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sábado, 29 de janeiro de 2011

Hoje é Dia do Jornalista

Os dois principais newspapers de Marabá destacam hoje, 29 de setembro, o Dia do Jornalista. Ambos deram página inteira destacando o amor à profissão, suas dificuldades de trabalho e da falta de melhor valorização profissional.
O Correio do Tocantins também recebeu as homenagens dos leitores e anunciantes pelos seus 28 anos de existência, registrados no último dia 15 de janeiro. 
Entre os destaques do Opinião, a prata da casa: Bia Cardoso, Nilson Santos, Edinaldo Sousa e Chagas Filhoprofissionais da melhor qualidade, além de Hiroshi Bogéa, que pontifica com seu blog na internet. O jornal tambémdestaque a meu trabalho jornalístico, ilustrado com foto aberta, pelo que muito agradeço.  
De minha parte, na data recordo e homenageio um dos maiores repórteres da América LatinaLúcio Flávio Pinto, que me levou para a redação da Província do Pará no remoto ano de 1972, descortinando o mundo surpreendente de adrenalina, magia, perigo, aventura, dificuldades de toda ordem levantadas a partir do instante em que se ergue o denso manto que cobre os incontáveis interesses subjacentes às relações de poder na sociedade.
Com Lúcio Flávio Pintoamigo diletoquase 40 anos – compartilho a profissão de por ele demonstrada agora mesmo no seu Jornal Pessoal nº 400,da 1ª quinzena de janeiro 2011, a propósito do livro “O escândalo de Daniel Dantas – Duas investigações (Editora Manifesto, 325 páginas) do também jornalista Raimundo Rodrigues Pereira. Leia o texto a seguir:
       
          “O poder de um jornalista, diferentemente de um bandido ou de um policial, que são seus interlocutores, deve derivar apenas da sua inteligência, do potência da sua dialética, dos métodos de investigação que utiliza e da ética que delimita o seu campo de atuação. Com essas características, ele é um dos elementos fundamentais da democracia. Tem a missão de confrontar o poder, pondo em cheque as versões oficiais, identificando os fatos, desmascarando as farsas e tratando de transformar a informação num bem do patrimônio coletivo. Para que cumpra esse papel, o jornalista é, por definição, um outsider, um auditor dos poderes constituídos, um remador contra a maré do conformismo e da submissão, um fiscal do povo, um auditor da sociedade.
Precisa se expor, correr riscos, quando necessário, incluído o risco de errar. O que não pode é aceitar pratos feitos, verdades acondicionadas em dossiês formados por algum agente do enredo, por grupos de pressão e, muito menos, pelo governo. Presta atenção ao que ouve e procura reproduzir com fidelidade o que lhe dizem, quando funciona como entrevistador. Submetendo, porém, ao teste de consistência e à demonstração todos os dados que lhe chegam.
Claro que deve se resguardar dos equívocos, mas errare humanum est, diziam os latinos, sempre ladinos na retórica. Mas se o preço para anunciar uma novidade realmente relevante e do interesse público é arriscar-se ao erro, que venha o cálice amargo. Assim os interessados se manifestarão, os prejudicados contestarão e, talvez, os ratos saiam das suas tocas. O jornalismo que não exerce o ofício de provocar as manifestações da sociedade e a tarefa pedagógica de se antecipar à consumação dos fatos, ao mesmo tempo em que farejar tendências e perspectivas, é cosmética.
Ao lidar com todos os estratos da sociedade, em todos os lugares, em qualquer situação, atravessando cordões de isolamento, penetrando os grossos volumes da burocracia, destripando as contas e os códigos, indo atrás de cada um dos personagens do acontecimento da ocasião, o jornalismo se torna uma via específica de conhecimento, um caminho heurístico próprio, a forma de poder mais democrática e eficiente ao alcance do cidadão. É assim que se explica a frase aparentemente inconseqüente de Millôr Fernandes, o mais sábio dos sábios humoristas: “jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos & molhados.”

