ou por não se comportar do modo "desejado". "Mais uma vez, tem-se um mecanismo de controle do comportamento e do corpo das mulheres da maneira mais violenta que possa existir", dizem os autores da pesquisa.
A tolerância à violência não está ligada a características populacionais. Mas autores do trabalho consideram que algumas condições, como morar em metrópoles, ter escolaridade mais alta e ser mais jovem podem reduzir o risco desse tipo de comportamento. Para os pesquisadores, o fator preponderante para a tolerância é a adesão a determinados valores. Pessoas que acreditam que o homem deve ser o cabeça do lar, por exemplo, estão mais propensas a achar que a violência, em muitos casos, se justifica.
"É a ideia da mulher honesta, que ainda persiste no País", afirma a secretária de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, Aparecida Gonçalves. Embora a tolerância à violência esteja muito presente, o discurso do brasileiro não é linear. Dos entrevistados, 91% concordam total ou parcialmente com a ideia de que homem que bate na mulher deve ir para a cadeia. Outros 89%, por sua vez, dizem não concordar com a afirmação de que o homem possa xingar ou gritar com a própria mulher.
A cultura machista fez a moradora da zona leste de São Paulo Maria (que pediu para não ter o sobrenome revelado) se calar sobre as agressões físicas do marido durante nove anos de casamento. "Ele quebrava tudo dentro de casa, mas demorei a falar para a polícia e a família", relata a dona de casa. "Tinha medo e não sabia se contar era certo. Até que um dia resolvi denunciar", relata. Segundo ela, a falta de autonomia, principalmente financeira, é responsável pelo silêncio da maioria.
Estupros
Ipea traçou também um retrato da vítima de violência sexual. Conduzido por Daniel Cerqueira e Danilo Coelho, o trabalho analisou registros do sistema de agravos de notificação, que capta dados de atendimentos em serviços públicos de saúde. Foram analisados cerca de 12 mil casos, referentes a 2011. "É uma amostra. Pelas projeções do Ipea, no ano passado ocorreram no País 527 mil estupros", diz Cerqueira.
Os números analisados mostram que mais da metade das vítimas tinha menos de 13 anos de idade. "É um dado absolutamente alarmante", avalia. O trabalho identificou também que 15% dos estupros registrados foram cometidos por dois ou mais agressores. "Ficamos chocados quando ouvimos histórias de estupros coletivos na Índia. O fato é que enfrentamos o mesmo problema no nosso quintal."

