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sábado, 10 de novembro de 2007

Alforge

Arrumo os livros, consulto a agenda, defino o trabalho (farejo na pele seu cheiro de musgo). Assim me conduzo à triste jornada (ainda a verei?) dos dias que chegam. Choro sobre o café da manhã. (Ademir Braz)

Canção para ela

Aquela estrela matinal, aquela igual ao brilho da janela dos teus olhos, quando me olhas, é kaaru mbija entre as folhas da selva e o céu guarani. Dela nasceu por ti esta nova canção que espalha teu amor bem-vindo a soletrar-me num arranjo infindo, nesse dizer-se que te quero tanto, mais que a lua, és o meu encanto, desaprendi a solidão. Ah, minha amada, ouve minha voz! maior que o oceano, o amor em nós é uma lua cheia em noite de verão. (Ademir Braz)

Pela perda da inocência

A cada vez que em Marabá ocorre um crime que chama atenção pela barbaridade e por ter acontecido de uma forma mais pública, a cidade fica num estado de “deus nos acuda”, em vão. Mas por que em vão?. deverão me perguntar os “inocentes”. Porque os apelos não são capazes de chegar a sensibilizar os deuses da desgraça. Hoje, a guerra e as desgraças fazem parte da mais recente estratégia de acumulação capitalista. As armas e as bombas são mercadorias, assim como o arroz e o feijão. Precisam ser consumidas e comercializadas para gerar riquezas para poucos, e para tanto precisam cada vez mais de um mercado garantido. Como os Estados Unidos tratam o planeta e, especialmente, o Brasil? Como seu grande espaço de manobra para garantia de sobrevivência de sua economia. Que todos países possam receber seus produtos e conceder-lhe o direito de apropriação dos recursos naturais (petróleo, carvão, minério...). Os EUA tratam os governos dos demais países como capachos. Os países se tornam cada vez mais vulneráveis, por negociarem suas soberanias. Mas não é só por isso que os países se tornam vulneráveis, mas também pelas suas políticas internas. O que faz o governo brasileiro para manter-se no cargo? Alianças. Com quem? Com a escória da política brasileira. Passando por calheiros, sarneys e barbalhos. O PT precisa cada vez mais de delúbios. Os governos não estão preocupados com a organização da sociedade de modo a garantir harmonia e tranqüilidade para a população. A ordem do dia é desenvolver planos estratégicos que possibilitem suas permanências por um longo período na condição de governo. Tudo se torna fantasia e de caráter publicitário. Mas tudo isso faz muito bem para uma pequena parcela da sociedade, que concentra a riqueza gerada pelos trabalhadores. Parcela esta que concentra poderes, define políticas e gerencia o Estado brasileiro, enquanto o governo ocupa seu tempo com o gerenciamento e manutenção de cargos. É pura ignorância acreditar que a democracia burguesa seja capaz de atender os anseios da população pobre e desamparada. Esta população ainda tem que lutar muito pelas transformações necessárias para construção de uma outra realidade. Tem que deixar de acreditar nas ilusões espalhadas pelos politiqueiros. Sem transformações radicais, os pobres e desamparados só tendem a aumentar. Nos últimos cem anos a população mundial passou de 1,6 para 6 bilhões de pessoas. Para ser mais claro: passou de UM bilhão e SEISSENTOS MILHÕES para SEIS BILHÕES de pessoas. Deste universo da população, 850 milhões são ricos, 2,75 bilhões são de pobres e classe média, e 2,4 bilhões são de miseráveis, para os quais o mundo capitalista já tem como fora da humanidade, considerando que para estes só resta a morte. Percamos a inocência e vamos à luta. (Raimundo Gomes da Cruz Neto)

Gente fina

Ele é uma simpatia, o cara de Redenção. Inteligência aguda, excelente humor, filósofo primoroso. Eu não sei de onde veio nem o que ele faz, além de viver discretamente bêbado nos bares da cidade. Tradição de família, segundo ele. É que o pai do pai do pai do cara de Redenção errou de garrafa certo dia e suas últimas palavras foram “Puta que pariu!” Recentemente, o cara de Redenção disse, do alto da sua sabedoria turbinada, que aguardente com unha de caranguejo impede o câncer de próstata e a caspa. Ele sabe o que diz.

Xô, corrupto!

