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sábado, 29 de dezembro de 2012

Suposta proprietária calunia novo bispo de Marabá


No site da CPT Rondônia

Sendo padre Dom Vital intercedeu em Jaru para resolver conflito agrário. Foto Lenir.

Dom Vital Corbellini, padre de Caxias do Sul, que foi empossado como bispo diocesano o dia 21 de 12 de 2012 na Catedral de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Marabá, sofreu injusta calúnia pouco antes duma suposta proprietária de Rondônia, local onde atuava quando foi nomeado bispo. Desde 2011 o Pe. Vital Corbellini era missionário no projeto de Igrejas-irmãs, na Diocese de Ji-Paraná, sendo pároco em Jaru, na Paróquia São João Batista.

A origem das injurias, espalhadas na internet, está numa matéria assinada por Maria Ângela Simões Semeghini, do dia 30 novembro de 2012 e publicado no blog GPS do Agronegócio com o título "Em Rondônia se faz reforma agrária matando os proprietários". 

Na matéria, Ângela Semeghini se diz proprietária uma área de Ariquemes ocupada pela LCP (Liga dos Camponeses Pobres), e que teria recebido no dia 27/02/2012, um telefonema do Pe. Vital Corbellini, "que literalmente me disse “se não desistir da reintegração de posse correrá sangue”, por precaução registrei ocorrência na Delegacia de Polícia, e acrescenta que ela procurou Dom Bruno, bispo de Ji Paraná "comuniquei os fatos e fui tratada de forma desdenhosa", ainda escreve que como prêmio aos problemas causados pelo padre, este foi nomeado bispo, e termina invocando a validade dum decreto de 1949 de Pio XII, de excomunhão contra os comunistas. "Me coloco a disposição de qualquer pessoa para esclarecimentos angelasemeghini@yahoo.com.br".

Segundo informações, Ângela Semeghini é dona dum cartório de Ji Paraná e é totalmente distorcido e malicioso atribuir ameaças ao Pe. Vital Corbellini (hoje Dom Vital). Na época, quando o Pe. Vital era pároco de Jaru (Rondônia), a equipe pastoral da paróquia foi procurada por 120 famílias do Acampamento Canaã (situada em Ariquemes, porém mais próxima de Jaru). Eles estavam fazia onze anos ocupando a terra e trabalhando com grande produção agrícola, quando enfrentavam uma decisão de reintegração de posse

Parte das famílias estavam dispostas a resistir a todo custo o despejo, o qual podia provocar “o derramamento de sangue” que temia o Pe Vital. É muito injusto por parte de Dona Ângela acusar o Pe. Vital de ameaça e a Dom Bruno de desdenho, por ter intercedido junto dela pela paz e resolução deste conflito agrário. E ainda insinuar de serem falsos católicos e de comunistas, como outros sites a partir da informação dela os têm acusado.

A pedido das famílias de posseiros do local, o Pe. Vital com duas irmãs e um representante da CPT RO visitou o local onde elas moravam e se prontificou a mediar. Assim tentou ajudar a resolver o conflito, pedindo para estar dispostos a negociar aos autores do pedido de reintegração de posse, representados por Ângela. Ainda mais sabendo que a terra da qual ela se diz proprietária trata-se duma CATP (Contrato de Alienação de Terra Públicas), é dizer, um título provisório, que o INCRA deu na época da colonização de Rondônia, com a condição de cumprir determinadas cláusulas. Estas condições foram cumpridas somente de forma parcial, e o INCRA tinha entrado na justiça com um pedido de retomada da área para terra pública. Parte da terra abandonada foi ocupada como meio de sobrevivência pelo grupo de 120 famílias, fazia onze anos.

O local estava sendo destinado pelo INCRA para reforma agrária, pois os titulares da ACTP tinham se comprometido a realizar em cinco anos uma exploração de cacau (a Fazenda foi chamada Cacau-Só Arroba). Este condicionante não foi cumprido. Vinte anos depois não tinha nada. Somente a metade da área de cacau foi plantada e logo abandonada. Outra parte tinha sido cedida de forma ilegal a terceiros para exploração de gado. Isto tem sido demonstrado em diversas vistorias realizadas por técnicos do INCRA, pelo qual motivo o Governo Federal pediu a terra de volta, processo que está correndo na justiça federal. 

