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sábado, 15 de dezembro de 2012

Sabotadores

Anotem:
Vereador eleito Adelmo Azevedo reuniu-se hoje no Sindecomar com o ex-vereador Mamoré, os dois Pedros eleitos e mais Sempré, o "nativo", para discutir meios de sabotar a candidatura de Júlia Rosa à presidência da Câmara.
Diz-que a turma integra o  "grupo do Tião", o Miranda.
Adelmo quer ser presidente, imaginem...
Vocês se lembram do Adelmo? Quando vereador e ocupante eventual da direção da Casa, ele pediu ao Executivo uma granazinha safada pra festejar o aniversário dele.

Judiciário: brasileiro acredita pouco na toga. Só 39%

No Manuel Dutra:


Revista Consultor Jurídico via
blog do advogado José Ronaldo Dias Campos

Judiciário é pouco ou nada confiável, mostra estudo

O Poder Judiciário segue como uma das instituições que têm a menor confiança da população no Brasil, conforme mostra o Índice de Confiança na Justiça (ICJBrasil), que analisou o segundo e terceiro trimestres de 2012. Feito pela Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas, a Direito GV, o estudo mostra que a população brasileira considera o Judiciário só é mais confiável que as emissoras de TV, os vizinhos, o Congresso Nacional e que os partidos políticos.
Confiança nas Instituições
De acordo com a pesquisa — feita com 3,3 mil pessoas —, 90% dos brasileiros consideram a Justiça morosa e 82% a consideram cara. Outros 64% dos entrevistados acreditam que o Judiciário é desonesto e 61% o enxergam como nada ou pouco independente. Além disso, 64% dos ouvidos acham a Justiça “difícil” ou “muito difícil” de acessar.

O ICJBrasil também atribui notas para o desempenho do Judiciário. Numa escala de 0 a 10, a nota geral foi 5,5. A pontuação é baseada em dois subíndices: o de comportamento, que analisa se os cidadãos, quando enfrentam problemas, procuram soluções na Justiça, e o de percepção, que apura o sentimento da população em relação a celeridade, honestidade, neutralidade e custos. No primeiro requisito, a nota foi 8,7. No segundo, 4,1.

Para Luciana Gross Cunha, professora da Direito GV e coordenadora do estudo, os dados seguem a mesma tendência que sempre tiveram, “de má avaliação do Judiciário como prestador de serviços públicos”. Foram entrevistadas pessoas em oito estados brasileiros, que responderam por 55% da população nacional (Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo).
Polícia
O ICJBrasil também mostrou que a população não está satisfeita com o trabalho da polícia. A instituição foi apontada como confiável pelos mesmos 39% que o Judiciário.
Grau de satisfação com a atuação da polícia
Muito Satisfeito
Um pouco satisfeito
Um pouco insatisfeito
Muito insatisfeito
Indiferente
  
Contando juntos os “insatisfeitos” e os “pouco satisfeitos”, a cifra chega a 63%. Considerando a camada mais pobre da população, o índice pula para 65%. Na camada mais rica, cai para 62%.“É um dado alarmante, principalmente se considerarmos os últimos acontecimentos envolvendo o assassinato de policiais e diversas pessoas na periferia”, analisa Luciana Gross Cunha.
Revista Consultor Jurídico, 14 de dezembro de 2012

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O fechamento das pontes e o fim do mundo