Nadas a ver?

Manchete do Correio do Tocantins de hoje:
FORNECEDORES DE PARAUAPEBAS PREOCUPADOS COM CALOTES.
Mas atenção: ninguém está afirmando que a queixa da Associação Comercial e Industrial de Parauapebas se refere, claro, à rasteira que Maurino Magalhães deu num empresário de , no tempo do caixa dois.  
Compra de voto não é a questão?


Anapu: Incra vai retirar irregulares

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) espera resolver o problema da ocupação irregular de lotes do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Esperança, em Anapu (PA), até o final de março deste ano.
Segundo o chefe-substituto da Unidade Avançada do Incra em Altamira (PA), Elói Farias de Oliveira, a remoção foi discutida na última terça-feira (25), durante a audiência pública coordenada pela Ouvidoria Agrária Nacional, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), para contornar a tensão entre trabalhadores rurais assentados, ocupantes irregulares do local e madeireiros.
De acordo com Antonio José Ferreira da Silva, engenheiro agrônomo que coordena as ações do Incra em Anapu, há, no assentamento, dois grupos de ocupantes em situação irregular. O primeiro engloba 27 famílias, cuja maioria não atende às exigências para continuar na área.
São pessoas que não podem permanecer na área ou porque são ex-beneficiários de programas de reforma agrária, tendo sido assentados em lotes em outros projetosque venderam para comprar um lote no Esperança, sem a anuência do Incra – ou que estão envolvidas com a extração ilegal de madeira”, disse Silva à Agência Brasil.
O segundo grupo inclui 22 pessoas que ocupam a reserva legal do projeto de desenvolvimento sustentável. Neste caso, segundo Silva, o Incra estuda a possibilidade de remanejá-las para outras áreas do próprio assentamento, onde ocupariam lotes atualmente vagos. Ao menos cinco pessoas aceitaram a mudança. “Queremos remanejar 12 destas pessoas em até 15 dias e cinco delas aceitaram”, contou o engenheiro, explicando que uma liminar judicial de novembro de 2010 autoriza a remoção de 22 pessoas.
Localizado a 50 quilômetros do centro de Anapu, o assentamento Esperança se tornou mundialmente conhecido em 2005, quando a missionária católica norte-americana Dorothy Stang foi morta a tiros por assassinos de aluguel. Dorothy foi uma das idealizadoras do projeto de destinar terras para que trabalhadores rurais desenvolvessem projetos sustentáveis na Amazônia.
Vinte por cento da área do projeto é destinada ao assentamento dos trabalhadores rurais, enquanto 80% formam uma reserva natural coletiva. Segundo Silva, até a criação e ocupação do projeto, a área era alvo de grileiros. “Depois que o assentamento foi criado e as pessoas foram assentadas, a extração madeireira quase acabou, mas, em 2009, a coisa voltou a desandar. Não sabemos quanto de madeira saiu, mas sabemos que foi muito.” (Agência Brasil) 