Apesar disso Dona Ângela, que não consta como proprietária (se diz que entrou em representação dos titulares da CATP em troca duma parte de terra se ganhar na justiça) conseguiu a reintegração de posse contra as 120 famílias de agricultores que faz doze anos moram e trabalham no local. 

Após os agricultores fechar a estrada BR-364 em março de 2012 em Jaru, o Pe Vital e Dom Bruno intercederam pela resolução do conflito agrário junto as autoridades. Representantes do Ministério Público da União e o Padre Vital Corbellini, da Paróquia de São Batista negociaram a desocupação pacífica da BR 364. Os acampados deixaram a BR e ficaram alojados no Centro Catequético da Paróquia até o dia seguinte, que foi realizada uma audiência pública com o superintendente do INCRA de Rondônia sobre o assunto. Ainda, com total intransigência, Dona Ângela se negou em todo momento a negociar um acordo, em Audiência Pública da Ouvidoria Agrária Nacional, celebrada em Porto Velho a inícios de Agosto de 2012, presidida pelo Desembargador Gercino Filho (onde Ângela esteve representada por uma advogado) e em outros intentos de negociação com o superintendente do INCRA. 

Posteriormente, em 14 de setembro de 2012, a reintegração de posse foi suspensa após ação civil pública apresentada pela Defensoria Pública de Ariquemes, acatada pela juiza Elisângela Frota Araújo. Ainda, a decisão da justiça federal de Porto Velho sobre a retomada da área para reforma agrária foi favorável aos proprietários da Fazenda Arroba Só Cacau, cabendo recurso ao INCRA. 

Então, sendo a propriedade de Dona Ângela discutível, como prova o longo processo judicial, o fim do conflito desejável seria um acordo que reguardasse a parte de legítimos direitos dos proprietários e evite o grave problema social do despejo de 120 famílias que hoje tem lugar onde morar e produzir. 

Por outro lado, não somente algum fazendeiro morreu em Rondônia ( e não foi comprovado se a morte de Daniel Stivannin foi por causa de conflito agrário). Somente em 2012 seis pequenos agricultores já morreram em Rondônia vítimas da violência pela terra. 

A CPT Rondônia, que é uma organização ecumênica, rejeita o uso de violência e tenta apoiar a resolução deste e outros conflitos de terra que atingem nossa região e onde, seguindo os princípios da doutrina social da Igreja, procuramos uma melhor distribuição da terra, com paz e justiça para todos.

Em Marabá, local também atingido por grande conflitividade agrária, em declarações ao Diário do Pará, Dom Vital disse: "A questão da violência me preocupa muito. Vou trabalhar com a juventude, com os casais, com as famílias e com as crianças. Isso é muito importante. Temos que dar valor à nossa juventude".