O infelizmente ainda prefeito Maurino Magalhães tornou-se uma ameaça pública e, pior, de dimensão transamazônica. Por causa de sua incompetência, desde quinta-feira (13) servidores municipais, inclusive os responsáveis pelo trânsito urbano, passaram a bloquear as duas pontes sobre o rio Itacaiúnas, um dos trechos mais demandados e complicados da rodovia Transamazônica.
Se o objetivo dos manifestantes era chamar a atenção da sociedade para o fato de que a prefeitura não lhes paga os “perdimentos” há quatro ou cinco meses, o fechamento das pontes gêmeas seguramente causou desagrado e indignação a todos quantos transitam da distante região da Santarém-Cuiabá rumo norte do Tocantins e o Sul do Maranhão.
No meio do tumulto do segundo dia de obstrução, toda a manhã de sexta-feira 14, ponderava-se que a ação dos servidores teria maior serventia se eles fechassem cada uma das respectivas secretarias municipais além das inventadas por Maurino Magalhães para acomodar os milhares de penduricalhos que colecionou desde o começo da sua desastrada administração. Também poderiam, como sugeriu alguém mais exaltado, pegar responsável e responsáveis por esta situação vergonhosa de calamidade pública e lhes dar um banho de, por assim dizer, um banho de pinhão roxo com sal grosso até tirar a catinga.
Se não resolvesse a angústia de cada um, pelo menos lhes deixaria a alma inefavelmente mais leve.
Não se tira a razão do protesto e reivindicação dos servidores municipais. Entre muitos deles a fome já é uma dura realidade, conseqüência do pior governo que Marabá já teve e, pelo visto, terá até 1º de janeiro de 2013 (se não cumprir-se a profecia maia do fim do mundo em 21 de dezembro próximo, cujo beneficiário maior seria o próprio Maurino Magalhães, livre do merecido castigo).           
Mas o bloqueio da Transamazônica, onde está sendo feito, é de um prejuízo incalculável para a população marabaense. No Complexo Cidade Nova estão situados o Fórum, o INSS, Ministérios Públicos Estadual e Federal, Incra, Ibama, escolas, escritórios e outros pontos de trabalho de centenas de empregados que residem do outro lado das pontes.
Na banda da Nova Marabá estão o centro administrativo, a prefeitura, secretarias municipais, Receita Federal, Sefa, hospitais materno-infantil, regional e municipal, além de dezenas de outras instituições com alta demanda popular.
Todos com sua finalidade e serviços comprometidos pela obstrução. Por fim, quem são os mais prejudicados nessa história senão os contribuintes que, em última instância, são os mantenedores do salário de cada servidor?

Conta outra!...



A novidade não existe no planalto goiano, mas foi introduzida em Marabá – terra de muro baixo - pela Transporte Coletivo de Anápolis. Trata-se da instalação de duas catracas em cada um dos coletivos da empresa, objeto da queixa de idosos, obesos, gestantes, mulheres com crianças e a garotada que carrega mochila às costas.
A segunda catraca não é para dificultar a vida do usuário e, sim, para melhorar, disseram aqui, no Correio do Tocantins, dois representantes da TCA.
A explicação causou frouxo de risos nos usuários. Principalmente os que já batizaram os buzãos da TCA de GOL/GTS: Grandes Ônibus Lotados Geralmente Todos Sujos.         

Inovação educacional



É possível criar-se numa escola uma sala de leitura sem livros? Em Marabá, o desgoverno de Maurino Magalhães tornou isto possível.
Há dez ou doze anos passados, ao Fundação Casa da Cultura criou e instalou onze bibliotecas públicas em salas de escolas conveniadas, inclusive no Caic. Com o decorrer do tempo e a seqüência de administrações que não privilegiaram nem a leitura nem a cultura, esses núcleos de saber passaram, primeiro, para a alçada de uma secretaria (de Cultura, não estou certo), depois por um processo de agonia e desmanche até sobrar apenas a Biblioteca Ilan Jadão, na escola municipal José Mendonça Vergolino.
Em abril deste ano, o então secretário interino de Educação Antônio Disney Almeida de Souza oficiou à FCCM que, a pedido da direção da escola (vice-diretora Lucília Nascimento), fosse recolhido o acervo “a fim de que o espaço seja utilizado como sala de leitura”.
Dito ofício foi reiterado em 28 de setembro por outro secretário interino de Educação, Nells Claudjan Nascimento, acrescentando que o acervo “será encaixotado e ficará à disposição para fins de recolhimento pela Fundação.”
Agora, em novembro, a Fundação recebeu os livros da biblioteca. Sem nenhum encaixotamento ou cuidado eles foram jogados de qualquer forma num caminhão e despejados na Casa da Cultura.
Agora, lá na EMEF José Mendonça Vergolino tem uma sala novinha de leitura sem um único livro.