ADICIO

quinta-feira, 27 de março de 2014

Um torturador convicto e exibicionista

'Quantos morreram? Tantos quanto foram necessários', diz coronel sobre ditadura

Foi só quando o carro embicou no pátio do Arquivo Nacional, no Centro do Rio, e o corre-corre da imprensa se amontoando ao seu redor começou – "Chegou!" – que as dúvidas sobre se o coronel reformado Paulo Malhães de fato apareceria se dissiparam.
A reportagem é de Júlia Dias Carneiro e publicada pela BBC Brasil, 26-04-2014.
Aos 76 anos, Malhães foi carregado do carro para a cadeira de rodas que havia solicitado para comparecer à audiência pública da Comissão Nacional da Verdade (CNV), cercado de fotógrafos e cinegrafistas.
O ex-agente do Centro de Informações do Exército (CIE) chegou acompanhado da esposa, vestindo um terno bege e um óculos escuros de aro dourado – que fez um repórter ao meu lado comentar que parecia o ex-ditador líbioMuammar Khadafi.
Outra repórter arriscou puxar uma entrevista – "Você não se arrepende?" – gritou, mas a cadeira de rodas era empurrada às pressas para a sala de depoimento, que seria fechada à imprensa. Malhães nem olhou para trás.
Desde que a CNV foi criada, em maio de 2012, apenas quatro agentes da ditadura haviam aparecido nas convocações para depor em audiência pública, e apenas dois haviam confirmado a prática, ou a existência, de tortura.
Malhães se tornou o quinto a depor e o primeiro a admitir a participação em tantos crimes. Em depoimento que durou mais de duas horas, ele confirmou que torturou, matou e ocultou cadáveres de presos políticos na ditadura militar.
Casa da Morte
Na audiência pública, a CNV apresentou o que se sabe sobre a Casa da Morte de Petrópolis, um centro clandestino mantido pelo regime militar no início da década de 1970.
Malhães era um dos agentes ativos no centro de tortura – cujo nome vem da fama de que ninguém saía dali vivo. A única sobrevivente é Inês Etienne Romeu, presa e torturada por seis meses em 1971.
Foi graças à sua memória e perseverança que a existência da casa veio à tona, em 1981. Ela tem graves sequelas neurológicas desde que foi agredida em casa em 2003, em um crime que nunca se esclareceu. Foi aplaudida como uma heroína na audiência na parte da manhã.
De tarde o público se dissipara. O coronel concordara em depor, desde que fosse a portas fechadas. Mas logo no início da sessão, surpreendeu a todos mudando de ideia e admitindo a entrada da imprensa. A primeira frase que ouvi ao entrar foi: "Como faço com tudo na vida, eu dei o melhor de mim naquela função."
Contou ter estudado documentos dos serviços secretos britânico, americano e israelense no início da carreira. Hoje, diz ser um estudioso de orquídeas. "Cheguei a fazer tortura quando comecei. Depois, evoluí", disse a princípio. Deu a entender que evolução fora passar à tortura psicológica.
Ele tirara os óculos escuros e agora parecia apenas um senhor apagado de 76 anos, os cabelos escovados para trás, a barba grisalha, os ombros tronchos meio caídos para a frente. A CNV apostara na vinda de Malhães porque nas últimas semanas ele mostrara uma súbita abertura a entrevistas.
Ele fez revelações com riqueza de detalhes aos jornais O Globo e O Dia e à Comissão Estadual da Verdade no Rio. Disse que foi ele quem deu uma solução final ao corpo do deputado Rubens Paiva, desenterrando-o de uma praia do Rio para lançá-lo no mar, ou em um rio – ele deixava em aberto.
Mas no depoimento à CNV, desmentiu a "verdade" que recém-revelara sobre Rubens Paiva – e confirmou muitas outras.
Malhães não quis dar nomes a seus comparsas nem números a suas vítimas.
Mas disse ter torturado "uma quantidade razoável" de pessoas, ter matado “alguns” e confirmou ter mutilado corpos para impedir sua identificação caso fossem encontrados. "Naquela época não existia DNA. Quais são as partes que podem identificar um corpo? Arcada dentária e digitais", afirmou, explicando que portanto os dentes eram quebrados e o topo dos dedos, cortados.
"Eu cumpri o meu dever. Não me arrependo", disse ele.
Malhães agora ocupava a cadeira do interrogado, microfones dispostos à sua frente, e do outro lado da mesa estavam os membros da CNV, com José Carlos Dias e Rosa Cardoso conduzindo as perguntas. Sua esposa estava na cabeceira da mesa, e sem mexer e cabeça alternava entre o marido e seus interrogadores.