Construção de hidrelétrica vai começar em 2014



Em 2014 começam as obras do projeto de Aproveitamento Hidrelétrico de Marabá. Agora já estão sendo feitos o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (EIA/Rima). Os Akarãtika-Tejê, conhecidos como Gavião da Montanha, o Gavião Kyikatejê e o Gavião Paraketejê, povos daReserva Mãe Maria, em Bom Jesus do Tocantins, que será afetada, querem a participação de um antropólogo de confiança para fazer estudo dos impactos.
A nova usina hidrelétrica vai provocar uma supressão vegetal de 3 mil hectares. A região afetada, denominada de “Fortaleza”, é rica em castanha-do-Pará, variedade de ipês (chamado na região de pau d’arco, madeira usada para fazer ponta da flecha) e espécies da fauna, por isso rica em caça para os índios.
Segundo Ubirajara Nazareno Sompré, vereador eleito por Marabá e uma das lideranças da aldeia, a comunidade indígena não aceita que o empreendedor faça o estudo antropológico. “Quando o empreendedor ou a Funai, que também é governo, faz o estudo, os impactos, às vezes, não são mostrados. Por isso queremos fazer um pré-estudo”, afirma. Segundo ele, a comunidade quer ter o direito de escolher seu próprio antropólogo e equipe técnica. “Não podemos falar nem que sim, sem nenhum documento em mãos, nem falar que não, por não”, observa Ubirajara.
Ainda de acordo com o líder indígena, o EIA/Rima da hidrelétrica está quase todo concluído. O que falta é exatamente a área da Mãe Maria. Já foi concluído também estudo de viabilidade econômica. Ou seja, os impactos estão confirmados.
Segundo Ubirajara, a Reserva Mãe Maria é a terra indígena mais impactada do Brasil. Pela área passa a Estrada de Ferro Carajás, que agora será duplicada. A reserva é cortada também pela BR-222 (antiga PA-70), dois linhões da Eletronorte e agora receberá um terceiro linhão de fibra ótica da operadora Vivo.
Quando a Hidrelétrica de Marabá for construída, 95% da sede do município de São João do Araguaia vai desaparecer do mapa, exatamente o centro histórico. É o município que vai sofrer mais diretamente o impacto.
A Barragem de Marabá vai atingir nove municípios: Marabá, Palestina do Pará, São João do Araguaia, Brejo Grande do Araguaia e Bom Jesus do Tocantins, todos no Pará; Axixá, Esperantina e Araguatins, no Estado do Tocantins; e São Pedro da Água Branca, no Maranhão. Com um custo estimado de 2 bilhões de dólares, o prazo médio de construção é de oito anos. A hidrelétrica de Marabá deverá ser uma das maiores do país, com capacidade de produção de 2.160 megawatts, tornando-se um aporte considerável para o Sistema Interligado Nacional. 
(Chagas Filho/Diário do Pará)

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Pezinho de cá-te-espero...

Era só o que faltava! Qualquer postagem aqui no Quaradouro que conte as patifarias do PT nacional ou de seus satélites em qualquer parte inclusive na Amazônia, uns merdinhas anônimos ficam sugerindo que é matéria paga.
Deles, é claro, não se pode esperar um comentário honesto, já que são todos viciados em corrupção, mensalões, propinas e tetas públicas...
Só um recado: agora, que a Justiça começou a puxar o fio das teias nem tão ocultas, o Batman e seus discípulos vão pegar vocês!

Melhor prevenir...


Impressionado com a história do fim do mundo prevista para 21 de dezembro recente, em São Geraldo do Araguaia um pastor evangélico foi às ruas conclamar a população a fazer estoque de latas de sardinha e ficar em casa.
Muita gente ficou pensando sobre quem degustaria os enlatados, se a hecatombe de fato acontecesse apagando a raça humana da face da terra.

Dubiedade do PV


Deu no jornal 1
A coluna Repórter Diário, do Diário do Pará dessa quinta-feira (27), relata um suposto racha no Partido Verde, em Belém. “A liderança de José Carlos Lima, o famoso “espoca-urna”, está sendo questionada por grupo de integrantes da legenda. Atitudes isoladas do presidente verde deixaram os companheiros irritados, principalmente no que diz respeito às relações políticas com outros partidos. A ala insatisfeita recorda que Zé Carlos se alia a partidos de direita e esquerda com a mesma naturalidade com que troca de camisa, passando aos filiados o ônus da pecha de camaleão. O grupo promete disputar a presidência em 2013”.

Deu no jornal 2
“Ainda não foi bem digerido, aliás, por alguns integrantes do PV a falta de convites para a diplomação do novo prefeito de Belém, a quem a cúpula do partido apoiou. Ao que se comenta, o fato gerou um tremendo mal-estar nas pequenas bases do partido. Diz-se que apenas “privilegiados” foram contemplados com os convites. A corrente descontente até desconfia que os convites foram escondidos da base para que as conversas deliberativas em torno de eventual participação no secretariado municipal fiquem restritas a poucos”.
Em Marabá, diz-se que o assunto nada tem a ver com as reuniões quase secretas que o PV realiza desde a renúncia do seu candidato à disputa eleitoral e adesão à coligação do prefeito eleito... 