Curto e grosso!

O radialista e amigo Rui Castro, chegado de Boiânia oinde reside, flagrou a porção final de um papo entre duas pessoas na Rua Rio Preto, do bairro Novo Horizonte:
- Você tem fé em Deus?
- Eu tenho!
- Pois continue tendo, porque o Maurino não vai te pagar não!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

MP pede suspeição da juíza Maria Aldecy

No Terra do Nunca:


O Ministério Público Estadual resolveu ingressar com uma Exceção de Suspeição da juíza Maria Aldecy de Souza Pissolati. O pedido foi feito em razão de várias ações contra a Prefeitura de Marabá terem sido rejeitadas na 3ª Vara Cível, cuja titular é Aldecy.
Caso a juíza, ao analisar o pedido se considere suspeita para julgar os casos envolvendo a prefeitura, tais ações deverão ser encaminhadas para outro magistrado. Do contrário, o Ministério Público deve remeter o pedido de suspeição para o Tribunal de Justiça do Estado.

Adereço novo para a 1ª Dama

No Wilson Rabelo:

Operação Fonte Seca - Justiça determina afastamento de secretários em Redenção. Primeira dama deve usar tornozeleira eletrônica

A Polícia Federal desencadeou ontem (12), a Operação Fonte Seca. Noventa policiais federais e 17 técnicos da Controladoria Geral da União – CGU, deram cumprimento a 23 mandados de condução coercitiva e 46 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal (TRF – 1ª Região). O objetivo da ação foi desarticular uma quadrilha comandada pelo Prefeito Municipal de Redenção, investigado pela prática do crime de responsabilidade cometido através do desvio de recursos públicos federais, licitações fraudadas, contratos firmados entre a administração municipal e empresas de fachada, tudo com a participação de empresários e políticos ligados direta e indiretamente ao próprio titular do executivo municipal.
Diante da gravidade da situação, a Justiça Federal determinou o afastamento do exercício das funções de vários servidores envolvidos, tais como os secretários de obras, finanças e cultura (esposa do prefeito), sendo ainda imposta a ordem de que estes funcionários fiquem impedidos de frequentarem as instalações do órgãos públicos municipais, devendo todos (com exceção do prefeito) ser monitorados em seus deslocamentos através do uso de tornozeleiras eletrônicas.
A investigação conduzida no período aproximado de um ano e meio, foi iniciado a partir de denúncia publicada em um jornal do Município de Redenção, quando o vice-prefeito municipal apontou a existência de um esquema de apropriação de verbas públicas, que contava com a utilização de “empresas laranjas” totalmente desprovidas de qualificação técnica ou econômico financeira.
O trabalho investigativo da Polícia Federal permitiu constatar veracidade das denúncias, dada ocorrência de licitações armadas, que resultavam em contratos fraudulentos para aquisição de diversos produtos, desde alimentação escolar até o fornecimento de materiais hospitalares, assim como a prestação dos mais diversos serviços para a Prefeitura Municipal. A partir da execução das ordens judiciais de busca e apreensão, se pretende a obtenção de mais provas do esquema criminoso investigado. (Com DPF/MJ)

