Duas notícias interessantes, hoje, na edição eletrônica da Folha de S. Paulo:
1. As micro e pequenas empresas contrataram 52,3% da mão de obra formal do país, mas responderam apenas por 20% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, de acordo com o Sebrae. A base de dados do Anuário divulgado nesta terça-feira é de 2008 e foi feita em conjunto com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos).
Em países europeus, a proporção é outra. As micro e pequenas empresas alemãs empregam 41% dos trabalhadores com carteira assinada, mas produzem 33% da riqueza nacional.
Os pequenos negócios estão se concentrando cada vez mais no interior do Brasil. 64,9% dos funcionários estão longe das capitais, diz o estudo. Se no Brasil, a maioria trabalha com comércio e serviço, na França, as pequenas vinícolas explicam a participação em 39% do PIB, afirma Leonardo Mattar, analista de gestão estratégica do Sebrae. 45% dos trabalhadores formais franceses estão nos pequenos negócios.
O Sebrae informa que dos 5,8 milhões de negócios formais existentes no Brasil, 99,2% (mais de 5,7 milhões) são empresas de micro e pequeno porte. Os 13,1 milhões de empregados nessas empresas correspondem a 52,3% das carteiras assinadas do país, que somam no total 24,9 milhões. O Sebrae leva em conta apenas trabalhadores com carteira assinada.
2. A maior parte das famílias brasileiras diz não ter condições de pagar contas atrasadas, segundo levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado nesta terça-feira.
Entre as 3.810 famílias entrevistadas em 214 cidades do país, 37,80% responderam que não terão como quitar essas dívidas. Para outras 36,74%, as contas vencidas poderão ser pagas de forma parcial.
Já 22,81% consideram que vão pagar integralmente as contas em atraso. O restante afirmou não saber.
As famílias das regiões Norte e Nordeste revelaram que terão mais dificuldades para honrar o pagamento. No Norte, 53,33% responderam que não vão quitar as contas em atraso. No Nordeste, essa proporção é de 46,98%.
Do total de entrevistados, 91% afirmaram que não pretendem tomar empréstimo nos próximos três meses. Para o presidente do Ipea, Marcio Porchmann, o nível de endividamento das famílias brasileiras é baixo se comparado com países da Europa e com os Estados Unidos.
Ele explicou que a tendência é de alta diante do crescimento econômico e do avanço das famílias na pirâmide social. "As famílias de menor renda têm um grau de exclusão bancária maior. À medida que ganham mais passam a ter mais acesso a crédito."
Ainda de acordo com a pesquisa, a maioria das famílias brasileiras (54%) tem dívidas, o valor médio é de R$ 5.427.