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quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Não estamos sós

Duas notícias recentes da Agência Fapesp, de São Paulo, especializada na divulgação de eventos científicos, merecem nossa atenção. Primeira, um grupo de astrônomos dos Estados Unidos acaba de descobrir sinais de moléculas orgânicas (chamadas de tolinas) altamente complexas no disco de poeira em volta de uma estrela distante. Como a estrela HR 4796A, de apenas oito milhões de anos, está nos estágios finais da formação de planetas, a descoberta sugere que os blocos básicos da vida podem ser comuns nos sistemas planetários. “As tolinas não se formam naturalmente hoje em dia na Terra, diz a reportagem, porque o oxigênio da atmosfera as destruiria rapidamente, mas estima-se que elas teriam existido há bilhões de anos, nos primórdios do planeta, e que teriam sido precursoras das biomoléculas que formam os organismos terrestres. Tolinas já foram detectadas no Sistema Solar, em cometas e em Titã, sendo responsáveis pelo tom vermelho da lua de Saturno. O novo estudo é o primeiro a identificar essas grandes moléculas orgânicas fora do Sistema Solar.” A segunda notícia é terráquea, daqui mesmo da Amazônia: o boto tucuxi usa a sedução – recurso tipicamente humano - para conquistar as fêmeas. Quem o assegura são os pesquisadores Vera Maria Ferreira da Silva, do Inpa, e Tony Martin, do Serviço Antártico Britânico. Eles identificaram que, em mais de 200 dos grupos, os golfinhos de água doce transmitiam práticas culturais de geração a geração. “Foi aí que percebemos que essa cultura estava associada à atividade sexual”, disse Vera. Em cada grupo, pelo menos um boto carregava objetos no bico para presentear a fêmea, sempre em idade adulta e pronta para a reprodução, tais como plantas ou pedaços de pau. “Era forte a sugestão de que se tratava de um comportamento sexual. A ocorrência de agressões entre machos era até 40 vezes maior do que nos grupos de botos que não ofereciam objetos às fêmeas”, afirmou a pesquisadora.

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