Servidores protestam para receber salários

No Barrancas do Itacaiunas


Engarrafamento se estendeu por quilômetros

Motoqueiros aguardam impacientes a liberação do trânsito

Antonio Júnior (PRF) e Monteiro (PM) negociam liberação da pista

Grupo Tático de prontidão para efetuar evacuação da pista

Demerval, Raimundo e Edmilson (boné)  conversam para liberar pista 



Com salário do mês de novembro atrasado e sete meses do Visa Vale, igualmente atrasado, os servidores realizam protestos.
Na terça-feira, os garis interditaram a Secretaria de Obras, na quarta-feira, os servidores obstruíram a Secretaria Municipal de Saúde.
Nesta quinta-feira, os servidores destas duas secretarias se uniram e fecharam a ponta do rio Itacaiúnas.
Pela manhã, mantiveram o piquete até por volta das 9h30 e aceitaram desobstruir a ponte ante a promessa de negociação com o Executivo local.
Uma comissão foi formada pelo sindicalista Demerval Bento da Silva e mais dois servidores que se deslocaram até a Prefeitura de Marabá, mas não houve nenhum retorno.
Assim, por volta do meio dia, os servidores interditaram a ponte novamente e a interdição acontece de forma alternada nas duas pontes.
Até o início da tarde a Prefeitura não havia se pronunciado a respeito da manifestação e tampouco quando deveria pagar os servidores.
Nesta sexta-feira, uma nova rodada de manifestação deve acontecer até que o Executivo se comprometa em pagar os salários.

