O
Tribunal de Justiça do Estado deve receber, semana que vem,
expediente do promotor Alfredo Amorim, de Conceição do Araguaia,
com gravação anexa em que o deputado federal Zé Geraldo (PT-PA)
declara que o afastamento judicial de prefeito nas comarcas do
interior “vira comércio” na fase de recurso no TJE: “Lá em
cima é 300 mil (reais) para retornar um prefeito”, disse. Indagado
se tinha prova disso, reiterou: “Eu sei, eu estou lá”.
Essa
história aconteceu em Conceição do Araguaia no último dia 10 de
novembro, segunda-feira, quando o Partido dos Trabalhadores decidiu
promover ato público pelo retorno do prefeito Valter Rodrigues
Peixoto, afastado judicialmente por 180 dias desde 7 de julho deste
ano, no bojo de devassa que o Ministério Público realiza na sua
administração.
A
manifestação estava prevista para as 16h00 numa praça, mas já na
manhã daquele dia cerca 60 pessoas ocuparam a Câmara, fazendo
churrasco ao ar livre, com carro de som e discursos inflamados, e
impedindo que os vereadores realizassem, a partir das 16h00, a
sessão em cuja pauta havia pedido de abertura de comissão
processante contra Valter Rodrigues Peixoto.
Foi
esse o clima que o promotor Alfredo Amorim encontrou ao ir à
sede do Legislativo averiguar a denúncia de obstrução dos
trabalhos da Casa. E chegou na hora exata em que o prefeito afastado
disparava ofensas contra o Ministério Público e o Poder Judiciário
local, responsáveis pelo seu afastamento. Imediatamente Alfredo
Amorim começou a gravar as diatribes no seu celular.
Foi
então que o deputado federal, ao notar sua presença, convidou-o
para uma conversa num canto, acontecendo o seguinte diálogo,
igualmente gravado, porque Amorim não desligou o celular:
Zé
Geraldo: Quanto é uma liminar aqui?
Alfredo
Amorim: Aqui, nada
Zé:
Quando vocês afastam prefeito aqui, lá em cima vira comércio.
Alfredo:
Você tem prova disso?
Zé:
Lá em cima é 300 mil (reais) para retornar um prefeito.
Alfredo:
O senhor tem prova disso?
Zé:
Eu sei, eu estou lá.
Zé
Geraldo não regateou críticas à promotora Cremilda Aquino da Costa
e à juíza da comarca, ambas responsáveis pelo afastamento do
prefeito- decisão mantida pelo TJE - que estariam “perseguindo o
PT e o prefeito Valter”, partidarizando as coisas.
O
promotor Alfredo Amorim não se fez de rogado :contou a história
inteira para uma rádio local, com grande repercussão na população,
e deu entrevista a correspondente de jornal de Belém, matéria que
aparentemente não foi veiculada, segundo ele.
O
passo seguinte agora é mandfar relatório e gravação ao Tribunal
de Justiça, para conhecimento e providências dos desembargadores.