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quinta-feira, 26 de junho de 2014

Suárez leva maior gancho da história das Copas: nove jogos após mordida

Atacante não joga mais no Mundial e está banido por quatro meses de qualquer 

atividade ligada ao futebol. Suspensão vale a partir do jogo contra a Colômbia

Por Rio de Janeiro
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Luis Suárez surpreendeu o mundo do futebol ao voltar aos gramados menos de um mês após operar o joelho. Em um período menor ainda, ele jogou por terra a chance pela qual lutou de forma tão árdua. A mordida em Chiellini no confronto com a Itália acarretou uma suspensão por nove jogos, além de ser banido por quatro meses de qualquer atividade ligada ao futebol. É o maior gancho da história da Copa do Mundo. O "recorde" anterior era do italiano Mauro Tassotti, suspenso por oito partidas por ter quebrado o nariz de Luis Henrique, da Espanha, em 1994.
Segundo comunicado da Fifa, Suárez fica proibido de frequentar estádios durante a Copa e terá de cumprir os nove jogos de suspensão em jogos oficiais da seleção uruguaia. De acordo com a chefe de comunicação da entidade, Delia Fischer, após os quatro meses Suárez poderá disputar amistosos com a seleção e atuar normalmente pelo Liverpool, seu clube na Inglaterra. As transferências, entretanto, não são afetadas por esse banimento por quatro meses.
Fora da Copa do Mundo, o jogador uruguaio pode recorrer e, em circunstâncias especiais, o julgamento pode ocorrer até sábado. Porém, de acordo com o artigo 124 do Código Disciplinar da Fifa, o efeito suspensivo do recurso só é aplicável ao pagamento da multa de 100 mil francos suíços (cerca de R$ 250.000). A punição já vale para a partida das oitavas de final, entre Uruguai e Colômbia, sábado, no Maracanã. O Comitê Disciplinar enquadrou o jogador nos artigos 48 (conduta antidesportiva) e 57 (comportamento ofensivo e fair play) do código.  O afastamento de qualquer atividade relacionada ao futebol por quatro meses é regulada pelo artigo 22 do Código Disciplinar. 
Chiellini Suarez italia x uruguai (Foto: Reuters)Chiellini reclamou com árbitro, mas Suárez não foi expulso durante o jogo entre Itália e Uruguai (Foto: Reuters)


O lance da mordida em Chiellini aconteceu aos 35 minutos do segundo tempo. Depois de cruzamento na área, Suárez fingiu que disputaria a bola com o zagueiro, mas mordeu o ombro esquerdo do italiano. O árbitro mexicano Marco Rodríguez nada viu e não puniu o uruguaio.

Essa não é a primeira vez que Luis Suárez está envolvido em um caso de mordida em um companheiro de profissão. Quando ainda jogava pelo Ajax, da Holanda, o uruguaio mordeu o atacante Bakkal, do PSV, em 2010. No ano passado, o jogador do Uruguai repetiu o ato jogando pelo Liverpool contra o zagueiro sérvio Ivanovic, do Chelsea. Por ser reincidente, pegou dez jogos de suspensão. Todos os casos anteriores foram levados em consideração para a aplicação da pena.

- Esse comportamento não pode ser tolerado em nenhuma competição, muito menos na Copa, com os olhos do mundo voltados para a competição - afirmou Claudio Sulser, presidente do comitê disciplinar da Fifa, em comunicado lido no briefing diário promovido pela Fifa no auditório do Maracanã.
Liverpool emite comunicado
Clube pelo qual Suárez joga, o Liverpool, da Inglaterra, lançou uma declaração oficial, por meio do diretor executivo Ian Ayre, sobre a decisão do Comitê Disciplinar da Fifa sobre a punição. 