Energia da Amazônia vai para muito longe

Lúcio Flávio Pinto
Jornalista paraense. Publica o Jornal Pessoal (JP)
Adital
Até o início dos anos 1980 toda a Amazônia, que representa dois terços do território nacional, para ter energia, dependia de usinas térmicas movidas a derivados de petróleo, muitas delas velhas e precárias.
A empresa de eletricidade de Belém, a maior cidade da região, a Pará Eletric, herdada dos colonizadores ingleses, falhava tanto que passou a ser conhecida por Paralítica. O apelido não foi dado sem motivo: suas máquinas ficavam paradas por muito tempo, vítimas de paralisia operacional.
Duas pequenas hidrelétricas pioneiras, uma no Pará e outra no Amapá, não mudaram esse quadro de carência e deficiência. Somadas, geravam 50 megawatts Uma usina de 150 MW, imaginada para o rio Gurupi, na divisa com o Maranhão, era o sonho dos paraenses. Daria para abastecer todo o Estado durante um bom tempo.
Nunca passou pela cabeça de nenhum nativo o tamanho projetado para a hidrelétrica que começaria a ser construída no rio Tocantins, em 1975. Tucuruí viria a abrigar 23 imensas máquinas. Cada uma delas pode produzir o dobro do que era o consumo local de energia quando a primeira foi instalada na casa de força.
De lá para cá o Pará cresceu bastante. Ainda assim, a fábrica de alumínio implantada pela antiga Companhia Vale do Rio Doce, em sociedade com os japoneses, a 8ª maior do mundo e a primeira do continente, absorve uma vez e meia mais energia do que Belém, com seus 1,4 milhão de habitantes, a 50 quilômetros de distância. A Albrás é responsável por 1,3% do consumo de energia de todo Brasil.
Há outra fábrica de alumínio quase do mesmo tamanho em São Luiz do Maranhão, de propriedade das multinacionais Alcoa e BHP Billiton. Ela também recebe energia da hidrelétrica de Tucuruí. Mais energia do que o Maranhão inteiro. Durante 20 anos as duas indústrias receberam subsídio estatal para ter energia mais barata.
Por conta dessa tarifa privilegiada, a Eletronorte perdeu algo em torno de dois bilhões de dólares nesse período, o que lhe acarretou o maior patrimônio líquido negativo do Brasil. Prejuízo do tamanho de uma fábrica nova de alumínio, que foi para o caixa das empresas. Mas elas cumpriram sua missão: vender seu produto para o exterior.
Foi por isso que a Amazônia entrou de vez no circuito internacional. Essa nova era tem seu marco inaugural em 1973. Não por acaso, foi quando houve o primeiro choque do petróleo: o preço do barril, que fazia um litro de petróleo ser mais barato do que um litro de água, se multiplicou sete vezes.
Mal os árabes anunciavam os novos valores e os japoneses já despachavam uma missão incumbida de traçar os rumos do Japão, país completamente dependente da energia alheia, agora encarecida. Esses técnicos foram ao Pará. Viram a região do Gurupi. Constataram que ali só se podia gerar pouca energia. Foram para o Tocantins. No ponto em que o rio seria barrado, a usina iria chegar a 8,2 mil MW. Seria a quarta maior do mundo e a maior inteiramente em território brasileiro, já que Itaipu é partilhada com o Paraguai.
O Japão iria precisar de muita energia no exterior. Não poderia mais produzir alumínio, o bem transformado pelo homem que mais energia absorve. As 41 fábricas que funcionavam em território japonês foram fechadas.
A maior delas foi aberta ao lado de Belém. Mesmo a 20 mil quilômetros do porto do comprador, assegura 15% do alumínio primário de que o Japão precisa. E isso a um preço inferior ao que os japoneses teriam que suportar se continuassem o autossuprimento.
A pronta iniciativa do Japão em busca da nova e melhor acomodação ao mundo, subitamente transformado pelo encarecimento da energia, não visou atender a angústia dos habitantes da Amazônia, A nova divisão internacional do trabalho redefiniria as funções no mundo. A Amazônia passou a ser vista como um dos melhores lugares do planeta para a produção de bens econômicos intensivos em energia, a começar pelo primeiro do ranking, o alumínio.
Tucuruí foi concebida e executada com esse objetivo. Sua construção começou e foi concluída, entre 1975 e 1984, sob um regime político de força. Foi uma barragem da ditadura, como Itaipu, do outro lado do país. Vários absurdos foram cimentados pelo regime militar, desde a multiplicação por cinco do seu custo, que era de US$ 2,1 bilhões e (até onde alcança o acesso aos dados oficiais) chegou a US$ 7,5 bilhões (valor histórico), até os graves impactos ambientais e sociais.
A democracia abriu também para as grandes hidrelétricas a porta da controvérsia e da crítica. As megausinas em construção ou ainda em projeto enfrentam reação crescente nos canteiros de obras ou nos ambientes acadêmicos, dentro e fora do Brasil.
Seu percurso passou a ser acidentado, com manifestações de protesto e até depredações. Essa oposição não tirou dos executores desses empreendimentos a certeza que têm sobre a viabilidade das grandes hidrelétricas na Amazônia. Sustentando uma posição de intolerância, estimularam uma reação semelhante da parte dos que não querem mais hidrelétricas na região, como o Ministério Público Federal, as ONGs e muitos grupos indígenas. É de se esperar incidentes ainda mais frequentes.
Esse cenário não deve impedir a sociedade de atentar para um dado fundamental da questão: a parcela esmagadora da energia gerada nos rios amazônicos não se destina aos habitantes regionais, seja o consumo atual ou o que podia ser induzido através da relocação de indústrias eletrointensivas instaladas em outras regiões ou países.
A parte principal da energia é transferida para bem longe através de extensas linhas de alta tensão. Linhas com milhares de quilômetros, que demandam atenção, competência e investimentos, sob pena de estarem sujeitas a um fato recorrente no cotidiano nacional: os apagões de energia.
Os blecautes de 2001 tiveram seu peso na derrota do PSDB no ano seguinte e na vitória de Lula. Mais do que isso, porém: esse modelo de gerar energia na fronteira e levá-la para o centro econômico dominante mantém as desigualdades interregionais e reforça o velho modelo colonial.
Fonte de tantas matérias primas vendidas ao exterior, onde são transformadas em bens industriais, a Amazônia se tornou também uma província energética. É a condição de quem exporta energia bruta. Condenado a não tirar o melhor proveito da própria riqueza.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Água baixou em Redenção?