Eles lhe mostraram fotos de pessoas que, acredita-se, foram assassinados ou desapareceram depois de passar pela Casa da Morte. O coronel alegou não reconhecer as fotos. Disse que nenhuma daquelas pessoas passou por suas mãos.
"Essas pessoas que vocês estão citando eram guerrilheiros, eram luta armada, não eram pessoas normais. Não foram presos porque jogavam bolinha de gude ou soltavam pipa." Argumentou que hoje as pessoas não conseguem entender quais eram os problemas enfrentados, e que a verdade precisa ser "informada".
"Quantos morreram? Tantos quanto foram necessários."
'Não sou sentimental'
Dias e Cardoso faziam uma pergunta atrás da outra, muitas vezes cortando suas respostas pela metade. Malhães esboçou alguma impaciência mas permaneceu calmo, sempre tratando-nos por "senhores".
Guerrilheiras mulheres, ele disse que via como se fossem homens. Mas "eu tinha verdadeiro pavor de interrogar as mulheres e, vamos dizer, gays, para não usar a palavra que se usava naquele tempo."
Isso porque mulheres ou homossexuais, segundo o coronel, preferiam morrer a revelar os nomes dos amantes ou maridos. Já os homens falariam depois de duas ou três horas. "Você 'ganhar' uma mulher é uma coisa, assim, de outro mundo", disse, sem precisar a que método de interrogatório se referia.
Rubens Paiva? Perguntado novamente sobre a operação para encontrar a cova do deputado e sumir com seu corpo, notícia que teve ampla repercussão na semana passada, Malhães agora disse não ter sido ele quem executou a missão, embora tenha recebido a tarefa inicialmente.
"Eu só disse que fui eu porque eu acho uma história muito triste quando a família passa 38 anos querendo saber o paradeiro. Eu não sou sentimental, não. Mas tenho as minhas crises." A versão a jornalistas teria sido dada "para pôr um ponto final na história".
Mas no depoimento ficou claro o incômodo de Malhães com a repercussão das matérias do Globo e do Dia, ambas baseadas em longas entrevistas que deu em mais de um dia a repórteres dos dois veículos.
"O defeito do jornalista é que eles são ávidos por novidades. Se ligassem os fatos não publicariam algo errado", criticou, dizendo ter sido vítima de reportagens "fundamentalmente maliciosas", disse.
Por isso, estaria agora procurando falar em forma de parábolas – "como fazia Cristo" – para que cada um pudesse interpretar suas palavras da sua forma.
Culpa
Ao fim do depoimento, depois de confirmar seus crimes, Malhães foi empurrado na cadeira de rodas de volta para o carro, de volta para a rua, de volta para casa. Mas deixou entrever o calvário pelo qual sua família começa a passar após ter começado a tornar públicos seus crimes.
Quando Dias insistiu para que falasse sobre os corpos que descaracterizava, ele se negou a informar quem ele havia "feito". Disse não ter medo de vingança, mas de sanções aos seus filhos.
"Seus filhos não têm culpa do pai que têm", disse Dias.
"É. Também concordo. Mas isso não é verdade. Eu tenho cinco filhos e oito netos. Com essas reportagens que saíram, eles estão sofrendo sanções".
"Mas sofreriam mais se soubessem – 'meu pai cortou os dedos e cortou o pescoço de fulano de tal’, ou então de uma pessoa cujo nome eles não sabem? Que diferença faz?", insistiu Dias. "Muita. Essa pessoa também têm família."
Ao fim da sessão, não foram permitidas perguntas à imprensa. Os jornalistas recolheram os microfones da mesa e alguém pegou uma caneta, perguntando se Malhães a havia usado. Na dúvida, passou um paninho. "Tenho nojo desse cara."
Dias ressaltou a importância do depoimento, principalmente por Malhães ter sido uma figura de alto escalão no regime militar.
"Acima dele, todos os degraus naturalmente tinham conhecimento da tortura. Era uma política de estado, usada para combater os que se opunham ao regime."
Segundo Dias, poucas vezes o Brasil teve uma confissão como esta, com um torturador não apenas admitindo mas também justificando a prática de torturar aqueles que considerava o inimigo.
"Mas eu não diria que ele foi corajoso. Acho até que ele foi um exibicionista, mostrando todo esse caráter mórbido que está presente no caráter dele."