Rolo


A impugnação do registro e consequente anulação dos votos dado no último pleito a José Lourenço Amaral (PSB), primeiro colocado, arremessou a prefeitura de Água Azul do Norte no buraco negro das indefinições políticas. Amaral teve mais de 50% dos votos válidos que, anulados, devem provocar uma nova eleição. Sabiamente, o juiz eleitoral negou posse ao segundo colocado e, enquanto o Tribunal Superior Eleitoral não desfizer o pacote natalino, deverá assumir o Executivo, em primeiro de janeiro, o ainda não escolhido presidente da Câmara Municipal.

Marabá na mídia



Na página Negócios, de Mauro Bonna (Diário do Pará), a última de 2012, sob o título acima:
“Nem bem o Grupo Mateus inaugurou o primeiro dos três supermercados que constrói em Marabá, o Sindicato dos Comerciários, à frente um vereador, já ouriça trabalhadores com ameaças de greve. E se imaginar que, ao final, o Grupo proporcionará quase dois mil empregos diretos”.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O futuro do ministro Luiz Fux, do STF


Luiz Fux pode esperar chumbo grosso em 2013; o recado é claro: ou se comporta, ou eles prometem derrubá-lo; resta-nos torcer para que a chantagem não tenha lastro

Blog Reinaldo Azevedo

Eis-me aqui, leitores, a fazer algumas considerações, conforme disse que poderia acontecer. Depois retomo o meu descanso. O ministro Luiz Fux, do STF, continua na mira dos petistas. E eles não o deixarão tão cedo, a menos que este membro da corte máxima do país pague a fatura na qual figura, segundo os petistas, como devedor. O mensalão já é jogo jogado. Ainda que o tribunal venha a admitir os embargos infringentes, de divergência, é difícil supor que Fux dê um voto oposto àquele que proferiu durante o julgamento. Mas sabem como é: o governo tem muitas demandas no Supremo. A coisa está feia: para o tribunal, para Fux, para as instituições. E o ministro pode se preparar porque vem mais bomba por aí.

O mais recente ataque a Fux partiu de Gilberto Carvalho, ninguém menos: ele é, por excelência, o braço de Lula no governo Dilma, mas é também homem de confiança da presidente. Quando fala, ele o faz em nome da chefe, a menos que seja desautorizado. E ele não foi. O que fez Carvalho?

Afirmou num programa de TV que manteve um encontro com Fux antes de este ser nomeado para o Supremo e que o então candidato a ministro lhe havia assegurado que lera o processo do mensalão e não encontrara provas contra os réus. Mais uma vez, os petistas estão afirmando, por palavras nem tão oblíquas, que Fux lhes prometera uma coisa — “matar a bola no peito” — e não entregou o prometido.

É espantoso! Mais do que sugestão, o conjunto das declarações — de Carvalho, de Dirceu e do próprio Fux, em entrevista — nos autoriza, por indução, a concluir que um dos critérios para a indicação do agora ministro foi a sua opinião de então sobre o mensalão. Depois, tudo indica, ele mudou. Fux já confirmou ter estado com José Dirceu antes de ser indicado por Dilma. Reuniu-se também com João Paulo Cunha. O que um pretendente ao cargo máximo do Judiciário tem a conversar com dois réus daquele calibre? Ninguém sabe. E isso Fux também não conseguiu explicar na entrevista que concedeu.
Ao anunciar a suposta mudança de opinião de Fux, Carvalho está confessando o que eles lá, ao menos, tinham entendido como uma conspirata a favor dos mensaleiros. Pior: como foi Dilma que indicou o ministro, Carvalho e todos os que insistem nessa linha de argumentação comprometem a presidente com uma óbvia agressão ao Supremo e à independência entre os Poderes: Fux teria sido escolhido para cumprir uma missão — que não seria, por óbvio, fazer justiça.
Os antecedentes e o que se viu
O leitor tem o direito de saber que petistas viviam falando pelos cantos, para repórteres, algo mais ou menos assim: “Fux tá no papo; é nosso!”. Os mais boquirrotos davam o acordo como celebrado. A metáfora do “matar a bola no peito” já era muito conhecida. Os votos do ministro pegaram, sim, os petistas de surpresa e, em larga medida, os jornalistas. E petistas não o perdoam por isso. Se acham Joaquim Barbosa — o “negro que nós [Eles!!!] nomeamos”, como disse João Paulo — ingrato, eles têm Fux na cota de um traidor.
E não pensem que já esvaziaram todo o saco de maldades. Pelo cheiro da brilhantina, como se dizia antigamente, vem mais coisa contra o ministro em 2013. Os mais exaltados chegam a prometer que ele terá de deixar o tribunal porque acabaria ficando provado que não tem condições de exercer a função. Até onde pode ir o ódio punitivo? É o que veremos.