UEPA realiza encontro regional

Com o objetivo de fomentar as reflexões de caráter crítico sobre sustentabilidade e meio ambiente, a Universidade do Estado do Pará – UEPA, campus Marabá, recebeu esta semana o III Encontro Regional dos Estudantes de Engenharia Ambiental, que reuniu professores e estudantes vindos das regiões Norte e Nordeste do Brasil, em Marabá. Aulas práticas, palestras, mesas redondas e visitas a indústrias fizeram parte da programação.
Na oportunidade, Altamiro Schamberg, líder do Pátio de Sucata da Sinobras, falou sobre “A utilização da sucata de aço como insumo para a produção do aço”, pontuando as potencialidades do insumo sucata para a produção do aço na siderúrgica, que recicla o que seria descartado na natureza fomentando a sustentabilidade socioambiental na região. Sobre a participação da Siderúrgica no evento, Altamiro comentou: “Esta é uma excelente oportunidade de abrir as portas da empresa para aos acadêmicos e consequentemente despertar a curiosidade deles para que sejam grandes profissionais e queiram atuar neste ramo, que é tão carente de mão de obra”.
Para a professora Maria Luiza Wiederkehr, assessora pedagógica da UEPA, a participação da Sinobras dentro das instituições de ensino é muito relevante. “Fomentar esse tipo de encontro é positivo, pois abre um relacionamento entre empresas e universidade”.  De acordo com Seidel Santos, coordenador do Campus Marabá da UEPA, a realização de eventos como este na academia é singular, especialmente porque é a universidade que “produz” o profissional para as empresas. “Nossa região é um local onde estão sendo instalados grandes empreendimentos, por issoum grande comprometimento para se formar mão de obra qualificada para que estes profissionais façam a gestão dos recursos da região”, disse o professor salientando ainda que somente a UEPA ofereceu durante cinco anos o curso de Engenharia Ambiental e que a universidade está disposta a firmar parceria com empresas no que diz respeito a pesquisa.
Na prática - Segundo Tarcísio Lira, coordenador geral do Encontro, estudantes de várias cidades dos estados do Maranhão, Ceará, Pernambuco e Pará estiveram presentes no evento. “A cada nova edição uma nova cidade das regiões Norte/Nordeste é escolhida. Desta vez elegemos Marabá pelo momento em que a cidade vive, quando estão sendo implantados grandes projetos aqui”, disse. Para ele, as visitas técnicas à hidrelétrica de Tucuruí e à Sinobras foram uma forma de ambientar os participantes e lhes apresentar dois grandes empreendimentos locais. Além das visitas, aconteceu ainda uma aula de barco pelo rio Tocantins que apresentou a realidade socioambiental do município. Durante o encontro, também aconteceu uma vídeo-conferência com a Universidade da Flórida – FAU, onde alunos e professores deixaram aberta a possibilidade de um intercâmbio entre as duas instituições. (Ascom)

Não sabe o que quer?

Tião Miranda: Depois dos abraços, a defecção
Como prometido ontem, João Carlos Rodrigues conta hoje na sua coluna "Coisas da Política", no jornal Opinião - que vira diário ainda neste primeiro semestre, segundo uma fonte - a saída de Tião do secretariado de Jatene Pescador. Diz ele:
"O deputado Tião Miranda (PTB) não esquentará mesmo a cadeira de secretário de Obras do Estado. Ele entregou o cargo e só está esperando a definição do substituto para deixar a secretaria. Miranda diz que não teria condições de trabalho e deixa o cargo em paz com o governo. Provavelmente, o deputado Joaquim Passarinho, também do PTB, ocupará o cargo."

Falando francamente

Sejam sinceros, meninas:
Sou ou não sou mais bonito do que Giordano Bruno?
É chato...

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Tião sai, Maurino quer entrar...

Titular do blog Sul do Pará, o jornalista João Carlos Rodrigues diz hoje que Tião Miranda vai mesmo deixar a Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop). E promete mais detalhes amanhã na coluna Coisas da Política, no Jornal Opinião.
Outra informação dele é que o ex- prefeito Maurino Magalhães (PR),  entrou hoje, em duas frentes, com recursos jurídicos na tentativa de retornar à prefeitura:
1. Na 23ª Zona Eleitoral, em Marabá, o prefeito ingressou com pedido de retratação da decisão pelo próprio juiz Cristiano Magalhães, que o afastou da prefeitura.
2. Em Belém, o advogado Mauro César Lisboa dos Santos impetrou mandado de segurança, com pedido de liminar, junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
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Pedido de retratação? 

Oxente! E não é que é!?...