quarta-feira, 26 de março de 2014

Luiz Otávio assumir vaga de Asdrúbal

Frassinete Florenzano

Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) renunciou ao mandato de deputado federal hoje à tarde, em longa carta de três laudas entregue à Secretaria-Geral da Mesa Diretora da Câmara, que cancelou a reunião já marcada para as 18 h, que iria decidir sobre a abertura de processo de cassação. O documento foi lido no plenário da Casa e será publicado no Diário Oficial da Câmara dos Deputados. Assume o mandato o primeiro suplente, Luiz Otávio Campos(PMDB-PA), que em 2011 já tinha ocupado a vaga em razão da licença de Asdrúbal, nomeado à época para a Sepaq no governo do Pará

A pena de três anos, um mês e dez dias de prisão em regime aberto, a que foi condenado pelo STF, deve ser cumprida em casa de albergado. Como em Brasília não há esse tipo de estabelecimento, Asdrúbal Bentes certamente ficará em prisão domiciliar. É o sexto deputado federal em exercício que o STF manda prender desde 1988. 

CNJ investiga juiz do Pará suspeito de vender sentença para políticos


Conselho Nacional de Justiça apura conduta de desembargador Maroja.
Advogado Leonardo Maroja, filho do acusado, nega recebimento de valores.

Do G1 PA
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Decisão do CNJ abre investigação contra desembargador João Maroja (Foto: Camila Lima / O Liberal)Decisão do CNJ abre investigação contra
desembargador João Maroja
(Foto: Camila Lima / O Liberal)
O plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu nesta segunda-feira (24) abrir um Procedimento Administrativo Disciplinar para apurar a conduta do desembargador João José da Silva Maroja, do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA). Segundo denúncia do Ministério Público, Maroja teria recebido cerca de R$ 1,3 milhão em troca de decisões favoráveis a políticos paraenses. O TJPA informou que, tão logo seja notificado, dará cumprimento da decisão afastando o desembargador da sua função. Por telefone, o advogado Leonardo Maroja, filho do desembargador, negou as acusações.
A decisão foi unânime e se refere à gestão do desembargador no Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA), que aconteceu entre 2009 e 2011. Segundo o CNJ, o Maroja teria usado do seu cargo para beneficiar candidatos que haviam sido cassados pela justiça eleitoral, concedendo liminares para recursos que ele mesmo havia negado anteriormente.
O procurador regional eleitoral apresentou declarações gravadas magneticamente, as quais sugerem que o desembargador Maroja proferiu a decisão de retorno motivado pelo pagamento de vultosa quantia que poderá chegar a R$ 1 milhão"
Francisco Falcão, ministro do CNJ
Segundo o corregedor nacional de justiça, Francisco Falcão, a procuradoria eleitoral apresentou gravações que reforçam a venda de sentenças. “O procurador regional eleitoral apresentou declarações gravadas magneticamente, as quais sugerem que o desembargador Maroja proferiu a decisão de retorno motivado pelo pagamento de vultosa quantia que poderá chegar a R$ 1 milhão”, disse o ministro.
Ainda de acordo com o CNJ, a venda de sentenças era intermediada pelo filho do desembargador, o advogado Leonardo Maroja. Por conta disso, além de instaurar o PAD e determinar o afastamento do desembargador, o Conselho acatou a proposta do ministro Falcão de enviar para a OAB informações sobre a conduta do advogado Leonardo Maroja, para que ele também seja investigado.
Nós não trabalhamos desta forma. É lamentável. Posso lhe assegurar que, se disseram que eu peguei R$ 1 milhão, não vi esse dinheiro. Estão me acusando por vingança política"
Leonardo Maroja, advogado
Advogado diz que acusação é injusta
Por telefone, Leonardo Maroja negou as acusações. "Nós não trabalhamos desta forma. É lamentável. Posso lhe assegurar que, se disseram que eu peguei R$ 1 milhão, não vi esse dinheiro. Estão me acusando por vingança política. São pessoas insatisfeitas com o resultado de processos, que espalharam o boato que o meu pai teria recebido cifras. O fato é que o meu advogado esteve ao CNJ e fez uma defesa concisa, mas infelizmente é muito triste. Eu não peguei valores, e meu pai tem princípios para não vender decisões. Esta sentença (do CNJ) é exagerada e injusta", disse o advogado.
Entenda o caso
Segundo o CNJ, Maroja recebeu a quantia do prefeito e o vice prefeito de Chaves, na ilha do Marajó, que foram cassados pela Justiça Eleitoral sob acusação de compra de votos na eleição de 2008. Após a cassação, os candidatos entraram com recursos que foram negados pelo TRE-PA.

Porém, um mês após a publicação da decisão, o próprio desembargador Maroja, que havia rejeitado o recurso especial, acabou concedendo liminar que permitiu o retorno dos três políticos aos respectivos cargos.
Leonardo Maroja, filho do desembargador, nega envolvimento com o prefeito cassado de Chaves, e atribui a acusação do MP a disputas políticas. Segundo ele, a decisão do tribunal foi em favor do então vice-prefeito, o que acabou conduzindo o prefeito cassado de volta ao cargo.
Juiz acusado de favorecer advogados também será julgado pelo CNJ
Ainda nesta segunda-feira, o CNJ decidiu revisar a decisão do TJPA, que em 23 de abril de 2013 julgou improcedentes as acusações contra o magistrado paraense José Admilson Gomes Pereira por suspeitas de tráfico de influência e venda de sentenças. O juiz foi alvo de um processo administrativo disciplinar (PAD) da época em que atuava na comarca de Novo Progresso, no sudoeste do Pará, nos anos de 2010 e 2011.
Para o ministro Francisco Falcão, a decisão do TJPA contraria evidências apontadas no PAD. Trechos de gravações e depoimentos teriam sido desconsiderados pelo plenário do Tribunal no julgamento do processo. De acordo com Falcão, duas pessoas, entre elas um advogado, negociavam o pagamento de propinas em processos sob a responsabilidade do magistrado. O G1tenta entrar em contato com o juiz José Admilson.

