O jornalista Carlos Chagas publicou a crônica “O complexo do pedestal ” (leia abaixo) em que aborda a infundada superioridade das pessoas que , no Brasil, chegam circunstancialmente ao poder . Substitua nomes , cargos e lugares por Marabá e seus prefeitos , vereadores e outras instituições e veja no que dá...
De Mussolini diziam seus adversários haver galgado um pedestal tão alto que não conseguia enxergar lá em baixo , ignorando o que os italianos sentiam e necessitavam. Com todo o respeito e evitando fulanizações, é o que historicamente acontece com os governos , no Brasil. Seus chefes , os presidentes da República , desde Deodoro, atribuem-se qualidades quase divinas, desligando-se da realidade e habitando uma espécie de Olimpo , onde a poeira não chega . Muito menos a população . Quando em contacto com ela , é sempre numa relação de superioridade , do palanque para baixo . Brasília pode ter exacerbado esse fenômeno , pelo isolamento de seus palácios , mas no Rio era a mesma coisa .
Está para ser criado um regime onde o cidadão guindado à chefia do governo continue comum , sem ares de grandeza absoluta . Mesmo os que já deixaram o governo não perdem a falsa majestade , até ajudados por discutíveis aposentadorias e pensões , mais mordomias variadas que os tempos modernos criaram. Sofrem, é claro , quando precisam acionar as maçanetas , sentindo que as portas já não se abrem como antes , mas voltar à rotina anterior ao gozo do poder , isso não voltam. Nem querem.
Estas considerações se fazem num tempo singular em que o país convive com cinco ex-presidentes da República , cada um com características próprias, todos apregoando humildade mas nenhum verdadeiramente disposto a cultivá-la. José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco , Fernando Henrique e agora o Lula não se livraram do complexo do pedestal , não obstante as aparências ."
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