No Wilson Rebelo:

PF realiza Operação Fonte Seca em Redenção e investiga prefeito

Com o objetivo de desarticular uma quadrilha que desviava recursos públicos por meio de ações criminosas, supostamente comandada pelo prefeito de Redenção, Wagner Fontes, no sudeste paraense, a Polícia Federal desencadeou na manhã desta quarta-feira (12) a Operação 'Fonte Seca' no município. Pelo menos 90 policiais e 17 técnicos da CGU (Controladoria Geral da União) participam da ação.
Segundo a polícia, a quadrilha agia desviando recursos por meio de fraudes em licitações, contratos e serviços firmados entre a administração municipal e empresas de fachada ou de laranjas que agiam a serviço de empresários e políticos ligados direta ou indiretamente ao prefeito. Serão cumpridos ainda 23 mandados de condução coercitiva e 46 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal.
A investigação da polícia, conduzida no período aproximado de um ano e meio, foi inicialmente impulsionada a partir de denúncia publicada em um jornal local, ocasião em que o vice-prefeito municipal informou a existência de um esquema de apropriação de verbas públicas, que contava com a utilização de 'empresas laranjas'. Após um trabalho minucioso, os policiais descobriram as fraudes.

Não bastava o Valério...

No Parsifal Pontes:
Cachoeira: “eles sabem que sou o garganta profunda do PT”

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O PT vive o seu inferno austral: ontem (12) pela manhã foram revelados os detalhes do depoimento de Marcos Valério ao procurador-geral da República.
Mal as más notícias eram digeridas, o “empresário de jogos Carlos Cachoeira, ao ser posto em liberdade através de um Habeas Corpus do Tribunal Regional Federal (eu não disse...), saiu do cárcere apontado a mira para os companheiros.
"Eles sabem que sou o garganta profunda do PT", disse Cachoeira ao afirmar que a sua prisão é interesse dos integrantes do partido.
> Membros da CPMI
Mas não foi somente rumo ao PT que Cachoeira apontou a alça de mira: "Sei de muita gente que está envolvida com o relatório que possui relações com a Delta.", ameaçou ele ao se dirigir aos integrantes da tal “CPMI do Cacheoira”, que eu disse a vocês que não ia dar em nada a não ser holofotes (o pior é que, tomada pela pauta do mensalão, a imprensa nem holofotes forneceu à CPMI).
Cachoeira, escaldado com as intempestivas confissões de Valério, que resolveu ser boquirroto depois que a Inês estava morta, talvez não queira deixar para depois do trânsito em julgado o que pode ser dito no decorrer do do processo da “Operação Monte Carlo”.


O bacharelismo e os ecos do Brasil Colônia no Judiciário

No Carta Maior


A naturalidade com a qual os magistrados de São Paulo recebem “presentes” de empresas privadas e com que um ministro do STF fala do lobby que executou para “conquistar” esse cargo são exemplos de um problema que nasce com a própria formação do Estado brasileiro. Uma das faces desse problema é a baixa qualidade intelectual e cultural que atravessa uma parte importante do Judiciário. Na cultura do bacharelismo, ainda presente, os futuros magistrados são ensinados que não são servidores públicos, mas sim “membros do poder”.

Segundo a reportagem assinada por Frederico Vasconcelos, entre os brindes e presentes oferecidos aos juízes havia “automóveis, cruzeiros, viagens internacionais e hospedagens em resorts, com direito a acompanhante”. Entre as empresas públicas e privadas que participaram do evento estão a Volkswagen (houve um sorteio de um Fox zero quilômetro), a Caixa Econômica Federal (R$ 10 mil para divulgação e infraestrutura do evento), operadora de Planos de Saúde Qualicorp.

Não foi a primeira vez que isso aconteceu. Em 2010, ainda segundo a reportagem da Folha de São Paulo, a festa dos magistrados contou com o patrocínio do Banco do Brasil, da cervejaria Itaipava, da seguradora MDS, da Agaxtur (o ministro Sidnei Benetti, do Superior Tribunal de Justiça, ganhou um cruzeiro de cinco dias para duas pessoas no navio Grand Mistral, oferecido por essa empresa) e da TAM (que doou duas passagens de ida e volta para Paris).