Gente, olhaí o que me mandaram sobre este escravo brasileiro:


"PROFESSOR ESTÁ SEMPRE ERRADO

Soares

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
Se É jovem, não tem experiência.
Se É velho, está superado.
Se Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Se Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Se Fala em voz alta, vive gritando.
Se Fala em tom normal, ninguém escuta.
Se Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Se Precisa faltar, é um 'turista'.
Se Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Se Não conversa, é um desligado.
Se Dá muita matéria, não tem do aluno.
Se Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Se Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Se Não brinca com a turma, é um chato.
Se Chama a atenção, é um grosso.
Se Não chama a atenção, não sabe se impor.
Se A prova é longa, nãotempo.
Se A prova é curta, tira as chances do aluno.
Se Escreve muito, não explica.
Se Explica muito, o caderno não tem nada.
Se Fala corretamente, ninguém entende.
Se Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Se Exige, é rude.
Se Elogia, é debochado.
Se O aluno é reprovado, é perseguição.
Se O aluno é aprovado, deu 'mole'.

É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui,
agradeça a ele!
Professor marabaense fazendo extra pra pagar as contas


Pés de barro

O jornalista Carlos Chagas publicou a crônica “O complexo do pedestal” (leia abaixo) em que aborda a infundada superioridade das pessoas que, no Brasil, chegam circunstancialmente ao poder. Substitua nomes, cargos e lugares por Marabá e seus prefeitos, vereadores e outras instituições e veja no que dá...
De Mussolini diziam seus adversários haver galgado um pedestal tão alto que não conseguia enxergar em baixo, ignorando o que os italianos sentiam e necessitavam. Com todo o respeito e evitando fulanizações, é o que historicamente acontece com os governos, no Brasil. Seus chefes, os presidentes da República, desde Deodoro, atribuem-se qualidades quase divinas, desligando-se da realidade e habitando uma espécie de Olimpo, onde a poeira não chegaMuito menos a população. Quando em contacto com ela, é sempre numa relação de superioridade, do palanque para baixo. Brasília pode ter exacerbado esse fenômeno, pelo isolamento de seus palácios, mas no Rio era a mesma coisa.
Nossos governantes nunca foram à feira e ao supermercado, jamais precisaram servir-se diariamente dos ônibus e do metrô. Quando bissextamente vão a um restaurante, são os outros que pagam. Seus vencimentos são depositados integralmente, livres de quaisquer despesas, e quando se aventuram a contar uma piada ou fazer um gracejo, as gargalhadas ressoam ao seu  redor antes mesmo do desfecho.
Está para ser criado um regime onde o cidadão guindado à chefia do governo continue comum, sem ares de grandeza absoluta. Mesmo os que deixaram o governo não perdem a falsa majestade, até ajudados por discutíveis aposentadorias e pensões, mais mordomias variadas que os tempos modernos criaram. Sofrem, é claro, quando precisam acionar as maçanetas, sentindo que as portas não se abrem como antes, mas voltar à rotina anterior ao gozo do poder, isso não voltam. Nem querem.
Estas considerações se fazem  num tempo singular em que o país convive com cinco ex-presidentes da República, cada um com características próprias,  todos apregoando humildade  mas nenhum verdadeiramente disposto a cultivá-la. José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique e agora o Lula não se livraram do complexo do pedestal, não obstante as aparências."


