quarta-feira, 17 de outubro de 2007
Sobre anjos e menino
I
Gosto muito dessas casas humildes,
de tijojos à mostra, porta e janelas,
de onde, manhã alta, vem da cozinha
o cheiro da comida. Decerto são felizes,
imagino, as pessoas que moram nelas.
Tijolo a tijolo numa rua estreita em aclive,
um jardim talvez, a modesta calçadinha...
Era assim também aquela casinha
que sonhei na infância e nunca tive.
A minha infância!... O rio, o sol, o vento!...
De uma parte a outra a luz, e o verde
a liquefazer-se em canto e encantamento
como um pássaro a morrer de sede.
Foi lá, cedo ainda, que o mesmo anjo torto
de Drummond decretou-me a igual sina
de um navio de sonhos a singrar sem porto,
e pôs-me no convés o amor que me arruína.
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5 comentários:
Entendo o que o Juvêncio quer dizer quando chama você de "ainda advogado e poeta". Sua arte é imensa e maravilhosa. Este seu poema é de uma beleza extrema, doce e comovente. Fiquei encantado. Parabéns.
Quando teremos uma antologia publicada, para irmos atrás do autógrafo?
Caríssimo, como vai?
Deixe-me dizer-lhe: é a primeira vez que experimento soltar as amarras do meu verso e está vindo tudo assim, provável fruto de um amor inesperado e extremo. Como tudo é novo, penso em juntar (já estou juntando, aliás) esse despojamento num livreto que talvez saia no final do ano, ou ano que vem - é muito difícil publicar alguma coisa aqui, por falta de apoio ou patricínio.
"Lua de jade", que deverá ser meu primeiro e único livro exclusivamente com poemas de amor, ou dele decorrentes, já tem capa definida, uma proposta de formato, essas coisas técnicas que não sei porque mistério vem junto, e de uma vez só, com esse jorro de inspiração.
Vamos ver no que dá...
Obrigado pelo estímulo! Você será dos primeiros (você, Cris, Juva e o resto da tribo) a saber do que virá.
Esta sua poesia estava no blog ontem.
Obrigada pela lembrança.
Beijos.
Alvíssaras! As notícias são mesmo promissoras. Espero que as dificuldades de publicação, que são públicas e notórias no Brasil, e ainda maiores no Pará, sejam superadas sem maiores problemas. Ficarei honrado em saber dos passos desse lançamento, para ter meu exemplar sem demora.
Sou grato a todos que espalham poesia neste mundinho tão necessitado dela. Felicidades.
Fantastica, maravilhosa...
Esta poesia me lembrou a infância, e a simplicidade da Marabá -nossa- de outrora.
Nós a perdemos para o desenvolvimento e para os estrangeiros.
Um Abraço
Tony Rosa
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