O QUE NÃO ESTÁ CLARO NO TRIBUNAL INFORMAL DO PETISMO É SE HÁ OU NÃO CONDIÇÕES DE FUX SER REABILITADO PELA COMPANHEIRADA — vale dizer: ainda não se decidiu se vão lhe apresentar uma fatura, exigindo, em troca, o bom comportamento ou se a condenação já pode ser considerada transitada em julgado — nessa hipótese, só restaria mesmo o paredão.
A tropa não brinca em serviço. Nesse momento — e Fux não deve ignorá-lo —, a sua carreira de juiz no Rio está sendo escarafunchada. Não é que os petistas não gostem de uma coisa ou de outra e tenham sido tomados por um surto de moralidade ou de moralismo. Não! Vigora a palavra de ordem de sempre: “Quem está conosco é gente boa; quem não está vai para a boca do sapo”.
Fux pode se preparar que vem chumbo grosso por aí. Ou, então, se anula como membro da nossa Corte Suprema e se torna mero esbirro de um projeto partidário — nesse caso, tem até modelo a ser seguido. A “máquina” está lhe dizendo algo assim: “Ou se entrega, ou nós acabamos com a sua reputação”. A chantagem é asquerosa, e só resta ao país torcer para que as ameaças sejam inócuas porque brandidas no vazio.
Nunca antes na história deste pais um ministro de estado confessou que um candidato a ministro do Supremo lhe havia feito juízo de mérito sobre um processo em tramitação na Corte para a qual este pretendia ser nomeado.
Se você acharam 2012 animado, esperem só para ver 2013…