- O Liverpool vai esperar até vermos e analisarmos o relatório do Comitê antes de fazer qualquer outro comentário - afirmou o dirigente.
De acordo com o jornal uruguaio "Ovación", a estratégia de defesa dos uruguaios baseou-se na argumentação de que não houve mordida, mas apenas um choque casual de jogo, sem poder precisar exatamente se no ombro, na nuca ou no pescoço do defensor italiano. Além disso, a defesa sugeriu que o defensor italiano já tinha uma lesão no ombro. 
Ainda segundo a publicação uruguaia, foram apresentados vídeos, fotos e textos jurídicos para defender o jogador, que ficou em Natal e não deu qualquer tipo de declaração. Já o diário “El Observador” informou que uma carta de 17 páginas foi apresentada ao tribunal.

Nada disso, porém, serviu para convencer o comitê formado por 19 integrantes, muitos deles de países sem grande tradição no futebol. O presidente é o suíço Claudio Susler, o vice é Kia Tong Lim, de Singapura. E os demais são de Venezuela, Paraguai, Congo, Estados Unidos, África do Sul, Argélia, Eslovênia, Irlanda do Norte, Tonga, Equador, Panamá, Ilhas Cayman, Ilhas Cook, Paquistão, Suécia e Austrália.

INCRA e fazendeiros arquitetam prisão de militante no Pará

O MST/Pará acusa o superintendente regional do Incra de Marabá, Eudério Coelho de arquitetar junto a fazendeiros a prisão de um militante do movimento na tarde de ontem (25).
Segundo Eurivaldo Martins, dirigente estadual do MST, quando saiam das imediações do INCRA,onde foram solicitar cestas básicas para famílias acampadas, o carro que levava cinco integrantes do movimento foi cercado brutalmente por policiais da Delegacia de Conflito Agrário (DECA).
“Vieram rispidamente em direção a nosso carro, correndo, com armas apontadas e gritando para todos saírem”, descreve Martins.
Após prestarem depoimento na delegacia, em Marabá, Moisés teve voz de prisão decretada pelo delegado Victor Leal, já que teria dois mandatos de prisão, pela acusação de roubo de gado na região.
Maria Raimunda, dirigente do MST no Pará vê a ligação do episódio com uma estratégia dos fazendeiros, do INCRA em parceria com a DECA para intimidação dos Sem Terra, que ocuparam recentemente duas fazendas no sul do Pará, Santa Tereza e Cosipar.
“Desde que fizemos as últimas ocupações, o INCRA tem tido esse comportamento de armar emboscada para gente, acredito que esse acontecimento está conformado nessa trama entre o órgão e os fazendeiros”, acusa.
Criminalização
Nos últimos anos, a incidência de militantes de movimentos sociais, que tiveram prisões decretadas por alguma acusação aumentou no Pará. Atrelar o roubo de gado aos Sem Terra, tem sido uma constante.
Para o advogado da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Marabá, José Batista Afonso, os infinitos processos contra dirigentes e militantes sociais cumpre uma função no Pará.
 “Toda vez que existe uma ocupação de terra, ou outra mobilização que vá contra essas fazendas irregulares, os processos contra essas pessoas são ativados para fins de intimidação”.
È o caso de Moisés, que teria tido sua prisão preventiva decretada em 2009 por ser acusado pelo roubo de gado injustamente. “Como é um dos que participou das últimas ocupações no estado, agora a polícia usou a carta na manga que tinha para prendê-lo”, diz Batista.
Só para um lado
Para além da criminalização, a justiça pende só para um lado no Pará. O mesmo delegado que prendeu Moisés, deu inúmeras declarações em jornais locais chamando a ocupação do MST de “clandestina e ilegal, por não ter avisado ninguém”.
No entanto, quando solicitado pelos Sem Terra, para mandar um grupo móvel averiguar o recém acampamento em Marabá, que estava cercado por pistoleiros, não atendeu ao chamado.
 “Eu fui até a DECA, prestei uma queixa avisando que tem mais de quarenta homens armados nas cercanias do acampamento, avisei sobre o carro que foi queimado por esses homens, os espancamentos constantes contra os acampados, que passa pela estrada onde eles ficam amoitado, o avião do fazendeiro Rafael Saldanha, que fica sobrevoando a área e nada aconteceu até o momento”, indigna-se Francisco Moura da direção nacional do MST.
Se a DECA se ausentou, o INCRA foi pelo mesmo caminho. O ouvidor agrário regional Higino Neto também recebeu as mesmas informações que foram prestadas a Deca por Moura.
 “Porém, disse simplesmente, que não entraria em área de conflito”, conta Maria Raimunda.
Já Eudério Coelho, em nota a imprensa, disse que debateria o tema somente na segunda quinzena de julho, quando ocorrerá um evento no INCRA de Marabá sobre a violência no campo.
 “Até lá as famílias terão que se virar como pode para sobreviver aos ataques dos pistoleiros”, protesta Moura.
Mortes
Se os processos são comuns contra lideranças camponesas no Pará, as mortes são mais freqüentes ainda.
Para o professor de sociologia da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (INIFESSPA), Cloves Barbosa, a violência contra os Sem Terra parte justamente desse comportamento estatal.
 “O Estado dá guarida para as mortes no campo quando age assim, deixando os fazendeiros com licença para matar aqueles que ferem seus interesses”, aponta.

