sábado, 30 de junho de 2007
Debandada
No Liberal deste sábado:
Coronéis da PM correm para a reserva
Decreto
Medo de perder adicional de inatividade leva PMs a pedirem baixa
A Polícia Militar do Pará sofreu ontem um grande abalo depois do vazamento da informação de que a governadora Ana Júlia Carepa assinou decreto extinguindo o adicional de inatividade de 30% sobre o último soldo, benefício a que os policiais militares têm direito quando vão para a inatividade. O medo de perder o adicional provocou uma verdadeira corrida à sede do Comando Geral da PM, em Belém. Os corredores do quartel ficaram lotados de policiais que procuraram o Departamento de Pessoal para pedirem baixa para a reserva. A idéia era se antecipar à publicação do decreto no Diário Oficial do Estado para assegurar o direito ao adicional. Segundo informações, mais de mil praças - cabos, soldados e sargentos - além de dez tenentes-coronéis teriam protocolado os pedidos. A situação mais grave, no entanto, diz respeito aos coronéis. De um efetivo de 22, 17 pediram para ir para a reserva. A Polícia Militar perderá, assim, quase todos os seus comandantes.
O caso é especialmente delicado na região Sul do Pará onde, neste momento, mais de 100 homens da PM que cumprem mandados de reintegração de posse em fazendas ocupadas. A operação está sob o coordenação do Comando de Missões Especiais, que vai perder o comandante e o sub-comandante (veja quadro) e do Batalhão de Choque, cujo comandante também pediu para ir para a reserva. Fontes da PM dizem que a saída deve repercurtir mal no moral das tropas, que já estão sob condição de estresse alto, comum em missões dessa natureza.
O governo do Estado, em nota oficial emitida pela Coordenadoria de Comunicação Social, informa que não há ato oficial alterando o decreto nº 4.439, de 25 de agosto de 1986, que revisou os percentuais dos adicionais de inatividade da Polícia Militar. 'Portanto, nenhuma medida provocou pedidos de enquadramento na reserva da corporação por coronéis, tenentes-coronéis e/ou praças', diz a nota. O governo do Estado informa ainda que será constituída uma comissão para fazer os estudos sobre o plano de carreira da categoria, sob a coordenação da direção do Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do Pará (Igeprev), com o objetivo mecanismos para aumentar o soldo da PM.
Apesar de negar a existência do movimento dentro da PM, ontem um carro lotado de documentos, vindo do Comando Geral, chegou ao Igeprev por volta de meio-dia carregando os pedidos de reenquadramento. Quem tinha tempo para entrar com a solicitação de baixa, não perdeu a oportunidade. Ainda que não tenha passado de um mero boato, a notícia provocou um estrago grande nos quadros da Polícia Militar, especialmente nos postos de maior patente. Resta saber, agora, como ficará a situação dentro da Polícia com a debandada de seus comandantes. Os único que permanece, além do Comandante Geral da PM, é o coronel Margalho, do comandante do CPRM.
Fontes de dentro do governo asseguram que havia, sim, o interesse em realizar a mudança no decreto. A idéia era renovar os quadros, promovendo oficiais ao coronelato e, assim, se livrar de boa parte do alto comando da Polícia Militar do Estado, reconhecidamente jaderista. O problema é que a informação vazou antes do tempo e acabou provocando uma situação inesperada. Todos os coronéis que comandam regiões no interior, foram, inclusive, convocados para vir a Belém em caráter de urgência, na manhã de ontem.
As ligações do alto comando da Polícia Militar com o PMDB, mais especificamente, com o deputado federal Jader Barbalho, não são segredo. É da época do ex-governador, inclusive, o decreto que criou o adicional de inatividade. Durante a campanha de Almir Gabriel ao governo, em 2006, se tornou pública a vaia que o então governador Simão Jatene recebeu durante reunião com os policiais.
Dentro da Polícia Militar o clima ontem era de intranquilidade e descontemento. 'Nós conseguimos segurar durante os 12 anos do PSDB a manutenção do adicional. A PM votou em peso na governadora Ana Júlia porque ela representava a esperança de que nossa situação melhorasse e, agora, recebemos esse golpe', afirma uma fonte dentro da polícia.
Comandantes da PM que pediram baixa
Coronel Eledilson sub-comandante geral da PM
Coronel Joaquim diretor de Pessoal
Coronel Araújo diretor de Apoio Logístico
Coronel Macedo ajudante-geral do Comando Geral
Coronel Cruz comandante regional de Marabá
Coronel Alair comandante regional de Santarém
Coronel Sarubi comandante regional de Tucuruí
Coronel Walcir Comando de Missões Especiais
Coronel Ronaldo comandante regional de Castanhal
Coronel Azevedo comandante do Batalhão de Choque
Coronel Figueiredo sub-comandante do Com. de Missões Especiais
Cenente-Coronel Viana Comandante Regional de Santa Isabel
Tenente-Coronel Léia subchefe da Casa Militar
Coronel Lameira diretor do Fundo de Saúde
Coronel Modesto Comando Militar de Saúde
Coronel Sarmanho Comando de Policiamento da Capital
Coronel Cunha Comando de Policialmento Especial
Coronel Cardoso chefe da segurança na Assembléia Legislativa
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