FNDE cobra Mário Martins

São João poderia ter melhor sorte, se tivesse melhor administração
(Foto Val-André)
Ex-prefeito de São João do Araguaia, Mário Cezar Sobral Martins foi  intimado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a devolver aos cofres públicos federais R$ 192.536,60 (valores de 2004,) em processo de Tomada de Contas Especial instaurada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), além da multa de R$ 10 mil.
Corrigido monetariamente, o valor alcança mais de R$ 350 mil. 
Mário Martins assinou convênio com o FNDE em 2004 para o Programa de Ensino de Jovens e Adultos - PEJA/2004 -, objetivando o atendimento de jovens e adultos, matriculados nessa modalidade de ensino. Em conseqüência, R$ 192.536,60 foram repassados à municipalidade mediante ordens bancárias, financiamento que Mário Martins sequer prestou contas.
São João do Araguaia sob teve o bloqueio de verbas suspensos porque o atual  gestor do município comprovou, perante o FNDE, “a adoção de medidas de reparação dos prejuízos causados ao erário, a exemplo da Ação Cível de Ressarcimento por Ato de Improbidade Administrativa e a Representação Criminal por Improbidade Administrativa, protocolada junto ao Ministério Público do Estado do Pará.
Foi por problemas com contas desaprovadas que Mário Martins renunciou de sua campanha pela reeleição.
Mas substituiu seu nome pelo da sua mulher, que acabou se elegendo e ele, na sombra, continua prefeito.

Vavá Mutran novamente julgado



O ex-deputado estadual Osvaldo dos Reis Mutran, 80 anos, deve ser julgado no dia 11 de abril deste ano. O julgamento deve ser presidido pelo juiz Edmar Silva Pereira, titular da 1ª Vara Criminal de Belém. A informação está postada no site do Tribunal de Justiça do Pará.
Vavá Mutran é acusado de ter matado o garoto David Abreu de Souza, no dia 4 de dezembro de 2002 à época com sete anos de idade.
A criança foi baleada na cabeça e caiu num campinho de terra batida à época localizado atrás de uma casa de Vavá Mutran, no bairro Quilômetro Sete, Nova Marabá.
David de Souza ainda foi socorrido e morreu dentro de uma ambulância na pista do aeroporto de Marabá. O garoto seria transferido para Araguaína-TO.
Vavá Mutran foi julgado no dia 24 de agosto de 2005 em Marabá, ocasião em que foi absolvido por cinco votos a dois. Naquela ocasião o Ministério Público Estadual recorreu e conseguiu anular o julgamento.
Os advogados Jânio Siqueira e Mancípor Oliveira Lopes patrocinaram a defesa de Vavá Mutran e conseguiram incutir nos jurados que o acusado era inocente.
Eles defenderam a tese de negativa de autoria. Neste novo julgamento o advogado Osvaldo Serrão deve patrocinar a defesa do acusado.
Absolvição - Apesar de preso em flagrante, Mutran negou ter cometido o crime, que imputou a um caseiro identificado por “Assis” e que nunca foi encontrado.
A defesa também alegou que as testemunhas de acusação não afirmaram categoricamente a culpa do fazendeiro, em cujas mãos também não teriam sido detectados vestígios de pólvora o que facilitou o trabalho da defesa.
A fim de evitar quaisquer influências. O desaforamento do julgamento para a capital paraense foi decidido pelas Câmaras Criminais Reunidas do Tribunal de Justiça do Estado (TJE).
A relatora, desembargadora Raimunda Noronha, atendeu ao pedido encaminhado pelo promotor Daniel Barros, sendo acompanhada à unanimidade pelos demais magistrados que compõem o colegiado.
Segundo o MPE, a realização do julgamento em Marabá poderia comprometer o resultado devido à influência econômica e política exercida pela família Mutran neste município.
Ouvido pela reportagem, um dos filhos do acusado, negou que o julgamento estava marcado e informou queum recurso tramitando em Belém a respeito do desaforamento do caso. (Ednaldo Sousa, Barrancas do Itacaiúnas)

Vale inicia obras do novo Carajás

Por Márcio Zonta, de Canaã dos Carajás (PA)