Empresas apresentam projetos voltados para mineração no Estado


O governador Simão Jatene (e) recebeu o secretário David Leal (centro ao fundo), acompanhado dos empresários Marcos André Gonçalves e Luis Maurício Azevedo
Da Redação
Agência Pará de Notícias
Atualizado em 26/03/2014 13:43:00
O governador Simão Jatene recebeu em audiência, nesta quarta-feira, 26, o secretário de Estado de Indústria, Comércio e Mineração, David Leal, acompanhado dos empresários Marcos André Gonçalves, presidente da Codelco do Brasil Mineração, e Luis Maurício Azevedo, diretor da Avanco, ambas empresas de exploração de cobre.
Os empresários apresentaram ao governador os projetos que as empresas estão desenvolvendo no Pará e as perspectivas de projetos futuros no Estado. A Codelco trabalha com a exploração de cobre há 12 anos no Brasil. Segundo Marcos Gonçalves, a empresa já atuou nos Estados de Rondônia, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. "Atualmente somos 100% Pará", frisou ao falar sobre a exploração de cobre no município de São Félix do Xingu, região sudeste do Estado, onde a Codelco atua há três anos.
A Avanco, por sua vez, está presente em Parauapebas, no sul do Pará, há quatro anos. No município, a empresa desenvolve o projeto Rio Verde, responsável pela produção de 12 mil toneladas de cobre ao ano. "Viemos apresentar ao governador esses projetos e também falar sobre a perspectiva de desenvolver novos projetos para o cobre no Pará, levando em consideração a verticalização da produção", explicou Luis Azevedo.
Segundo os empresários, a escolha pelo Pará para desenvolver projetos se deu não somente pelo potencial mineral do Estado, mas também pelo perfil do governo de Simão Jatene. "O governador tem uma característica muito importante para quem quer investir no Pará. A gestão dele é voltada para dar soluções aos problemas de infraestrutura, logística e energia. Isso é muito atrativo, além de ele ser um governante que mantém um diálogo com empresas de pequeno e médio porte", avaliou o diretor da Avanco. Além de Parauapebas, a Avanco está presente em Itaituba, Floresta do Araguaia, Cachoeira do Piriá e Bannach.
Ao agradecer a visita dos empresários, o governador disse que o Governo do Estado não pode deixar de oferecer alternativas, em escalas distintas, às empresas de exploração mineral. "O Pará tem espaço suficiente para essa diversidade de empresas. As grandes sempre vão estar presentes, mas não podemos deixar de dar atenção aos pequenos. Eu gosto da ideia de que o Estado pode funcionar como um mediador para incentivar esse mix de empresas", ressaltou.
Simão Jatene afirmou aos empresários que a preocupação do Governo é, principalmente, com o impacto da presença dessas empresas nos locais em que elas se instalam. "O impacto sobre a vida local é o que move nossa preocupação", enfatizou, ao lembrar de vários projetos que foram implantados no Estado e suas consequências, nem sempre positivas, para a população local.
Janise Abud
Secretaria de Estado de Comunicação

Deputado Asdrubal Bentes em prisão domiciliar

Amazônia Jornal 

Como havia se comprometido a fazer, o deputado federal Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) se apresentou no início da tarde de ontem à Vara de Execuções das Penas e Medidas Alternativas (Vepema) do Distrito Federal, mas não chegou a ficar detido. Condenado à pena de três anos e um mês em regime aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o parlamentar teve o seu mandado de prisão revogado pela Justiça do Distrito Federal. O juiz Nelson Ferreira Junior, responsável pela suspensão, alegou que pela Lei de Execução Penal, condenados ao regime aberto devem cumprir a pena em uma casa de albergado, e, como não há esse tipo de estabelecimento no sistema penal do DF, Bentes cumprirá a pena em casa.
O juiz explicou ao peemedebista que, com o regime domiciliar, ele poderá trabalhar durante o dia, mas terá de se recolher em casa entre 21h e 5h. Entre as regras do regime domiciliar estão comunicar eventual mudança de endereço, permanecer em casa aos domingos e feriados (exceto se houver autorização judicial para saída), comparecer bimestramente à Vara, não deixar o Distrito Federal sem autorização, não portar armas, comprovar trabalho honesto e não frequentar locais de prostituição, jogos, bares e similares.

Após se apresentar à Justiça, o deputado condenado foi à Câmara conversar com lideranças do PDMB e com o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para decidir se renuncia ou não ao mandato parlamentar. Bentes afirmou que tomará a decisão até hoje, quando a Mesa Diretora se reúne para avaliar a abertura de processo de cassação contra ele. "Vou pensar, medir, conversar com Henrique, com meu líder, Eduardo Cunha, com meus familiares e os meus travesseiros. Tenho uma noite e uma manhã. Essa decisão tem que ser tomada até a reunião da Mesa, porque a partir daí não tem mais como renunciar", afirmou.