Dia 19 de novembro, uma segunda-feira, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) lança os Comitês contra a Corrupção Eleitoral, envolvendo todas as seccionais do País na campanha “Voto não tem preço, tem conseqüência”. O objetivo é alertar o eleitor para a importância de eleições transparentes e a denúncia de irregularidades praticadas por candidatos. A Lei n. 9840, de 28.09.1999, que ampara os comitês, foi a primeira aprovada no Brasil resultante de Projeto de Lei de Iniciativa Popular, ancorado em abaixo assinado com mais de um milhão de assinaturas dos eleitores, colhidas em campanha encetada pela CNBB, OAB, CUT, Força Sindical e outras entidades civis. A lei dispõe que constitui captação de sufrágio o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinqüenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma.

Cozinhando galo

Os bastidores da sucessão municipal “andam como uma galinhada mineira, que se põe no fogo à noite inteira para o almoço do dia seguinte”. A comparação, deliciosa e apropriada, é de um cidadão que, por viver no meio, sabe o que diz. Há mais disse-me-disse do que fatos, segundo ele. Assim, vive-se em Marabá uma espécie de dança (um passinho pra lá, dois pra cá), ao som do velho piano de saloon, antes que cheguem as dançarinas airadas e os vaqueiros empoeirados e sedentos. É a paz que antecede o tiroteio.

Privilégio?

Leitor e colaborador histórico, residente na Cidade Nova, manda dizer como anda o trânsito em seu bairro. “O DMTU – diz ele - tomou uma decisão no mínimo arbitrária, visando exclusivamente beneficiar o Supermercado Alvorada/Cidade Nova, não se sabe a pretexto de quê. Para facilitar a descarga dos caminhões no depósito dessa empresa, o departamento promove diariamente uma bagunça na rua Frei Raimundo Lambezart: proibiu o estacionamento de carros no lado direito, sentido Sesi, o que é correto, mas liberou estacionamento no lado esquerdo. Ou seja, o que era legal virou infração e vice-versa. Como uns baixam a cabeça e obedecem e outros não, vêem-se carros estacionados dos dois lados da rua. E haja multas e haja bate-boca entre condutores e guardas do DMTU. Se o prefeito Sebastião Miranda não sabia, a partir de agora sabe, porque ele e sua assessoria têm esta página e seu blog como leitura obrigatória. Logo, o mínimo que deve fazer é revogar o “favorzinho” e mandar cancelar as multas aplicadas em razão desse absurdo. Se eu bem conheço o Tião, ele vai fazer isso”.

A relação dos submissos

“Companheiro Ademir Braz: Fiquei maravilhado com o conteúdo da tua página no Correio do Tocantins, de número 1.672. Primeiro, por ver como tu estás bem na produção poética, o que precisa ser publicado, e deves continuar publicando. Os lúcidos não sobreviverão com tanta mediocridade que está por aí. Segundo, a realidade de Tucumã e Ourilândia, que nada mais é do que o resultado de uma política nefasta que atinge toda esta região, a Amazônia e os países da América Latina, África e Ásia, onde ainda existem os recursos naturais (minérios, energia, água...) que o centro capitalista procura se apropriar. Mas por fim, gostaria de tecer alguns comentários sobre as perguntas que o seminário promovido pelo Estado do Pará deveria responder, que está na tua matéria denominada “Modelo Mineral questionado”. Como estimular as produções menores, que envolvem um maior número de produtores? Isto não é possível, porque o Estado não define mais políticas, quem as define são as grandes empresas. O Estado se submeteu ao papel de implantar infra-estruturas, financiar e oferecer incentivos fiscais à expansão do capital, reduzindo os investimentos em educação, saúde, cultura e lazer. Como fazer com que a relação com as grandes mineradoras se dê de forma mais ampla, com mais vantagens, por exemplo, para o entorno das áreas de exploração? Ora, não existem grandes mineradoras, só existe uma, a Companhia Vale do Rio Doce. E com esta a relação é de submissão, porque é ela que financia parte das campanhas dos(as) atuais eleitos(as), de deputados a governador. E, por último, como mapear todo o setor, identificar os gargalos e elaborar uma política de Estado que desenvolva todo o setor? Isto, sim, o Estado faz, porque é a sua função diante do que impõe o capital. Usar dinheiro público para possibilitar a intervenção dos interesses privados. Por tudo isto é que devemos procurar compreender e apoiar a iniciativa do MST em desenvolver acampamento ao longo da ferrovia. Porque só a sociedade civil organizada e disposta à luta será capaz de questionar a intervenção capitalista e imperialista nesta região e neste país. Vamos à luta!” (Raimundo Gomes Neto)