Líder do MST assassinado em Msqueiro

NOTA DE FALECIMENTO

É com muito pesar que o MST-Pará, comunica aos companheiros, companheiras, amigos e amigas o assassinato do militante dessa organização MAMEDE GOMES DE OLIVEIRA, 58 anos, assentado no Assentamento Mártires de Abril, Mosqueiro- Município de Belém Pará. O fato aconteceu no dia 24 de dezembro de 2012 no período da tarde, por volta das 16 horas, no seu lote, momento em que estava trabalhando foi atingido por dois tiros calibre 38. No momento dois suspeitos encontram-se presos e estão sob investigação da polícia.
Mamede, foi coordenador estadual do MST, atuou no Setor de Produção e nos últimos anos vinha dedicando-se à prática agroecológica em seu lote, conhecido como LAPO- Lote Agroecológico de Produção Orgânica, com a implantação de diversas experiências, além de compor um Grupo de Produção Agroecológica-GPA juntamente com outras famílias assentadas.
O corpo está sendo velado no LAPO e o enterro acontecerá amanhã às 9 horas no Cemitério do Carananduba.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Estado do Pará solidariza-se com Dona Teófila da Silva Nunes e familiares.
“A morte não é verdade quando se cumpre bem o papel da vida”
(José Martí)
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NATAL DURO, MARCADO PELA VIOLÊNCIA
Hoje, às 10 horas, nos despedimos de mais um grande companheiro das nossas fileiras de lutas pela verdadeira reforma agrária e pela transformação da sociedade. Foi enterrado o corpo de Mamede Gomes de Oliveira, assassinado brutalmente na manhã do dia 23 de dezembro. O assassinato ocorreu no seu lote, a 200 metros de sua casa, no Projeto de Assentamento Mártires de Abril, município de Mosqueiro, Estado do Pará.
O assassino é casado com a filha de um também assentado, não residia no Projeto de Assentamento, já foi identificado e preso mas até o momento não revelou qual a sua motivação ou interesse para tirar a vida de Mamede, com o disparo de dois tiros fatais sem que a vitima pudesse se defender.
Para nós foi uma perda imensurável, por tratar não apenas de um assentado, como deverá ser divulgado pela imprensa medíocre deste país, mas por tratar de um exemplar de homem que viveu para construção de uma humanidade, que ainda está por ser construída por todos(as) aqueles(as) que não se cansam e nem se entregam diante das barreiras impostas.
Mamede tinha 57 anos muito bem vivido como fazem todos(as) que desde cedo encaram o desafio de construir seu próprio destino. Nasceu no Estado do Piaui, viveu sua juventude até adulto no Estado do Maranhão, no município de Pedreiras, no final da década de 1980 veio para o Pará, trajetória de muitos nordestinos, em busca da terra prometida.
Foi no ano de 1999 que militantes do MST e Mamede tiveram o grande prazer de se encontrarem, nas mobilizações realizadas na cidade de Ananindeua, área metropolitana de Belém do Pará, para ocupação dos latifúndios naquela região. Nesta época Mamede militava na Comunidade Eclesial de Base, com a experiência trazida do Maranhão. Experiência desenvolvida para enfrentar a opressão imposta pelas famílias latifundiárias, corruptas e assassinas daquele Estado, dentre elas a de José Sarney.
Com a luta organizada as famílias de trabalhadores conquistaram uma área de terra no município de Mosqueiro, que depois as famílias e o movimento fizeram ser criado um projeto de assentamento, pelo INCRA,o Projeto de Assentamento Mártires de Abril, em memória ao massacre de 17 de abril de 1996, na curva do S, no município de Eldorado de Carajás, contra militantes do MST, realizado pela policia do Estado, quando governador Almir Gabriel.
Ali no assentamento Mamede se realizava e construía experiências e ensinamentos para companheiros(as) e para o mundo. Junto com sua esposa passaram a se dedicar em um grande projeto que viesse apontar para a transformação da sociedade. Homem culto, não abonava suas leituras dos revolucionários, de Marx, os marxistas, ao poeta Maiakóvski.
Pelo seu afinado conhecimento e forma de lhe dar com as pessoas desempenhou importante papel como comunicador, educador e dirigente do movimento, sem nunca se propor a abandonar a luta e deixar de enfrentar as grandes dificuldades que se apresentavam no dia a dia.
A sua dedicação maior, sem desprezar a militancia, a educação e acultura, mas fazendo destas uma interação necessária e produtiva, foi com a agroecologia. Seu lote era um exemplo de diversificação de cultivos de plantas para fins medicinais, ornamentais e para produção de alimentos, e a criação de pequenos animais. Dedicação na transformação de plantas em produtos de uso medicinal e alimentício.
Mas como para a crueldade não há defesa e precaução suficiente par evitá-la quando ela nos ronda permanentemente,em um momento de vivência e dedicação com seu a fazer, Mamede foi covardemente assassinado quando reparava a situação de umas colméias.
Portanto, não foi só o MST, mas sim o mundo que perdeu, na flor da idade, um grande exemplar de homem educador, comunicador, dirigente, defensor e praticante da agroecologia, que acreditava na transformação da sociedade, com a destruição do capitalismo a partir de de acúmulos de fundamentações teóricas pelos indivíduos mas também necessariamente com a prática.
Lamentamos profundamente que a barbárie se alastra pelo mundo sem que nossas forças sejam suficientes para barrá-la. Lamentamos profundamente que diante da situação muitos(as) valiosos(as) lutadores(as) do povo se deixem levar pelos imbróglios da conjuntura política retrógrada e alienante que impera no país. Lamentamos profundamente pela perda de mais um comunista.
Como foi na casa de Mamed, quando da participação de um encontro estadual do MST, que tomei conhecimento do poeta russo Maiakóvski, em memória vou citar um dos poemas que de imediato me chamou a atenção:
E então que quereis?...
Fiz ranger as folhas de jornal
abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
de cada fronteira distante
subiu um cheiro de pólvora
perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades.
Não estamos alegres,
é certo,
mas também porque razão
haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
é agitado.
As ameaças
e as guerras
haveremos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as
como uma quilha corta
as ondas.
Mamede.
Presente!
Até a vitória sempre!
Marabá, 25 de dezembro de 2012.
Raimundo Gomes da Cruz Neto
Educador Popular CEPASP-Marabá


terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Aos meus diletos amigos e amigas