Nos últimos quarenta anos houve mais de 900 assassinatos de camponeses no Pará cometidos a mando de fazendeiros. Por esses crimes até agora nenhum mandante ou assassino cumpre pena.

Indenização a contaminados da Sucam

Ex-servidores da extinta Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam) poderão receber indenização de R$ 100 mil caso tenham sido contaminados pelo dicloro-difenil-tricloroetano (DDT). A possibilidade de indenização, que também pode beneficiar familiares de funcionários já falecidos, consta da Proposta de Emenda à Constituição 17/2014, de autoria do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), que aguarda relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).
A intenção é compensar os ex-“guardas da Sucam”, funcionários que aplicavam o DDT no combate a doenças endêmicas como malária e febre amarela. Esses agentes de saúde tinham contato direto com a substância, altamente tóxica, mas utilizada em larga escala no Brasil durante décadas, até o início dos anos 1990, principalmente na Região Norte.
A PEC acrescenta o artigo 54-A ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição, concedendo não apenas a indenização, mas também tratamento médico e psicológico aos ex-servidores da Sucam, portadores de doenças graves em decorrência de contaminação pelo inseticida.
Ao justificar a iniciativa, Valdir Raupp explicou que atualmente a fabricação, importação, exportação, manutenção em estoque, comercialização e uso do DDT estão proibidos em todo o Brasil graças à Lei 11.936/2009, proposta pelo ex-senador Tião Viana (PT-AC). À época da publicação da lei, mais de 40 países já haviam banido a utilização do produto, por constatarem que ele atacava não somente as pragas agrícolas ou vetores de doenças contra os quais era empregado, mas destruía, indiscriminadamente, outras espécies da fauna e da flora nativas.
– O Estado brasileiro baniu de seu território um produto mundialmente conhecido como nocivo ao meio ambiente e ao ser humano sem, entretanto, cuidar da saúde daqueles que foram prejudicados pela negligência nacional – argumentou o senador, lembrando que muitos trabalhadores que manusearam o DDT morreram ou se encontram inválidos em decorrência da contaminação.
O tema já foi discutido pelo Senado em audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) em outubro de 2011.
De acordo com a proposta de Valdir Raupp, a União deverá elaborar um programa de tratamento médico e psicológico aos ex-servidores e seus familiares, desde o diagnóstico inicial das doenças até o final da vida.
Depois de analisada na CCJ, a PEC precisará ser aprovada em dois turnos no Plenário do Senado e também da Câmara dos Deputados, com aprovação mínima de três quintos dos votos em cada uma das Casas. (Agência Senado)





