No Perereca da Vizinha
As fraudes na Assembléia Legislativa do Estado teriam provocado um rombo superior a R$ 120 milhões , apenas nos últimos cinco anos .
A estimativa é do promotor de Justiça Nelson Medrado, que coordena as Promotorias de Direitos Constitucionais e Patrimônio Público e investiga os escândalos da Alepa.
Os cálculos do promotor incluem todos os tipos de transações irregulares já detectadas naquela Casa : funcionários fantasmas , licitações fraudulentas, pagamentos irregulares , por exemplo , que teriam resultado em uma sangria de R$ 2 milhões por mês , apenas nos últimos cinco anos .
O problema , agora , é redesenhar a trilha dessa montanha de dinheiro , coisa que exige um trabalho hercúleo dos promotores .
É que o esquema de fraudes era até “infantil ”, como diz Medrado, devido , por exemplo , à quantidade de “laranjas ” e às visíveis ligações que mantinham com as empresas que participavam dessas transações . Ou , ainda , pelo fato de as firmas que realizavam obras na Alepa não estarem, muitas vezes , nem sequer inscritas no CREA, o conselho regional de Engenharia e Arquitetura .
“Há muitos cheques sem endosso e que não eram depositados, mas , pagos na boca do caixa . Muitas das empresas estão inscritas no Simples e não tinham de fazer retenção de Imposto de Renda . Foi tudo dirigido para não deixar rastros ”, observa.
E completa : “eles (os participantes das fraudes ) saíam com malas de dinheiro de dentro do banco ”.
A quantidade de dinheiro vivo que deixou a Alepa nesse período dificulta as investigações .
E só funcionários fantasmas foram denunciados, nos últimos meses, mais de 50.