Um dos maiores projetos de exploração mineral da Vale no mundo, o S11D, na Serra Sul de Carajás, será implantado até 2015 em Canaã dos Carajás (PA). O escoamento de minério passará de 110 milhões de toneladas por ano, para 220 milhões de toneladas no primeiro ano da efetivação da mina, com previsão de crescimento para 280 milhões nos próximos cinco a dez anos.
Sem debater o projeto por inteiro junto à sociedade e comunidades impactadas, a Vale começa a expansão da Estrada de Ferro de Carajás nos municípios maranhenses de Itapecuru Mirim, Anajatuba, Alto Alegre do Pindaré, Nova Vida, Bom Jesus das Selvas, Açailândia, Cidelândia e na cidade paraense de Marabá.
Ao todo deverão ser construídas 46 novas pontes, 5 viadutos ferroviários, 18 viadutos rodoviários e, no porto de Ponta da Madeira de São Luis, será feito mais um píer para os navios de carga. Para isso, a Vale almeja a remoção, ao longo da via férrea, de 1.168 pontos de “interferências” intituladas pela própria, tais como: cercas, casas, quintais, plantações e povoados inteiros.
Fragmentação e silêncio
Para Frederico Drumond Martins, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela Floresta Nacional de Carajás, onde ocorrerá a exploração da S11D, “não interessa à Vale debater o projeto”. “Quanto mais a Vale o apresentar entre os movimentos populares, a população e as entidades que defendem o meio ambiente e são contra os distúrbio sociais causados pelo empreendimento, mais ela será questionada. Por isso, o debate fica muito restrito: ela apenas enfatiza os benefícios do projeto, mas não a problemática que vai gerar”, explica.
Outro ponto para o qual Martins chama atenção é a maneira como a Vale vem conseguindo as licenças para iniciar as obras. “A empresa fragmenta a busca pelas liberações, pedindo separadamente as coisas em distintos órgãos, como se não fosse para o mesmo projeto. Um exemplo claro é o da ferrovia, que foi apresentada para o Ibama e o ICMBio”, denuncia.
Assim, a Vale consegue com mais facilidade, rapidez e sem muita divulgação a liberação da obra. Isso porque, segundo Martins, “a aprovação órgão a órgão é mais rápida e o relacionamento fica mais fácil, é mais silencioso em relação aos impactos de seus projetos. É tudo o que ela quer: agir sem muito alarde com rápidas aprovações dos órgãos competentes”.
As artimanhas da empresa não param por . Outro argumento utilizado, denunciado pelo advogado da entidade Justiça nos Trilhos, Danilo Chammas, é que a Vale apresenta a obra como se fosse realizada apenas na faixa de concessão de seu domínio. “Ela utiliza o parágrafo do Conselho Nacional do Meio Ambiente [Conam] 349 de 2004, que fala dos empreendimentos ferroviários considerados de pequeno porte, quando as obras estão dentro da faixa de domínio existente, sem remoção de população, intervenção de área de preservação permanente ou supressão de vegetação ou área de proteção ambiental”. Mas, segundo apurado pela entidade, em Marabá, pelo menos 200 famílias serão removidas, havendo derrubada de casas. “Portanto, o projeto extrapola a faixa concessionária e requer estudos”, cobra Chammas.
Outro caso, que evidencia o desrespeito da mineradora às leis nacionais e internacionais, diz respeito à população quilombola das regiões do Maranhão de Santa Rosa dos Pretos e Monge Belo. São 257 famílias que estão buscando a titulação do território, tendo o lobby e a oposição da Vale junto aos órgãos públicos contra, tentando a remoção. “A convenção da Organização Internacional do Trabalho [OIT] 169, sobre povos indígenas e tribais, onde se insere o quilombola, determina a consulta prévia às comunidades para todo tipo de obra que os impactarem, pois se eles disserem não à obra, elas não podem ocorrer. Contudo, a Vale menospreza isso”, explica Chammas.
Ludibriar