Questionados pela reportagem do jornal, o presidente da Apamagis, desembargador Roque Mesquita, e o ministro Sidnei Benetti, do STJ, não quiseram se pronunciar sobre o evento e os presentes recebidos pelos juízes. Já o corregedor nacional de Justiça, ministro Francisco Falcão, anunciou que levará o assunto ao plenário do CNJ, nesta semana. Falcão disse à Folha que tentará desengavetar proposta de sua antecessora, Eliana Calmon, para “regulamentar patrocínios privados em eventos de juízes”. “Saímos inteiramente dos padrões aceitáveis. Recompensa material de empresas não está de acordo com a atuação do magistrado, um agente político”, criticou Eliana Calmon. Na mesma linha, Cláudio Weber Abramo, da ONG Transparência Brasil, questionou: “Como se pode confiar as decisões de juízes que recebem presentes?”.

O “sonho” de Luiz Fux

No dia 2 de dezembro deste ano, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luis Fux, revelou, em entrevista à jornalista Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o lobby que executou para garantir o “sonho” de uma vaga no STF, no último ano do governo Lula. “Fux grudou em Delfim Netto. Pediu carta de apoio a João Pedro Stedile, do MST. Contou com a ajuda de Antônio Palocci. Pediu uma força ao governador do Rio, Sergio Cabral. Buscou empresários. E se reuniu com José Dirceu, o mais célebre réu do mensalão. Eu fui a várias pessoas de SP, à Fiesp. Numa dessas idas, alguém me levou ao Zé Dirceu porque ele era influente no governo Lula" – relata a surpreendente entrevista. Fux diz a Monica Bergamo que não lembra quem foi o “alguém” que o apresentou a José Dirceu. 
O hoje ministro disse ainda à jornalista que, na época, “não achou incompatível levar currículo ao réu de um processo que ele poderia julgar no futuro”. E garantiu que nem lembrou da condição de “mensaleiro” de José Dirceu quando foi pedir o apoio do mesmo para ser indicado ao STF.