Foto: Ademir Braz - Arte bragantina 

Já que sobrevivemos ao fim do mundo, vamos amar por inteiro nossas namoradas, curtir mais nossos amigos, trabalhar menos (que ninguém é de ferro), passear todo fim de semana (o mundo é lindo em qualquer parte!), comer melhor, rir mais, ler sempre, causar, ser solidários e generosos sempre que possível, nunca sofrer (qualquer que seja o motivo), cantar e beber em louvor à vida, ignorar os invejosos e desafetos, combater a injustiça, reinventar a alegria e a felicidade.
E que venham as belezas e desafios de um novo ano!

domingo, 23 de dezembro de 2012

Gente fina é outra coisa!...


No Parsifal Pontes:

Monólogo de um condenado à espera do cárcere

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Sexta-feira (21), 5h30m da manhã. Advogados subiram ao apartamento de José Dirceu, em São Paulo. Uma repórter da “Folha de S. Paulo” e um jornalista que assessora Dirceu em seu blog (blogueiro chic é assim: tem assessor para blog) também subiram.
Caso o ministro Joaquim Barbosa tivesse deferido o pedido de prisão na noite de quinta-feira, a Polícia Federal bateria à porta de José Dirceu às 6h. Antes desse horário a lei protege o domicílio.
> Sem entrevista
Dirceu vira-se à jornalista da Folha: "Eu não vou dar entrevista para você, não. Podemos conversar, mas não quero gravar.”.
A jornalista brinca: “Vamos falar sobre a situação econômica do Brasil...”. “Não estou com cabeça. Dar uma entrevista agora, sem saber se vou ser preso? Retruca Dirceu.
O advogado pergunta se ele fez a mala. "Eu não. Eu fui procurar, estou sem mala aqui. Achei uma mochila esportiva. Depois o Juca [um dos advogados]leva as coisas para mim”.
> Inicia o monólogo
Sem alguém perguntar, Dirceu fala em voz alta, como tentando acalentar a si mesmo: "Ele [Joaquim Barbosa] não vai fazer, ele estaria rasgando a Constituição.".
E prossegue, tendo o cárcere como fato consumado: "Eu me organizo. Eu vou voltar a estudar. Vou fazer um mestrado, alguma coisa... e tenho que imediatamente começar a trabalhar na prisão. Até para começar a abater da pena... eu não costumo ter depressão. Mas a gente nunca sabe o que vai acontecer... uma coisa é falar daqui de fora, né? A outra é quando eu estiver lá dentro... eu posso ter algum tipo de abatimento, sim, de desânimo. Tudo vai depender das condições da prisão. Às vezes elas são muito ruins...".
Faço uma observação desanimadora ao condenado: o “às vezes elas são muito ruins” é uma quimera, pois as prisões são sempre muito, mas muito ruins mesmo.
Dirceu já fez as contas do tempo que passará em regime fechado: “Se puder acessar publicações o tempo passará mais rápido. São 33 meses. Não é fácil... posso ser colocado em uma cela com outro preso. Isso pode ser bom, mas pode ser ruim também...".
Prosseguindo o monólogo, Dirceu avalia que poderá sofrer violência no presídio. "É um ambiente de certo risco.". E constata: “O sistema carcerário nunca vai melhorar. Isso não é prioridade de nenhum governo, nem dos governos do PT".
> Uma tragédia
"Para mim é uma tragédia ser preso aos 66 anos. Eu vou sair da cadeia com 70. São mais de três anos. Porque parte é cumprida em regime fechado, mas depois [quando a pena progredir para o regime aberto] vou ter que dormir todos os dias na cadeia. Sabe o que é isso?"
"Eu perdi os melhores anos da minha vida nesses últimos sete anos. Os anos em que eu estava mais maduro, em que eu poderia servir ao país...".
> Análise política
Dirceu descamba para a análise política das eventualidades: “A classe média está vivendo num paraíso, e isso graças ao Lula. Mas, ao mesmo tempo, está sendo cooptada por valores conservadores. É preciso trabalhar. A esquerda nunca teve uma vida tranquila no Brasil nem no mundo. Nunca usufruiu das benesses do poder.".
Como não? Digo eu. Bem, pode ser… afinal o PT, desde que chegou ao poder deixou de ser esquerda. Aliás, esquerda só existe na oposição: quando chega ao poder caminha ao centro e nele joga âncora.
> Rumo a Passa Quatro
Dirceu, para o deleita da jornalista da Folha, prossegue o monólogo: "O Ministério Público e a polícia com esse poder, esses grampos... isso está virando uma Gestapo. Quando as pessoas acordarem, pode ser tarde demais.”.
A agonia de Dirceu só terminou às 13h30m daquela sexta-feira (21), quando Barbosa divulgou que não anteciparia a prisão dos condenados. Ao receber a notícia ele pegou a mochila e foi passar o Natal na casa da mãe em Passa Quatro (MG).
Postagem escrita a partir de reportagem publicada na “Folha de S. Paulo”, em 22.12.2012