O modo de negociação da Vale junto às comunidades atingidas, quando não burla as leis, ou fragmenta os processos, busca via judiciais que prejudicam os moradores das regiões atingidas. Em Buruticupu, interior do Maranhão, membros da Justiça dos Trilhos detectaram que uma prática da Vale tem sido negociar individualmente com moradores contratos com cláusulas confidenciais. Segundo Chammas, isso significa que nada pode ser falado sobre o que foi acordado entre a mineradora e o morador, inclusive para vizinhos ou advogados. Essas cláusulas são problemáticas porque estipulam os preços das terras, sem deixar que as famílias procurem saber o quanto realmente teriam de direito com indenizações.
Martins, do ICMBio, diz que, especialmente em Canaã dos Carajás, onde deverá ser o maior processo de impacto ambiental e social, a população não consegue ter dimensão da situação. “Geralmente essas comunidades não são politizadas e as cifras que são anunciadas na cidade mexem com os moradores, todos querem saber como vão ganhar com a implantação do projeto”, revela.
Um exemplo são os lotes que muitos querem vender à mineradora. “Fica todo mundo querendo vender sua área para Vale, sem perceber o impacto social que isso produz, que essas famílias terão que ir para a cidade, que, graças ao mesmo projeto da Vale, não dará estrutura para sua sobrevivência digna, algo que eles tinham no campo”, elucida Martins.
Conseqüências
A implantação do projeto S11D é considerada uma ameaça ao ecossistema da região. “A savana ferruginosa, típica do local, poderá desaparecer, assim como áreas de preservação permanente”, diz Martins. Além disso, o projeto tornará ainda mais agudos os problemas sociais do entorno, como educação, saúde, saneamento básico, onerando o governo. “ sabemos que Canaã dos Carajás está no seu limite de abastecimento de água e energia, mas no projeto apresentado pela Vale a nós, não consta investimentos na infraestrutura do município”, acusa Martins.
Para o membro do ICMBio, acontecerá com Canaã dos Carajás o que prevalece em Parauapebas. “O município pensa a construção de uma escola para determinado número de alunos, mas quando termina o projeto, a quantidade dobrou. O mesmo acontece com hospitais, transporte etc. A cidade nãoconta do planejamento com tantos projetos realizados pela Vale. Na hora de repartir os ganhos, a mineradora paga hoje R$ 20 milhões por mês à prefeitura de Parauapebas, frente um faturamento diário obtido por ela de 36 milhões de dólares”, compara Martins.
A Vila Sanção, hoje com 17 anos, localizada entre os municípios de Marabá e Parauapebas, é um exemplo concreto dos distúrbios sociais e ambientais causados pelos empreendimentos da Vale, especificamente o projeto Salobo. “O posto policial está construídomais de um ano, mas não podemos contar com a presença de policiais. estamos com problemas de abastecimento de água, que não suporta a atual demanda, e os casos de prostituição infantil se banalizaram por aqui”, pontua Maria do Socorro de Brito, vice-presidente da Associação dos Moradores e Produtores Rurais para o Desenvolvimento Sustentável da Vila Sanção e Região (Amprodesv).
Mas, mesmo enfatizando em seus informes e propagandas que se preocupa com as comunidades onde atua, a Vale ainda não atendeu a diversas solicitações de Brito. “ foram enviados vários ofícios para a mineradora, exigindo que sejam idealizadas e colocadas em prática políticas públicas voltadas para os jovens e adolescentes da Vila, mas até agora nada”, conta.
A prostituição, sobretudo a infantil, vem sendo a principal consequência dos projetos implantados pela mineradora, nas cidades que estão no corredor de Carajás. Para o também membro da Justiça nos Trilhos, Antonio Soffientini, a Vale sabe os problemas que causa: “aumento de prostituição, exploração de adolescentes e crianças, além da proliferação de doenças sexualmente transmissíveis”. “Tanto é que em Bom Jesus da Selva, município maranhense onde se instalará um canteiro de obras da duplicação da ferrovia, com a chegada de 2 mil homens, a Vale planeja dar aula de educação sexual para os trabalhadores, na tentativa de minimizar os problemas, embora seja difícil”, elucida.