O bacharelismo e os ecos do Brasil Colônia
A naturalidade com a qual os magistrados de São Paulo recebem “presentes” de empresas privadas e com que um ministro do STF fala do lobby que executou para “conquistar” esse cargo são exemplos de um problema que nasce com a própria formação do Estado brasileiro. Uma das faces desse problema é a baixa qualidade intelectual e cultural que atravessa uma parte importante do judiciário brasileiro. No Brasil, a criação dos cursos jurídicos foi uma imposição que parece nunca ter sido superada, naquilo que tem de mais provinciano, autoritário e medíocre. Os cursos de direito de Olinda e de São Paulo tiveram de ser criados para que o país que acabara de decretar a independência tivesse a sua própria elite burocrática a administrar e operar o sistema jurídico do país que acabara de nascer como estado formalmente soberano. 
Não havia escolas públicas ou mesmo boas escolas no Brasil, no século XIX, quando os primeiros alunos, oriundos das classes altas, passaram a frequentar as faculdades de direito de Olinda ou de São Paulo, e não mais as classes da Universidade de Coimbra. Esses jovens, alfabetizados ou formados sabe-se lá como foram os primeiros juízes, advogados e burocratas que conformaram o Brasil independente, dos impérios à proclamação da república. A história não justifica, mas ajuda a entender como mecanismos arcaicos de apropriação do Estado fincaram raízes e se espalharam pelas instituições públicas. 
O bacharelismo que ainda se vê judiciário brasileiro parece ecoar o mesmo bacharelismo lá dos anos vinte do século XIX. Sob vários aspectos, tem-se uma repetição: jovens ou nem tão jovens, muitas vezes subletrados, pouco formados, preenchem provas de múltipla escolha e de pouca exigência intelectual e cultural e, da noite para o dia, passam a ganhar altos salários (no mínimo, em início de carreira, o dobro, em valores líquidos, do que o que um doutor, isto é, alguém com doutorado, recebe, já com a carreira em andamento). São ensinados, no mais das vezes, que não são servidores públicos, mas “membros do poder”. Essas aberrações têm história e um tenebroso presente. 
É claro que há juízes alfabetizados, talvez existam até juízes leitores de Dostoiévski e Machado de Assis. Mas as exibições ao vivo das sessões do STF mostraram comportamentos que só podem ser inteligíveis em função do salário que ganham e do tipo de formação de muitos de nossos magistrados. Somente salários mais altos do que as qualificações intelectuais autorizam permitem demonstrações constrangedoras de arrogância e tacanhice. 
O magistrado brasileiro não representa, ele julga
À diferença do Executivo e do Legislativo, o Judiciário tem suas próprias contrapartidas de deveres, e não apenas prerrogativas. Não há, por exemplo, eleição para juiz. Isso é um fator que em tese favorece o institucionalismo republicano. Não é necessário que seja assim, mas no Brasil e em outros países de tradição romano-germânica, no seu sistema do direito, é assim. Pois bem, como servidores públicos, os juízes não podem ser qualquer um que, uma vez eleito, tem na sua investidura no cargo a prerrogativa de representante. O magistrado brasileiro não representa, ele julga. O cargo é vitalício e até mesmo casos em que juízes são acusados de pedofilia ou de tentativa de homicídio têm como desfecho a aposentadoria integral, por invalidez, desses senhores. 
O problema não é a estabilidade funcional do juiz, não é o alto salário, não é a exibição pela televisão, ao vivo, de sessões de tribunais superiores. O problema é o baixo nível intelectual acompanhado de um alto poder econômico, com prerrogativas de estabilidade imunes às urnas e ao debate público e político sobre os rumos financeiros, jurídicos e sociais do país, do estado e da sociedade. O problema é que, quando juízes ferem a lei, direta ou indiretamente, eles têm de ser questionados e julgados como qualquer cidadão. E não é isso o que acontece. 
O ministro Luis Fux, por exemplo, não foi submetido a nenhum tipo de investigação em função das declarações que fez a Monica Bergamo. E nenhum dos magistrados de São Paulo parece se sentir na obrigação de prestar contas à sociedade a respeito das contrapartidas que as empresas beneficentes de seus encontros de fim de ano exigem. 

O bacharelismo no Brasil e suas profissões
O bacharelismo no Brasil sobrevive em duas profissões, a do juiz e a do médico. Advogado não precisa falar, porque só gente muito desqualificada atende ou chama doutor alguém sem doutorado e o meio da advocacia progressivamente incorpora essas considerações elementares no trato entre os pares. Mas juízes e médicos seguem dispondo de prerrogativas que dão a ver um estado de coisas do Brasil colônia. Os médicos, ao contrário dos juízes, não constituem um dos poderes da República. E os juízes, sim, são parte do Poder Judiciário (e nem por isso menos servidores públicos), mesmo quando desconhecem e alegremente arrotam sobre qualquer republicanismo elementar, quando já chegaram ao STF. 
Juiz pode, sim, escutar seriamente uma dupla sertaneja e encher os olhos de lágrimas, sonhando com aquela noite romântica em Orlando, naquele restaurante com neon azul e palmeiras de plástico. Mas não pode aceitar carro, nem passagem aérea, nem apartamento de amigo advogado emprestado, em Nova York. É uma situação bastante pior que aquela do psicanalista que vive escrevendo em jornal e frequentando vernissage de seus pacientes neuróticos ou psicóticos. Porque, ao contrário dos psicanalistas que eventualmente, como cidadãos, ultrapassem a esfera da tal da transferência, o juiz é um servidor público, no caso brasileiro, de um Estado republicano. Não é mais um bacharel tapa buraco de uma ex-colônia. Pelo menos não com esses salários. Não com esses salários bacharelescos.
(Marco Aurélio Weissheimer)