Alto Comando do Exército reforça esquema de segurança a Joaquim Barbosa, após duas ameaças

No Alerta Total, hoje, 23.12.2012


Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net 


Exclusivo – O Alto Comando do Exército ratificou ontem que continuará sendo o principal responsável pela segurança pessoal do presidente do Supremo Tribunal Federal. A cúpula militar ainda determinou um reforço no esquema que protege Joaquim Barbosa, depois de detectar pelo menos duas ameaças, nas últimas 48 horas, ao ministro que relatou o processo do Mensalão. Além de escolta, Barbosa agora contará também com vigilância inteligente durante a noite.
A ordem oficial de reforço veio às 14h 52 minutos de sábado. O documento reservado foi providencialmente assinado pelo General José Elito, membro do Alto Comando do EB e ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Além das ameaças detectadas pela inteligência militar, o reforço foi justificado por um estranho fato burocrático ocorrido na sexta-feira.
Na hora em que Barbosa se preparava para encerrar o expediente no STF, veio uma suposta ordem do Ministério da Defesa para que o pessoal militar que fazia a segurança de Barbosa fosse substituído. A nova orientação seria que Barbosa, após o julgamento do Mensalão, voltaria a contar com a proteção de agentes do Judiciário ou da Polícia Federal. Acontece que os servidores da Agência Brasileira de Inteligência, a serviço do GSI e do EB, resolveram não cumprir a estranha ordem, já que não tinham recebido qualquer comunicado oficial sobre a troca.
 Joaquim Barbosa foi para sua residência oficial vigiado por duas diferentes equipes de escolta. Avesso à segurança pessoal, Barbosa reclamou do excesso de pessoal militar com o qual já estava habituado a conviver. Ontem, o conflito de atuação foi desfeito. O General Elito, pessoalmente, reafirmou que só o Alto Comando do Exército ficará responsável por ordens acerca do esquema especial de segurança a Joaquim Barbosa. O serviço continua a ser executado por agentes de inteligência e oficiais do EB.
O esquema funciona no Rio de Janeiro, neste final e começo de semana, onde Barbosa passa o Natal e responde pelo plantão de recesso do Supremo Tribunal Federal. No Ministério da Defesa, estranhamente, ninguém assume de onde veio a ordem para alterar a segurança de Barbosa. Nas entrelinhas, no meio militar, interpreta-se que foi dado mais um sutil recado do Alto Comando do Exército ao governo e, por extensão, ao Partido dos Trabalhadores – cujos dirigentes, publicamente, vêm hostilizando Barbosa e fazendo críticas ácidas ao Poder Judiciário.
Ao que se sabe até agora, a Presidente Dilma Rousseff apenas tomou conhecimento da pequena confusão, mas não teria interferido no conflito entre a EB-Defesa-GSI, mesmo sendo a comandante-em-chefe das Forças Armadas. Não chegou a se configurar uma “crise militar”. Mas a cúpula do EB reafirmou sua independência para tomar decisões que considere de interesse estratégico para a segurança nacional ou para o pleno funcionamento das instituições democráticas. Se os petistas souberem ler, este pingo de decisão dos Generais é uma letra maiúscula de que não se aceitará um desrespeito às regras institucionais e constitucionais. 
O recado do EB foi direto: a petralhada deve parar de falar e fazer besteiras contra o frágil regime democrático no Brasil.