Empresa britânica vai retirar do mercado produtos madeireiros da Amazônia

A empresa britânica Jewson, especializada em vendas de madeira e materiais de construção, anunciou que vai retirar temporariamente toda a madeira de origem amazônica de suas mais de 600 lojas na Inglaterra, sobretudo os deques feitos à base de Ipê. O anúncio se deu após denúncia do Greenpeace sobre a contaminação do mercado de madeira da Amazônia, região que sofre com altos índices de ilegalidade nas áreas de extração madeireira.
Segundo nota da própria Jewson, emitida em conjunto com sua fornecedora, International Timber, são exigidos das empresas brasileiras somente os documentos oficiais de movimentação de madeira (DOF-GF3), apontados pelo Greenpeace como insuficientes para garantir origem legal da madeira. Após as denúncias, a empresa britânica prometeu auditar sua cadeia para conhecer a origem de seus produtos independentemente da documentação oficial, e contratou especialistas no Brasil.
A Jewson compra madeira da International Timber (ambas pertencentes ao grupo Saint Gobain) que, segundo a própria Jewson, tem como fornecedores no Brasil as empresas Solimad Madeiras e Condor Florestas. Estas últimas são exportadoras de madeira baseadas no Estado de Rondônia, e já receberam multas do IBAMA de mais de R$ 5 milhões por desmatamento, extração ilegal de madeira, lavagem de dinheiro e falsificação de documentação oficial.
“O mercado internacional está preocupado, e começa a tomar medidas contra a madeira ilegal. Enquanto isso, no Brasil, mesmo após as denúncias do Greenpeace sobre o descontrole do setor madeireiro, nada foi feito. Não dá para os governos estaduais e federal fingirem que está tudo bem. Já passou da hora de agir, começando pela revisão dos planos de manejo na Amazônia”, defendeu Marina Lacôrte, da Campanha da Amazônia do Greenpeace.
Em maio, o Greenpeace lançou um relatório sobre a atual situação da ilegalidade no mercado madeireiro na Amazônia, usando como exemplo casos de planos de manejo com indícios de fraude no Estado do Pará. A denúncia foi feita no Brasil e em oito países que compram madeira amazônica.
Mais de 80 mil apoiadores da campanha na Inglaterra pediram que a Jewson suspendesse o comércio de madeira amazônica até que pudesse garantir a origem legal dos produtos. A empresa negou ilegalidades com nota divulgada no dia 16 de maio, mas assumiu que deve buscar saber a origem de seus produtos.
O governo britânico também iniciou uma investigação sobre a Jewson, segundo informou o National Masurament Office – NMO, responsável por implementar a EUTR, a lei que regulamenta o mercado madeireiro na União Europeia (European Union Timber Regulation). Editada em março de 2013, a EUTR afirma que os importadores devem ser prudentes e tomar medidas necessárias para evitar a contaminação do mercado da União Europeia com madeira ilegal. Porém, cada país deve implementá-la individualmente.
A campanha pelo mundo
Na França, um carregamento de maçaranduba com madeira suspeita de ser ilegal chegou ao porto de Le Havre, no dia 10 deste mês. Adquirido da empresa Rancho da Cabocla pelo grupo Belga Saelens, ele é proveniente do porto de Belém, no Pará, Estado em que 78% das áreas de exploração madeireira são consideradas ilegais.
A madeireira Rancho da Cabocla apresenta um histórico de ilegalidades no setor madeireiro e acumulou uma série de multas por extração ilegal de madeira e seu comércio, e também por falsificação de informações. A Saelens deveria saber que a compra de madeira nessas condições merece mais atenção do que somente a apresentação de papéis oficiais.
O Greenpeace pediu às autoridades belgas para efetuar os controles previstos na EUTR e, se necessário, aplicar as devidas sanções. Já na França, a EUTR ainda não foi regulamentada, o que significa que, até que a França aprove e publique seu regulamento, muita floresta ainda poderá ser destruída.
Autoridades competentes e empresas importadoras de outros países europeus também estão demonstrando preocupação com a situação da madeira amazônica brasileira. A Espanha classificou a madeira da Amazônia como de alto risco, enquanto na Itália o ministro de Agricultura e Florestas, Maurizio Martina, anunciou a aprovação de decreto que regulamenta a aplicação da legislação europeia de combate à madeira ilegal.
O único que parece não se preocupar de fato é o governo brasileiro, cúmplice dessa situação, e que até agora não se pronunciou sobre as denúncias do Greenpeace. Enquanto o governo segue calado, a floresta amazônica continua sendo predatória e ilegalmente destruída e vendida aos pedaços, com papel oficial e tudo. (Por: Greenpeace)