O peemedebista afirmou ainda que, caso renuncie ao mandato ou seja cassado, voltará a concorrer às eleições depois de cumprir a pena e o prazo de inelegibilidade. "Três anos, um mês e dez dias passam rápido. Eu voltarei", disse. "Tenho solidariedade generalizada, principalmente do povo da minha terra, tanto é que fui condenado por sete e absolvido por 87 mil [eleitores]", completou. Embora tenha sido condenado pelo STF, órgão colegiado de última instância na Justiça, ainda existe dúvida jurídica quanto ao período em que Bentes fica inelegível. Pela Lei da Ficha Limpa, ele ficaria impedido por 8 anos após o cumprimento da pena de 3 anos. O crime pelo qual foi condenado, porém, não se enquadra na lei.

Na denúncia original do Ministério Público, Asdrúbal Bentes era acusado de ter trocado votos por cirurgias de esterilização quando disputou em 2004 a eleição para prefeito de Marabá. 

A incompetência da América católica

No Parsifal:

saude
Compareceram ontem (25) na Comissão de Saúde da Alepa os diretores da Pró-Saúde, o secretário de Saúde Hélio Franco e o coordenador dos Hospitais Regionais do Pará, Arthur Lobo.
Sou tendencioso para tratar de “OSS”. Reputo-as uma perfeita tradução do patrimonialismo: o Estado constrói hospitais, equipa-os e os entrega a uma OSS, ou seja, a conta é do público e o lucro é do privado.
Nada contra serviços privados de saúde, mas quem quiser administrar e ganhar dinheiro com hospitais que faça à moda antiga: construa e equipe o seu e venda os serviços ao Estado correndo os riscos do mercado.
> Excrescências jurídicas
cordei
OSS são excrescências jurídicas. Não passam, de fato, de empresas que prestam serviços de administração hospitalar e cobram por isso. Outra excrescência jurídica as enquadra como sem fins lucrativos. Os seus diretores são vegetais: alimentam-se por fotossíntese.
A hipocrisia legislativa nacional é assim: deixa que os fatos se estabeleçam e depois aprova uma lei, escrita por quem já estabeleceu o fato, para quarar a mancha. As empresas de toda espécie sequestraram a democracia e elegem as suas respectivas bancadas para lhes erigir as conveniências.
> Tudo de bom
up
As supostas irregularidades na execução dos contratos do governo do Pará com a Pró-Saúde vão de não cumprimento das metas até evasão de divisas para São Paulo. Os usuários reclamam da assistência.
A Pró-Saúde contornou essas indagações e ufanou-se: a história da saúde no Pará conta-se antes e depois dela. O depois dela é o agora e o agora vai muito bem, obrigado. Para quem?
A Pró-Saúde alegou-se uma entidade caritativa de clérigos católicos, como se isso fosse anteparo dos seus defeitos. Tomás de Torquemada também era um clérigo e deve estar no inferno. Mas não podemos, é fato, analisar a Igreja Católica pela Inquisição - e nem pela Pró-Saúde -, pois a Sé também teve outro Tomás, o Tomás de Aquino, uma das poucas luzes da Idade da Trevas, que legou ao mundo a magnífica Suma Teológica. Ainda bem que ele não tinha uma OSS.
Pois bem: não há nada de errado com a Pró-Saúde. Avisemos isso aos usuários do sistema para que eles parem de bancar os rebeldes sem causa.
> A saúde vai bem
O secretário de Saúde jogou com a contratada e foi além: não é somente a saúde da Pró-Saúde que é ótima: a do Estado do Pará é similar, só que a um custo muito maior, ou seja, a solução é o cinismo: vamos doar todo o sistema à Pró-Saúde, pois ela entrega mais por muito menos.
Ah! Não temos problemas de leitos, portanto, por favor, parem de me procurar rogando a minha interferência (que não vale coisa nenhuma) por um leito, dizendo que estão esperando há um mês.
O coordenador dos Hospitais Regionais do Pará, Arthur Lobo, selou a reunião com ouro: a saúde do Pará não só é boa como é exemplo para o Brasil, pois profissionais de outros estados que por aqui andam, daqui saem admirados.
O pano caiu e eu estou seriamente inclinado a da próxima vez que precisar de serviços de saúde não fazer como sempre faço e como faz o governador Simão Jatene. Não vou mais para São Paulo: vou para o Hospital Regional de Breves, ora pois.
Somos ou não somos uns boçais?